Fanfic: DDP -> DiFeReNtE dO pAdRãO!!! - 1°/2°/3°/4° Fase (TV ABREV - Novela 04) (FINALIZADA)

Eduardo, que toda terça-feira à tarde não leciona no último horário, volta para casa como se estivesse pisando em nuvens e liga o rádio da sala, toma um banho de príncipe e ousa até cantar, o que raramente costuma fazer, ainda mais após a morte de Rebeca.
Andréa, que está esperando a novela teen começar, estranha a alegria do pai:

Andréa:- Tudo isso pra dar aulas mais tarde?

Eduardo escolhe sua melhor roupa para impressionar Paula, enquanto a professora o estará esperando com uma  regata preta e sua tradicional calça jeans preta, sem qualquer indício de maquiagem.
Edu para o carro em frente à escola e com a porta aberta, espera Paula como se fosse um adolescente apaixonado.
Quando Paula o reconhece, o coração quase pula pela boca:

Eduardo:- Seja bem-vinda.

Paula:- Obrigada. Não sei se mereço tanta consideração assim.

Eduardo:- Bobagem. É claro que merece...

Eduardo abre a porta do passageiro para Paula entrar:

Eduardo:- Sinta-se a vontade.

A rádio Malacubaca até pode levar o estigma de Rádio do Povão, mas capricha no som pra tribo nenhuma colocar  defeito e excepcionalmente na programação está tocando a música preferida de Paula: You can do magic - America:

Paula:- Não sabia que gostava dessa música. É minha preferida.

Eduardo:- Que bom saber...

Paula:- Para onde iremos?

Eduardo:- Por você dirigiria até as estrelas, quer dizer, vamos a minha cafeteria preferida. Tudo por minha conta.

Paula:- Tudo isso só pra me ver?

Eduardo:- Ainda acho que foi pouco. Você merece muito mais.

Eduardo não quer tomar café, mas admirar Paula por mais tempo, ouvir as histórias da vida dela...
Sentados bem distantes das badalações da cafeteria, Edu pediu um cappuccino e Paula pediu a grande especialidade da casa apenas para ser educada, pois não está com fome:

Paula:- Eu vim morar em Curitiba pra estudar. Toda a minha família mora no interior...

Eduardo:- Como você descobriu que queria ser professora?

Paula:- Sempre gostei de matemática, mas sei lá, nunca havia pensado no que fazer da minha vida, afinal,  então percebi que na minha cidade faltavam bons professores, infra-estrutura pros alunos estudarem e poderem progredir, então resolvi escolher uma profissão que ao mesmo tempo me permitisse fazer o que gosto e ainda assim, em humildes condições, poder mudar de forma positiva o futuro dos jovens. Em partes eu consegui realizar esse sonho, mas ainda faltam muitas etapas...

Eduardo:- Você pensa em voltar pra sua cidade?

Paula:- Ainda não posso.

Eduardo:- Por que não pode?

Paula ainda não confia plenamente em Edu para contar mais sobre o traumático passado amoroso que a fez mudar de cidade, por isso prefere mudar de assunto:

Paula:- Porque isso ainda não é possível.

Eduardo:- De qualquer forma, o C.E.P.E.M. saiu no lucro.

Paula:- E você, adorável mestre?Por que, dentre tantas profissões, escolheu ser professor?

Eduardo:- Se não sabe, sou filho de uma professora.

Paula:- Entendi...

Eduardo:- Sempre tive facilidade pra aprender e ensinar também. Cresci fortemente influenciado pelo ambiente escolar e aliás sempre gostei muito dessa vida de professor, ainda que falem por aí que não vale a pena por  causa do salário, do descaso com as escolas públicas, dos próprios estudantes, eu não trocaria minha profissão por nada no mundo. Por que escolhi lecionar Língua Portuguesa?Porque adoro o nosso idioma, nossa literatura e me sinto completamente honrado em poder transmitir todo conhecimento adquirido aos meus estudantes. Não me considero um expert, mas continuo estudando para saber ainda mais. No início da carreira eu sofria muito com a falta de empenho dos adolescentes e cheguei até a pensar em desistir de ser professor, tentar outra carreira, mas foi aí que comecei a me colocar no lugar deles, sentir como eles e então encontrei um método de cativá-los sem parecer forçado, irritante. Eu também já fui aluno um dia, aliás, continuo sendo e sei que nem tudo nessa estrada são só flores.

Paula:- Os alunos simplesmente o adoram.

Eduardo:- E eu os adoro porque eles me mantêm jovem, tanto que a aposentadoria é ideia que descarto. Acho que se eu parar de lecionar, tão logo irei morrer, mas não vim aqui pra falar de mim, Paula. Eu quero saber mais sobre você...

Paula:- Não tenho tantas coisas pra contar, Edu.

Eduardo:- Todos têm.

Paula:- Todos, menos eu.

Eduardo:- Se fosse pra falar de mim mesmo, faria um monólogo de vez. A convidei pra sair porque no colégio não podemos conversar o tanto que eu gostaria. 

Paula:- Eu vim pra Curitiba para estudar e acabei me instalando em definitivo. Moro sozinha em uma quitinete e só vou pra lá pra dormir, leciono no C.E.P.E.M. e agora estou aqui conversando com você.

Eduardo:- Eu sei que você tem muito mais a mostrar, a dizer e eu estou interessado. 

Paula:- Se não percebeu, sou tímida.

Eduardo:- Eu sei que sim.

Paula:- Não tenho muitos amigos por aqui.

Eduardo:- Amigos de verdade são poucos.

Paula:- Mesmo já estando aqui há cinco anos, minha vida inteira está na minha cidade. Minha mãe, meus irmãos, parentes e amigos estão todos por lá. Eu deixei tudo pra trás indo em busca desse sonho.

