Fanfics Brasil - Três Horas de Loucura - adaptada - Vondy

Fanfic: Três Horas de Loucura - adaptada - Vondy


Capítulo: 20? Capítulo

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— Não! — Vendo a expressão de espanto naqueles belos traços masculinos, ela acrescentou: — Não fique tão admirado assim, sr. Uckermann. Lá era Aberdeen só se admite esse tipo de coisa com gente casada.
— Foi por isso que resolveu sair de Aberdeen? Para poder dormir com um homem sem que ninguém se intrometa?
— Claro que não! — ela exclamou, indignada, empurrando aquela mão que ainda lhe segurava o queixo e lhe produzia um intenso calor pelo corpo todo.
— Foi apenas uma pergunta. — Afastando-se um pouco dela para observar-lhe melhor a fisionomia, ele fez mais uma pergunta: — E qual foi a razão de você ter deixado a segurança de Aberdeen para enfrentar as ameaças de uma cidade grande?
Dulce tinha certeza de que ele estava caçoando dela, mas decidiu não se deixar atingir.
— Tive alguns problemas.
— Que tipo de problemas? — Ele sorriu cinicamente.
— Como o senhor já sabe, tenho vinte e cinco anos, e o pessoal achava que estava na hora de arrumar um marido. Eram tantas as insinuações e indiretas... Todas as vezes em que eu saía com algum homem a torcida era tão grande que acabava recusando todos os convites, exceto quando vinham de Guilhermo Ochoa.
— Guilhermo Ochoa?
— É o advogado para o qual eu trabalhava — explicou, admirada de que ele ainda não soubesse disso também. — Guilhermo compreendia minha situação e me apoiava bastante. Mas às vezes tornava-se embaraçoso até ser vista com ele. — Fez uma pausa, enrugando a testa. — Nem sei por que estou lhe contando tudo isso. Nada do que estou dizendo é da sua conta.
— Deve ser efeito do conhaque.
— Pode ser — ela concordou, sentindo-se tão relaxada e à vontade, que mal podia acreditar que estava se abrindo tanto com um estranho. — E como surgiu a Empresa Uckermann de Engenharia? — perguntou, mudando de assunto.


— Meu pai fundou a empresa e eu assumi a direção há alguns anos, quando ele morreu.
— E sua mãe?
— Ela morreu quando eu ainda era um adolescente e meu pai não tornou a casar. — Havia um brilho de zombaria naqueles olhos quando ele prosseguiu: — Ele viveu maritalmente com uma mulher por vários anos. Depois que ele faleceu, ela foi morar na Namíbia com uma irmã viúva.
A intenção dele era chocá-la, mas Dulce não se abalou.
— E por que seu pai não casou com ela?
— Para quê? Eles se davam muito bem do jeito que estavam. Enquanto era vivo, meu pai lhe dava todo o conforto e segurança. Após sua morte, ela recebeu uma quantia de dinheiro que vai dar para sustentá-la até o fim de seus dias.
— E se eles tivessem tido um filho?
— Acho que ele teria assumido a paternidade. — Christopher Uckermann sacudiu os ombros diante daquela questão inoportuna — Mas quem pode garantir?
Novamente fez-se silêncio, e a expressão carrancuda de Christopher Uckermann a fez pensar que tinha avançado demais o sinal.
— Que horas são? — perguntou, para aliviar o constrangimento.
— Quase oito.
— Temos mais uma hora e meia pela frente. — Ela suspirou, impaciente.
— Minha companhia é tão tediosa assim? — ele perguntou, sarcástico,
— Nem um pouco. É que esse chão é muito duro e eu sempre detestei lugares fechados.
— Seu pai sempre foi criador de gado? — perguntou Christopher. Dulce não sabia se ele estava realmente interessado ou se só queria matar o tempo.
— Sim, sempre — respondeu, de um modo brusco. — Tal como o pai, o avô, e assim por diante.
— A mesma fazenda pertenceu à família, passando de pai para filho através de gerações?
— Exatamente. Só que meu pai expandiu o negócio, e agora a fazenda é bem maior.
— E sua mãe?


