Fanfic: Três Horas de Loucura - adaptada - Vondy
Lupe apareceu na sala de Dulce na manhã de sexta-feira, os olhos brilhantes de euforia.
— Erick, o meu namorado, é um dos técnicos do Teatro Candle-light, e arrumou duas entradas para a estreia de uma nova peça.
— Pensei que seu namorado se chamasse Giovane — Dulce observou.
— Giovane? — Lupe olhou-a sem entender, mas em seguida fez uma careta e um gesto de pouco-caso. — Oh, não. Esse já foi descartado faz tempo!
— Ochi... — Dulce murmurou, surpresa.
— Você vai comigo? — Lupe voltou ao assunto. — A estréia é hoje à noite. Só que tem um problema, meu carro pifou.
— Não me diga que foi outra vez para o conserto! Nas últimas seis semanas ele passou mais tempo na oficina do que rodando!
— Pois é. — Lupe franziu a testa. — Mas desta vez o carro não está na oficina. Ficou na garagem do prédio, pois não tenho mais dinheiro para consertá-lo.
Dulce tamborilou os dedos sobre a mesa, impaciente.
— Há quanto tempo tem esse carro?
— Oito meses.
— Quer dizer que ainda está na garantia?
— Acho que sim. — Lupe não parecia muito segura disso. — Na verdade, não conferi.
— Acho que essa oficina está ganhando dinheiro às suas custas. Pode deixar que eu mesma vou dar uma examinada no seu carro — Dulce se ofereceu, decidida.
— Você?! — Lupe arregalou os olhos.
— Tenho um pouco de prática em mecânica de carros e poderia pelo menos localizar o defeito. Amanhã de manha está bem para você?
— Está ótimo — Lupe concordou, ainda surpresa, mas logo seus olhos voltaram a se iluminar. — E quanto a hoje à noite, Dulce? Você poderia me levar até em casa, antes de ir para o seu apartamento para se vestir, e voltaria para jantar comigo. Tenho certeza de que mamãe ficará feliz em vê-la. De lá, sairíamos juntas para o teatro. Que tal?
— Parece um bom programa!
— Então, estamos combinadas.
Chegaram ao teatro cinco minutos antes do início da peça. O Teatro Candlelight era pequeno, cabiam no máximo umas cem pessoas, mas a decoração era moderna e bonita. A plateia estava praticamente lotada, e Dulce começou a examinar o programa que recebera na entrada. Estremeceu ao ler o titulo da peça, O Fantasma de Rachel Wells. Que nome mais estranho para uma peça de teatro!
— Dulce! — Lupe deu-lhe uma batidínha no braço. — Olhe só quem está ali!
— Ali, onde?
— Perto do corredor, duas filas abaixo da nossa — Lupe sussurrou. — Ou estou ficando cega, ou aquele é Christopher Uckermann, acompanhado de uma loira espetacular!
Dulce relanceou o olhar na direção indicada e seu coração deu um pulo dentro do peito.
— Sim. é ele mesmo.
Christopher virara-se ligeiramente para o lado de sua acompanhante, e ela pôde distinguir-lhe nitidamente o perfil forte e bem marcado. Estava dizendo alguma coisa à loira que a fazia sorrir, revelando um relacio-namento íntimo entre eles.
Dulce sentiu o peito apertar-se tanto que teve até dificuldade para respirar. Baixou os olhos e ficou concentrada no programa que ainda segurava nas mãos.
Aos poucos, a iluminação foi diminuindo de intensidade e a cortina se ergueu para dar início ao primeiro ato de O Fantasma de Rachel Wells. Dulce tentou desesperadamente concentrar-se na peça, mas não conseguiu. Seu pensamento mantinha-se distante, duas fileiras abaixo, onde Christopher estava sentado. Não conseguiu evitar de olhar naquela direção várias vezes.
"Maldito homem!", pensou, raivosa.
Houve um breve intervalo entre o primeiro e o segundo ato, e um outro mais longo, entre o terceiro e o último atos, quando a maior parte dos espectadores levantou-se para esticar as pernas. O saguão ficou cheio de gente e Dulce, mesmo contra a vontade, viu-se procurando aquela fisionomia tão sua conhecida no meio da multidão, enquanto Lupe tagarelava sem parar.
Mas foi a amiga que o viu primeiro.
— Ali estão eles de novo, e ele está olhando para cá — alertou, a meia voz.
Com um cigarro aceso em uma das mãos e o braço livre servindo de apoio à loira atraente, Christopher olhava diretamente para Dulce, mas de uma forma inexpressiva, como se não a houvesse reconhecido. Ela teve a horrível sensação de que ele iria ignorá-la por completo mas, surpreendentemente, Christopher fez uma ligeira mesura com a cabeça.
— Veja só! E não é que o diretor nos cumprimentou? — Lupe falou baixinho no ouvido de Dulce.
