Fanfic: Três Horas de Loucura - adaptada - Vondy

Ele se enganava. Ela estava preocupada, e muito, por estar ali, presa ao lado de alguém chamado Christopher Uckermann. Quem não se preocupou foi ele. Sentou-se no piso do elevador e, após consultar o relógio de pulso, comentou:
— Acho que vamos ter que esperar bastante tempo. É melhor relaxar e ficar à vontade.
Dulce também sentou-se, um tanto relutante. Lembrou-se da frase de Lupe: "Não há mulher nesta empresa que não faria qualquer coisa para ficar cinco minutos a sós com ele".
E ela iria ficar ali com ele durante horas...
— Se não me engano, você veio de um lugar chamado Aberdeen, lá para os lados do fim do mundo — Christopher comentou, interrompendo suas reflexões.
— Aberdeen é um paraíso e o Karoo não é o fim do mundo! — ela protestou, indignada.
Os olhos caramelos tornaram-se zombeteiros.
— Se você tem tanta paixão por aquele deserto, por que o deixou?
— Eu precisei sair de lá.
— Por causa da monotonia ou por causa de algum homem?
Ele chegara bem próximo da verdade.
— O senhor está querendo me irritar, sr. Uckermann?
— Só estou querendo passar o tempo.
"Cuidado, Dulce! Você está imaginando coisas e isso pode ser perigoso", ela advertiu a si mesma.
Apesar de estar intimamente precavida, precisava admitir que nenhum homem a abalara tanto quanto aquele que estava sentado ao seu lado, na intimidade do espaço exíguo de um elevador. Aquele olhar insistente já se tornava quase imoral, mas fazia com que ela descobrisse que não era tão indiferente ao sexo masculino quanto todos acreditavam, inclusive ela mesma.

— Fale um pouco sobre você. — Christopher Uckermann interrompeu-lhe os pensamentos, e Dulce sentiu um arrepio nervoso ao ouvir o som daquela voz vibrante.
— Eu nasci numa fazenda da região de Karoo, perto de Aberdeen. Morei lá a vida toda, com exceçào dos dois anos em que cursei o secretariado. — Ela fez a breve narrativa, relutante em voltar a remexer no passado.
— Só isso? — ele perguntou, com um sorriso gozador.
— Já que sabe que sou de Aberdeen, deve estar sabendo que nos últimos quatro anos trabalhei para um advogado de lá. Que mais posso lhe contar?
— Namorados? — O sorriso tornou-se ainda mais zombeteiro.
— Vários — ela mentiu.
— Eu me admiro que nenhum deles tenha conseguido levar você ao altar. Na sua ficha consta que você tem vinte e cinco anos e continua solteira.
— Não me sinto preparada para o casamento. — Estava intrigada com o fato de ele ter se dado ao trabalho de examinar sua ficha. — E o senhor, é casado? — ela perguntou, antes de dar-se conta da indiscrição da pergunta.
— Não — ele respondeu subitamente, dobrando um joelho e apoiando-se nele para encará-la melhor. — Com o tipo de trabalho que tenho, seria difícil ter uma esposa. Viajo muito a negócios e não teria paciência de aguentar lágrimas e reclamações de uma mulher frustrada.
Aquela explicação tão seca abalou-a, apesar de não encontrar um motivo razoável para isso,
— Se encontrasse a mulher certa ela saberia compreender, e não haveria motivo para ficar choramingando todas as vezes em que o senhor precisasse viajar a trabalho.
— Mas eu não tenho a intenção de encontrar a mulher certa — ele disse displicente. — Gosto da minha liberdade. Ela me permite viver do jeito que eu quiser e, quando me canso de uma mulher, simplesmente a elimino de minha vida e vou procurar outra. Tudo se torna muito mais simples, não acha?