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Anahí: Sempre quando Dulce tem essas coisas é
porque algo vai mal. Primeiro o desmaio...depois esse isolamento... Você notou
como ela vem se comportando nos ensaios? Canta a parte dela como se não
estivesse ali... É um desânimo, por qualquer besteira sai do palco. E vive de segredo
com Pedro! Não fui só eu quem notou isso. Christian e Poncho também já notaram
como Dulce está ausente...
Maite: Levando por esse lado, realmente... Dulce nem fala mais com a gente.
Passa, dá bom dia e pronto.
Anahí: Também notei isso, May! Quase olha pra gente com vergonha...
Sinceramente, não estou entendendo mais nada!
Maite: Nem eu.
Anahí: E minha paciência já está esgotando. (disse impaciente) Já briguei com
aquele idiota outra vez... E não quero que essa banda vá para o fundo do poço
por causa de mais um desentendimento. Antes do show vou procurar Dulce...e ela
vai ter que me dizer o que está havendo! Porque eu não vou descansar até saber
disso!

Dulce olhou para o quarto, enquanto entravam. Christopher logo fechou a porta
atrás de si, e a guiou pelos ombros até a cama. Ela se sentou e ele foi até a
geladeira, pegou uma água e serviu em um copo. Logo voltou para o lado de
Dulce, entregando-lhe a água. E enquanto ela bebia, ele pegou uma cadeira e
colocou na frente dela. Colocou os pés dela em suas coxas e tirou seus sapatos,
assim como suas meias para começar a massagear seus pés.

A viu colocar o copo de lado, e logo tirou o
mesmo de suas mãos e colocou o copo no chão, vendo como ela tirava os óculos,
descobrindo o inchaço em seus olhos.

Dulce: Depois de hoje...acho que todos estão
desconfiando de algo... (ela suspirou) Mas não consegui me controlar...

Chris: Você se sente melhor agora?

Dulce: Não...

Ele franziu a testa, e ela continuou:

Dulce: Não agüento mais isso! Não agüento
mais ter que fingir que está tudo bem, quando não está, Christopher! Nada está
bem!

Chris: Eu sei, Dulce. Mas Pedro pediu...

Dulce: Foi a maior estupidez que ele já fez!
(ela disse exasperada) Estou sofrendo e ninguém se dá conta disso! Estou
sofrendo por ter que mentir a cada vez que estou junto com eles...quando estou
no palco, onde quer que seja! Quanto mais tempo passa...pior fica!

Chris: Eu sei...mas pensa também por outro
lado, Dulce... Nós sabemos que eles vão se sentir traídos, sei que vão se
sentir tudo de ruim...mas vai passar! Vai passar como todos os momentos ruins
passarão! Mas se trata de uma vida! É uma vida e não um produto descartável!
(ele disse com irritação) E pensa que assim que dissermos a eles e a todo
mundo...nós sumiremos do mapa até abaixar a poeira! E quando voltarmos, estará
tudo do mesmo jeito! Os jornais...o povo...todos logo encontram outra coisa do
que falarem, isso não vai mudar! Nada disso vai apagar o que somos! Pelo
contrário... Todos vão ver que essa mesma Dulce María que comete deslizes como
toda outra pessoa, é uma mulher de valores, que preza pela família acima de
tudo e de todos. (ele disse se acalmando, vendo como ela o olhava sem piscar os
olhos) Pois todo mundo vai imaginar o quanto foi difícil para você tomar essa
decisão. Todo mundo vai saber, Dulce! E isso é inevitável!

Dulce: Mas eu não consigo evitar
sofrer...entenda isso! Não sei se consigo...

Chris: ¡Cállate! (disse ele levantando a voz
para interrompê-la) Não diga mais nada ou vai acabar arrumando briga comigo.
Logo comigo...a única pessoa que você tem do SEU lado, no momento!

Christopher respirou fundo, irritado. Soltou
os pés dela e suspirou pesadamente.

Chris: Eu venho tentado ser o mais paciente
possível com você durante essas duas semanas que chegamos de Ibiza! Eu tenho
esquecido do meu próprio sofrimento para não te deixar desamparada! (ele
respirou fundo, andando de um lado para o outro) Mas acho que está sendo perca
de tempo isso! (parou e olhou para ela, quem estava olhando para o chão) Quando
você coloca uma coisa na cabeça, ninguém tira mais! (chegou perto dela,
sentando-se outra vez na cadeira, pegou a cabeça dela com as duas mãos e fez
com que ela lhe encarasse) Que se dane todo mundo, Dulce! Que se dane o seu
pai! Que se dane RBD! Que se dane qualquer um! Você leva uma vida aí! Uma vida!
Nada é mais importante agora!