— Mamãe é da cidade. Quando meu pai se machucou, caindo de um cavalo, foi levado para um hospital em Port Elizabeth. Mamãe era enfermeira desse hospital, e foi lá que eles se conheceram.
— E como foi que uma moça da cidade se acostumou à vida do campo?
— Ela se adaptou muito bem e, sempre que precisam dela na comunidade, mamãe presta seus serviços profissionais. Nunca demonstrou estranhar aquela mudança de vida. Meus pais são muito apegados um ao outro.
— E você, está se adaptando à vida da cidade? — ele perguntou, com um estranho brilho nos olhos.
— Relativamente bem — ela confessou, com honestidade. — Sinto falta da paisagem, da vida calma e dos velhos amigos. Quanto ao resto, estou satisfeita.
— Sente falta do seu Guilhermo Ochoa?
— Para começo de conversa, ele não é o meu Guilhermo Ochoa. Mas... sim, sinto falta dele. — Aborrecida por corar diante daquele olhar penetrante, acrescentou: — Não se pode trabalhar com alguém durante quatro anos e esquecer isso no minuto seguinte.
Ele balançou a cabeça como se estivesse concordando mas, em seguida, lançou-lhe um olhar especulativo.
— Não gostaria de tornar esta situação ainda mais incomoda para você, mas importa-se se eu acender um cigarro?
— Fique à vontade — ela disse, admirando-se que um fumante tivesse ficado tanto tempo sem fumar, em consideração a ela.
Ele tirou um cigarro de ponta dourada de uma cigarreira de ouro maciço. Depois de acendê-lo, soltou uma longa baforada para o alto.
Que belas mãos ele tinha... Dulce observou. As unhas eram brilhantes e limpas e os dedos, longos e fortes.
"Preciso evitar esses pensamentos absurdos!", recriminou-se inti-mamente.
Chritopher Uckermann era um homem indiscutivelmente atraente, mas Guilhermo Ochoa também era, assim como muitos outros que conhecera, O que fazia com que Chritopher Uckermann lhe parecesse tão diferente dos demais?


Ele apagou o cigarro na caixa de areia e esticou as pernas. Aparentemente, estava com os nervos distendidos e relaxados, mas ela teve a impressão de que aqueles músculos estavam tensos, prontos para entrar em ação caso as circunstâncias o exigissem.
Ela também procurou relaxar, mas seu corpo estava rígido, apesar de ter fechado os olhos. Num certo momento, ela ouviu nitidamente um rumor de passos.
— Você está dormindo? — ele perguntou, com aquela voz grave e perturbadora.
— Não — Dulce murmurou, sem abrir os olhos,
— Acho que o vigia da noite já chegou — ele disse, consultando o relógio de pulso,
— Quanto tempo vão demorar para nos tirar daqui?
— Falhas técnicas não são tão demoradas assim para consertar. Você vai ficar livre de mim dentro de uns quarenta minutos, no máximo. — Ele apertou novamente o botão de emergência.
Em seguida, ouviu-se um barulho de vozes, de passos e de ferramentas metálicas. Pouco depois, uma voz masculina gritou:
— Olá! Está tudo bem aí?
— Tudo bem — respondeu Chritopher Uckermann. — Mas se apressem para nos tirar desta geringonça!
— Não vai demorar, senhor! — o homem disse, reconhecendo a voz do diretor da empresa.
Quando finalmente abriram a porta do elevador, o técnico olhou para Dulce maliciosamente, mas Christopher Uckermann não lhe deu atenção.Agradeceu bruscamente e a acompanhou até o pátio onde ela havia estacionado o Fiat.
— Vou seguir você no meu carro para ter certeza de que chegará sã e salva ao seu apartamento.
— É muita bondade sua, mas...
— Não me contrarie. — E saiu em direção a um Jaguar vermelho. Ao chegar aos portões, o guarda da segurança parou o carro de Dulce. Christopher parou atrás dela e, com voz autoritária, esclareceu:
— Tudo bem, Baker. Ela está comigo.
O olhar do guarda mostrava claramente o que ele estava pensando; que Dulce tivera um encontro comprometedor com o patrão.


— Vou levantar a cancela, madame — ele disse gentilmente. Chritopher Uckermann não se contentou em ver que ela chegara ao prédio em perfeita segurança. Fez questão de acompanhá-la até a porta do apartamento e só foi embora depois que ela girou a chave na fechadura e se despediu com formalidade: — Boa noite, e muito obrigada.
Dulce pensou que estivesse vivendo um pesadelo. Já passava das dez, e ela estava pronta para ir para a cama quando tocaram a campainha. Pensando que poderia ser Lupe, vestiu rapidamente o penhoar e foi abrir a porta.
— Sou do Restaurante Toni — o jovem que estava parado no corredor disse, com um pacote na mão. — Pediram para dar isto à srta. Saviñón. Foi um cavalheiro quem me entregou este bilhete — o rapaz completou.
Dulce pegou o pacote. O bilhete dizia: "Bom apetite. Tomei a liberdade de lhe enviar o jantar, sabendo que você deve estar tão faminta quanto eu. Com os cumprimentos de C. U.".
Ela sorriu e guardou o bilhete no bolso do penhoar, indo até a cozinha desembrulhar o pacote. Dentro, encontrou um magnífico contrafilé com molho de cogumelos.
— Que lembrança boa! — exclamou em voz alta, preparando-se para devorar o bife.

