Fanfic: Três Horas de Loucura - adaptada - Vondy

— Só para mudar de assunto, será que você poderia me dar uma carona até em casa? — Lupe começou a dizer, jovialmente. — Precisei levar meu carro para uma revisão na oficina.
— De novo? — Dulce franziu a testa, estranhando.
— De novo. E mamãe mandou avisá-la de que está preparando uma daquelas tortas de frango que só ela sabe fazer.
Dulce deu o primeiro sorriso do dia.
— É um convite tentador demais para ser recusado.
— Então, nos veremos na saída!
Dulce esforçou-se para prestar atenção ao trabalho, mas foi só na casa de Lupe que conseguiu relaxar a tensão que aquele incidente com Christopher Uckermann lhe provocara. Ele se zangara, com toda a razão. Dulce ficou o tempo todo imaginando o que ele estaria pensando dela. Incompetente e desastrada eram os dois únicos adjetivos que lhe ocorriam.

Certa tarde, precisou trabalhar até depois do expediente, datilografando um relatório urgente, solicitado por Jack Duarte. Já passava das seis e meia quando tirou a última folha de papel da máquina de escrever. Colocou tudo numa pasta, pegou a bolsa e o casaco e foi para o quarto andar. Deixou a pasta sobre a escrivaninha do sr. Duarte, para que ele a encontrasse logo de manhã cedo.
O prédio estava praticamente vazio, pois o horário de trabalho terminava às cinco horas. Ao voltar da sala do sr. Duarte, notou que não era a única a trabalhar até mais tarde.
Com os nervos tensos, viu que Christopher Uckermann encaminhava-se para o elevador. Ficou horrorizada por ter que encará-lo de novo, mas não havia saída. Quando o elevador parou no andar e a porta se abriu, ele convidou gentilmente:
— Queira entrar primeiro, srta. Saviñón.
Ela sentiu-se tentada a descer pela escada, mas não quis parecer ridícula e aceitou aquela oferta educada. Entraram na pequena cabine e ele apertou o botão do térreo,
— Está fazendo hora extra? — Christopher Uckermann perguntou, que-brando o silencio constrangedor.
— Eu tinha um serviço urgente para entregar ao sr. Duarte — ela explicou, escondendo-se atrás do casaco e da bolsa. Era um gesto instintivo de proteção contra as ondas de virilidade que se desprendiam daquele homem.
— Oh, sim — ele disse com frieza, mas seus olhos a fitaram com interesse.
— Sr. Uckermann... — Criando coragem, ela começou a falar, ter-rivelmente encabulada: — Estou envergonhada pelo que aconteceu naquela tarde. Seu terno deve ter se estragado. Só espero não ter queimado sua perna seriamente.
Ele ergueu as sobrancelhas, com uma expressão irónica.
— O terno voltou perfeito do tíntureiro, e eu consegui sobreviver até hoje.

— Eu... eu... – Ela tentou dizer alguma coisa, mas a cabine do elevador deu um solavanco e parou entre os dois últimos andares. — O que aconteceu?
— Uma falha no sistema elétríco — ele disse, enquanto apertava os vários botões do painel.
— E o que vai fazer?
— Já fiz tudo o que e possível, menos apertar o botão de emergência. Farei isso agora — ele disse, com uma calma que lhe deu vontade de gritar.
Logo em seguida, soou o alarme.
— Será que alguém vai ouvir? — ela perguntou, preocupada.
— Pode ser.
— E se não ouvirem?
— Se não há mais ninguém no prédio, o único remédio é esperar até que chegue o vigia da noite.
— E quando é que ele chega?
— Às nove e meia.
— Mas não podemos ficar aqui trancados até essa hora!
— Você tem alguma sugestão para sairmos daqui? — ele perguntou, sarcástico.
Tudo o que ela fez foi exclamar:
— Santo Deus!
— Desde o momento em que entramos juntos neste elevador, eu tive um pressentimento de que algo desastroso iria acontecer — ele comentou, colocando a maleta no chão e cruzando os braços. — Estou começando a acreditar que você é um desastre ambulante.
Dulce corou até a raiz dos cabelos.

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