Ela franziu a testa e ele suspirou em
desapontamento sabendo que ela começaria a chorar. Ele soltou o rosto dela e se
projetou para trás, se encostando ao espaldar da cadeira. Esfregou o rosto com
as mãos, ouvindo os soluços dela. Aquele era um teste de paciência, se dizia
ele em pensamentos.
Três vezes ao dia, em duas semanas... Bom, quarenta e duas
vezes não eram cinqüenta. E até saírem da Espanha Dulce bateria o recorde.

Dulce: Se você me deixar...eu morro...

Ele tirou as mãos do rosto e a olhou
rapidamente. Franziu a testa ao ver como as lágrimas desciam como cascatas por
aqueles olhos bonitos e não entendeu o que ela disse.

Chris: O que é isso, Dulce? Ficou louca
agora? De onde tirou essa idéia absurda?

Dulce: Então pára de brigar comigo!

Ele ficou olhando para ela, desconcertado com
a súplica em sua voz. Logo reprimiu um sorriso, vendo como ela fungava e
enxugava os olhos.

Chris: Paro de brigar se parar de chorar...
(disse ele reprimindo a risada)

Dulce: Pa-pa-parei... (disse ela tentando
conter os soluços)

Chris: Ainda não...

Dulce: Na-não consigo...

Chris: Ahh, consegue! Você sempre consegue o
que quer! (disse ele sorrindo) Então, tudo bem…paro de brigar, se vier aqui…
(disse batendo as mãos no colo) e me der um beijo...não, muito beijos. Isso!
Muitos beijos...

Ela se levantou se uma vez e se jogou em cima
dele, de um jeito que quase caíram para trás. Ele a agarrou pelo torso,
enquanto ela se ajeitava nas pernas dele. Dulce lhe beijou a boca, deixando o
gosto salgado de suas lágrimas em sua boca.

Chris: Ainda não acredito que vou...ser pai
de duas meninas...

Dulce então se afastou dele e o olhou nos
olhos, com uma interrogação na cabeça. E ele riu, levando as mãos ao rosto
dela, enxugando-lhe as lágrimas.

Chris: Mãe e filha...

Dulce: Não sou criança... (falou ela
emburrada)

Chris: Às vezes age como uma. (disse passando
o polegar sobre sua bochecha)

Dulce: Você também...

Chris: Nunca neguei meu lado infantil. (e
abriu um sorriso)

Dulce: Nem eu!

Chris: Não... (e riu)

Dulce: Deixa de ser irônico! (e o beliscou na
barriga)

Chris: Auuuuu! Assim você só afugenta o
Pai...

De repente, Dulce ficou séria e olhou nos
olhos dele.

Dulce: E se for menino...?

Ela tragou a saliva, vendo-o ficar sério.
Christopher suspirou pesarosamente, enquanto enrugava a testa, como se
estivesse aborrecido ao simplesmente imaginar o fato de que o bebê pudesse ser
do sexo masculino.

Chris: Damos para a adoção...

Dulce arregalou os olhos e ele gargalhou
alto, jogando a cabeça para trás. Dulce alçou a mão para bater nele, e
Christopher colocou as mãos na frente do rosto, bloqueando seus golpes, porém
continuou rindo. Um tempinho depois, ele agarrou as duas mãos dela e foi se
levantando da cadeira.

Chris: Agora lave o rosto...ponha de volta
seus óculos, que nós vamos comer com todos lá embaixo. E você vai enfrentar,
está me ouvindo? Vai falar com todo mundo como sempre, e diga que está brigada
com o seu pai, caso alguém venha a perguntar pela choradeira no corredor. (ele
ergueu uma sobrancelha) Pelo menos isso é verdade!

Dulce: Nem me fala disso...

Chris: Você já tentou ligar para ele?

Dulce: Umas duas vezes...e ele não atendeu o
telefone.

Chris: E não tentou mais? (ela negou) E nem
vai? (ela jogou os ombros) Faz quanto tempo essa ligação?

Dulce: Uma semana...acho...