Ela ficou tensa e apertou os maxilares com tanta força que os dentes chegaram a doer.
— Vamos entrando — disse, muito rígida. Lupe a olhou, estranhando, mas não fez perguntas.
Já na plateia, Dulce fingiu novamente que lia o programa, mas sua atenção estava toda voltada para as duas poltronas do corredor, que continuaram vazias até a hora de as luzes se apagarem.
Ao final do espetáculo, sem ter entendido nada da peça, bateu palmas automaticamente e levantou-se junto com os demais, quando os atores voltaram ao palco para agradecer os aplausos. Mas não via a hora de sair dali e, assim que as cortinas baixaram pela última vez, praticamente empurrou Lupe para a saída, misturando-se à multidão que caminhava lentamente.
Com o canto dos olhos viu que Christopher estava atrás delas, a pouca distância, mas não se atreveu a virar a cabeça. Sua tensão só diminuiu quando ela se viu ao volante do Fiat, deixando o Teatro Candlelight para trás.
No sábado, logo de manhã cedo, vestiu um jeans velho e, conforme prometera, foi para a casa de Lupe dar uma espiada naquele carro tão encrencado.
Foram juntas para a garagem do subsolo e, arregaçando as mangas, Dulce abriu o capo do carro e começou a fazer um exame minucioso do motor, sob o olhar atónito de Lupe.
— Onde você aprendeu a lidar com carros?
— Papai me ensinou — Dulce respondeu, dístraidamente.
— E você já conhecia o motor deste carro? — Lupe perguntou ansiosa, tentando olhar o motor por cima do ombro de Dulce.
— Não. Mas todos os veículos funcionam basicamente da mesma forma.
— Ja descobriu alguma coisa?
Dulce tinha dormido mal durante a noite e não estava com muita paciência.
— Oh, Lupe! Você está me deixando nervosa! Por que não sobe e faz um café para nós, ou qualquer outra coisa que a mantenha ocupada?
— Sim, senhora! — Lupe afastou-se rindo e Dulce suspirou aliviada.
Depois de uma hora, quando Dulce estava apertando o último parafuso, a amiga voltou, trazendo uma caneca de café em cada mão.
— Espero que tenha notado que a deixei em paz por mais de uma hora — Lupe a provocou. — Onde quer que coloque o seu café?
— Por aí... em qualquer lugar — Dulce respondeu, sem deixar sua tarefa.
— Como é? Já chegou a alguma conclusão?
— Já. — Dulce sorriu diante da cara aflita da amiga. — Sente-se ao volante e dê a partida.
Lupe obedeceu e o carro logo pegou.
— Oba! Está funcionando!
— Agora, desligue! — Dulce gritou, satisfeita com o resultado de seu trabalho. — Fiz um conserto provisório no cabo do distribuidor, que vai dar para quebrar um galho até você levar o carro para a oficina, na segunda-feira. Só que, desta vez, fale diretamente com o gerente. Este distribuidor está com defeito e desconfio que seja um defeito de fabricação. Andaram mexendo nele, sem dúvida, mas, se você não exigir que seja trocado enquanto o carro ainda está na garantia, terá que pagar por um distribuidor novo, em vez de consegui-lo de graça.
— Afinal, o que é um distribuidor?
— Exatamente o que o nome está dizendo. Distribui a corrente elétrica para as várias partes do motor — Dulce explicou, sob o olhar de admiração de Lupe.
— Nunca pensei que alguém tão feminina como você pudesse fazer um trabalho tão masculino!
— Quando se vive numa fazenda, se aprende a fazer de tudo — Dulce disse rindo, ao fechar o capo.
Foi até a torneira, num canto da garagem, e lavou com detergente as mãos sujas de graxa. Depois enxugou-as com a flanela que sempre levava no porta-luvas do Fiat.
Lupe recomeçou a conversa, mudando de assunto tão rapidamente que a pegou desprevenida:
— Nunca pensei que o diretor da empresa gostasse de teatro. Em geral, os engenheiros não são muito dados a essas coisas. E o que achou daquela loira sofisticada e cheia de curvas que estava com ele?
— Bem bonita. — Dulce tentou parecer desinteressada, tomando um gole de café.
— Bonita? Eu diria que ela é linda! Será que é amante dele?
Aquela pergunta detestável lhe estivera martelando o cérebro durante quase toda a noite, e foi com uma rispidez desnecessária que Dulce respondeu:
— A vida particular do sr. Uckermann não é da nossa conta.
— Você ficou com ciúme? — Lupe provocou.
— Deixe de ser boba! — Dulce falou irritada, reconhecendo que Lupenão tinha nada de boba. A amiga descobrira um sentimento oculto, que ela própria não tivera capacidade ou coragem de analisar.