No dia seguinte, à hora do almoço na cantina, Dulce afastou seu prato quase cheio e só tomou o chá, perturbada com os olhares insistentes de Lupe.
— Você está tão estranha hoje, Lupe! — disse, por fim.
— E que estou pensando se devo ou não lhe contar — a amiga retrucou, com cara de culpada.
— Contar o quê?
— Andei ouvindo uns comentários de que ontem à noite você ficou presa no elevador, junto com o diretor da empresa.


— É verdade — Dulce confirmou, muito séria. — Estava datilografando uns relatórios urgentes para o sr. Duarte e quando fui levá-los ao quarto andar o sr. Uckermann estava saindo da sala dele e... Bem, o resto parece que você já sabe.
Lupe remexeu-se na cadeira, como se estivesse sentada sobre pregos.
— Preciso prevenir você, Dulce, de que estão espalhando uns boatos bem maldosos por aí.
— Eu já esperava. — Dulce respirou fundo. Pensara que, numa cidade grande como Joanesburgo, as coisas iriam ser diferentes. — E o que andam dizendo?
Lupe parecia tão aborrecida como ela.
— Todo o mundo está curioso para saber como você e o diretor passaram tantas horas juntos dentro de um elevador. Não faltou quem desse sua versão maldosa.
— Oh, Deus! Só espero que esses mexericos não cheguem aos ouvidos do sr. Uckermann.
— Pois eu aposto que já chegaram. — Lupe soltou uma risadinha sem graça.
— Isso é o que se chama juntar um desastre sobre outro, hein? Para começar, quase acabei com um contrato de dois milhões de dólares, depois despejei café fervendo na calça dele. Agora as más línguas estão fazendo insinuações sobre ele... e eu, naturalmente.
— Você não se zangou porque lhe contei?
— Não me zanguei com você. Agora sei por que todos estavam me olhando de um jeito esquisito durante a manhã toda.

Dulce mal tinha acabado de chegar da cantina quando o sr. Pardo a chamou.
— Srta. Saviñón... — ele começou a dizer, mexendo nuns papéis que estavam sobre a escrivaninha para manter os olhos baixos. Ela o encarou, imperturbável. — Sobre ontem à noite.. .


— Pois não, sr. Pardo? — A voz dela era fria, apesar de estar fervendo por dentro.
— O incidente aconteceu quando a senhorita foi levar aquele relatório na sala do sr. Duarte?
— Exato, sr. Pardo.
O chefe a olhou tão desconcertado, que Dulce chegou até a ter pena dele.
— O que aconteceu realmente, srta. Saviñón?
— O senhor quer saber o que aconteceu enquanto estávamos presos no elevador? — ela perguntou com um sorriso irónico, enquanto o rosto do chefe tingia-se de vermelho.
— Correto. Para o bem do sr. Uckermann e do seu, esses boatos precisam acabar, e eu só posso ajudar se souber da verdade.
— Não aconteceu nada, sr. Pardo. — Com uma voz contida, para não deixar transparecer o rancor, ela contou: — Nós ficamos sentados no chão e começamos a conversar para passar o tempo. Eu lhe contei um pouco da minha vida e ele fez o mesmo. Daí, repartimos um tablete de chocolate e o frasquinho de conhaque dele. Conversamos mais um pouco, até que os técnicos da manutenção nos tiraram de lá.
O sr. Pardo estudou-lhe a fisionomia por cima dos óculos.
— Foi só isso?
— E o que o senhor esperava além disso? Uma cena erótica dentro daquele cubículo? — A pergunta foi feita por uma possante voz masculina, vinda da porta. Com as faces pegando fogo, Dulce olhou para a imponente figura de Chritopher Uckermann.
— Senhor... sr. Uckermann! — O sr. Pardo quase engasgou ao vê-lo. — Eu só estava interrogando a srta. Saviñón para pôr um fim nos falatórios que envolvem o senhor e ela.