Chris: Você desiste fácil! Ele é seu pai,
Dulce. E sei também que o que ele disse, deve ser sido duro de escutar...mas
saiu do coração dele, era o que ele estava sentindo... Mas isso vai passar,
tenho certeza! Ele é teu pai, te ama tal qual você é...

Dulce: Só não quero que demore muito...pois
parte do meu sofrimento é por causa dele...

Christopher assentiu, e logo colocou um boné.
Esperou Dulce ir ao banheiro, lavar o rosto e se maquiar um pouco para sair. Ao
ver o rosto dela ainda abatido, ele passou o braço sobre os ombros dela,
enquanto abria a porta para saírem. E a ouviu balbuciar, enquanto trespassavam
a porta...

Dulce: Só desejo esquecer por um
minuto...tudo isso...

O dia havia começado bem... Havia acordado
com Christopher beijando suas costas nuas, enquanto ouvia sua voz, sussurrando:

- Baby, acorda...temos que aproveitar todo o
tempo em que estivermos aqui...

Dito isso, abriu um olho, vendo como a
claridade do dia preenchia o quarto inteiro. Bocejou e fechou novamente os
olhos. O cansaço ainda persistia em dominar o seu corpo, porém a fome começava
a brigar com ele por esse domínio. Ele riu ao ouvir como seu estômago rugia em
necessidade de comida. E sentiu como ele ficava de joelhos na cama, estendendo
o braço para alcançar o telefone. Ele ia pedir comida, com certeza os seus pais
não os esperavam mesmo para tomar o café da manhã... E, obviamente, ela sabia
disso...porque conhecia muito bem a cabeça da sua mãe...e sei que ela vai
encobrir-los perante Fernando para que ele pensasse que os dois estavam
dormindo...em quartos separados, logicamente.

Abriu um sorriso ao ouvi-lo falar em seu
inglês perfeito. Bom, não tinha necessidade, já que estavam na Espanha. Mas ela
sabia que ele queria fazer charme....coisa que sempre conseguia. Deus...se
acordar todos os dias com esse homem fosse bom desse jeito, seria ela quem o
pediria em
casamento. Christopher era o homem que nunca pediu a Deus,
mas realmente estava muito satisfeita com esse presente. Amava esse homem com
loucura... Como podia isso, quando há mais de um ano atrás nem suportava estar
perto dele?Como as coisas mudavam... Agora ela não suportava era o fato de
estar longe dele, sem abraçá-lo...sem ver seus trejeitos loucos, sem estar no
meio de sua bagunça... A presença de Christopher realmente deu outro sentido a
sua vida. E ela que não acreditava no amor, depois de terminar com Poncho...
Que bela pedrada que a vida lhe deu... Só esperava que não houvesse outra
pedrada nunca mais. Queria ficar com o coração inflamado para sempre...nessa
“pedrada”...em Christopher.

- Pedi comida...muita comida mesmo para
alimentar minha garotas...

Dulce virou-se de frente, ainda com os olhos
fechados. Estava cansada, mas acordar desse jeito...fez seu bom humor
alavancar.

Virou-se, ficando de barriga para cima, ao
sentir como ele esfregava a bochecha no meio de seus seios. Inspirou o perfume
de seu cabelo e se espreguiçou languidamente, enquanto suas mãos se esticavam
por cima de sua cabeça. Riu ao sentir como sua barba incipiente lhe fazia
cócegas no pé da barriga...e pousou uma mão na cabeça dele, sentindo como seus
lábios lhe roçavam a barriga de um lado a outro, em uma carícia terna.

- O médico disse que tá pequenininho ainda?

- Sim... – ela se encolheu, quando ele lhe
beijou o umbigo.

- Ele te examinou?

- Sim...

- Ele passou algum remédio?

- Não...me receitou alguns remédios que posso
tomar durante a gravidez, mas nada relacionado a anemia.

- Sexo pode, então?

- Se não pudesse, estaríamos arrependidos
agora.

- Sim... – ele riu, se levantando. – Tem
razão.

Dulce viu aquele homem todo ficar de pé e o
acompanhou com o olhar,não perdendo nenhum movimento de seu corpo. E não
desviou o olhar dele, até vê-lo desaparecer dentro do banheiro.

- Ele mediu sua pressão? – perguntou
Christopher desde o banheiro.

- Sim! – ela elevou a voz para que ele
pudesse ouvir.

- Ele disse que está tudo bem?

- Se eu me cuidar, sim! – respondeu
rispidamente, já estava farta dessa inquisição.

