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Fernando: Por que a pressa?! Por que Dulce tem
pr...?

- Tres, dos, uno…

A voz de Fernando falhou ao ouvir uma voz familiar
soar do som daquele bar. Todos também se deram conta disso e ergueram as
cabeças, virando-se para o bar. Nem disseram nada quando Alexandra sentou-se
também a mesa. Totalmente estupefatos, ao ouvirem a voz de Dulce se misturar
com o violão e o piano.

Yo solía pensar que sabía quien eras tú
No sabía que dentro de ti yo iba encontrar la luz
No sabia que existía un mundo así
No sabía que podía ser tan feliz

Os olhos se arregalaram ao verem Dulce sentada entre o pianista e o
guitarrista. Ela sorriu para eles e assentiu com a cabeça, focalizando seu
olhar em Christopher, quem estava boquiaberto. E olhando em seus olhos cantou a
próxima estrofe…

Y la vida pasaba de largo vacía sin emoción
No había nada flotando en el aire abrazándome el corazón
Y llegaste tú (ela esboçou um pequeno sorriso, enquanto tomava fôlego)
Y el mundo me abrazó
Y llegaste tú y el mundo se paró

Tomou fôlego e fechou os olhos por um instante, buscando serenar sua voz a cada
estrofe. Deu um pequeno sorriso e segurou com as duas mãos o microfone,
enquanto o encarava diretamente nos olhos.

Podia perceber como os pais de Dulce estavam
estáticos ao seu lado, vendo como ela já se entregava a música como se não
existisse mais ninguém ali.

Estava linda... Estava linda com aquele vestido, as pernas cruzadas, enquanto
os cabelos voavam com o vento. Seja o que fosse que Dulce pretendia com aquilo,
ela havia conseguido. Ela conseguia tudo como sempre. Sentia suas mãos
formigarem por encontrá-la, por tocar-lhe pelo menos um rastro de pele...por
pelo menos chegar perto.

http://www.dulcemariafotos.org/details.php?image_id=119&sessionid=1b4e3985d9880b30da5783438ba44f7b

E Dulce abriu os olhos para encontrá-lo no meio das pessoas e sorriu ao
encontrar seus olhos. Ele sentiu como seu coração dilacerava...

Yo solía pensar que sabía quien eras tú

Christopher levantou-se de uma vez. E de pé, a aplaudiu. E logo os pais dela se
levantaram, e logo as outras mesas também.

Dulce abriu um sorriso ao ouvir os aplausos e levantou-se devagar de sua
cadeira. Alisou o vestido, erguendo a cabeça e gargalhando ao ouvir como seu
pai assobiava alto. Sentia suas bochechas arderem pelo rubor. Ainda não
acreditava que tinha sido capaz disso... Ria com incredulidade, enquanto levava
o microfone à boca, mais uma vez.

Dulce: Gracias...

Os aplausos foram diminuindo, e os flashs
aumentando. Virou-se para os músicos que lhe acompanharam e sorriu para eles.

Dulce: Gracias señores...

Deixou o microfone e apertou a mão do pianista, quem lhe parabenizava pela
magnífica performance. Ela o agradeceu mais uma vez e foi saindo...

Christopher continuou em pé, quando os outros se sentaram. Podia ouvir como
comentavam entre si o que Dulce fizera. Mas ele não podia perder um passo dela.
Fazia tanto tempo que não se sentia assim. Ao ouvir a voz de Dulce,
esquecera-se de tudo... de seus problemas, de tudo o que enfrentariam, de todas
as responsabilidades, preocupações futuras, esquecera-se do medo, esquecera-se
do receio, esquecera-se de seu próprio nome... E sentiu como aquele amor,
escondido por tantos problemas, ressurgia com força total. Fazendo com que
Christopher se desse conta, depois desses dias, que ali, sim, existia amor.

Relembrou por um segundo tudo o que viveu com Dulce. Tudo o que passou com
ela... Tudo o que fizera por ela, com ela e para ela. E deixou que aquele amor
lhe embargasse outra vez, que aquele amor lhe preenchesse o peito...e que o
fizesse novamente acreditar...que juntos podiam tudo. Porque ali, sim, existia
um amor verdadeiro.

Sem perceber, suas pernas foram se movendo de encontro a ela. Andava como um
autômato, sem tirar os olhos de sua silhueta. Abriu um sorriso ao vê-la se
acercar... Desceu as escadas, vendo como ela sorria tímida. E então viu como
ela desviava o olhar seu ao passar por uma mesa. Sem tirar os olhos dela,
sentiu que um homem se levantava... E viu como o olhar se dispersava dele para
se encontrar com o olhar de um outro homem.

- Nacho?

A ouviu dizer enquanto parava na frente dele, fazendo com que ele próprio,
Christopher, parasse também a escassos três metros deles. Viu como o homem
abria um sorriso para Dulce. E seu próprio sorriso se apagou ao ver como ela
lhe sorria e o puxava para um abraço...

Christopher tragou a saliva ao ver aquela cena diante de seus olhos. Dulce
pendurada no pescoço dele, rindo com ele, abraçando-o...beijando-o no rosto.
Pôde ouvir como ele a chamava de linda...e ele teve que apertar os punhos para
conter aquele ciúme doentio que entranhava em suas veias. Juntamente com uma
raiva que ele não sabia existir dentro dele...

Uma raiva que o deixou cego. Uma raiva que o fez caminhar até os dois. Uma
raiva que o fez empurrar para longe de sua mulher, aquele indivíduo qualquer.

Deixando-se Dulce totalmente perplexa, enquanto olhava como Nacho se
desequilibrava e caía no chão...

Christopher passou uma mão no cabelo, vendo
como Dulce olhava tudo aquilo chocada. Tragou a saliva, nervoso, e disse a
primeira coisa que lhe veio a mente.

Chris: Eu nem empurrei tão forte assim... (disse olhando para Nacho, que era
auxiliado pelos amigos)

Quando Nacho ficou de pé, Christopher tragou a saliva outra vez, reparando
nele. O sujeito estava vestido com uma camisa indiana branca com as mangas
longas. Uma calça jeans justíssimas e chinelos tipo gladiador. Christopher
suspirou, olhando para sua cara arredondada cheia de piercings. Seu cabelo
molhado de gel não se mexia com o vento intenso. E ele franziu a testa ao ver
como um homem se acercava a ele perguntando-lhe se estava bem.

Nacho: Estou bem...só quero saber por que esse palhaço fez isso!

Christopher observou como ele tirou o homem da frente e caminhou até ele. O
jeito que ele se movia... O jeito que ele se portava. O jeito que o outro homem
se portava, como ele agia. Um sorriso brincou nos lábios de Christopher. Logo
ele estava gargalhando.

O suposto Nacho, lhe fulminava com o olhar e ele não conseguia deixar de
gargalhar. Nem ao menos parou quando Nacho lhe devolveu o empurrão. Christopher
se foi para trás bruscamente, e só não se desequilibrou porque se segurou na
parede. Viu como Nacho vinha furioso em sua direção. Colocou a mão no peito
dele, não deixando Nacho se aproximar. Ainda não conseguia parar de rir,
enquanto ouvia Nacho lhe insultar de mil e um palavrões.

Dulce correu para cima dos dois e se meteu na frente de Christopher.

Dulce: Nacho, não... (empurrando-o) Ele está bêbado.

A risada de
Christopher ainda reverberava em seus ouvidos.

Nacho era gay! Tinha certeza disso!