Fanfic: DDP -> DiFeReNtE dO pAdRãO!!! - 1°/2°/3°/4° Fase (TV ABREV - Novela 04) (FINALIZADA)

Renata:- Sabe, Gui, acho que foi demais pra mim...

Guilherme:- Ahn?

Renata:- Talvez seria melhor se eu tivesse morrido no lugar da Priscila.

Guilherme:- Você é louca?

Renata:- Do jeito que falam, que me olham, dão a entender que eu não farei falta alguma nesse mundo.A Pri era isso, era aquilo, fazia isso, fazia aquilo...De repente, um monte de gente que nem sabia da existência dela agora a endeusa...

Guilherme:- Ela acabou de morrer, Tita.

Renata:- E daí?

Guilherme:- Todos estamos chocados.Você, pode ser que não, mas quem tem coração está.

Renata:- Não basta ligar a TV e ouvir todo mundo falar dela 24 horas por dia como se só ela tivesse morrido no mundo todo, chego aqui na escola e todo mundo continua falando disso. Convenhamos: você mal dava oi pra ela, então não entendo por que ficar lamentando. Se fosse o Leitão, o Iago, o Jef, ou sei lá, seus pais, eu até entendia a prostração...

Guilherme:- Talvez se você pensasse mais nos outros, ela estaria viva.

Renata:- Não precisa jogar a culpa em cima de mim, pois minha consciência já o faz.

Guilherme:- Que bom que raciocina um pouco.

Renata:- Você estaria chocado se eu tivesse morrido?

Guilherme:- Que pergunta mais idiota.

Renata:- Mais idiota é você por não respondê-la.

Guilherme:- Não enche o meu saco, ta?

Renata:- Então é assim, não?Uma estranha morre e você fica aí todo comovidinho, chorando, mas aposto que se eu tivesse morrido, você nem se importaria em deixar uma flor murcha no meu caixão.

Guilherme:- Maldita hora que eu fui àquela festa.

Renata:- Maldita hora que eu te dei moral.

Guilherme:- O que você ta esperando ganhar com esse barraco todo?

Renata:- Você tenta parecer legal, mas é um babaca sensacionalista...

Guilherme:- E você é uma menina fria, cruel e egoísta que quer que o mundo gire ao redor do seu umbigo...

Renata:- E você é um metido a underground, mas é um merdinha, igual ou tão pior que os outros...

Renata, magoada com Guilherme, resolve matar as duas últimas aulas no mesmo viaduto em que outras vezes se encontrou com o namorado. Sem ele o lugar perdeu um pouco da vida que aparentava ter.
A discussão é repassada diversas vezes na mente de Tita, que por mais que disfarce, está se sentindo culpada por estar viva.

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Márcio, por sua vez, tenta confortar o arrependimento se dedicando mais ainda aos cursos custeados por Cris. Piolho sabe que a arma que emprestou estejasendo procurada pela justiça, assim como o atirador que interrompeu a vida de Priscila, tanto que quando Márcio está chegando à favela, é barrado:

Piolho:- Pode ir parando ae, cara. Pode ir parando...Pra que tanta pressa?Vai tirar o pai da forca?

Márcio:- Outra hora a gente conversa.

Piolho:- O assunto que eu vim tratar com você é importante e não dá pra esperar outro dia, cara.

Márcio:- Então fala ae, cumpadre.

Piolho:- Dá um pulo lá em casa.

As latinhas de cerveja em cima da mesa de centro da sala de Piolho servem para refrescar os tensos diálogos entre os comparsas:

Piolho:- Ta dando na TV toda hora. Enquanto não descobrirem quem foi, não vão falar de outra coisa.

Márcio:- Nem sonha porque eu não vou me entregar.

Piolho:- Não to falando pra você se entregar, mas ficar mais esperto. E a arma?Quero saber onde é que está a arma...

Márcio:- Ta lá em casa...

Piolho (surta):- Você é louco ou se faz?Quer ser preso?

