Fanfics Brasil - Três Horas de Loucura - adaptada - Vondy

Fanfic: Três Horas de Loucura - adaptada - Vondy


Capítulo: 25? Capítulo

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Dulce começou a segunda-feira com o pé esquerdo, Acordou com dor de cabeça e sua máquina elétrica pifou logo que chegou ao escritório. Enquanto o técnico a consertava, o sr. Pardo a avisou, sem maiores explicações, de que Christopher Uckermann a estava chamando no quarto andar.
Muito apreensiva, Dulce foi recebida pela sra. Gandia, que já a esperava. Ela não pareceu gostar muito de vê-la. Anunciou sua chegada pelo interfone e, secamente, ordenou;
— Pode entrar.
Apesar de nervosa, foi com passos firmes e decididos que ela se dirigiu a bela porta de madeira de lei entalhada e girou a maçaneta de bronze. Mas parou na soleira, boquiaberta, ao ver aquela sala espaçosa, arejada, e incrivelmente luxuosa. De um lado havia um grande sofá de couro, uma enorme mesa oval e várias cadeiras de espaldar de couro, no mesmo tom do sofá. Do lado oposto, uma gigantesca escrivaninha de ébano, atrás da qual estava sentado Christopher. Ele tinha o corpo virado para a janela, mostrando apenas os ombros fortes e os cabelos castanhos, muito brilhantes sob o sol da manhã.
— Feche a porta e venha até aqui — ele ordenou, com uma voz tão autoritária que lhe provocou um frio no estômago. — Pegue o bloco de anotações e o lápis que estão em cima da mesa e se acomode. Ela obedeceu, sem entender.
— Por acaso vai querer que eu anote um ditado?
— Alguma objeção? — e!e perguntou, seco, virando a cadeira giratória e olhando-a de frente pela primeira vez.
— Não. É que eu... — Mas faltaram-lhe palavras diante do impacto causado por aqueles olhos.
— Então, anote o seguinte... — E começou a ditar rapidamente uma carta cheia de termos técnicos.
Concentrando-se na tarefa, Dulce esqueceu o nervosismo e seu lápis começou a voar sobre o papel. Após cinco minutos de ditado ininterrupto. Christopher parou e a olhou divertido.  


— Conseguiu entender tudo?
— Sim — ela confirmou, admirada por ter sido submetida a uma prova tão difícil.
— Então, leia o que escreveu. — Ele tornou a girar a cadeira e ficou olhando pela janela,
Dulce repetiu tudo, palavra por palavra, inclusive aqueles termos que ela desconhecia, mas que conseguira transcrever corretamente. Ao terminar, percebeu que Christopher se virara e a observava com um leve brilho de admiração no olhar, que logo se apagou.
— Posso saber por que me fez passar por este teste? — ela perguntou, quebrando o silêncio.
Ele acendeu um cigarro e deu uma longa tragada, antes de responder:
— Minha secretária, a sra. Gandia, vai se submeter a uma operação e ficará ausente por seis semanas, a partir da próxima segunda-feira. Quero que você se apresente amanhã, às oito e meia, na sala dela, para se familiarizar com o serviço.
Dulce estremeceu.
— Mas eu...
— Isso é tudo — ele disse secamente, interrompendo-a e indicando-lhe a porta.
Claro que ela ainda iria protestar, mas não ali, no santuário, onde ele era um deus onipotente. Foi saindo sem olhar para trás e fechou a porta com delicadeza, apesar de estar bufando de raiva.
— Você irá me substituir durante a licença? — a sra. Gandia perguntou, assim que ela entrou em sua sala.
— Foi o que me informaram — Dulce disse, virando-se para aqueles olhos cinzentos que a olhavam com incredulidade. — Não precisa ficar tão preocupada, sra. Gandia. Normalmente não sou tão incompetente e desajeitada quanto a senhora pensa.
As sobrancelhas da velha secretária se levantaram, juntando-se sobre os olhos.
— Espero sinceramente que prove que estou enganada.  


