Fanfic: Três Horas de Loucura - adaptada - Vondy
— O que aconteceu ontem à noite? — Lupe perguntou a Dulce com evidente ansiedade, logo que a viu pela manhã.
— Nada que eu não pudesse manter sob controle. — Dulce respondeu, sabendo que isso era uma grande mentira e cruzando os dedos por baixo da mesa, com infantilidade.
— Você vai ter um novo encontro com ele?
— Não, se eu puder evitar!
Estava decidida mas, bem lá no fundo, sabia que Christopher não desis-tiria tão facilmente.
— Bem, pelo menos durante esta semana você nâo o verá mesmo. Ouvi dizer que o diretor vai viajar para a Namíbia e só voltará na sexta-feira.
— Para ser franca, Lupe, não estou nem um pouco interessada em saber para onde ele vai ou deixa de ir — Dulce retrucou, apesar de sentir um peso no coração ou ouvir a notícia.
Saber que não o veria durante toda a semana deixou-a aliviada, apesar de causar-lhe um vazio. Felizmente não precisaria voltar a encará-lo tão cedo, depois do que acontecera na noite anterior.
Lupe olhou-a, curiosa.
— Quer dizer que você prefere que ele se mantenha afastado de seu caminho?
— Exatamente!
— Puxa! Ele deve ter sido bem atrevido ontem à noite!
— Como? — Dulce perguntou, sem compreender.
— Deve ter avançado o sinal vermelho. E você não gostou, não é?
Lupe era esperta demais e o melhor seria cortar aquela conversa o mais rápido possível.
— Você não tem nenhum serviço para fazer?
— Já estou saindo! — Mas, ao chegar à porta, Lupe acrescentou, zombeteira: — Você deveria até se sentir lisonjeada. O diretor nunca olhou duas vezes seguidas para a mesma mulher nesta empresa.
— Posso até me sentir lisonjeada, mas não estou interessada. Satisfeita?
Lupe olhou-a, incrédula.
— Por enquanto, estou.
Só depois que a outra fechou a porta é que Dulce relaxou. Precisara controlar-se para que a expressão de seu rosto não revelasse sua per-turbação. Christopher tornara-se uma ameaça em sua vida. Saber que ele nunca olhava duas vezes para a mesma mulher não a lisonjeava. Dava-lhe ainda mais medo. A notícia de que Christopher ficaria uma semana na Namíbia a tranquilizava, permitindo que se concentrasse no trabalho. Mas sabia que logo que ele retornasse sua autoconfiança seria novamente posta à prova.
No dia seguinte, ao voltar para casa, encontrou Guilhermo Ochoa esperando-a em frente à porta do prédio. Alto e esguio, com seus cabelos encaracoiados meio caídos na testa como de costume, ele sorriu diante da surpresa dela.
— Que bom vê-lo por aqui! — Dulce exclamou, estendendo-lhe ambas as mãos e levando-o para dentro.
— Espero que não se importe por eu ter aparecido sem avisar. Estou indo para Transvaal, onde vou passar alguns dias, e resolvi pernoitar em Joanesburgo só para saber como você está.
— É uma viagem de lazer ou de negócios? — ela quis saber, quando entraram na sala.
— Férias! — Ele sorriu, com os olhos cinzentos brilhando.
— Não era sem tempo! — ela comentou. Sabia como ele vivia amarrado à profissão.
— Seus pais lhe mandaram mil beijos e lembranças — Guilhermo informou. Sentou-se numa poltrona, esticando as longas pernas.
— Você os viu?
— Fui lhes fazer uma visitinha na fazenda, antes de sair de Aberdeen. — A expressão do rosto dele tornou-se mais séria, quando acrescentou: — Seu pai não tem passado muito bem ultimamente.
— Algo sério? — Dulce perguntou, empalidecendo.
— Nada de grave. É o velho problema da coluna. Em Aberdeen estamos passando por um dos invernos mais rigorosos dos últimos tempos.
— Que estranho! Tenho falado várias vezes com meus pais por telefone e ninguém me disse nada.
