Fanfic: Nos Cαminhos dα Vidα ~☆

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Quantas
vezes ela fez aquele mesmo percurso pelos palcos desse mundo. Milhares de
vezes. Milhares de vozes, milhares de gritos...milhares de semelhança, mas
nenhum show era igual. Pelo menos para ela, não.

Correram para atrás do pano ao ouvir começar os toques de Cariño Mío.

Que Deus a
abençoasse, fez o sinal da cruz. Estava sentindo a adrenalina sair por seus
poros. Sentia todos seus sentimentos fluírem ao mesmo tempo. E ao ritmo da
música começou a se soltar, como sempre. Esse show merecia que desse seu tudo,
tudo o que podia e o que não podia também.

Dançou em “Cariño Mío”, cantou em “Ser o Parecer”, bailou em “Wanna Play”,
cantou muito em “Dame”, incendiou o público em Money Money, e se
divertiu muito ao cantar “Quiero Poder”, com Christopher ao seu lado dessa vez.
Fizeram um belo dueto que levou mais de 25 mil pessoas a cantar, pular e a se
divertir com eles. E ao ouvir as batidas de “Salvame”, Dulce e Christopher
saíram por um lado. Ele puxou uma cadeira para ela e lhe deu água, enquanto
enxugava seu próprio suor.

Chris: Está tudo bem?

Dulce assentiu bebendo água.

Chris: Nada errado?
Dulce: Nada! (e abriu um sorriso) Estou ótima... Só muito calor.

Christopher então pegou em sua mão e a levou para a cadeira que estava próxima
a um ventilador, e o deixou parado só para ela.

Christian: Gente...quero um camareiro desses!

Dulce riu, enquanto Christopher lhe dava um pedaço de melancia na boca.

Maite: Realmente...quanto é que paga?
Dulce: Com muito amor...

E os outros
gargalharam, enquanto Poncho se manteve afastado. Havia sido assim desde o
começo do show. Ele não havia falado com ninguém. Mas pelo menos no palco
estava do mesmo jeito com todos. Até mesmo Anahí ele abraçou. No palco
precisavam ser amigos. E Poncho era um profissional. Alguém da produção pediu
para eles voltarem ao palco para cantarem “Bésame sin Miedo”. Christopher saiu
correndo na frente, como sabia que era o primeiro a cantar, precisava ser o
primeiro a chegar. Correu pedindo que todos pulassem e começou a dançar daquela
maneira louca de sempre.

Cantou e dançou como nunca. Dulce se absteve um pouco na dança, estava muito
calor e não queria se exaustar tão rápido. Precisava ir com calma. Mas sua
adrenalina estava a mil e não conseguiu ficar quieta, pelo menos não em “Bésame
Sin Miedo”. Saiu do palco quando a música acabou, com Christopher em seus
calcanhares lhe perguntando se estava bem. Era assim há duas semanas, era
sempre isso. Trazia-lhe coisas, lhe fazia beber água, pedia que não dançasse
tanto. Os outros começavam a estranhar. E sempre Dulce tinha que dar uma
desculpa. Às vezes ele esquecia um pouco, mas em outras era chato lhe agüentar
todo o tempo lhe dando mais ordens. Era uma atenção que chegava a ser
excessiva. Mas ao abraçá-lo, em algum intervalo, sentia que ele estava
realmente preocupado. E o entendia, ficando, assim, tudo bem entre os dois. Os
toques de “I wanna Be The Rain” começaram e todos voltaram para o palco, menos
Dulce e Anahí quem trocavam de roupa em velocidade recorde.

Passou “Algún Día”, abraçou Christopher no medley “Quizás/Este Corazón” um dos
momentos mais esperados para alguns fãs. E sorriu ao ver aquele mar de luzes
enquanto Anahí e Poncho cantavam. Talvez no futuro pudesse ver e sentir tudo
isso novamente. E sabia que este ciclo estava se acabando, mas amanhã...um
outro pudesse nascer. Assim como nasceria aquela criaturinha que havia em seu
ventre.

Sentiu como
ele lhe apertava o ombro para que ela pudesse olhara para ele enquanto cantava.
Os dois sorriram. Com certeza, esse não seria o fim. Nem ao menos o próximo
show seria o fim. A chama seguiria acesa...e não se apagaria tão cedo. Talvez,
não se apagaria enquanto ela vivesse.

As luzes do palco se apagaram e Dulce se deu conta de que era a sua vez. Virou
de costas para o público vendo como Christopher saía do palco junto com os outros.
Levantou um pouco seu corpete, e rebuscou o cós de sua saia, tirando um papel
dobrado de lá. Havia escrito algo para essa noite...coisas que queria dividir
com seus fãs nesse momento tão especial de sua vida. Seria o último show na
Espanha, seria seu penúltimo show com o RBD, precisava preparar todo mundo para
isso.

E por mais que o que havia escrito houvesse lhe custado tantas lágrimas, estava
feliz com o resultado. Daria a seus fãs o que havia recebido deles desde o
começo desse projeto... Lhes daria amor, o mais puro amor que existia.

