Fanfic: Uma princesa e um playboy - adaptada - vondy

- Na certa, você não conhece muito bem minha forma de trabalhar. Por que não vai comigo até o local amanhã para que eu lhe prove como está errada?
Levando-se em conta a maneira como aquele homem a afetava, seria uma tortura acompanhá-lo a qualquer lugar. Além disso, também seria impossível, sem revelar sua verdadeira identidade.
- Não posso.
- Tem medo, Annie?
A voz grave e sedosa pareceu acariciá-la. Dulce já ouvira vozes deliciosas, porém, aquela era incomum. O som rouco a fazia vibrar e, de certa forma, a amedrontava. Com toda certeza, viajar com Christopher Uckermann para Cristal Bay só confirmaria suas piores suspeitas sobre ele.
A natureza surreal daquela situação por fim caiu como uma bomba sobre a princesa. Naquele momento, não era a princesa Dulce Saviñón, e sim Annie Herrera, uma mulher comum... e casada. Era alarmante descobrir como sua amiga podia alimentar em Christopher fantasias que seriam proibidas para um membro da realeza, e sobretudo para uma mulher comprometida. Aquilo precisava ter um fim.
- Tenho outros planos para amanhã. Sinto muito.
- Um amante, talvez?
Ela encarou-o, chocada.
- Isso é uma coisa muito estranha para se dizer!
O olhar de Christopher avaliou-a por um momento.
- Você é uma mulher bem diferente daquela que Poncho me descreveu. Essa coisa entre nós, por exemplo...
A tensão fez o corpo dela retesar-se.
- Não existe nada entre nós.
- Oh, sim, existe! Sentimos isso no momento em que nos vimos pela primeira vez. O que me faz pensar que talvez não seja tão fiel a Poncho quanto ele gosta de pensar que é. Foi por isso que fiz aquela pergunta.
A cabeça de Dulce ergueu-se. Havia uma fúria real em cada traço do rosto delicado. Mas, no fundo, sentia-se intrigada e curiosa. Poderia ser divertido testar a capacidade daquele homem em manter-se leal a um amigo.

- Posso imaginar que esteja falando sobre sua própria experiência com mulheres - ela disse com imponência. - Ouvi falar que é comum projetarmos nos outros nossos próprios medos e anseios. Foi o Dr. Freud quem disse isso, por acaso?
- É possível. Não posso negar que meu casamento tenha sido um fiasco espetacular. Poncho, aliás, já deve ter lhe contado sobre isso. Também não nego que tenha adquirido uma considerável experiência com o sexo oposto, mas todas elas eram disponíveis, posso assegurar.
Dulce lembrou-se da afirmação dele, segundo a qual respeitava as mulheres casadas, e sentiu um pouco de remorso. Mesmo assim, não pôde conter a próxima pergunta:
- Por que seu casamento fracassou, Christopher?
- A pergunta devia ser "por que nos casamos?", em primeiro lugar. A resposta é: porque ela ficou grávida de propósito. - A expressão dele endureceu. - Ora, não fique tão chocada. Tenho certeza de que algumas garotas sapphanesas também já se utilizaram desse velho truque para conseguir um marido. Ela vivia dizendo que eu não preci¬sava me precaver, jurando que tomava pílula, e então usou a gravidez para me obrigar a fazer o que queria.
Em nenhuma das conversas sobre Christopher, Annie mencionara a existência de um filho. Estranho, mas a idéia de ele segurando o bebê de outra mulher nos braços a afetou muito.
- E onde está sua criança agora? Com a mãe?
- Não existe nenhum bebê. A gravidez não passou do quinto mês. Mas, àquela altura, já estávamos casados.
Era uma das formas mais cínicas de se referir ao casamento que Dulce já ouvira.
- Com uma experiência matrimonial tão triste, não fico admirada por tirar conclusões erradas sobre mim, Christopher. Não sei o que pensou que havia entre nós, mas posso assegurar que estava enganado. Jamais trairia a confiança do homem que amo.
- Então não existe motivo que a impeça de me acompanhar até Cristal Bay amanhã.

Surpreendida como um peixe na rede, Dulce tentou pensar rápido. Para seu desespero, não conseguiu imaginar nenhuma negativa convincente.
- Tudo bem, eu irei.
Manter a farsa, passando-se por Annie Herrera, não seria nada fácil, mas encontraria uma forma.
Por outro lado, fingir que Christopher Uckermann não a afetava seria um desafio muito maior.