— O que seu pai realmente precisa é de alguém para ajudá-lo na fazenda.
— Eu já tive uma discussão com ele a esse respeito, mas papai é teimoso e não admite que não tem idade para fazer tudo sozinho.
— Que tal irmos jantar fora? — Guilhermo sugeriu, mudando de assunto.
— Tenho uma ideia melhor. Por que não fica e janta aqui, comigo?
Ele pareceu hesitante.
— Só aceito se não for lhe dar muito trabalho.
— Sente-se e relaxe. Se quiser ir tomando um vinho, a garrafa e os copos estão no barzinho da estante, perto do aparelho de som. — Ela o deixou sozinho na saía, encaminhando-se para a cozinha.
Abriu a geladeira em busca de algo rápido de preparar. Já tinha uma salada pronta e uns bifes. Poderia assar algumas batatas no forno e abrir uma lata de pêssegos em calda.
— Não gosto de beber sozinho — Memo protestou, aparecendo na cozinha e oferecendo-lhe um copo de vinho.
— Obrigada. — Dulce sorriu e ergueu o copo num brinde. — A sua viagem de férias, à sua saúde!
Seus olhares se cruzaram por cima das bordas dos copos, mas não havia segundas intenções em suas mentes. Para os dois, aquela era apenas uma comemoração entre dois bons e velhos amigos.
— Gostei do seu apartamento — Memo comentou, após o primeiro gole.
— Na verdade, não é meu — Dulce explicou, colocando a assadeira com as batatas no forno. — Os donos são a irmã e o cunhado de uma colega de trabalho. Eu o estou ocupando provisoriamente, até que eles voltem de uma viagem à Europa.
— Quer dizer que ainda está procurando um lugar para morar?
— Estou, É difícil encontrar um bom apartamento. Os aluguéis estão muito altos.
— Sabia que sou bom para grelhar bifes? Se não se importa, gostaria de ajudá-la — Memo ofereceu-se, e Dulce o deixou encarregado da carne enquanto arrumava a mesa.
Era estranho ter Memo ali com ela, na intimidade de uma cozinha. Como um bom solteirão, ele sabia se virar muito bem na cozinha. Ninguém diria que aquele era o mesmo homem que sabia ser tão duro e combativo num Tribunal de Justiça.
A carne ficou deliciosa, grelhada no ponto, e ambos jantaram com apetite, conversando descontraídamente. Dulce sentia-se totalmente à vontade com aquele homem, e não pôde deixar de pensar como seria diferente se estivesse com Christopher.
Com Christopher ela estaria tensa, sempre prevenida, preocupada com os mal-entendidos que uma conversa poderia provocar. Tentou afastá-lo da memória, inutilmente, e Memo logo percebeu que algo não ia bem com ela.
Lavaram a louça e estavam voltando para a sala com a bandeja do cafezinho quando ele perguntou:
— Está gostando do seu trabalho?
— Não é a mesma coisa que trabalhar com você, mas eles pagam bem.
— Quer dizer que eu lhe pagava mal? — ele brincou, mas seus olhos continuavam atentos e observadores.
— Eu quis dizer que às vezes acho que é só o cheque do final do mês que me faz continuar por aqui. — Ela suspirou e o olhar dele tornou-se ainda mais penetrante.
— Já que não se sente feliz, por que não volta para Aberdeen?
— Mas eu me sinto feliz.
— Porém... — Memo completou, atento.
— Porém. . . nada! — Ela sorriu, sem jeito — Claro que sinto falta de casa, mas estou contente com o que faço.
Aquele olhar atento não lhe dava trégua, e Dulce sentiu-se vagamente intimidada. Memo a conhecia bem demais, não só ela, como todos os seus problemas.
— Pois eu acho que lhe aconteceu algo de sério, que não quer contar. Conheço você, Dulce, não é de hoje. Os advogados, em geral, têm prática de ler nas entrelinhas.
