Fanfic: Uma princesa e um playboy - adaptada - vondy

Passar a noite na villa foi mais simples do que Dulce imaginava, pois Christopher declinou de sua oferta para lhe preparar um jantar e saiu logo depois. Apesar de do sangue real, Dulce sabia cozinhar muito bem. O próprio rei era um excelente cozinheiro, e ensinara suas receitas favoritas à sobrinha.
Entretanto, quando Christopher Uckermann informou que tinha um encontro de negócios, achou o comportamento dele estranho. Era como se estivesse ansioso para escapar da villa, e Dulce sabia que em parte era responsável por aquilo.
Será que ele, de alguma forma, desconfiara de sua identidade? Durante a tarde, Dulce imaginara que a noite seria uma boa oportunidade para tentar fazê-lo compreender a importância de se preservar Cristal Bay, mas agora teria de esperar até a visita do dia seguinte.
Sentia-se frustrada. Como princesa, poderia ter requisitado a companhia dele para a refeição, e o protocolo o forçaria a aceitar. De qualquer forma, como Annie Herrera, não dispunha de tal poder.
- Eu a convidaria para juntar-se a nós, Annie, mas esse será um compromisso enfadonho, no qual trataremos apenas de assuntos financeiros.
Ela fingiu indiferença:
- Por favor, não se preocupe. Vai ser bom dispor de várias horas de repouso.
- Sobretudo depois de sua viagem.
Por um instante, Dulce quase se traiu, mas, por sorte, lembrou-se da trama que ela mesma concebera.
- Sim. Demora-se cerca de três horas de carro desde Andaman. Não é à toa que me sinto exausta.
Os olhos de Christopher estreitaram-se com curiosidade.
- Fico surpreso por Poncho deixá-la dirigir sozinha. Ele nunca insistiu em contratar um motorista? - Em seguida, olhou ao redor, como se procurasse algo que comprovasse sua opinião.
Na verdade, a "longa viagem" de Dulce não levara mais que vinte minutos, e fora seu guarda-costas quem dirigira o veículo.

- Poncho é um marido, não uma babá - murmurou, com cautela, tentando esconder o quanto a recusa a seu convite a desagradara. - Ele não precisa deixar a esposa fazer o que quer que seja, pois ela é capaz de decidir sozinha.
Mas sua bravata passou despercebida a Christopher, que parecia mais interessado em outro detalhe.
- Trata-se de um costume sapphanês falar de si mesmo na terceira pessoa?
- Às vezes. - Se não tomasse cuidado, acabaria se entregando antes do desejado.
- Entendo. - Virando-se devagar, Christopher examinou o nó da gravata pela última vez no espelho do hall. Suas roupas, aliás, eram impecáveis, acentuando-lhe ainda mais a silhueta máscula e forte. - Bem, preciso ir. É uma vergonha que um hóspede desaponte sua anfitriã, e espero remediar essa gafe em outra ocasião. Se chegar tarde, prometo não perturbar seu sono. Não quero que se levante por minha causa.
- Eu também não sou sua babá, Christopher. Volte na hora que quiser. Minha suíte fica bem afastada da porta da frente, por isso você não poderá me perturbar. - No íntimo, porém, Dulce sabia que ele já a perturbara o bastante por um dia.
- Então lhe desejo uma boa noite. Se Poncho ligar, mande lembranças minhas.
Dulce inclinou a cabeça.
- Claro.
E então Christopher partiu, deixando a villa mergulhada no silêncio. Por ter sido criada no Palácio das Pérolas, em Andaman, Dulce estava acostumada a grandes ambientes e à solidão. Mas nunca estivera tão consciente disso. Era como se algo de súbito lhe tivesse sugado uma parte da energia vital.
Passou a andar pela casa, rememorando tudo o que acontecera. Não estava aborrecida com a inesperada partida de Christopher, mas aquilo a impedira de discutir os planos dele para o resort com mais calma. Era a única explicação plausível para o nervosismo que sentia.