Fanfic: Tremores (terminada)

Seus olhos se arregalaram. -Mas
eu...

-Está gelada até os ossos e
necessita de um banho quente.

Os dentes de Anahí se fincaram em
seu lábio inferior enquanto estudava ansiosamente ao homem a sua frente. O que
queria dela, este estranho ermitão? Tinha escutado coisas desagradáveis sobre
ele. Coisas terríveis. Coisas inomináveis. Ela não queria terminar como...

-As pessoas não conhecem nem
entendem a verdadeira Anahí Portilla, murmurou Alfonso, observando-a desde sua
poderosa altura de um metro e noventa, porque só vêem o que querem ver,
conhecem o que querem conhecer. Inclinou sua cabeça antes de dar meia volta e
caminhar para a escada. -Para mim é o mesmo.

Anahí o seguiu com a vista, sem
saber que pensar. Por um lado, não devia supor que era um monstro só pelos
falatórios do povo, mas por outro lado, seqüestrá-la não o deixava muito bem
visto. Mas por sua vez, ele não a tinha seqüestrado. Em realidade, ela teria
estado agradecida por sua ajuda se ele não fosse tão misterioso.

E se ela não duvidasse ainda se
ele saberia que seu pneu esvaziaria nessa rota secundária deserta ou não.

Talvez fosse um monstro. Mas
talvez não. -Alfonso?

Ele se deteve na metade do passo,
em seguida a olhou por sobre seu ombro para olhá-la. Levantou uma sobrancelha,
mas não disse nada mais.

Anahí esfregou as mãos sobre a
saia, ansiosa, nervosa, aterrorizada... mas com vontade de conhecer seu destino,
precisando conhecê-lo. Clareou a garganta e procurou seu olhar. Não lhe
importava se ficasse ofendido pela pergunta que faria, mas precisava da
resposta.

 -Vai me violentar? Perguntou em voz baixa.

Ele não fez o menor movimento por
um longo momento. Não moveu um cabelo. Não fez um gesto. Nem assentiu com a
cabeça nem o negou verbalmente. Nada que desse uma pista de como se sentia ou o
que pensava. Era como uma estátua pensou Anahí, tão impenetrável e inerte como
as paredes de pedra que os rodeavam. Deu-lhe um calafrio ao pensar se não tinha
dado uma idéia que não tinha ocorrido a ele antes.

E por fim, logo depois do que
pareceram ser horas, os cantos de sua boca se estiraram para cima formando esse
sorriso zombador de sabichão que começava a associar como o sorriso do Alfonso Herrera.

 -Não. Deu-lhe as costas e terminou de subir a
escada em espiral com passos largos e despreocupados. -Não será necessário te
violentar, anjo.