Fanfics Brasil - Três Horas de Loucura - adaptada - Vondy

Fanfic: Três Horas de Loucura - adaptada - Vondy


Capítulo: 26? Capítulo

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Nas semanas seguintes, o ambiente do escritório mudou bastante. Com o ritmo intenso do trabalho, Dulce começou a relaxar suas defesas. À medida que o tempo passava, ia descobrindo novas qualidades naquele homem que tanto a assustara de início, quando ainda acreditava que mulher alguma poderia sentir-se segura a seu lado.
Em certas ocasiões, seu subconsciente a avisava de que o atual comportamento de Christopher era apenas uma fachada, e que ele simplesmente mudara a tática de aproximação e conquista, mas ela ignorava esses pensamentos.
A sra. Gandia recebeu alta do hospital duas semanas após a operação. Nas visitas que Dulce lhe fazia, agora no apartamento, ela parecia bem-disposta. Mas o médico exigira que não voltasse ao trabalho antes das seis semanas recomendadas para recuperação.
— Estou começando a ficar entediada — a sra. Gandia queixou-se, num dos sábados em que Dulce foi visitá-la. — Eu me sinto ótima e em perfeitas condições para voltar ao trabalho.
— Acho que deve seguir os conselhos do médico. Ele sabe o que é melhor para a sua saúde — Dulce ponderou. — Aproveite esta oportunidade para um bom descanso. A senhora tem a minha palavra de que encontrará o escritório funcionando direitinho, tal como o deixou.
— Já não tenho mais dúvida alguma sobre isso — a velha secretária afirmou, sorrindo. — O sr. Uckermann tem me dado excelentes referências a seu respeito, todas as vezes que vem me ver.
Mais uma vez, Dulce ficou surpresa. Christopher podia ser arrogante e egoísta em algumas ocasiões, mas demonstrava imensa gratidão por aquela mulher de meia-idade que se dedicara tanto a ele nos últimos anos.
Christopher viajou para a Namíbia duas semanas antes do retorno da sra. Gandia. Pretendia acertar os últimos detalhes de um projeto a ser executado pela Empresa Uckermann de Engenharia naquele país.  


Por alguma razão inexplicável, Dulce começou a ficar inquieta com aquela viagem, desde o momento em que Christopher havia pedido para comprar a passagem e fazer as reservas no hotel. Precisou se controlar para não lhe pedir que não fosse. Certamente, ele riria de seu temores, que não tinham um motivo concreto e eram apenas uma intuição.
Christopher embarcou rumo a Windhoek na segunda-feira à tarde. Dulce não lhe falou de seu medo. Limitou-se a rezar para que ele voltasse são e salvo, na quínta-feira, no vôo das dez e meia da manhã, como estava marcado.
Para ajudar a passar o tempo e não pensar em bobagens, mergulhou no trabalho mas aquele horrível pressentimento não lhe dava trégua. Na quinta-feira de manhã, estava mais inquieta do que nunca. Nem ela mesma podia explicar aquela sensação de pavor que a mantinha em suspense, como se estivesse à espera de uma desgraça.
Jack Duarte, que morava perto do aeroporto, se encarregara de ir receber Christopher e trazê-lo de carro até o escritório.
Dulce passou a manhã toda consultando o relógio de parede. Quando deu meio-dia começou a respirar melhor, mais aliviada. Àquela hora, ele já deveria ter chegado.
A campainha do telefone a fez pular na cadeira, sobressaltada, mas ela teve calma suficiente para atender.
— Srta. Saviñón? — a voz dura e imperiosa de Jack Duarte soou nos ouvidos dela. — Estou falando do aeroporto e queria que a senhorita cancelasse todos os compromissos de Christopher para hoje à tarde.
O medo lhe embargou a voz mas. mesmo assim, ela conseguiu perguntar:
— Por quê? O vôo está atrasado?
— Aconteceu um acidente. O avião de Christopher caiu logo depois da decolagem, no aeroporto de Windhoek, na Namíbia.
Ela empalideceu e sentiu o sangue gelar nas veias.
— Oh, meu Deus! Ele... ele...
— Ainda não se sabe de nada —Jack Duarte disse. — Não chegaram informações sobre os passageiros, e não quero que comente nada aí na empresa. Não adianta provocar um pânico inútil antes de sabermos o que realmente aconteceu.  


