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Fernando tirou os óculos e Dulce pôde ver
como seus olhos ardiam em brasas pela fúria.

- Pode ter 3 milhões de filhos! - gritou ele
sentindo a irritação a flor da pele. – Pode fazer uma creche de bastardos na
minha casa! MAS MESMO ASSIM, FILHA MINHA NÃO SAI DE CASA SEM SER CASADA E PONTO
FINAL!

E o grito que Fernando deu, foi o suficiente
para chamar atenção de Blanca e Alexandra, quem rapidamente caminhavam ao
encontro dos dois. Dulce estava trêmula em seu canto, sentindo como o choro estava
engasgado em sua garganta. Não era justo o que seu pai estava fazendo com ela!
Não era justo! Mas não conseguia dizer nada. Seu grito a calou. Sua própria
irritação travou sua voz, liquefazendo-se em lágrimas que queriam saltar de
seus olhos, mais uma vez.

- Meu Deus! – ele passou a mão no cabelo,
ainda incrédulo. – Era só o que faltava! Minha filha me dizer assim que está
grávida!

- Como queria que eu dissesse?! – gritou ela
de um lado. – No meio de um show com o RBD?! – segurou o choro.

O sarcasmo não passou despercebido por
Fernando, quem bufou irritado..

- Você está me decepcionando... – murmurou
ele chateado. – Às vezes eu nem conheço você! Nem sei o que aconteceu com a
filha que eu criei! Você já não é mais aquela menininha que eu colocava no colo
e que se maravilhava com tudo o que ouvia de mim! Você é uma estranha, Dulce!
Uma estranha que não percebe os sentimentos do próprio pai! Uma estranha que se
tornou essa mulher...quase sem moral alguma...

Dulce tragou a saliva constantemente sentindo
como ela se cerrava. E abriu a boca para falar, enquanto um véu de lágrimas lhe
embaçava a visão.

- Não é justo... – disse ela tragando a
saliva, sabendo que romperia a chorar em qualquer momento. – Isso não é
justo... – uma lágrima deslizou abaixo de seus óculos. – Não é justo pa-passar
tu-tudo o que estou pa-passando...e ainda ter...que...que...ouvir isso!

Fernando nada disse, e ela se rompeu a
chorar, mesmo na hora que Alexandra e Blanca chegavam.

- O que está acontecendo aqui? – indagou
Blanca ao ver Dulce chorando e Fernando sério, enquanto se levantava.

- Nada demais. – disse ele com ironia. – Só
que o babaca aqui ficou sabendo das novidades, como sempre...por último, eu
acredito. – pegou sua camisa e seus óculos e foi saindo, sem antes dizer: -
Espero que sua filha tenha claro tudo o que eu disse sobre que Filha minha não
sai de casa para se “juntar” com namorado nenhum. Filha minha só sai de casa
casada, enquanto eu viver! E ainda estou vivo...e enquanto eu estiver vivo,
assim que vão funcionar as coisas!

E saiu, deixando Blanca com o queixo no chão,
Alexandra totalmente calada e Dulce aos prantos.

Christian:
Estou com medo da Dulce... (disse ele olhando para ela com uma interrogação na
cabeça) Além de rejeitar sushi, ainda não comeu quase nada do prato dela... Sei
que está doente, mas sua doença permite que coma sushi... Então... Vai bem me
dizer que está de regime, quando nem de regime você pode ficar?

Dulce piscou os olhos, como se estivesse surpresa pelo câmbio de lugares, de
ares. Parecia que novamente estava naquela praia, ouvindo e vivendo tudo o que
vivera naquele dia. Estava tão concentrada em recordar o que havia passado com
seu pai, que quando viu todo mundo reunido, não falou com ninguém, sentou-se
logo na cadeira. E nem se molestou ao ouvir como Christopher fazia o seu pedido
e nem ao menos em começar a comer quando seu pedido havia chegado.

Chris: Ela se entupiu de sushi ontem... (mentiu Christopher ao ver como ela não
dizia nada)
Christian: Pra mim ela tá é muito estranha. Não fala mais com ninguém...no
palco se afasta da gente...nem dança mais comigo!

