Fanfic: Malas Intenciones - DyC

Comemos, e até que não tava muito ruim pra uma salada, mas o melhor foi a sobremesa. Depois fomos caminhar perto do lago. Estava sendo legal, eu me sentia bem por conseguir fazê-la rir, afinal tava muito claro que ela estava infeliz, e apesar do jeito estranho dela, ela estava ganhando alguns pontos comigo.

Na noite passada ela tinha sido muito dura, não sei se comigo ou consigo mesma, mas hoje parecia muito mais tranquila, sensível, vulnerável. Ou eu estava afetado pela preguiça e pela bebida o suficiente pra ignorar alguns detalhes, ou ela estava começando a se acostumar comigo.

- Você trabalha? - Perguntei depois de alguns minutos em silêncio.
- Claro que sim!
- Ah, não sei pow, tem umas dondocas que vivem às custas do marido rico... - ela riu.
- Esse sempre foi o desejo de Alfonso... Quando terminei a faculdade ele quis que eu ficasse em casa "cuidando do lar" - Ela fez as aspas com as mãos - Enquanto ele trabalhava fora... Mas definitivamente isso não é pra mim!
- Se seu marido quiser me sustentar eu fico agradecido! - A piada boba a fez rir.
- Na verdade, é ele quem está pagando os seus serviços... - Tive que rir, ela era esperta e a situação duma maneira geral acabava sendo engraçada. - Só que ele não sabe disso...
- E pretende contar? Digo, depois?
- Não sei... Perderia parte da graça se ele soubesse que não o conquistei, e sim que o paguei... - Fazia sentido. Aos poucos eu fui entendendo o porquê de tudo aquilo. A traição estava mexendo com seus sentimentos e com sua auto-estima! E eu era uma maneira de mostrar pra ele que ela poderia conquistar um homem também.
- Diga... É suficiente mostrar a ele o que você é capaz?
- É claro... - Ela respondeu, mas eu sei que ela não tinha entendido.
- Quero dizer... Isso tudo é uma farsa, mas vai servir para convencer seu marido... E quanto a você? - Ela desviou o olhar para o lago, não sei se ficou triste ou envergonhada.
- Eu não quero me rebaixar tanto quanto Alfonso... Quero que ele sinta na pele como é ser passado para trás, mas vou fazê-lo de consciência limpa... - Fazia sentido também, mas eu não tinha 100% de fé naquilo. Fiquei de frente a ela, fazendo-a parar.
- Se ele te traiu você tem uma dívida com ele! - Minha voz saiu com uma animação exagerada, e ao perceber que ia tocar suas mãos ela se esquivou.
- Já disse, não vou me rebaixar... Foi por isso que o contratei. - De repente entendi que meus argumentos me levavam a um mesmo ponto: Eu queria que ela o traísse de verdade! E queria que o fizesse comigo! Aquilo me surpreendeu, não era certo tomar suas dores! Mas quem disse que eu ligava pro que era certo ou errado?
- Ér... Se não me deixar tocar em você vão pensar que somos irmãos ou coisa assim... - Expliquei, e ela aceitou me dar a mão, mesmo sabendo que por trás do meu súbito interesse pela atuação havia segundas intenções.
- Não quero que aconteça tudo duma vez só! Quero ter muitas evidências, e torturá-lo um pouquinho antes do impacto final... - Ela explicou.
- Quer dar a ele motivos pra desconfiar e só depois que estiver arrancando os cabelos da cabeça dar a ele a "certeza" de que o traiu? - Perguntei em claro desapontamento.

Continuamos conversando enquanto caminhávamos. Só percebi quanto tempo tinha passado quando ela disse que estava atrasada para uma consulta médica, e teve que sair às pressas.