Dulce não prolongou a conversa e apressou-se em voltar para o departamento de contabilidade, para explicar a situação ao sr. Pardo.
— Acabei de falar com o sr. Uckermann e ele já me explicou o novo arranjo. — O chefe a interrompeu assim que ela começou a falar.
— Mas é que eu não...
— Sugiro que chame Lupita Fernandes para substituí-la. — Pardo cortou-a mais uma vez. — Ela já trabalhou aqui, mas seria bom que refrescasse a memória.
Dulce fechou os olhos com força, tentando se acalmar.
— Sr. Pardo, eu não quero ir trabalhar no quarto andar com o sr. Uckermann.
— Receio que não possa recusar, srta. Saviñón. — O chefe parecia impaciente. — Já está tudo combinado.
— Não haveria um meio de conseguir uma outra secretária para substituir a sra. Gandia? — ela insistiu.
— O sr. Uckermann exigiu que fosse você.
— E tudo o que o sr. Uckermann quer ele consegue — ela resmungou, furiosa.
— O que disse?
— Nada, nada. — Dulce suspirou, irritada. — Só estava pensando alto.
Logo que Lupe chegou à sala dela, notou que havia algo errado.
— Por que essa cara emburrada?
— Você vai me substituir a partir de amanhã, e eu preciso lhe passar o serviço — Dulce explicou.
— Por quê? Para onde você vai? – Lupe quis saber, com um brilho de ansiedade e surpresa nos olhos.
Dulce resolveu deixar a raiva de lado e contou pacientemente toda a história.
— E por quanto tempo a Sra. Gandia vai ficar de licença médica?
— Seis semanas.
— Não a invejo nem um pouquinho por ter que substituir aquela tirana. Além do mais, vou sentir sua falta aqui no departamento.
Dulce sentiu um nó na garganta. Mas, apesar da frustração e da raiva, não quis dar o braço a torcer.
— Não comece com sentimentalismo, Lupe, senão eu acabo chorando! — disse, rindo.  


A sra. Gandia era uma mulher meticulosa, todo mundo sabia disso. E Dulce passou a semana atarefada, em aprender todos os detalhes daquele cargo de tanta responsabilidade. Christopher manteve uma distância polida, e os nervos dela logo voltaram ao normal. Se suas relações se limitassem aos assuntos profissionais, sabia que não haveria problemas. Desejou ardentemente que ele continuasse a manter a mesma atitude pelas próximas seis semanas, quando a sra. Gandia não estivesse por perto, sempre atenta.
Na sexta-feira, já quase na hora de encerrar o expediente, a sra. Gandia lhe fez as últimas recomendações:
— Procure fazer tudo com a máxima atenção, srta. Saviñón. O sr. Uckermann é um homem muito ocupado e não tem tempo a perder, corrigindo erros.
— Farei o melhor possível, sra. Gandia — Dulce prometeu, intimamente divertida com a expressão solene da outra.
— E, sempre que ele não sair para algum almoço de negócios, providencie na cantina para que lhe sirvam a refeição no escritório.
— A senhora é muito dedicada a ele, não é mesmo?
— É que o sr. Uckermann trabalha muito e geralmente se descuida da saúde — a sra. Gandia revelou, com um certo constrangimento. — Nunca vi ninguém se dedicar tanto ao trabalho como o sr. Uckermann. Ele não faz isso apenas em proveito próprio, mas também em benefício de toda a equipe.
Dulce não comentou nada. Entretanto, isso lhe dava uma visão um pouco mais clara do caráter do homem que dirigia aquela grande empresa. Pela primeira vez deu-se conta da imensa responsabilidade que ele carregava nos ombros e imaginou o quanto Christopher deveria sentir-se exausto e esgotado. Começou a vê-lo de uma forma totalmente diferente, que lhe provocava um sentimento de compaixão e respeito.  