Dulce então viu como oito pares de olhos se fixavam nela. E ela suspirou.
Sempre comiam separados, mas como Christopher viu que estavam todos juntos,
achou melhor se juntar a todos, para não dar mais o que falar. Anahí tomou uma
garfada de sua comida, sem tirar os olhos de Dulce, assim como todos.

Maite: Concordo com Christian. Dulce... (disse com toda calma) esse problema
que está passando com você...é algo que podemos ajudar? (Dulce franziu a testa)
Não sei...digamos que as vezes nós preferimos ficarmos sozinhos um pouco... Mas
seu caso é diferente. Você nos evita a todo instante... Nos ensaios vem se
mantendo distante, já não tem aquele brilho de antes... Sempre achei que você viajava,
mas dessa vez você está passando dos limites. E todos nós concordamos com isso.
Sei que...

E antes que
Maite pudesse dizer mais algo, ela se antecipou e abriu um débil sorriso.

Dulce: Não é nada pessoal... (e olhou para Anahí quem revirava os olhos com
desdém) É comigo, entendem? Briguei com meu pai em Ibiza...e ele não quer falar
comigo... (disse ela séria, enquanto brincava com seu garfo no prato) É isto o
que está me perturbando...
Poncho: Ayy Dulce, essa não é a primeira e nem a última briga que você terá com
seu pai. Também não precisa de tudo isso!
Dulce: Eu sei...mas dessa vez a coisa foi séria demais.
Christian: Não precisa nomear as razões... Você teve seus motivos, ele teve os
dele. Mas o que nós só queremos dizer é que...eu sei que...merda, merda, merda,
merda...(e fez uma careta de dor) mordi a língua...

E então Dulce abriu sua primeira gargalhada sincera durante duas semanas.

Anahí: Quem mandar falar mastigando!
Christian: Tá saindo sangue, que merda... (dizia ele com a língua para fora,
enquanto tentava enxugar o sangue com o guardanapo) porra pra doer, puta que
pariu...
Poncho: Ceboso!
Chris: Pelo menos lavo o cabelo todo dia...

Anahí deu uma risada discreta, mesmo querendo gargalhar. Dulce e Christopher
somente sorriam, assim como Maite que viam como Poncho fazia uma careta para
Christian, cortando logo o assunto..

Poncho: Sim, mas voltando o assunto de Dulce... (ele subiu o olhar para ela,
quem acabava de colocar um pedaço de carne na boca) Tipo...não é querendo
reclamar, Dulce... humm...mas você tem noção de que somos um grupo...
E...(olhou para o lado, evitando olhar para Anahí) sendo um grupo, o que afeta
a um...afeta a todos... então...
Maite: Sei que está passando por problemas que não deve ser fáceis para você...

Maite se meteu
na conversa ao perceber que não sairia nada bom da boca de Poncho, então como
sempre foi a mais compreensiva e cautelosa do grupo, interviu para não
afasta-lá ainda.

Maite: Sabemos o quanto você preza a união familiar...mas justamente por serem
SUA família...era para você não estar assim. Porque família é família, você
sabe...vivemos brigando, mas sempre nos amando e nos perdoando. E vai ser desse
jeito com o seu pai, Dulce. Não importa o quanto tenha sido sério ou não a
briga, ele é seu pai...e te ama por cima de qualquer problema. E é por te amar
tanto assim...que vocês vão se perdoar e vai ficar tudo bem!

Obviamente, quando Maite acabou de falar, os olhos de Dulce estavam totalmente
cristalinos.

Anahí: Ay não! Sem chorar!

