Com um nó na garganta, sentindo a fragilidade dele, sentou-se ao lado dele na cama. Alisou seu braço estendido e suspirou, colocando de lado sua animosidade e sua decepção. Sentiu o corpo de Christopher estremecer sob o contato de sua mão, e se alarmou com aquilo... Até ouvir a respiração dele mais acelerada, enquanto sua barriga se contraía a cada soluço. E sabia que por debaixo daquele travesseiro, Christopher estava chorando.

Alexandra continuou alisando o braço de Christopher, ouvindo como ele chorava silenciosamente.

Alexandra: Você é forte, meu filho... (suspirou) E sei que vocês não planejaram nada, que vocês não queriam...que aconteceu em um péssimo momento. Mas aconteceu... Não podem ignorar esse fato. Dulce está grávida, terá um filho seu... E todos devemos nos conformar com esse destino.

Tragou a saliva, sabendo que nem ao menos ela estava se conformando ainda. Todavia ainda não havia caído a ficha. Estava totalmente sem reação. Mas mesmo assim, sabia que Christopher precisava de uma palavra de apoio nesse momento. E por ele, ela seria capaz até de fingir que estava conformada com aquilo.

Alexandra: É normal ficar triste... É normal ficar desapontado com a vida... Mas não é nenhum pedaço de pano descartável que nascerá... será um ser humano...a quem devemos receber de braços abertos... A quem devemos devotar nosso inteiro amor, e não receber aquilo como um estorvo. A criança não tem culpa alguma do que está acontecendo. (fez uma pausa) Criar um filho é difícil, Christopher, ainda mais quando se é muito jovem para amadurecer. Mas eu sei quem foi que eu criei... Eu sei que por mais que as coisas pareçam difíceis agora...eu sei que você vai optar pelo caminho mais correto.
Chris: Eu não vou deixa-la... (disse com a voz apagada pelo travesseiro)
Alexandra: Eu sabia que não. (e deu um sorrisinho)
Chris: Eu estou com medo! Eu não sei o que fazer! (e tirou o travesseiro do rosto)

Sentou-se na cama, deixando sua mãe ver seu rosto avermelhado, assim como seus olhos.

Alexandra se aproximou dele, o suficiente para que suas mãos enxugassem seu rosto empapado.

Chris: Eu pedia tanto isso... Eu falava tanto a Dulce que queria uma menina. (dizia ele chorando) Eu sonhei com ela, mamãe! E agora... (bufou, passando as mãos nos olhos) Eu não quero isso pra mim!

Ela ficou olhando-o sem saber o que dizer naquele momento, entendia o lado dele...mas não podia ignorar como Dulce se sentiria ao ouvir isso. Certamente, ela sabia que Dulce também não queria aquela criança, mas enfim...tudo já havia acontecido.

Alexandra: Ela está a quanto tempo?
Chris: Cinco semanas...quase seis. (disse fungando)

Alexandra mordeu os lábios, pensativa. Um mês e meio. O embrião já estava se transformando em feto. Tragou a salivas vendo como ele se restabelecia. Christopher não era muito de chorar. Podia perceber o medo dele... Sentiu pena. E ele estava ciente de que ficaria muito pior.

Alexandra: Além de grávida, está anêmica?
Chris: Sim... (passou a mão no nariz) Soube de tudo quando teve que fazer um exame de sangue por causa do desmaio.
Alexandra: E te contou quando?
Chris: No outro dia.
Alexandra: Mmm... Meu Deus! (suspirou chocada) Você me pegou de surpresa!

