Fanfic: Três Horas de Loucura - adaptada - Vondy

— E o que o faz pensar que este encontro de hoje também não terminará de forma desastrosa?
— Eu sou um eterno otimista.
Nada havia mudado. Menos ainda as intenções de Christopher. Ela sentiu-se tão nervosa e agitada que precisou ficar de pé.
— Christopher, eu não posso...
Antes que ela pudesse evitar, ele levantou-se rapidamente, segurou-a pelo pulso e obrigou-a a sentar-se no sofá, ao lado dele,
— Antes que você comece a falar bobagens, quero que saiba que passei a semana toda pensando no que aconteceu naquela noite. Cheguei à conclusão de que, por causa da exaltação do momento, acabei dizendo coisas que nenhum homem teria o direito de dizer a uma mulher, principalmente no primeiro encontro.
Dulce sentiu aquele corpo rígido encostado ao seu, e teve certeza de que ele percebera sua pulsação acelerar-se sob os dedos que lhe prendiam o pulso.
— Se isso é um pedido de desculpas, então eu aceito, mas...
— Vamos começar tudo de novo — ele a interrompeu. — Mas desta vez iremos com mais calma, sem afobações.
— Com as mesmas intenções em mente? — Ela o encarou com valentia, vendo-lhe o sorriso irónico,
— Eu sou um homem, Dulce não um santo. E você é uma mulher muito desejável.
— Ontem à noite você estava com uma mulher que não deixava nada a desejar. Por que não se satisfaz com ela?
— É que no momento existem homens demais se satisfazendo com ela.
— Não posso lhe dar o que quer — ela afirmou categórica, e Christopher soltou-lhe o pulso, — Sempre vivi sob certos princípios morais e não vou abrir mão deles por sua causa, nem por qualquer outra pessoa.
— Isso parece a ladainha da Virgem Imaculada. — Christopher levantou-se subitamente. — Só falta dizer: "Estou me guardando para o homem certo!" — completou, imitando a voz de Dulce.
— Você não tem o direito de caçoar de mim! Não o condeno pela forma como vive, portanto não me condene, nem faça pouco caso da maneira como eu levo a minha vida!

— Pare com isso, Dulce! — Christopher segurou-a pelos ombros e fitou-a com tanto fogo no olhar que ela sentiu-se queimar por dentro. — Não percebe que todas as vezes em que nos aproximamos um do outro acontece algo de extraordinário? Todas as vezes em que nos tocamos é como se nossos corpos produzissem faíscas. E não me venha dizer que não sente isso, senão serei obrigado a chamar você de mentirosa!
Era verdade! Naquele mesmo instante, ela estava sentindo uma espécie de corrente elétrica percorrendo-lhe o corpo, mas precisava lutar contra aquilo com todas as forças.
Abriu os lábios para protestar, mas Christopher a fez calar-se com um beijo que ela se recusou a corresponder, a duras penas. Só percebeu o quanto isso o perturbava quando ele a afastou bruscamente, olhando-a intrigado,
— Dulce?
— Está perdendo o seu tempo. Por mais que tente, não conseguirá fazer com que eu mude e me transforme na pessoa que quer que eu seja! Além disso, nós mal nos conhecemos.
— Isso pode ser remediado.
— Pois eu não tenho desejo algum de conhecê-lo melhor!
— Considero isso um insulto! — Os olhos castanhos, antes tão zombeteiros, tornaram-se sombrios de rancor.
— Considere como quiser — Dulce replicou com tanta indiferença, que teria sido melhor se lhe tivesse dado uma bofetada. — E, agora, ficaria muito grata se fosse embora e me deixasse em paz.
Os lábios dele se apertaram e, por um momento, Dulce pensou que ele fosse insistir, usando de violência. Mas aquele brilho diabólico de zombaria iluminou-lhe novamente os olhos azuis.
— Eu irei, Dulce, mas quero avisá-la de que não sou de entregar os pontos com tanta facilidade!