Christopher revirou os olhos buscando paciência para mais uma crise de choro. E
isso era porque nem ao menos haviam contado a todo mundo que Dulce estava
grávida e que iria deixar o grupo. Estava já tão acostumado com aquela idéia,
que estava ansioso para que chegasse esse momento. Suspirou... Ainda bem que
faltava pouco, muito pouco. Assim como faltava pouquíssimo para sua vida mudar
completamente... Não. Quer dizer, mais ainda. Enfim, sua vida já estava
praticamente virada de pernas para o ar. Com Dulce, bebê...essas coisas. Bom,
pelo menos nem tudo estava de pernas para o ar. Havia algo que, por fim, havia
acabado...e muito bem. Um capítulo da sua vida muito bem planejado e muito bem
sucedido, graças a Deus. E mal contava as horas para contar a Dulce. Ele tinha
a maior certeza do mundo que ela ficar furiosa ao saber que NÃO sabia algumas
particularidades de seu namorado. Deu um sorrisinho pensativo. Dulce ficaria
com mais raiva, tanto por saber que vinha mais novidades por aí do que teve do
seu pai ao melar os planos para que morassem juntos.

Às vezes
sentia falta de sua liberdade. E por mais que amasse Dulce, se sentia
enjaulado. Sentia falta de sair com seus amigos, beber até cair, falar
besteira...ouvir besteira...gargalhar... Queria tudo! Menos ouvir, por mais um
dia, Dulce chorar. Não estava agüentando mais. Era tanto o que pensar, era
tanto o que planejar...que ainda não tinha certeza se era o que queria. Passava
o dia inteiro no telefone ou na internet em seus horários livres, quando não
estava com a banda ou cuidando de Dulce, enxugando as lágrimas dela e voltando
a ouvir pela qüinquagésima vez a mesma história de sempre. Acreditava realmente
que ela estava abalada por tudo o que estava acontecendo. Enfim, Dulce
realmente era quem carregava mais tensão dos dois, tanto por estar mais
sensível pela gravidez e pela doença, quanto pela situação. Ela que iria se
afastar da banda e não ele. Ela que teria que se cuidar e esperar nove meses
para que a criança nascesse, e não ele.

Bufou, era nessas horas que a voz de sua mãe voltava a sua mente...

“E isso está só no começo...”


Mas Christopher acreditava que tudo seria mais fácil quando Dulce saísse do
RBD. Realmente a carga de tensão que ela levava nos ombros, não era fácil.
Aquela espera...aquela ansiedade de a cada dia se dar conta de que é menos UM
dia dela em seu projeto dos sonhos. Aquela ansiedade de contar logo ao mundo e
ficar livre desse segredo. Aquela ansiedade de saber como os outros agiriam ao
saber da notícia. Era a expectativa. Eram inúmeras as coisas que existiam na
cabeça dela, e ainda piorava mais a situação com a rejeição do pai.

E ele tinha
que admitir, era por essa razão que não havia perdido o controle ainda. Era por
essa razão que escolhera apoiar Dulce por cima de qualquer coisa. Era essa fé,
era esse cuidado de que sempre falara. E se o amor consistia em tudo o que ele
estava fazendo para ela, então Dulce podia abrir a boca e dizer aos quatro
ventos que era uma pessoa amada...por ele.

E era amada, sim. E todo mundo sabia disso. Christopher Uckermann estava
totalmente apaixonado desde daquele domingo ao qual lhe dera Simba. E era por
ser tão apaixonado assim, que ainda cabia mais UMA loucura para essa história
tão louca...dos dois. Porque eles eram adeptos a loucuras desde o primeiro dia
em que se beijaram, recordou ele com um sorriso.

E ele sabia que não ia ser qualquer loucura... Seria uma das loucuras mais
loucas de sua vida. Era algo grande. Algo tão enorme...quanto o seu amor por
ela.

Chris: Come a salada!

Ordenou ele ao ver como Dulce nem havia tocado na salada.

Anahí: Come a salada, mas não deixa de conversar, ok! (disse ela petulante)
Christian: Aff...Dulce está doente, tem que comer!

Anahí ergueu uma sobrancelha e suspirou com enfado.

Anahí: Tampouco está morrendo! Vamos Deixar de besteira! (e olhou para
Christopher) Principalmente você! Já me cansei de ver você dar ordens em Dulce... Aff, parece
o pai dela!