— Tem ainda uma coisinha. — A sra. Gandia interrompeu os pensamentos de Dulce. — O sr. Uckermann tem às vezes fortes crises de enxaqueca, e costuma carregar consigo os analgésicos que o médico receitou. Mas eu sempre tenho uma caixa extra de comprimidos na gaveta da escrivaninha, para um caso de necessidade.
— Mais alguma recomendação? — Dulce perguntou, vendo que a sra. Gandia parecia indecisa.
— Sim — ela confirmou, novamente embaraçada. — As mulheres costumam ligar muito frequentemente ao sr. Uckermann e ele quer que sempre o consultem antes de passar qualquer ligação feita por voz feminina.
— Pode ficar tranquila.
— Obrigada. — A sra. Gandia soltou um profundo suspiro. — Acho que é tudo.
Dulce observou-a quando ela foi até a janela e olhou para fora, com um olhar perdido. Sentiu que, por baixo de toda aquela eficiência e severidade, a sra. Gandia era profundamente solitária.
— Sra. Gandia? — Dulce tocou-lhe o braço de leve, tentando distraí-la. — Espero que a operação seja bem-sucedida. E pode ficar sossegada, que eu a manterei sempre informada de tudo enquanto estiver de licença.
— Você faria isso? — a outra perguntou, agradavelmente surpreendida.
Dulce confirmou, com um gesto de cabeça.
— Irei vê-la no hospital, tão logo seja possível.
A fisionomia dura da mulher suavizou-se com um de seus raros sorrisos.
— É muita bondade sua, srta. Saviñón.
Ao chegar em casa naquela tarde, Dulce pensou que quando voltasse à firma na segunda-feira não teria mais a companhia da sra. gandia e precisaria enfrentar Christopher sozinha. A perspectiva a assustou, mas não podia ser tão covarde a ponto de não aguentar uma convivência diária com aquele homem perturbador.
Passou o fim de semana fazendo uma faxina no apartamento e arrumando suas roupas, como uma maneira de esquecer seus temores.
Lupe apareceu no domingo à tarde, vibrando de satisfação. Não só o carro voltara a funcionar sem problemas, como também tinha recebido notícias da irmã, contando detalhes da viagem à Europa.  


A conversa foi animada, mas caiu inevitavelmente no assunto que Dulce tanto desejara evitar:
— Como está se sentindo em relação à sua estréia, amanhã? — a amiga perguntou.
— Nervosa.
— Aposto que a velha megera já a colocou a par de todas as preferências e esquisitices do diretor — Lupe disse, rindo.
— A sra. Gandia não é uma megera. Ela é uma boa pessoa. Acho que é apenas uma mulher solitária, digna de pena e consideração.
— Acho que você tem razão. Mas às vezes ela se comporta mesmo como uma megera.
Dulce não respondeu, mas já pensava de modo diferente depois daquela convivência diária com a sra. Gandia. Ela era uma mulher que se orgulhava de seu trabalho e, como uma grande maioria das secretárias particulares, punha os interesses do patrão acima de tudo e de todos.
A campainha do telefone interrompeu os pensamentos dela, que correu para atender.
— Dulce? — A voz de Christopher fez sua pulsação acelerar-se.
— Pois não — respondeu, controlando-se, sob o olhar curioso de Lupe
— Amanhã só poderei ir ao escritório depois do almoço — ele informou, com aquele tom ausente que ela estava começando a detestar. — Cancele todos os compromissos da parte da manhã ou transfira para outro dia, se for o caso.
— E o que faço sobre a reunião de diretoria marcada para as dez horas?
— Que transtorno! — A voz explodiu, fazendo Dulce estremecer. — Adie para terça-feira, à mesma hora, e avise a todos os participantes sobre a mudança. Ah, tem uma coisa urgente para você fazer. Na minha mesa tem um rascunho do contrato com a Dormehl. Quero que o datilografe e o deixe pronto para eu assinar.
— Pois não.
Depois de um seco boa-noite ele desligou, e Dulce sentiu uma vaga
e inexplicável frustração.
— O que foi? — Lupe quis saber, quando ela voltou para o
sofá.
— O sr. Uckermann só vai ao escritório depois do almoço e me deu algumas instruções.  