Chris: E como acha que eu me sinto?
Alexandra: Eu sei que está péssimo... Filho não é brincadeira. É muito bom sonhar com filhos... mas a realidade é bem diferente. (ele assentiu) Você está assim e ainda nem ao menos a barriga de Dulce cresceu. Mas, meu filho, você tem que ter noção de a cada hora que passa, vai se aproximando ainda mais do seu destino. E, infelizmente, agora não pode só pensar em você. Pense em Dulce, pense no que ela também está sofrendo... Por que quer queira ou não, quem fica com a pior parte, sempre é a mulher.
Chris: E eu? O que eu vou fazer? Qual é o meu papel na vida dela? Eu nem sei mais o que a gente tem! Está estranho! É como se não fossemos só nós dois.
Alexandra: Ainda é vocês dois, Christopher! A terceira pessoa ainda vai demorar um pouco a se manifestar! (bufou contrariada) Por acaso você não a ama? Por acaso esqueceu tudo o que viveram durante esse tempo?
Chris: Eu a amo...do mesmo jeito que antes...mas não sei como tratá-la... (baixou os olhos, desconcertado)
Alexandra: Ela está grávida, Christopher! E não leprosa! Não é porque ela está grávida que não possa mais beijar, que não possa mais brincar...ter relações... Isso não tem nada a ver. O namoro de vocês ainda pode ser o mesmo...se aceitarem esse fato que vai ocorrer. Daqui a oito meses...vocês deixaram de ser só namorados, para serem pais.
Chris: Da boca pra fora é muito simples! E como vai ser quando o pai de Dulce souber? Como vai ser quando todo mundo souber que Dulce está grávida?

Alexandra: É... (suspirou) Quando o pai de Dulce souber... Bom, não vai ser fácil para ele, assim como não foi para ninguém. Infelizmente vocês dois não são um casal normal. São famosos, e essa fama vai triplicar depois dessa bomba. Mas você dois possuem o respaldo financeiro para criar no mínimo cem crianças. Com isso não precisarão se preocupar. Mas por outro lado... Vocês dois vão ser massacrados pela imprensa Amarela. E precisam estar cientes disso. Você só precisa escolher se fica ao lado dela ou não. Você quem sabe. Hoje em dia gravidez não segura relacionamento. Então, se quiser se afastar dela...e se afastar dessa responsabilidade, você quem sabe.

Christopher ficou calado absorvendo aquelas palavras. Encontrando um fundo de verdade naquilo...

Christopher ficou calado absorvendo aquelas palavras. Encontrando um fundo de verdade naquilo...

E se imaginou deixando Dulce sozinha com esse problema. Imaginou como ela ficaria ao escutar da boca dele que não estava pronto para ser pai. Imaginou como Dulce seguiria com essa gravidez, tendo que ela, sozinha, enfrentar a tudo e a todos porque ele estava com medo dessa responsabilidade. Imaginou daqui a alguns meses Dulce grávida... Imaginou Dulce dando a luz... Imaginou o rostinho daquela criança...

E tragou a saliva.

Sabendo que não queria perder nada daquilo.

Sabendo que amava Dulce por cima de qualquer problema.

Sabendo que seguiria até o fim com ela, onde quer que fosse.

Aceitando que aos vinte anos, seria pai.

Alexandra olhou para ele, apreensiva. Christopher não dizia nada. Estava longe, pensativo... Era como se ela não conseguisse atrair a atenção dele. Então esperou em silêncio. Por mais um minuto, por mais dez, por mais quinze... Até que:

Chris: Eu gosto muito dela, sabe... (disse olhando diretamente nos olhos de sua mãe)

Alexandra abriu um sorriso, enquanto assentia com a cabeça.

Chris: Sabe quando um homem ama uma mulher... (sua mãe assentiu com os olhos brilhantes) É assim que eu me sinto. (e suspirou) Eu nunca amei tanto alguém como a amo... Às vezes eu nem sei explicar. Dulce é tão diferente de mim, é tão complicada... Mas já está. Eu sinto... Assim, cada vez que ela está perto de mim...eu me sinto...feliz. (franziu a testa e coçou os cabelos) Se isso não fosse amor...talvez eu não teria mudado tanto quanto mudei esse tempo todo. Às vezes eu fico pensando...e me questiono: “Meu Deus, o que fizeram comigo?!” Mas aí caio em mim, e vejo que eu mudei porque eu quis... Ninguém me obrigou. Ela não me obrigou... Entende? (Tragou a saliva, buscando com o olhar a compreensão da mãe, quem assentiu prontamente) Eu nem ao menos percebi essa mudança... Foi como algo automático. Sabia que só teria Dulce se eu já não fosse como antes. E eu escolhi a ela... porque eu a queria.