— Vamos ver... Se não me falha a memória, você gosta do café pingado e com bastante açúcar. — Ela tentou desconversar: — Não sei como você não engorda com tanto açúcar.
— Você está fugindo do assunto — ele acusou, quando Dulce lhe passou a xícara.
— Não quero falar sobre mim. Prefiro falar sobre você, suas atividades, sobre Aberdeen...
— Dulce! — ele a interrompeu, bruscamente. — Do que está com medo?
— Por favor, Memo...
— Não quero ser intrometido, mas você sabe que pode confiar em mim. Se estiver com algum problema, gostaria de ajudar. Falo a sério, Dulce.
— Sei disso. — Ela engoliu em seco, tentando desfazer o nó da garganta. — Mas não tenho nenhum problema grave... pelo menos, por enquanto.
Tomaram o café em silêncio. Era visível que Memo não ficara satisfeito com aquela explicação evasiva.
— Se não me engano, a Empresa Uckermann de Engenharia pertence a um homem do mesmo nome.
— Certo. Ele se chama Christopher Uckermann.
— Você o conhece?
— Eu o vi de longe. Meu chefe é Juan Pardo, do departamento de contabilidade.
— Velho ou novo? — Memo perguntou, com um sorriso malicioso.
— Meia-idade. — Ela riu, aliviada por terem mudado de assunto. — Ele é um gênio com números, tem um estranho senso de humor e, apesar de ser um bom sujeito, às vezes não tem muito tato.
— Parece a descrição de um velho professor que tive na faculdade. — Memo riu. — O homenzinho era uma enciclopédia ambulante, mas, na vida pessoal, só dava mancadas.
— Na verdade, o sr. Pardo é uma pessoa excelente. — Dulce defendeu seu chefe.
— E é muita sorte ter alguém como você trabalhando para ele — Memo disse, com inveja. Em seguida, consultou o relógio de pulso. — Está na hora de eu ir andando.
— Tão cedo? — ela protestou, incapaz de disfarçar seu desapontamento.
— Amanhã tenho uma longa viagem pela frente e vou ter que acordar às cinco da madrugada.
Despediram-se como dois bons amigos. Quando Dulce ficou sozinha, disse a si mesma que não poderia passar o resto da vida esquivando-se de situações embaraçosas. Christopher conseguira amedrontá-la de tal modo, que sua vontade era sair correndo de volta para a segurança do lar. Mas desta vez não se deixaria intimidar. Ficaria e enfrentaria a situação.
Autor(a): natyvondy
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Lupe apareceu na sala de Dulce na manhã de sexta-feira, os olhos brilhantes de euforia. — Erick, o meu namorado, é um dos técnicos do Teatro Candle-light, e arrumou duas entradas para a estreia de uma nova peça.— Pensei que seu namorado se chamasse Giovane — Dulce observou.— Giovane? — Lupe olhou-a sem entender, mas ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 563
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stellabarcelos Postado em 10/09/2015 - 01:34:49
Muito perfeito! Parabéns
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larivondy Postado em 16/10/2013 - 01:04:16
perfeeita *-*
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PatyMenezes Postado em 19/02/2011 - 14:11:35
Aaaah .... :)
Final perfeito *-* -
PatyMenezes Postado em 19/02/2011 - 14:11:35
Aaaah .... :)
Final perfeito *-* -
PatyMenezes Postado em 19/02/2011 - 14:11:35
Aaaah .... :)
Final perfeito *-* -
PatyMenezes Postado em 19/02/2011 - 14:11:35
Aaaah .... :)
Final perfeito *-* -
PatyMenezes Postado em 19/02/2011 - 14:11:34
Aaaah .... :)
Final perfeito *-* -
moreninhavondy Postado em 19/02/2011 - 14:09:10
LINDO *--------------------*
Amei o final *-* -
moreninhavondy Postado em 19/02/2011 - 14:09:10
LINDO *--------------------*
Amei o final *-* -
moreninhavondy Postado em 19/02/2011 - 14:09:10
LINDO *--------------------*
Amei o final *-*