— Você arrumou uma boa encrenca com essa operação da sra. Gandia — Lupe comentou, bem-humorada. — E eu peguei outra, com o sr. Pardo. Pelo menos seu novo chefe é mais atraente!
— Quer trocar?
— Bem que eu gostaria, se pudesse. — E, sorrindo maliciosamente, acrescentou: — Só que o diretor está de olho em você e não há chance nenhuma de ele se interessar por mim!
— Não diga uma coisa dessas — Dulce falou alarmada, sentindo um incêndio queimá-la por dentro, alastrando-se como as chamas que consomem uma floresta sob a fúria do vento.
— Do que você tem tanto medo?
— Se eu soubesse a resposta, faria as malas amanhã mesmo e voltaria para Aberdeen — Dulce confessou, seriamente. Mas Lupe achou a idéia engraçada e, rindo muito, seguiu-a até a cozinha para prepararem um café.

Sabendo que Christopher não iria trabalhar pela manhã, Dulce sentiu-se mais calma. Transferiu a reunião de diretoria, datilografou o contrato da Dormehl e cancelou alguns dos compromissos marcados para o período da manhã.
Às duas da tarde Christopher apareceu, já dando ordens;
— Quero que providencie um belo buque de flores e o envie à sra. Gandia. Ela está na ala 3-A do Hospital Central. — E, abrindo sua caderneta particular de endereços, acrescentou: — Aqui está o telefone da floriculiura. Peça que mandem a conta para este endereço.
— As flores vão acompanhadas de algum cartão? — Dulce quis saber, quando o viu se afastar.
— Não é necessário. Só quero que ela saiba que fui eu quem as mandou. — E sumiu pela porta de madeira trabalhada.
Dulce cumpriu as ordens e ficou trabalhando sem parar até a hora do chá. Quando ela entrou com a bandeja, Christopher ergueu os olhos da papelada que estava examinando.  


— Tome seu chá aqui comigo, e me coloque a par de tudo o que aconteceu pela manhã.
Dulce foi buscar sua xícara, o bloco de anotações e um lápis, sentando-se na cadeira em frente à escrivaninha.
— Uma tal de srta. Priscilla Ramsay telefonou — informou, lembrando-se daquela sexy voz feminina que ouvira ao telefone. — Ela disse que o senhor sabe o telefone dela, e pediu para chamá-la logo que chegasse.
Ele continuou impassível, com exceção de um ligeiro aperto nos olhos quando a olhou.
— Só isso?
— Só.
Ele bebeu todo o chá da xícara e sugeriu;
— Encha de novo a minha xícara e sirva-se à vontade.
— Obrigada, mas eu não quero mais chá — ela disse, com polidez. Depois de servi-lo, foi andando de volta para a sua sala.
— Dulce! — ele a chamou, antes que alcançasse a porta. — Priscilla Ramsay é aquela moça que estava comigo no Teatro Candfelight. Caso ela telefone de novo, diga que não posso atender.
— E que desculpa eu dou?
— Acho que você é bastante criativa para encontrar uma desculpa razoável — ele disse, com uma expressão irônica.
Ao contrário do que Dulce imaginara, Priscilla Ramsay não voltou a telefonar. Quem apareceu pessoalmente foi Jack Duarte, que passou o resto da tarde na sala do chefe.

Na quarta-feira, Dulce foi visitar a sra. Gandia e encontrou-a deitada numa das camas da ala semiprivativa do hospital, de olhos fechados e muito pálida.
— Sra. Gandia?
Ela piscou e abriu os olhos, que revelavam um grande sofrimento físico.
— Não imaginei que você viesse ao hospital.
— Eu disse que viria, não disse?
— As pessoas dizem muitas coisas que não cumprem.
Dulce sentou-se numa cadeira próxima à cabeceira da cama.
— Como está passando?
— Eu me sinto como se tivesse sido atropelada por um trem, mas disseram que o terceiro dia é o pior. Espero que amanhã já esteja melhor.
O olhar de Dulce desviou-se para um esplêndido buque de crisântemos brancos, que estava num vaso sobre a mesinha-de-cabeceira.
— São as flores que o sr. Uckermann mandou?