— Pode confiar em mim — ela assegurou, ouvindo o clique do telefone.
Desligou também, lutando contra aquela tonteira que lhe nublava a visão. Nunca desmaiara em sua vida, e não pretendia fazer isso logo agora. Precisava manter a calma e o raciocínio, em quaisquer que fossem as circunstâncias. Não se desmancharia em lágrimas e nem ficaria histérica. Era o tipo de reação que Christopher detestaria.
Christopher! O nome soou em sua mente com a força de uma sirene. Ela o amava. Descobrira isso naquele instante, apesar de não se surpreender com a descoberta.
Durante as últimas semanas abrira sua alma e seu coração para ele. Permitira que ele se infiltrasse aos poucos em seus pensamentos, passando a fazer parte de sua própria existência. Se morresse, uma parte dela morreria junto.
— Oh, meu Deus! Por favor, não deixe que ele morra! Eu não aguentaria! — sussurrou, escondendo o rosto pálido entre as mãos trémulas.
As lágrimas fizeram seus olhos arder, mas ela as reteve, respirando fundo e olhando fixamente para o telefone. Havia uma quantidade imensa de ligações a fazer.
Abriu a agenda e começou a entrar em contato com todos os que tinham hora marcada para a tarde. Só um dos clientes não foi encontrado, e ela deixou recado para que ele telefonasse tão logo estivesse disponível.
Terminada aquela tarefa, não teve mais o que fazer senão ficar espe-rando um novo telefonema de Jack Duarte, com as últimas notícias do acidente.
Inquieta, começou a andar de um lado para o outro, e foi assim que Lupe a encontrou, meia hora mais tarde.
— Como é? Você não vai descer para almoçar? — a amiga per¬guntou, estranhando a atitude de Dulce.
— Vou pedir que tragam alguma coisa para mim aqui em cima — mentiu, pois só de pensar em comida sentia o estômago embrulhado.
Lupe sacudiu os ombros e estava para ir embora, mas alguma coisa na fisionomia de Dulce a reteve.
— O que foi? Parece que andou vendo fantasmas!  


— Estou cansada, só isso e... Espere um pouco! — Dulce interrompeu a explicação quando o telefone tocou, e quase se jogou em cima do aparelho. — É do escritório do sr. Uckermann — anunciou, como de costume.
— Aqui é Le Roux quem fala — uma voz desconhecida respondeu. — Recebi um recado de que estavam querendo entrar em contato comigo.
— Oh, sim, sr. Le Roux. —Dulce fez o possível para disfarçar seu desapontamento. — Surgiu um imprevisto e receio que o sr. Uckermann não poderá atendê-lo hoje à tarde.
— Haveria alguma possibilidade de vê-lo amanhã?
"Oh, sim, se Deus quiser!", Dulce pensou. Mas respondeu, em voz alta:
— Marcarei para amanhã, ás três e meia, mas confirmarei mais tarde. Está bem assim?
O cliente concordou e Dulce recolocou o fone no gancho, surpreendendo Lupe a olhá-la com evidente curiosidade.
— O diretor se atrasou em Windhoek?
— Sim, ele... — Mordeu os lábios e deixou-se cair sentada na cadeira. — Pelo amor de Deus, Lupe, eu não estou autorizada a contar isso a ninguém, mas não aguento mais ficar aqui parada, nesta agonia.
— O que houve, Dulce? — Lupe sentou-se na cadeira oposta.
— O avião em que Christopher viajava caiu pouco depois de levantar vôo do aeroporto de Windhoek.
Lupe empalideceu, arregalando os olhos, aterrorizada.
— E ele? Está tudo bem com ele?
— O pior é que ainda não se sabe de nada. — Dulce controlou uma crise de choro com enorme esforço. — O sr. Duarte está no aeroporto daqui, aguardando notícias sobre os passageiros. Logo que tiver novidades, vai me telefonar.
Confiando no bom senso de Lupe, ela não protestou quando a amiga encomendou sanduíches e chá na cantina, por telefone.
— Mamãe sempre diz que numa emergência é preciso manter as forças. Conheço você e sei que deve ter vindo trabalhar sem pelo menos tomar o café da manhã. Se não comer alguma coisa, acabará tendo um colapso.
Dulce não disse nada. Quando chegaram os sanduíches, mesmo sem vontade comeu um deles, para satisfazer a amiga.  