Márcio:- Eu...Eu juro que vou sumir com essa arma!

Piolho:- Já deveria ter feito isso.

Márcio:- Eu farei.

Piolho:- To te dando um recado de amigo: se eu voltar pra prisão, você vai comigo.

Márcio:- Fica tranquilo porque não vai dar em nada.

Piolho:- Bom mesmo que não dê em nada, senão já sabe.

Márcio, para não despertar suspeitas, caminha até o outro lado da cidade onde encontra o lugar perfeito para consumir com a prova do crime: uma represa.

Otavio:- Ela era uma filha maravilhosa, estudiosa, obediente, meiga, doce, sorridente,
alegre, sempre de bem com a vida, esperançosa, cativante...

Regina:- Ela era a filha que toda mãe gostaria de ter...Vai ser muito difícil recomeçar
sem a luz dos olhos dela para nos guiar, mas apegando- nos em Deus, tentaremos...

Otavio:- Estamos recebendo muitas cartas de apoio de pessoas que nem sequer sabíamos que existiam e isso nos conforta um pouco, apesar de que nada trará nossa filha de volta...

Repórter:- Priscila era considerada uma das alunas mais bonitas da escola e também uma das melhores alunas, se não, a melhor. Comunicativa, todos na sala se rendiam ao seu charme. Pri sonhava em ser professora de Educação Física...

Renata, que passou o fim de semana sem poder ver as pegadinhas e só ouvindo falar de Priscila o tempo todo, está furiosa. Tudo bem que a morte da garota apanhou a todos de surpresa, mas o sensacionalismo da mídia estava irritando. Priscila também tinha defeitos e nem fazia jus a melosa descrição dos repórteres carniceiros, loucos por pontos na audiência.
Na revista eletrônica do domingo, a mais aguardada entrevista é com os pais de Pri e durante a reportagem, mostram as melhores fotos de Priscila e criam um mito em cima da imagem da garota.
Apesar de terem se arrependido de tratar mal a filha, os pais de Priscila mostram uma família perfeita e comovem a sociedade, principalmente aos veículos de comunicação, que faturam como nunca em cima da tragédia.

Renata:- Se eu ouvir falar de Priscila mais uma vez eu vou gritar.

Meire:- Isso se chama inveja, Tita. Que feio!

Renata:- Feio é o que a mídia está fazendo.

Meire:- Feio é ter inveja de alguém que morre.

Renata:- Inveja?Por favor, mãe...

Meire:- Pois é o que ta parecendo.

Renata:- Claro, né?A mídia sabe direitinho como manipular pessoas fracas como você. O mundo continua girando, outras pessoas também estão morrendo e a Priscila nem é tudo isso que estão dizendo. Ta bom, ela morreu baleada na cabeça, mas será que se eu morresse, todo mundo estaria tão comovido assim?

Meire:- Não seja cruel. A tv ta mostrando isso pra cobrar justiça.

Renata:- O Iraque está em Guerra, um monte de gente inocente ta morrendo, mas parece que pra todo mundo só existe a Priscila. Não aguento mais ver a cara dela na minha frente.

Meire:- Não assista TV e pronto.

Renata:- Diz isso porque não é você que estuda na escola dela e vai ter que aguentar um monte de gente chorando o dia todo te fazendo se sentir culpada por estar viva...

Meire:- Todos estão chorando porque o caso comoveu muito a população.

Renata:- Você choraria se eu morresse?

Meire:- Não seja infantil...

Renata:- Você prefere uma morta do que eu...

Meire:- A menina foi baleada na cabeça, morreu de forma horrível e a justiça tem que ser feita. A TV só está cumprindo seu papel de informar.

Renata:- Informar e deformar. Uma coisa é você mostrar a morte, agora outra bem diferente é tendenciar o telespectador, endeusar o morto. Por que só se importar depois que já ta debaixo?

Meire:- Se você não se comove, problema o seu.

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