Dulce: É muito difícil ser mãe?

Blanca sufocou um pouco a respiração do outro lado da linha, totalmente surpresa, não esperava por essa pergunta.

Blanca: Sim, é difícil. Mas também...é algo maravilhoso.
Dulce: A Senhora acha que eu serei uma boa mãe?
Blanca: Tenho certeza que sim.
Dulce: A Senhora vai me ensinar a ser?

Dulce já se sentia a ardência em seus olhos ao se imaginar em um futuro não muito distante. E ouviu como sua mãe tragava a saliva.

Dulce: Passa algo? (franziu a testa, preocupada)
Blanca: Eu vou ser avó. Você acredita nisso?
Dulce: Mãe, acho que está esquecendo de que já é avó. (disse reprimindo a risada)
Blanca: Não de um filho seu! E pensar que eu poderia ter morrido sem vivenciar esse momento..

E pela voz da mãe, julgou que ela estava chorando, ou apenas começando a chorar. Ela própria estava suscetível, sentiu como a garganta se fechava. Contraiu o rosto imaginando como sua mãe estava e passou a mão livre sobre a testa.

Blanca: Se eu tivesse morrido...eu não poderia te ajudar! Entende minha agonia agora?!
Dulce: Mas a Senhora está bem...isso é o que importa. Por favor, pare de chorar! Está me agoniando! (disse ela com a voz chorosa)
Blanca: Ok, parei! (suspirou) Já não estou chorando mais!

Mas Dulce não.

Dulce: Eu não conseguiria seguir sem a Senhora....nunca! Minha vida não valeria nada sem a senhora do meu lado! (desatando em choro) Te amo tanto...
Blanca: Agora você que está me agoniando! (começando a chorar)
Dulce: Eu estou grávida! Vou ter um filho! Estou com medo!
Blanca: Se acalme, por favor...
Dulce: E agora me tornei uma chorona... (se irritando por chorar) Choro por tudo! Mas não consigo evitar!
Blanca: É assim mesmo, filha... (emocionada) Ayyy meu Deus, um bebê! (suspirou de felicidade) Apesar de não ter sido a hora certa, esse bebezinho já é muito amado por mim...e não vejo a hora de ver sua carinha... Me sinto feliz, Dulce, meu neto vai nascer...isso é algo a se celebrar!
Dulce: Estou me sentindo culpada... (disse ela sussurrando)
Blanca: Por quê?
Dulce: Porque não amo o meu bebê!

Blanca: Não o ama ainda, Dulce. Ainda! Deixa um pouco a poeira baixar, ainda está muito cedo para algo. Você nem se acostumou com a idéia ainda.
Dulce: Sim. Não me acostumei...e acho que isso nunca vai mudar.
Blanca: Bobagem. Quando sua barriga começar a crescer você vai ficar toda boba.
Dulce: Mãe...
Blanca: Sim?
Dulce: Se isso não acontecer...a Senhora poderia dar a ela por mim?
Blanca: Que história é essa, Dulce?! (perguntou chocada)
Dulce: Pelo menos ela terá alguém que a ame...porque eu...
Blanca: Não diga um absurdo desses, pelo o amor de Deus! Essa criança não é a culpada de seus problemas! Os culpados são vocês dois! Não a criança! Nunca a criança! Se um dia me repetir uma coisa dessas outra vez, eu esqueço que você já é adulta, esqueço que está grávida e vou bater em você! Talvez bata com a sua cabeça na parede para ver se esse miolo mole que você tem acorde para a vida!

Dulce suspirou, mas ficou calada, sem replicar. Ignorou o que a sua mãe disse e insistiu.

Dulce: Prometa que vai amá-la!
Blanca: Claro que vou! Que bobagem é essa?
Dulce: Assim eu fico mais tranqüila... (suspirou)
Blanca: Filha, às vezes da sua boca saem tantas besteiras...que vou te contar! Mas tudo bem, quando estivermos cara a cara nós conversaremos melhor. Daqui há três dias nos vemos em Ibiza. Agora tenho que desligar. Beijos e se cuide! Amanhã ligo para Christopher para perguntar se tudo vai bem. Pelo menos ele não fala tanta besteira...

Dulce: Mamãe! Por favor! Não desligue!
Blanca: Tchau, Dulce! Que Deus possa tirar isso da sua cabeça! Tomara que ele possa! Porque nunca vi... (bufou) Tchau!
Dulce: Nãooo...

Tu-tu-tu-tu...

Sua mãe havia desligado na sua cara! Olhou chocada para o celular. E pestanejou duas vezes para acreditar no que havia acontecido ali. Deu meia-volta e entrou no quarto que já estava escuro, somente a tela do notebook de Christopher ilumina algo. E suspirou, caminhando até a cama.

Ele notou que ela se aproximava e fingiu um bocejo, salvou rapidamente o que havia feito e baixou a tela do notebook, sem desligá-lo. O colocou na mesinha ao lado, juntamente com seus óculos. Ficou de pé e puxou a colcha da cama, para que ela pudesse se deitar embaixo.

Chris: Era sua mãe? (perguntou ele, vendo como ela se deitava)
Dulce: Era.
Chris: Tão tarde?

Já passava de uma da manhã. Esperaram terminar as gravações e também outras coisas.

Chris: Aconteceu alguma coisa?
Dulce: Ela tinha me ligado mais cedo...mas eu estava ocupada, então pedi que ela ligasse mais tarde.
Chris: Mmm... ok! Então está tudo bem? (perguntou ele entrando debaixo das cobertas também)
Dulce: Sim... Ela pediu que fôssemos para Ibiza depois do show em Valladolid...
Chris: Claro, podemos ir.

Se ajeitou na cama e deu as costas a Dulce, quem chegou perto dele, passando a mão pelas costas dele, até deslizar sobre o peito dele, onde estacou. Ele pegou a mão dela com a sua e lhe deu um beijo no dorso, entrelaçando seus dedos com os dela, sentindo como ela roçava de leve seus lábios em suas costas.

Dulce: Cheiroso...
Chris: Sempre.

Os dois sorriram sem fazer ruído e logo fecharam os olhos, para que pudessem dormir. Mas Christopher estava inquieto, abriu os olhos no meio da escuridão...sabendo que ainda faltava um resposta...

Chris: Quando foi, Dulce?