O interfone tocou, mas foi Lupe quem atendeu. Depois de ouvir em silêncio, respondeu friamente:
— Não sabemos de nada e sugiro que fique de boca fechada, para o seu próprio bem.
— O que aconteceu? — Dulce perguntou, já adivinhando a resposta.
— Parece que as notícias correm. — Lupe confirmou suas suspeitas. — Um dos caras do departamento de desenho industrial ouviu falar do acidente pelo rádio do carro. Tenho um palpite de que ele já andou comentando o caso, antes de ter coragem suficiente para ligar diretamente para cá.
— E agora? O sr. Duarte queria justamente evitar um pânico na empresa.
— Não há meios de manter segredo sobre um fato que o rádio e provavelmente a televisão já estão anunciando. Mas que haverá pânico, não tenha dúvidas!
Pânico! Era justamente o que Dulce estava sentindo e que lhe provocava arrepios na espinha. Nunca ficara tão apavorada em toda a sua vida.
Eram quase duas horas quando o telefone voltou a tocar. Desta vez ela atendeu, antes que Lupe tomasse a iniciativa.
— Acabamos de receber mais informações. — A voz possante de Jack Duarte se misturava ao ruído do aeroporto. — Onze mortos e trinta e seis feridos. Ainda não temos a lista de nomes, mas as pessoas feridas foram embarcadas num avião especial e deverão chegar aqui dentro de meia hora. — Fez uma pausa para tomar fôlego. — Este lugar está uma confusão, cheio de fotógrafos e repórteres. Volta¬rei a ligar quando tiver notícias mais concretas.
Ao desligar, Dulce sentiu o primeiro sinal de esperança no coração. Precisava alimentar aquela esperança se não quisesse desmoronar.
Lupe quis saber das novidades e ela repetiu tudo o que ouvira. A amiga segurou-a afetuosamente pelos ombros.
— Você ficou bem abalada com tudo isso que está acontecendo, não?
— Lupe, se ele morrer, eu... — Engoliu o resto de sua confissão e, num esforço supremo, olhou para o relógio, acrescentando: — É melhor você voltar para a sua sala, mas não diga nada a ninguém, caso lhe perguntem alguma coisa.  


Pouco depois ficou sozinha com seus temores e começou a preparar-se para o pior. Jack Duarte não garantira que Christopher estava naquele avião que trazia os feridos a Joanesburgo, e tudo o que ela podia fazer era esperar. Recomeçou a andar pela sala, de olho no relógio e de ouvido atento ao telefone. "Até quando... até quando terei que esperar?", perguntou-se agoniada.
Passou-se mais meia hora até que Jack Duarte voltasse a telefonar.
— Srta. Saviñón? Christopher está vivo e dentro de meia hora chegaremos ao escritório.
O alívio foi ião grande que Dulce ficou sem fala. Jack Duarte desligou o telefone antes de ouvir sua exclamação quando, por fim, ela recuperou a voz:
— Graças a Deus! — Sem conseguir mais conter a emoção, ela começou a chorar, tremendo como uma criança.
Nesse momento, Lupe apareceu.
— Fiquei preocupada com você, Dulce. Dei uma desculpa qualquer ao sr. Pardo e vim saber como vão as coisas.
— Ele está vivo! — Dulce deu um sorriso trémulo, enxugando rapidamente os olhos.
— Que bom! — Lupe suspirou de alívio. — E quando chega?
— O sr. Duarte disse que estarão aqui dentro de meia hora.
— Então, é melhor eu voltar para a minha sala, para não fazer muito tumulto — Lupe disse, olhando para o relógio. — Vejo você mais tarde.
Dulce recostou a cabeça no espaldar da cadeira e fechou os olhos, tentando recuperar a calma. Depois, retocou a maquilagem, para esconder os vestígios de lágrimas.
Christopher estava vivo! Vivo! Isso era tudo o que importava.

Aquela meia hora pareceu-lhe uma eternidade, até que ela ouviu a voz profunda de Christopher vindo do corredor, acompanhada por uma resposta um tanto explosiva do sr. Duarte.


