Fanfic: Nos Cαminhos dα Vidα ~☆

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Dulce abriu
os olhos de uma vez, e arfou olhando para o teto. Piscou os olhos e franziu a
testa pela claridade, suspirando fundo para acalmar sua respiração. Estava
suando. Havia tido um pesadelo... Talvez o pior dos pesadelos, como aquele que
tivera no Rio de Janeiro.

Aquele em que
Christopher a deixava, a expulsava de sua vida, mesmo grávida
de seu bebê.

Suspirou fundo tentando recuperar a normalidade de sua respiração e sacudiu a
cabeça, tentando esquecer aquilo. Olhou para o lado e sentiu como a tensão se
esfumava ao ver como ele estava exatamente ali, ao seu lado. E sentir sua mão
protetora sobre seu ventre, fez com que ela sorrisse para este novo dia que
começava. Espreguiçou-se devagar e retirou suavemente a mão dele de cima dela.
Apesar de querer estar um pouquinho deitada, pensando na vida...a vontade de
fazer xixi era imensa e ela já não podia ignorá-la mais. Sentou-se na cama
devagar, ainda bocejando... Olhou para a varanda onde a rede ainda estava
armada e franziu a testa. Ela e Christopher estavam na rede na noite de ontem
ou foi um sonho também? Talvez tenha sido um sonho ouvir como ele cantava para
que ela pudesse dormir. Sua voz rouca cantando baixinho, para que só ela e seu
bebê escutassem. E abriu um sorriso, não foi um sonho... Christopher não era um
sonho, ele era real...tudo o de mais lindo em sua vida, era real.

Levantou-se e se encaminhou ao banheiro para fazer suas necessidades matinais.
Quando voltou ao quarto, viu como ele estava deitado do mesmo jeito. Com a
mesma careca de ontem. Deu um sorrisinho e baixou para fazer algumas coisas.
Chegou à cozinha, abriu a geladeira e ficou olhando para o que tinha dentro. A
fome já começava a se manifestar...

- Celebraremos o que então? – disse Dulce radiante.

- Sua volta...à minha vida e à minha casa...!

Dulce
suspirou ao lembrar-se daquele dia. Foi a primeira vez que vinha a casa de
Christopher depois daqueles meses separados, um dia depois de que Alexandra
falasse com ela pela primeira vez naquela festa que a Televisa promoveu para os
seus familiares. Parece que fazia tanto tempo desde então. Já estava tão dentro
da vida de Christopher...que qualquer lembrança passada era como se tivesse
acontecido há décadas atrás. Estava gostando dessa vida junto. Essa vida de
divisão. Era legal ter alguém com quem conversar quando chegasse em casa. Era legal ter
alguém para lhe ouvir a qualquer hora, com quem compartilhar seus problemas,
era legal terá alguém que a entendia, que entendia sua vida, seu trabalho...

Somente por esse pouco tempo junto dele como um casal realmente, conheceu mais
dele do que em um ano de relacionamento. Sua vida com Christopher realmente
nunca seria tediosa. Ele era o tipo de palhaço que nunca repetia uma piada.
Sempre mudando, sempre rindo, sempre animado. E ela se contagiava com esse lado
dele. Quando ele estava sério ou calado demais, era ela quem tomava a
iniciativa de voltar a ser a Dulce despojada que era quando o conheceu.

Dulce pegou uma maçã e foi até a pia lavá-la.

Com o descobrimento da gravidez tudo ficou muito sério ultimamente. Não havia
mais brincadeiras e nem diversões. Christopher lutava consigo mesmo para
aceitar, do mesmo jeito que ela fazia consigo mesma para se conformar. Estavam
em processo de mudança, e essa era uma etapa bem difícil. Era muita coisa com o
que se preocupar. Eram muitas novidades para se adaptar. E ela estava
agüentando firmemente tudo. Pelo estava dando o seu melhor...

Sentia uma
pontada no coração a cada vez que imaginava à tarde do dia anterior. Os rostos
chocados de seus companheiros ao saberem que ela estava grávida. A decepção, a
indiferença, a raiva contida em seus olhos. Mordeu a maçã, enquanto se
encostava na pia, olhando para o nada. Lhe doeu aquilo, e ainda lhe doía. Mas
já não podia fazer mais nada. Já estava conformada. E esperava que eles se
conformassem também. Seria um pouco difícil, mas eles se acostumariam com essa
mudança. Nem tudo na vida era como todos querem, existem coisas que estão além
do alcance de todos...e isso era o destino. Não ficaria mais se culpando. Não
valia a pena se maltratar para sempre. Esse bebê que crescia em seu ventre,
precisava dela. Precisava de sua força, de seu cuidado, precisava de sua
felicidade. E seria o primeiro presente que daria a essa criaturinha, cuidado,
felicidade e amor.