Os olhos de Chritopher Uckermann pareciam duas pedras de gelo sob o forte bronzeado da pele. Dulce sentiu-se gelar até as entranhas.
— Aprecio sua boa intenção, sr. Pardo — ele disse controladamente, enquanto puxava Dulce para fora da sala. — Se me permite, gostaria de ter uma conversa em particular com a sua secretária.
O sr. Pardo balbuciou algo incompreensível, e Dulce foi andando à frente de Christopher Uckermann até chegarem à sala dela. Antes de falar, ele fechou a porta.
— Ontem à noite, no elevador, você estava se comportando como se me devesse um pedido de desculpas por algo que não tinha feito — ele começou a dizer. — Essa é a mesma sensação que estou tendo agora.
— Duvido muito que queira ser perdoado. Isso não combina com os seus padrões morais, sr. Uckermann — ela disse, com um sorriso atrevido, imaginando se o sr. Pardo teria coragem para ouvir a conversa pelo buraco da fechadura.
Christopher Uckermann fez um trejeito com a boca, tentando sorrir.
— Só espero que você não se sinta atingida por essas maldades.
— Minha consciência está limpa! — ela disse, sustentando aquele olhar penetrante e malicioso com altivez, mas acabou explodindo verbalmente: — Pelo amor de Deus, sr. Uckermann! Não aconteceu nada naquele elevador! Não vejo motivos para nos envergonharmos.
— Admiro a sua atitude! — ele comentou, com um sorriso sarcástico. — Mas tem certeza de que esse ressentimento não tem nada a ver com as suas experiências anteriores?


Dulce não sabia se deveria rir ou enfurecer-se. Retomando a compostura, falou com voz calma.
— Numa pequena comunidade como Aberdeen, um boato desses se espalharia tão rapidamente como uma nuvem de poeira, mas duraria só o tempo necessário para que o pó assentasse. No dia seguinte, os fofoqueiros logo encontrariam outros assuntos para se distrair.
— Você está certa — ele concordou e virou-se para a saída. — Não quero atrapalhar seu serviço.
— Sr. Uckermann! — Ela o chamou de volta, mas não conseguiu sorrir, como desejava. — Obrigada pelo jantar que o senhor me mandou ontem À noite. Estava ótimo!
Ele fez uma leve mesura e saiu da sala, deixando-a perplexa. Como um homem podia ser tão sedutor a ponto de excitar-lhe os sentidos com um simples olhar? E, ao mesmo tempo, como podia ser tão frio, não permitindo que ninguém se esquecesse de que ele era o diretor geral da Empresa Uckermann de Engenharia?
Não sabia qual das duas personalidades ele preferia. Só tinha certeza de uma coisa: no futuro seria melhor evitar cruzar seu caminho. Durante aquela conversa no elevador aprendera que ele tinha seu próprio código moral que, infelizmente, não coincidia com o dela.
Só estranhava que ele se tivesse sentido na obrigação de desculpar-se pelos comentários surgidos durante a intimidade forçada. Realmente, nunca iria entender um homem como Christopher Uckermann.



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Autor(a): natyvondy

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 563



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  • stellabarcelos Postado em 10/09/2015 - 01:34:49

    Muito perfeito! Parabéns

  • larivondy Postado em 16/10/2013 - 01:04:16

    perfeeita *-*

  • PatyMenezes Postado em 19/02/2011 - 14:11:35

    Aaaah .... :)
    Final perfeito *-*

  • PatyMenezes Postado em 19/02/2011 - 14:11:35

    Aaaah .... :)
    Final perfeito *-*

  • PatyMenezes Postado em 19/02/2011 - 14:11:35

    Aaaah .... :)
    Final perfeito *-*

  • PatyMenezes Postado em 19/02/2011 - 14:11:35

    Aaaah .... :)
    Final perfeito *-*

  • PatyMenezes Postado em 19/02/2011 - 14:11:34

    Aaaah .... :)
    Final perfeito *-*

  • moreninhavondy Postado em 19/02/2011 - 14:09:10

    LINDO *--------------------*
    Amei o final *-*

  • moreninhavondy Postado em 19/02/2011 - 14:09:10

    LINDO *--------------------*
    Amei o final *-*

  • moreninhavondy Postado em 19/02/2011 - 14:09:10

    LINDO *--------------------*
    Amei o final *-*


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