Dulce levantou-se imediatamente, mas controlou o impulso de sair correndo e recebê-lo de braços abertos. Isso seria um absurdo.
A conversa cessou e ela ouviu os passos de uma só pessoa, dirigindo-se para a entrada do escritório. Estremeceu mas endireitou os ombros e, pouco depois, fitava ansiosamente aqueles dois olhos castanhos que imaginara nunca mais ver abertos.
Muda de emoção e sem poder desviar os olhos de Christopher, começou a examinar cada detalhe daquele rosto tão amado. Ele estava pálido e o terno que usava deveria ser um número menor do que o seu, pois apertava aqueles ombros fortes. A camisa, com o colarinho aberto, nunca poderia ser abotoada naquele pescoço forte.
— Me emprestaram estas roupas, pois as minhas ficaram inutilizadas no acidente — ele explicou, como se lesse o pensamento dela. Mas Dulce estava por demais chocada para fazer qualquer comentário. Então Christopher acrescentou: — Venha até minha sala e traga o bloco de anotações e o lápis.
Ela ficou olhando para ele, surpresa com aquela ordem absurda, mas obedeceu. Quando entrou no escritório o viu servindo-se de uma dose de uísque, que tomou de um só trago para, em seguida, sentar-se atrás da escrivaninha.
Será que Christopher teria coragem de começar a trabalhar tranquilamente, como se nada tivesse acontecido? Acabara de passar por uma experiência traumatizante, que teria arrasado com qualquer um, mas, em vez de ficar chocado, ele tirou o paletó apertado e abriu a maleta de executivo.
— Já que os meus compromissos da tarde foram cancelados, poderemos organizar este monte de informações que eu trouxe comigo — anunciou, e o queixo de Dulce caiu de tanto espanto.
Acumulando montes de papéis sobre a mesa, ele começou a ditar numa tal velocidade que Dulce precisou disparar com o lápis, após refazer-se do choque.  


Na verdade, o trabalho foi o melhor calmante depois de todas aquelas horas de agonia e Christopher também parecia mais tranquilo depois daquela atividade febril. Eram quatro e meia quando ele fez uma pausa para tomar mais uma dose de uísque, fumar um cigarro e, finalmente, relaxar a cabeça no encosto da cadeira.
— Acho que por hoje chega — disse, apagando o cigarro no cinzeiro de ágata.
Dulce levantou-se, mas não queria sair sem antes dizer o que estava sentindo:
— Christopher... — começou a falar, e estremeceu nervosamente quando seus olhares se encontraram. — Estou muito feliz que tenha voltado são e salvo.
Ele cerrou os punhos sobre a mesa e seus olhos ficaram repentinamente tristes.
— Eu também.
Para não explodir em lágrimas, Dulce achou melhor cortar a conversa e saiu da sala, em silêncio.
Ao chegar ao apartamento, ainda não totalmente refeita da tensão nervosa, resolveu tomar um banho quente e vestir uma calça comprida de lã e um suéter verde, largo e confortável. Mesmo assim, não estava suficientemente relaxada quando ligou a televisão na hora do. noticiário. Voltou para o quarto para soltar os cabelos e escovou-os; até adquirirem um brilho espelhado. Do quarto podia ouvir a voz monótona do locutor, narrando os últimos acontecimentos nacionais e internacionais, e aquela pressão em seu peito começou a crescer. Foi até a sala com a intenção de desligar a televisão mas, naquele momento, apareceu no vídeo a imagem dramática do avião acidentado. Dulce ficou paralisada, ouvindo o relato detalhado do acidente em que Christopher estivera envolvido. O avião sofrera uma pane no momento da decolagem e caíra a pouca distância do final da pista, com cento e setenta e cinco passageiros a bordo, além da tripulação. Todo horror da situação estava ali, na tela pequena, onde as imagens mostravam o local da queda, o avião em chamas, a chegada dos bombeiros e a tentativa de apagar o fogo.  


No aeroporto de Joanesburgo, as cameras haviam filmado a chegada de alguns dos passageiros vindos de Windhoek. No instante seguinte, o belo rosto de Christopher foi focalizado em dose. Um repórter de microfone em punho perguntou-lhe sobre o acidente, mas ele se recusou a fazer comentários, dando as costas e se afastando.
Os outros passageiros, entretanto, pareciam ansiosos para falar. Dulce prestou atenção no depoimento de uma velha senhora:
— O sr. Uckermann arriscou a própria vida quando voltou ao avião para ajudar dois passageiros que ficaram presos nas ferragens. Ele tinha acabado de carregar o último ferido para um lugar seguro quando o avião virou um inferno, de onde ninguém mais escapou. Foi um horror!
Dulce não suportou ouvir mais nada e girou o botão, tremendo descontroladamente. Tentou se acalmar, mas não conseguiu. Finalmente, deixou-se vencer pelas emoções e chorou convulsivamente.
Sentiu-se melhor depois do desabafo, e foi lavar o rosto com água fria. Seus olhos estavam inchados e vermelhos, e a ponta do nariz parecia um tomate. Maquilou-se, usando de toda sua arte para disfarçar os vestígios das lágrimas.
Lupe chegou pouco depois das sete da noite e encontrou-a ainda de olhos inchados.
— O diretor comentou alguma coisa com você? — Foi sua primeira pergunta.
— Ele não falou nada sobre o acidente, e eu também não toquei no assunto.
— Eu o vi no noticiário da TV.
— Eu também. — Dulce estremeceu de novo, convencida de que aquelas imagens ficariam impressas em sua mente para sempre. — Vou fazer um cafezinho para nós — propôs, para disfarçar a perturbação.
Lupe a seguiu até a. cozinha. Mesmo desviando a conversa para outro assunto, parecia que a sombra apavorante daquele acidente continuava pairando sobre a cabeça delas.
Já acomodadas na sala, Dulce percebeu que Lupe não tirava os olhos dela, com uma expressão séria e solene.
— O que há? Nunca me viu? — perguntou, encabulada, mas querendo fazer graça.  