- E você pretende seguir o que ele diz?!

Dulce revirou os olhos, impaciente.

- Claro que sim, né! – ela se moveu na cama,
para logo sentar-se.

- Ok, porque se depender de mim, dentro de um
mês você estará boa.

Ela assentiu como se não agüentasse mais.

- Então separe um biquíni para você, que
vamos descer..

- Quero dormir!

- À tarde você tira um cochilo!

- Não!

- Sim e acabou a conversa!

Dulce sorriu, olhando para o teto. Então se
levantou e foi caminhando para onde estava sua bolsa. Já estava acostumada a
perambular nua no quarto com Christopher. Os dois agora não tinham mais
reserva, nem muito menos pudor em andarem nus aos olhos um do outro. Por isso,
Dulce entrou no banheiro e viu como ele de frente ao espelho da pia, espremendo
uma espinha em cima do queixo.

Ela chegou perto dele e tirou as mãos dele de
lá.

- Pára com isso! Vai ficar um buraco aí!

- Não vou deixar esse negócio aqui na minha
cara!

- Não precisa espremer... Tenho um creme bom
para espinhas! – e abriu um sorriso angelical. – É tiro e queda!

- Então quero que passe em mim... – e
virou-se para ela, puxando-a pelas mãos. – mas agora... – e moveu a porta do
box e entrou com Dulce. - ...vamos tomar um banho rápido...

Ela riu quando ele a abraçou abaixo da
cascata de água.

Tomaram banho, conversaram, riram,
brincaram... E acharam que aquele dia, seria um dia muito especial. Bom,
podemos dizer que especial foi, mas ninguém sabe se para o bem ou para o mal.

Assim que os dois puseram os pés para fora do
quarto, ainda rindo...viram Fernando sair do quarto onde estava com Blanca.

O sorriso de Dulce se borrou e Christopher
emudeceu, ao toparem com Fernando assim que saíam do quarto. Fernando olhou
para dentro do quarto, vendo como os lençóis estavam embolados... E voltou o
olhar para Dulce, quem tratou logo de colocar um sorriso no rosto, enquanto
abria os braços para abraçá-lo. Fernando retribuiu o abraço com pouco
entusiasmo, vendo como Christopher estava vestido com a mesma roupa da noite
anterior.

Dulce se afastou e lhe deu um beijo na
bochecha.

- Não vai desejar um bom dia para sua filha
mais linda?

Ele elevou a comissura dos lábios, sorrindo
contra sua vontade.

- Bom dia, filha...

- Bom dia, papai! – e fingiu um sorriso
radiante.

- Bom dia, senhor!

Christopher se adiantou e estendeu sua mão
para que o sogro a estreitasse com a dele. Fernando olhou para a mão dele e
logo a estreitou com sua, com o olhar fixo no dele. Christopher percebeu que
algo não ia bem por ali, e então sentiu uma pontada nas têmporas, enquanto um
calafrio de culpa descia sobre o seu corpo. Fernando soltou sua mão e ele
suspirou pesadamente, notando que o pai de Dulce havia reparado em suas roupas.
As mesmas que havia usado na noite anterior.

- Onde está a mamãe?

- Na praia com Alexandra.

- Então vamos para lá também...

- Já tomou o café da manhã?

- Sim, Chris...é...eu pedi aqui mesmo... - e
tragou a saliva nervosa pela gafe.

Fernando somente assentiu, enquanto começava
a andar. Dulce olhou para Christopher, quem a olhava com os olhos
arregalados...e então ele moveu a cabeça para Fernando, como se estivesse
dizendo a ela para segui-lo.

- Espera, pai! - Fernando parou em seco,
virando-se para vê-la caminhar de encontro a si. - Eu vou com o Senhor!

Christopher passou a mão no cabelo, sentindo
que aquilo tudo não estava bem. Viu como os dois se perdiam entre os corredores
e fechou os olhos, enquanto suspirava. Talvez a conversa que Dulce planejava
ter com o pai, quando estivessem de perto de partir de Ibiza, fosse antecipada
para hoje. Christopher, como homem, sabia reconhecer como outro de sua espécie
estava desconfiado de algo. E também sabia, que o pai de Dulce não ia ficar
calado diante tais questionamentos. Porém, nada podia fazer por ela nesse
momento. Infelizmente, aquele era um problema que somente ela, Dulce, poderia
solucionar. Afinal, o pai era dela...