Quando terminaram o café, Lupe anunciou que sua mãe a tinha convidado para almoçar. Dulce não estava com disposição de voltar para a solidão de seu apartamento e recomeçar a remoer suas dúvidas,
— Sua mãe vai ter que me mandar a conta de todos esses almoços e jantares que andei experimentando.
— Ela gosta que você coma com a gente, e eu também — Lupe disse, com sinceridade.
Durante aquelas semanas que passara em Joanesburgo. Dulce tinha se apegado à sra. Fernandes. A solicitude da mãe de Lupe abrandara em parte a saudade que ela sentia dos próprios pais. Depois de lavarem a louça, as três ficaram conversando animadamente, e Dulce só voltou para seu apartamento no final da tarde. Depois daquele delicioso almoço preparado pela sra. Fernandes, estava sem um pingo de fome. Tomou um banho e trocou de roupa, vestindo jeans limpo e uma blusa. Preparou uma xícara de café e resolveu assistir televisão. No entanto, pouco depois já cochilava, e não eram nem oito horas quando desligou a televisão.
Estava se levantando para apagar a luz da sala e ir para o quarto dormir, quando a campainha da porta tocou.
Se não estivesse com tanto sono, poderia até ter adivinhado quem seria o visitante inesperado. Mas levou um susto quando abriu a porta e viu, pela fresta estreita permitida pela corrente de segurança, aqueles incríveis olhos azuis, observando-a com a costumeira expressão de zombaria.
— Christopher!
— Tire essa corrente e me deixe entrar — ele mandou tamborilando nervosamente os dedos de encontro ao batente da porta. Dulce não teve outro remédio senão obedecer.
"O que ele está fazendo aqui? O que quer?", Dulce se perguntava enquanto, de pernas bambas, o acompanhava até a poltrona da sala.
— Aceita um cafezinho?
Aquele ar de zombaria se tornou mais acentuado.
— Só se você prometer não derramar na minha calça!
— Acho que aquele acidente vai me marcar até o fim da vida! — Ela suspirou e sumiu para dentro da cozinha, antes que ele pudesse ver o rubor que lhe tingia as faces.
Ao colocar a água para ferver, viu que suas mãos tremiam sem parar. Era ridículo que a presença de um homem pudesse afetá-la tanto!
Quando entrou na sala com a bandeja, viu que Christopher tinha se deitado no sofá. Embaraçada, colocou o café numa mesinha baixa, perto dele, mas logo ele voltou a sentar-se. Ela então ofereceu-lhe uma xícara.
— Preto e sem açúcar, não é mesmo?
— Você tem boa memória.
— Como foi sua viagem à Namíbia? — perguntou, enquanto despejava um pouco de leite e açúcar em sua própria xícara. Depois, acomodou-se numa poltrona do outro lado da sala.
— Uma loucura!
Pela primeira vez Dulce notou as pequenas rugas que lhe marcavam o contorno dos olhos e da boca. Christopher parecia esgotado e ela chegou a sentir pena dele.
— O que o trouxe até aqui? — perguntou, num tom cerimonioso.
— Vim porque, mesmo que eu não goste de reconhecer, nosso último encontro foi tão ou mais desastroso do que todos os outros juntos. — Ele sorriu, provocante, o que a fez baixar as pálpebras.
Comentem plixxx *-*
Bjix da Naty
Autor(a): natyvondy
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— E o que o faz pensar que este encontro de hoje também não terminará de forma desastrosa?— Eu sou um eterno otimista.Nada havia mudado. Menos ainda as intenções de Christopher. Ela sentiu-se tão nervosa e agitada que precisou ficar de pé.— Christopher, eu não posso...Antes que ela pudesse evitar, ele ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 563
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stellabarcelos Postado em 10/09/2015 - 01:34:49
Muito perfeito! Parabéns
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larivondy Postado em 16/10/2013 - 01:04:16
perfeeita *-*
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PatyMenezes Postado em 19/02/2011 - 14:11:35
Aaaah .... :)
Final perfeito *-* -
PatyMenezes Postado em 19/02/2011 - 14:11:35
Aaaah .... :)
Final perfeito *-* -
PatyMenezes Postado em 19/02/2011 - 14:11:35
Aaaah .... :)
Final perfeito *-* -
PatyMenezes Postado em 19/02/2011 - 14:11:35
Aaaah .... :)
Final perfeito *-* -
PatyMenezes Postado em 19/02/2011 - 14:11:34
Aaaah .... :)
Final perfeito *-* -
moreninhavondy Postado em 19/02/2011 - 14:09:10
LINDO *--------------------*
Amei o final *-* -
moreninhavondy Postado em 19/02/2011 - 14:09:10
LINDO *--------------------*
Amei o final *-* -
moreninhavondy Postado em 19/02/2011 - 14:09:10
LINDO *--------------------*
Amei o final *-*