Sorriu como uma idiota enquanto sua mão se escondia debaixo da camiseta do seu
pijama. Era a primeira vez que se sentia assim...

Era a primeira vez que se sentia tão...mãe.

E gostou de se sentir assim. Sentiu como seu coração se enchia de paz. Sentia
como seu coração se enchia de amor por aquele pacotinho que ela guardava dentro
de si. Abriu um sorriso e sentiu como seus olhos marejavam. Sentia-se feliz
hoje. Sentia-se livre, como se agonia e a apreensão tivessem se esfumado assim
que saíra da casa de Pedro. Agora todos sabiam. Conseguia respirar
normalmente... Conseguia dormir sem se acordar pela noite preocupada. Era tão
bom se sentir assim! Era tão bom se sentir livre! Bom, apesar de que em cinco
horas encontraria toda a banda novamente e eles a ignorariam como se ela fosse
um troço de merda seca. Mas isso não lhe importava, podia lidar com o desprezo
dos outros, Christopher estaria ali com ela.

Sorriu se
voltando para a pia. E ele estaria sempre que precisasse e isso era um dos
motivos de sua felicidade.
Ligou um rádio que havia do lado da pia e sintonizou em uma rádio que tocava
músicas alegres.

http://www.youtube.com/watch?v=HMvxNoKAsbI

Precisava disso nesse dia... Precisava de alegria. De diversão.
Abriu novamente a geladeira e foi retirando de um a um os ingredientes para um
café da manhã reforçado. Consentiria seu “Digníssimo” hoje. Cozinharia para
ele. Faria umas panquecas com mel para que ele comesse. Só em pensar nas
panquecas, ela as desejou também. Abriu os armários e achou as panelas, tudo o
que precisaria. E cantando, começou a meter a mão na massa, literalmente.

Si me
besas una vez
Pongo el mundo a tus pies
Por tus labios pierdo la razón
Si me besas dos o tres
Mil estrellas bajaré
No hay medidas para el corazón
Si me besas una vez
Yo vuelvo a nacer.

Havia
acordado disposta. Sentia-se cem por cento. Só esperava que sua comida não
saísse queimada. Fazia muito tempo que não cozinhava. Mas sua mãe lhe dissera
uma vez, cozinhar era como andar de bicicleta. Ela franziu a testa, negando com
a cabeça sorrindo. Olhou para os ingredientes e repassou-os mentalmente. E
sorriu quando se lembrou de tudo. Começou pelas claras de ovo, batendo-as para
que ficassem em neve, e assim por diante se dividiu em várias tarefas. Sempre
cantando e cozinhando...

E sorriu ao
se tocar de que ela estava parecendo uma dona de casa, só faltava lavar as
cuecas do marido. Dulce María dona de casa, ela gargalhou ante a perspectiva.
Talvez se ela estivesse fazendo a mesma coisa dois anos atrás seria normal, mas
estava cozinhando para o seu homem. E aquilo era uma coisa ainda muita
estranha... Viviam a dois. Eram eles dois. Não havia mais Blanca, nem Dolores
para cuidar de suas coisas, deixá-las limpas e organizadas. Dulce era a pessoa
responsável agora pela casa, pelo menos pela casa de Christopher, já que ele
não tinha mais empregada, somente uma diarista que vinha duas vezes por semana.

Ahh mas fazia tanto tempo que não parava em casa, que precisava se sentir parte
de algo. Apesar de que a casa era de Christopher, essa intimidade entre os dois
fazia com que ela se sentisse em sua própria casa, por mais que desejasse
realmente que essa “obra” no esgoto da SUA casa terminasse logo para voltar
para o meio de suas coisas. Sentia-se bem entre as coisas de Christopher, mas
necessitava estar perto das suas também. Precisava do seu quarto, das suas
roupas, seus vídeos, seu estúdio... Fazia tanto tempo que não pisava em casa
que quase não se lembrava mais da cor de sua Dançarina Espanhola, Elza, como a
tinha denominado quando dera o Enzo a Christopher, o par de Elza.

Meu Deus! Fazia tanto tempo! Passou tudo tão rápido! Sorriu ao lembrar da época
que começou a se pegar com Christopher. Não tinha lugar ruim para os dois, se
pegavam até mesmo no camarim. Uff, se a história deles dois fosse um filme,
seria um romântico bem hot, pegação não faltaria. Pegação das boas, claro.
Aquele homem tinha o poder... E ele sabia disso.