— Não são lindas? — O rosto da mulher se iluminou. — Sabia que o sr. Uckermann veio ao hospital na segunda-feira de manhã, antes que eu fosse levada para a sala de operações, e só foi embora depois que acordei da anestesia?
— Não sabia — Dulce disse, surpresa, descobrindo um novo lado da personalidade de Christopher, tão bem escondido sob aquela aparência de dinamismo e auto-suficiência. — Pensei que ele tivesse ido a um encontro de negócios.
— Ele é um homem admirável — a sra. Gandia elogiou. — Tem seus defeitos, como todos nós, e às vezes chega a ser rude. Mas é bom e extremamente justo como administrador.
Se a sra. Gandia tivesse trinta anos a menos, Dulce poderia até pensar que fosse uma daquelas jovens deslumbradas pelo seu ídolo. Mas ela já passava dos cinquenta, e aquelas palavras traduziam seus sentimentos sobre o caráter do homem para o qual trabalhava há anos, e que tanto admirava.
Dulce não fez comentários e, mudando de assunto, começou a falar sobre as atividades do escritório, dando informações e recebendo orientação. Mas, não querendo cansar demais a recém-operada, foi embora depois de meia hora, prometendo voltar na tarde do dia seguinte.

Entrou na nova rotina de trabalho sem maiores dificuldades. Com as conversas diárias com a sra. Gandia no hospital, começou a ver Christopher de uma nova maneira. Ele era um homem brilhante, respeitado pelos empregados por sua inteligência e capacidade, e admirado pelas mulheres pelo seu charme. Tal como a sra. Gandia a prevenira, era literalmente caçado por inúmeras mulheres. Mas, pelas atitudes que assumia, dava a entender que preferia ser o caçador a ter um bando de aves domesticadas a seus pés.  


No final da segunda semana de trabalho, ela descobriu que aquele homem tão incrível também tinha pontos fracos. Ao entrar no escritório, pouco antes do almoço, encontrou-o sentado no sofá, segurando a cabeça com ambas as mãos, o rosto contorcido de dor.
— Está passando mal? — perguntou, ansiosa.
— Enxaqueca — ele explicou, olhando-a como se não enxergasse bem. — Às vezes me pega feio.
— E não tomou nenhum remédio?
— Não consigo encontrar os meus comprimidos — ele gemeu. Pequenas gotas de suor brilhavam em sua testa.
— Vou pegar o seu remédio — ela disse prontamente, lembrando-se da caixinha guardada na gaveta. Voltou com dois comprimidos e um copo de água. — Olhe aqui, tome.
Ele engoliu os comprimidos e recostou-se no sofá.
— Obrigado.
— Afrouxe a gravata e desabotoe o colarinho — ela aconselhou. Tomando uma resolução repentina, foi para trás do sofá, pediu licença e começou a massagear os músculos tensos da nuca e dos ombros, que logo voltaram ao normal.
— Hum... que gostoso! — Ele suspirou, deixando a cabeça pendente, entregue aos cuidados daqueles dedos hábeis. — Você tem mãos de fada.
Fechou os olhos e, quando Dulce terminou a massagem, passou-lhe a mão pela testa, levantando uma mecha de cabelos. Ela sentiu um desejo louco de pousar os lábios sobre aqueles cabelos e, para conter-se, afastou-se subitamente.
— Fique deitado e relaxe. Vou pedir para que lhe mandem o almoço — falou, a voz quase ríspida pelo esforço de se controlar.
— Dulce? — ele a chamou antes que saísse, esticando-se no sofá conforme ela sugerira. — Quero apenas um sanduíche de presunto e café. Peça alguma coisa para você também.
Dulce não voltou para a sala dele até a hora em que a copeira trouxe a bandeja com o pedido. Ainda sentia nos dedos o toque daquela pele quente, a rigidez dos músculos poderosos do pescoço e a maciez dos cabelos castanhos.  