Enquanto a produção colocava o banco lá na frente, ela se adiantou para colocar
o microfone no apoio, enquanto lhe passavam a faixa do violão pela cabeça. Ela
sentou-se na cadeira e a luz se acendeu sobre si. Observou todos ali, embaixo,
em cima na arquibancada. As luzes, os celulares, os flashs das câmeras davam
magia àquele momento. E suspirou... ao sentir os sentimentos lhe dispararem o
coração. Respirou fundo outra vez, ajeitando-se na cadeira.

Ajeitou mais uma vez o microfone, e olhando para o público, para o seu público,
começou a dizer:

http://es.youtube.com/watch?v=TT1u0Wvag9E&feature=related

Dulce: Muitas vezes...o coração se cansa... Muitas vezes…não encontramos...
onde ficaram nossos sonhos. E todos chegamos a esse extremo algum dia… E
sempre, sempre, sempre…temos que encontrar esta luz e esta força…Embora todo
esteja escuro…embora não encontremos a luz…sempre existe, embora seja…um
grãozinho desse tamanho…que por te salvar. E eu quero ler-lhes…um pensamento…um
poema…que eu escrevi para todos que estão tristes… e algum dia estão tristes…
Tomara que não estejam tristes! Sempre estejam contentes. Mas quando cheguem
esses dias…se lembrem do eu vou lhes dizer:
Respirou fundo e baixou o olhar para o papel já devidamente desdobrado.
“A veces nuestros sueños caen al suelo como pedacitos de estrellas…que poco a
poco se apagan. Nuestro corazón llora en silencio…”
Respirou fundo outra vez e suspirou, sentindo como o nó em sua garganta já não
deixava sua voz sair. Estava travada. Seus olhos umedeceram automaticamente
como todas as vezes. E soube ali, que eram seus sentimentos que estavam
fluindo. Eram todos seus sentimentos se transformando em lágrimas.
Euforia, decepção, ansiedade, medo, amor, tristeza, frustração, receio,
rejeição, solidão, expectativa...
Cada uma das lágrimas que percorriam seu rosto era um sentimento diferente.
As luzes se apagaram à medida que ela não conseguia parar de chorar. E Dulce
chorou mais ainda ao ouvir o coro de vozes que gritavam seu nome
incessantemente. Tentou enxugar os olhos mais foi em vão, não conseguia evitar
chorar, não conseguia arrancar esse nó que impedia sua voz de sair. Não
conseguiria, pelo menos não nesse momento.

O público
gritava cada vez mais alto. Então foi quando ela sentiu uma presença a seu
lado. Não precisou se virar para saber que era Christopher. O cheiro do corpo
dele o delatava. Sentiu como ele passava a mão suavemente em seu cabelo... E
virou-se para ele de uma vez, enterrando o rosto no peito dele. Ele a abraçou,
colocando seu cabelo para trás orelha e lhe disse ao ouvido:

Chris: Se não está se sentindo bem...não cante.

Os gritos aumentavam mais ainda. A banda já não tocava nada, todos estavam na
expectativa.

Ela levantou a cabeça e o olhou.

Dulce: Fica aqui comigo... (disse com voz chorosa)
Chris: É isso o que você quer?
Dulce: Sim... (e enxugou o rosto na blusa dele) Não me deixa.
Chris: Nunca.

Dulce esboçou um sorriso triste, enquanto ele retirava o violão dela e o
deixava no chão. Dulce fez espaço para ele na cadeira, quem se sentou somente
com uma perna e sorriu ao ouvir como não deixavam de gritar. E mesmo na
escuridão, ela levou o microfone à boca e começou a cantar, sem a ajuda dos
instrumentos, em capela:

Nadie
puede pisotear tu libertad
Grita fuerte por si te quieren callar
Nada puede detenerte si tu tienes fe
No te quedes con tu nombre
Escrito en la pared, en la pared


luz se acendeu sobre eles e Christopher viu a euforia como todos tomavam aquele
momento. Rodeou os ombros de Dulce com seu braço e começou a cantar junto com
ela, sem o microfone. Ele levou a mão livre para cima e começou a agitá-lo de
um lado a outro, vendo como todos o seguiam. Dulce olhou para ele de soslaio e
sorriu, enquanto cantava. E fechou os olhos ao ouvir como a banda a acompanhava
direitinho.

Sua presença lhe acalmava. Ele sabia disso. Parecia que só com fato de tê-lo
por perto se sentisse a salvo. Ele a protegeria e manteria afastada de tudo o
que lhe pudesse fazer mal. Seu coração se sentia em paz nesse momento, cantando
para seus fãs, cantando para ele, cantando para o mundo a canção dos “sonhos”.
E ao lado dele se sentia invencível. Ao lado dele seu coração se serenava... A
presença dele lhe fazia esquecer de todos os sentimentos ruins, para se enfocar
nos que realmente valiam a pena sentir naquele momento.

E se sentia feliz... Se sentia feliz por tudo o que havia conquistado ao longo
desses anos. Era uma pessoa realizada. Era uma pessoa feliz, mesmo sabendo que
por mais que estivesse perdendo hoje...amanhã, ela sabia que ganharia em dobro.