Fanfic: DDP -> DiFeReNtE dO pAdRãO!!! - 1°/2°/3°/4° Fase (TV ABREV - Novela 04) (FINALIZADA)

"Enquanto todos celebram, sinto vontade de chorar. 
Brindes e mandingas. Indiferente ao alvoroço de conveniência, permaneço questionando o sentido de estar aqui.
Muito dinheiro no bolso, saúde pra dar e vender, só da boca para fora. Na real querem mais é ver o povo se foder.
Aqui ou no litoral, a melancolia é igual pra quem vê a vida acontecer longe do alcance."

A nota no diário de Tita não era das mais otimistas.
Chamava-se Renata, mas era mais conhecida como Tita.

Filha única e Meire e Félix, aos 10 meses já enfrentou o divórcio dos pais. Ao completar 5 anos de idade, Tita ganhou um novo pai e também um grande amigo.
Supridas todas as necessidades básicas, o trabalho dos progenitores estava cumprido. Poderia escrever, pois sentia-se livre para ir e vir, o que naturalmente não ocorria.

Estava entediada e farta de ouvir as mesmas promessas inúteis. Almejava muito mais que sorvete napolitano e os foguetórios televisivos de Copacabana.
Nada lhe surpreendeu durante a contagem regressiva. Sabia que na manhã seguinte seria um dia a menos para ser jovem e apreciar o presente dos céus.
Não era mais a menininha que idolatrava a mamãe. Não queria mais dormir na hora do jornal. Bonecas estavam nas prateleiras como lembranças.
O futuro, de certa forma, enraizava preocupações e por vezes a esperança de tempos felizes.

O que reservará o ano de 2003 para Renata?

Para Tita, as férias estavam um verdadeiro tédio. Era útil aos amigos de escola enquanto os ajudasse a passar de ano, mas quando realmente almejava ter alguém para conversar...Cadê?

Nenhum telefonema antes ou depois dos festejos de ano novo. Nenhum convite para ir ao cinema ou a praia. Queria tanto passar alguns dias longe de Curitiba, porém não era plano de seus pais. Só lhe restava mesmo escrever.

Janeiro já está praticamente no fim. Veranistas retornam a rotina de estudo, trabalho e trânsito caótico. As livrarias e papelarias estão faturando com o aumento das vendas de materiais escolares. Um novo ano letivo vem aí.

A folga dos professores e coordenadores educacionais já se encerrou. O Colégio Estadual Professora Erundynna Menezes (C.E.P.E.M) já está se preparando para receber os alunos. (escola dos nossos personagens)

Enquanto isso, do outro lado da cidade...

Márcio estava procurando alguns trocados para comprar um cartão telefônico e desejar felicidades a Cristina, que hoje está completando 16 anos de idade.

Os amigos percebem que Márcio não é mais o mesmo. Não somente os colegas de futebol no campinho de areia.

Márcio:- Oi Cris!

Cristina:- Oi...

Márcio:- Feliz aniversário, Cris.Te desejo toda felicidade, toda paz, todo amor desse mundo. Queria estar aí, mas você sabe, não tenho condição de te dar um presente legal, por isso to te ligando pra que saiba que não paro de pensar em você, que hoje é um dia importante pra mim e não vejo a hora de que chegue o dia 10 (de fevereiro) só pra te abraçar e matar a saudade.

Márcio sentia-se envergonhado por ser paupérrimo e não conseguia ter noção do quanto seu sacrifício salvava o dia da amiga.

Cristina:- Eu sei, Márcio.

Márcio:- Não, você não sabe...

Cristina:- Ah Márcio!Não faz assim que eu choro.

Márcio:- Queria te dar um presente, mas...

Cristina:- Você sabe que eu não ligo pra essas coisas de presente.

Márcio:- Liga sim que eu sei.

Cristina (protesta):- Então você não me conhece verdadeiramente.

Cristina está passando as férias em Balneário Camboriú e apesar de estar numa das praias mais bonitas do Brasil, passa a maior parte dos dias reclusa em seu aposento.

Ao contrário de anos atrás, quando aniversário era sinônimo de festa e alegria, sentia-se velha, fraca e cansada. Os pais não sabiam da verdadeira face de Cris, então consideravam que a filha estivesse satisfeita.

Márcio:- Preciso desligar, Cris, mas me promete uma coisa?

Cristina:- Fala.

Márcio:- Me promete que volta logo?To com tanta saudade de você.

Cristina:- Eu também...

Após desligar o celular, Cristina estava mais calma e resolveu convidar os pais para um jantar especial. Estes, logicamente, adoraram a ideia.

Luciana:- E por que mudou de opinião de repente, filha?

Cristina:- É meu dia, não?

No ano anterior, Cris ganhou uma festa de debutante. Os gastos grandiosos fizeram justiça ao evento.

O vestido da aniversariante foi desenhado por um famoso estilista amigo de Luciana, ex-modelo e atualmente empresária do ramo da moda. As madeixas da adolescente ficaram sob os cuidados do hair dresser especializado em produzir celebridades. Os acessórios e o sapato foram escolhidos para não estragar a harmonia do traje.

O cerimonial foi rigorosamente selecionado para cuidar do bufê e da decoração e a pedido de Cristina, ainda tradicional, dois meses antes da festa, escolheu 15 amigas, pois 15 cadetes o pai Alfredo conseguiria facilmente.

Duas vezes na semana eram realizados os ensaios para não haver micos no momento de dançar o bolo vivo. A coreógrafa era bailarina profissional e exigia dedicação, perfeição e vontade de acertar.

Os 15 anos de Cristina ficaram na recordação de todos os presentes, mas quem mais deveria contentar-se, mostrava-se apática aos elogios, indiferente aos flashes e a beleza que a rodeava.

A tradição de assoprar velas e realizar desejos sempre deixou Cristina cética, porém neste ano resolveu quebrar as próprias regras.