Ele suspirou e passou as mãos no cabelo, pensando no que diria a sua mãe. E Alexandra calada estava, calada ficou. Não podia interrompê-lo. Era a primeira vez que conversavam sobre o relacionamento deles desde que começou. Ele parecia incerto das palavras que usaria...parecia totalmente desconcertado por estar falando disso com ela. E Alexandra tragou a saliva, sentindo como isso era a maior prova de confiança que Christopher estava lhe dando. Ali, naquela conversa...era a maior prova de seu perdão. Ela sorriu feliz. E, por incrível que pareça, estava muito curiosa para saber tudo relacionado a essa história. Sabia que era importante para Christopher tanto quanto seria importante para ela daqui a oito meses.

Chris: Pode que no começo...eu tenha me atraído por ela, por acha-la sexy, pelo sexo ou algo. Eu sou um homem. E Dulce é muito sexy. Era só estar perto dela pra sentir o sangue ferver. Nunca fui cego também. Nós éramos próximos na novela...mas eu não sentia nada por ela. Quando a beijava no começo da novela, era como se estivesse beijando, não sei, uma laranja... (Alexandra riu) uma parede... (ele riu também)
Alexandra: Insensível...
Chris: Não me expressei bem. Digo...eu não sentia nada. Eu não podia sentir nada. Ela era namorada do Poncho, eu era namorado de Anahí, gostava de Anahí...gostava muito. (respirava fundo) Só que às vezes...eu sentia algo... Nada em caráter emocional. Mas sim no físico. Todo mundo percebia que eu ficava meio aéreo quando terminávamos as cenas...humm... Mas ela era namorada de Poncho. Ela não me suportava. Nós não nos falávamos... Até aquele dia na Colômbia.
Alexandra: Teve que tomar uma porrada na cabeça pra se dar conta que você existia.
Chris: Sim... (e abriu um sorriso) Foi como se outra pessoa tivesse nascido naquele momento. Nunca me diverti tanto quanto aquela semana que passei com ela. Sabe, dividir aquele momento com ela...foi muito bom. Caiu aquela mascara...acabou aquele fingimento... Eu era mesmo amigo dela! (abriu um sorriso, se recostando à cabeceira da cama mergulhado em recordações) As vezes eu a pegava olhando pra mim...com um olhar diferente, como se pedisse desculpas por ter me julgado mal. Era tanto sentimento encontrado naquele simples olhar...que me enchia de alegria. E conhecer essa Dulce, conviver com ela...era como se eu já soubesse que me apaixonaria. Porque nenhuma mulher é igual a ela... Nenhuma mulher nunca me deixou assim...como ela o fez em tão pouco tempo.

Alexandra sentou-se na cama com ele e ficou olhando-o, com atenção.

Chris: Nós brincávamos, ríamos de tudo... Nos sentíamos bem quando estávamos juntos. Até que viajamos para o sítio...e aquela súbita amizade gerou um súbito romance. Não romance, mas sim um caso. Nos beijamos a primeira vez e já não conseguimos mais desgrudar. Parece que toda aquela química reprimida...desencadeou um furacão entre nós. Não havia lugar ruim para nós dois. Em qualquer lugar estávamos nos pegando. Era como se fossemos dois imãs de alta tensão... (abriu um sorriso)
Alexandra: Uma paixão ardente?
Chris: Sim... (e deu um sorriso tímido) Nunca pensei que conversaria sobre isso com a minha mãe.
Alexandra: O que tem demais?
Chris: Mulheres conversam com mulheres...homens com homens...
Alexandra: Não sabia que você era tão regrado!

Christopher riu.