— Está melhor? — perguntou, ao levar a bandeja para dentro do escritório, onde o encontrou ainda deitado no sofá.
— Bem melhor, graças a você. — Ele jogou as pernas para fora do sofá, sentando-se. — O que trouxe de bom?
— Sanduíches de presunto e café para nós dois. — Dulce colocou a bandeja na mesa baixa, despejando o café nas xícaras.
Christopher continuou sentado. Só depois da segunda xícara de café ele falou:
— Você ficou muito zangada comigo porque a solicitei para substituir a sra. Gandia?
Ela foi pega de surpresa com aquela pergunta inesperada, mas respondeu com honestidade:
— Sim, fiquei.
— Pensou que eu tivesse segundas intenções ao fazer isso? — ele perguntou, adivinhando as desconfianças de Dulce.
— Pensei. — Ela sorriu, sem evitar aquele olhar observador.
— Pois você estava certa.
0 sorriso de Dulce se apagou e uma raiva renovada tornou-lhe a voz gélida.
— Depois dessa confissão, ainda pretende que eu continue a trabalhar para você?
— Você tem ido visitar a sra. Gandia todas as tardes no hospital. — Ele a surpreendeu por saber disso, mas ela não entendeu o que esse fato tinha a ver com o assunto, até que ele completasse: — Sei que vai continuar a trabalhar aqui por lealdade a ela, e não por consideração a mim.
Christopher adivinhara seus pensamentos e Dulcese deu conta de que ele a estivera analisando, da mesma forma como ela o analisara durante aquele tempo todo.
— Às vezes, você me assusta — ela confessou, ao vê-lo acender um cigarro, expelindo a fumaça pelas narinas com a maior tranquilidade.
— Acredito que tenho me comportado muito bem nestas últimas duas semanas — ele brincou.
— Não tenho queixas — ela admitiu, e um brilho irônico iluminou aqueles olhos.
— Então, por que todo esse medo?
"Por quê?" Dulce repetiu a pergunta mentalmente.  


Afinal, Christopher era um homem igual a qualquer outro. Mas ela farejava o perigo, como um animalzinho cercado por um exímio caçador, de pontaria certeira.
— Vou devolver a bandeja — anunciou, fugindo a questão.
— Por que tanta pressa? — Christopher espreguiçou-se sensualmente, seguindo-lhe os movimentos com o olhar, enquanto ela recolhia os pratos e as xícaras.
— Você tem uma entrevista marcada com o sr. Fenwick para as duas da tarde, e já está quase na hora — ela avisou, consultando o relógio.
— Tinha até esquecido. — Franzindo a testa, ele levantou-se, ajeitou a gravata e vestiu o paletó.
A tarde foi muito movimentada, mas Dulce não conseguia esquecer aquela conversa perturbadora. Envolver-se demasiadamente com Christopher seria o mesmo que querer agarrar com as mãos um punhado de areia. Ele sempre lhe escaparia por entre os dedos. E ela não poderia suportar a incerteza de um relacionamento assim. O melhor a fazer seria evitá-lo a todo custo.



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Autor(a): natyvondy

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 563



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  • stellabarcelos Postado em 10/09/2015 - 01:34:49

    Muito perfeito! Parabéns

  • larivondy Postado em 16/10/2013 - 01:04:16

    perfeeita *-*

  • PatyMenezes Postado em 19/02/2011 - 14:11:35

    Aaaah .... :)
    Final perfeito *-*

  • PatyMenezes Postado em 19/02/2011 - 14:11:35

    Aaaah .... :)
    Final perfeito *-*

  • PatyMenezes Postado em 19/02/2011 - 14:11:35

    Aaaah .... :)
    Final perfeito *-*

  • PatyMenezes Postado em 19/02/2011 - 14:11:35

    Aaaah .... :)
    Final perfeito *-*

  • PatyMenezes Postado em 19/02/2011 - 14:11:34

    Aaaah .... :)
    Final perfeito *-*

  • moreninhavondy Postado em 19/02/2011 - 14:09:10

    LINDO *--------------------*
    Amei o final *-*

  • moreninhavondy Postado em 19/02/2011 - 14:09:10

    LINDO *--------------------*
    Amei o final *-*

  • moreninhavondy Postado em 19/02/2011 - 14:09:10

    LINDO *--------------------*
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