Lupe sacudiu a cabeça e continuou com aquela expressão séria.
— Você está apaixonada por ele, não é?
Era inútil querer negar isso a alguém que tinha presenciado todas as suas aflições.
— Sou tão transparente assim?
— Para mim, você é — Lupe retrucou, muito compenetrada. —. Mas duvido que outras pessoas tenham notado.
Dulce ficou silenciosa por um instante. Depois começou a rir, mas era um riso histérico, sem um pingo de alegria.
— Oh, Lupe! Você está olhando para a maior boba deste mundo! Não há futuro algum em amar um homem como Christopher. Fiz tudo que pude para evitar isso, mas...
Lupe não disse nada e um pesado silêncio caiu entre as duas. Subitamente a campainha tocou, e ambas se entreolharam.
Dulce levantou-se e foi abrir o trinco de segurança. Ao ver aquela figura tão conhecida ocupando quase todo o vão da porta, parou de respirar.
Christopher vestia calça de veludo bege e um blazer marrom. Parecia tão cheio de vida e saúde, que mais uma vez ela pensou como teria sido trágico se ele tivesse morrido naquele desastre aéreo.
— Posso entrar? — ele perguntou, interrompendo aquele exame e fazendo com que ela corasse.
— Sim, claro! — Dulce abriu a porta e, quando Christopher passou, sentiu o aroma da água de colônia que ele costumava usar.
— Boa noite, sr. Uckermann. — Lupe cumprimentou-o, educadamente, e levantou-se, apesar do olhar de desaprovação de Dulce.
— Desculpe, mas eu já estava de saída. Vejo você amanhã, Dulce.  


— Acompanho você até a porta — Dulce se ofereceu, fazendo um sinal com os olhos em direção a Christopher, que Lupe ignorou.
— Não precisa, conheço o caminho.
Um silêncio constrangedor seguiu-se à saída de Lupe.

— Espero que não se incomode por eu ter vindo, mas é que não sabia mais onde me esconder dos repórteres.
Naquele momento ele parecia um menino perdido e desamparado, e ela precisou lutar consigo mesma, refreando o desejo de acariciar-lhe o rosto e dar-lhe um beijo na boca.
— Aceita um cafezinho? — perguntou, desviando o olhar.
— Aceito, obrigado. — Christopher foi sentar-se numa poltrona enquanto Dulce ia para a cozinha.
Ao voltar com o café ela já estava bem mais calma e controlada e pôde observar-lhe melhor a fisionomia. Havia ainda um círculo esbranquiçado ao redor da boca e um outro, escuro, rodeando-lhe os olhos. O sulco entre o nariz e os lábios parecia mais pronunciado e a mão com que ele segurava a xícara do café tremia ligeiramente.
— Você parece cansado — ela comentou com suavidade, ao retirar-lhe a xícara vazia das mãos.
— Estou é exausto — ele confessou, e abaixou a cabeça, segurando-a entre as mãos. — Santo Deus, Dulce! Aquilo foi horrível! Mulheres e crianças gritando... homens choramingando como bebezinhos...
Nunca pensara ver Christopher daquele jeito e, tomada por um impulso de afeto e compaixão, Dulce foi ajoelhar-se a seus pés, no carpete, passando-lhe a mão carinhosamente pela nuca.
— Christopher... — começou a dizer, querendo consolá-lo, mas as palavras entalaram em sua garganta quando ele ergueu a cabeça e a olhou, diante de seu chamado.
Aquele pesadelo tornara-se um vínculo entre eles, um laço que os unia, separando-os do restante do mundo. Era como sé suas mentes tivessem se fundido numa só, e ela sentiu toda a intensidade daquela angústia na própria alma.
— Não é nada agradável ver a morte de frente — ele disse, confessando todo o medo que sentira.  


Sem que se dessem conta, caíram um nos braços do outro. Ele apertou-a com força e, erguendo-a do chão, fez com que se sentasse sobre seus joelhos. Dulce acariciou-lhe o pescoço e apoiou a cabeça dele nos seios, como se quisesse protegê-lo de todas aquelas horríveis recordações. Quando o sentiu estremecer, apertou-o ainda com mais força e ternura. Ele engoliu em seco, enquanto os olhos fechados de Dulce deixavam escapar o choro que ela não conseguia mais conter. Christopher afastou-se ligeiramente para observá-la.
— Lágrimas? — ele perguntou surpreendido, passando o dedo sobre a gotícula, antes que rolasse pela face dela.
— Sinto muito — ela desculpou-se, com um soluço. — É uma reação normal, depois de todas aquelas horas de agonia, sem saber se você estava vivo ou morto.
— E teria feito muita diferença para você? — ele perguntou suavemente, obrigando-a a encará-lo.
O que Dulce viu naqueles olhos a levaram a dizer a verdade:
— Teria feito diferença, e muita.
No instante seguinte ela sentiu-se devorada por beijos, nos lábios, nos olhos, no pescoço, e novamente na boca. Eram beijos de ternura, sem traços de sensualidade, mas que, mesmo assim, lhe provocavam um desejo urgente e inexplicável.
Os braços fortes a suspenderam no colo e, por alguns instantes, ele a ninou como se fosse uma criancinha. Durante intermináveis segundos, Dulce ficou olhando para os olhos que a miravam com tal intensidade, que seu corpo começou a pulsar por inteiro. A boca máscula procurou novamente a dela, mas desta vez foi diferente. Era um beijo faminto, que a invadia pelos lábios entreabertos, acendendo uma fogueira em seu corpo.
Seu único pensamento naquele instante era que ela o amava de corpo e alma, e que estivera à beira de perdê-lo para sempre. Abraçou-o com força, correspondendo apaixonadamente aos beijos. Não fez nenhuma tentativa para detê-lo quando lhe sentiu a mão se introduzindo pelo suéter e acariciando-lhe a pele macia da cintura.  


Aquele toque provocou-lhe uma sensação deliciosa. Apesar de saber que deveria impedi-lo, não se opôs quando sentiu que ele começava a desprender-lhe o sutiã.
Nunca em sua vida havia permitido tais intimidades com um homem. Mas Christopher era diferente e ela não sentia medo, nem vergonha. Tudo pareceu muito natural quando ele lhe tocou os seios e, com os dedos, começou a acariciar-lhe os mamilos.
Precisava fazer com que ele parasse mas, ao mesmo tempo, queria continuar. Debatendo-se mentalmente entre aquelas emoções conflitantes, mas sem que o corpo se rebelasse, deixou-se carregar até a cama, onde ele a depositou para um novo assalto de beijos sensuais.



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Autor(a): natyvondy

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Os lábios de Dulce receberam aqueles beijos com ansiedade, retribuindo-os com a mesma paixão. Começou a sentir uma lassidão tão grande, que não fez nenhum gesto para impedir Christopher quando ele lhe tirou o suéter, jogando-o para o lado, e depois o sutiã, que teve omesmo destino.Os olhos castanhos flamejaram de desejo ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 563



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  • stellabarcelos Postado em 10/09/2015 - 01:34:49

    Muito perfeito! Parabéns

  • larivondy Postado em 16/10/2013 - 01:04:16

    perfeeita *-*

  • PatyMenezes Postado em 19/02/2011 - 14:11:35

    Aaaah .... :)
    Final perfeito *-*

  • PatyMenezes Postado em 19/02/2011 - 14:11:35

    Aaaah .... :)
    Final perfeito *-*

  • PatyMenezes Postado em 19/02/2011 - 14:11:35

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  • PatyMenezes Postado em 19/02/2011 - 14:11:35

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  • PatyMenezes Postado em 19/02/2011 - 14:11:34

    Aaaah .... :)
    Final perfeito *-*

  • moreninhavondy Postado em 19/02/2011 - 14:09:10

    LINDO *--------------------*
    Amei o final *-*

  • moreninhavondy Postado em 19/02/2011 - 14:09:10

    LINDO *--------------------*
    Amei o final *-*

  • moreninhavondy Postado em 19/02/2011 - 14:09:10

    LINDO *--------------------*
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