Eduardo:- Você é uma pessoa batalhadora e quem luta sempre vence.

Paula:- Procurei minha realização, deixei de lado meu mundo pacato e feliz pra vir morar numa cidade estranha onde trabalho pra me sustentar e quando chego em casa não tenho ninguém me esperando pra saber como foi meu dia, aliás, se meu dia foi bom ou ruim, ninguém está nem aí...Chega! Não gosto de falar sobre mim mesma...

Eduardo:- Parece que você sente medo de mim.

Paula:- Claro que não!

Eduardo:- Eu não quero que você se sinta sozinha. Agora você tem a mim.

Paula:- Gostaria de ir pra casa.

Eduardo:- Posso levá-la?

Paula sacode os ombros e se levanta depressa. Edu percebe que algumas lágrimas tímidas rolam dos olhos da professora:

Eduardo:- Você não parece bem.

Paula:- Quem mandou mexer nas feridas dos outros?

Eduardo:- Minha intenção não era mexer nas suas feridas, mas conhecê-la melhor.

Paula:- E agora que conheceu, percebeu que eu nada tenho de surpreendente. Sou uma pessoa simples, comum como muitas que você vê pela rua todos os dias. Por favor, não me idealize.

Eduardo:- Você não é apenas uma pessoa comum, Paula. Você é especial.

Paula:- Especial?

Eduardo:- Só você não percebe.

Eduardo tenta enxugar as lágrimas de Paula, mas ela se vira de costas para que ele não a veja chorar:

Paula:- Por favor, me leve pra casa.

Enquanto isso, na casa de Edu, as meninas estranham o fato do professor ter saído tão contente:

Julia:- Ele disse pra onde ia?

Andréa:- Não disse nada. Aliás, papai anda bem misterioso.

Julia:- Que eu não precise me preocupar.

Andréa:- Ele parecia estar muito bem.

Julia:- Espero que essa alegria toda não se deva ao fato de uma mulher estar querendo substituir nossa mãe.

Andréa:- Se o pai não quis ninguém até agora, nunca vai querer.

Julia:- É bom que não queira.

Eduardo e Paula não trocam nenhuma palavra durante o trajeto. Edu gostaria de colocar Paula em seus braços
e fazê-la confessar todas as dores que a afligem, mas a timidez não o permite aproximar-se.
O prédio em que Paula mora fica localizado no Centro Comercial da cidade e é então que Edu consegue compreender que Paula vive sozinha ali naquele edifício triste:

Paula:- Pois bem, chegamos.

Paula se prepara para abrir a porta, mas Edu impede. Paula tenta desviar os olhos de Edu, mas acaba não conseguindo.
Edu, sem nem pensar, acaba a beijando. Paula poderia se deixar envolver, ainda mais que há anos não beija ninguém, não namora, mas o que faz é se esquivar dele e dizer:

Paula:- Eu não posso substituir sua ex-mulher, Eduardo. Eu não sou a mãe das suas filhas, não sou essa mulher que você está idealizando, por favor. Não torne as coisas mais difíceis.

Eduardo:- Existe algum motivo para eu não poder entrar na sua vida?

Paula não almeja cutucar mais ainda nas feridas que ainda não cicatrizaram, por isso em definitivo abre a porta do carro de Edu e agradece pelo encontro:

Paula:- Obrigada por tudo, mas preciso ir. Até amanhã!

Paula fecha a porta e entra no prédio sem olhar para trás.
Todas as noites a dor de ter sido abandonada pelo ex-noivo a faz odiar os homens e ter medo de se apaixonar por Edu.
Eduardo mal consegue dormir pensando em Paula, nas palavras ditas pela professora:

Paula:- Por favor, não me idealize.

Com Rebeca o amor à primeira vista teve um desfecho mais feliz, pois a mãe de suas amadas filhas não possuía o menormedo de lutar pelos sentimentos. Eles teriam todos os requisitos para ficarem juntos eternamente, mas as brigas passaram a ser constantes e o casal preferiu se separar a permitir que as filhas crescessem presenciando discussões.
Julia sofreu mais com o divórcio dos pais, até fugiu de casa e precisou fazer terapia para superar a tristeza. Andréa,
por ser criança, sofreu por passar mais tempo longe do pai.
Rebeca chegou a ter outros relacionamentos discretos, mas Edu permaneceu sozinho e sem interesse em se apaixonar. Tudo isso até encontrar Paula e encantar-se por ela no primeiro contato visual.

Eduardo:- Eu demorei tanto pra abrir meu coração novamente e quando o faço, a pessoa simplesmente não pode me corresponder. Eu, quase perto dos 45 anos de idade, deveria saber como proceder numa situação dessas, mas estou tão confuso quanto a Julia deve estar.

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Para Patrícia, morar na casa dos tios é o mesmo que estar num castelo. O problema consiste em calar o sentimento pelo primo que desabrocha e devolve o sorriso perdido quando há muitos anos antes, viu a mãe morrer diante de seus olhos.
Ricardo ensina Paty a jogar videogame e juntos eles jogam volei, futebol, apostam corrida de bicicleta, comem pipoca, assistem a muitos filmes e para estar perto da prima, Ricardo suporta as tradicionais novelas, embora não veja sentido em nada.
Os últimos dias, apesar da morte de Priscila, tem sido bons para os primos. Geraldo e Marilda não poderiam ficar mais felizes por verem os primos se entendendo bem.

Geraldo:- Fico feliz que a Paty e o Ricardo se entendam tão bem assim.

Marilda:- Patrícia cresceu sozinha, sem mãe, sem afeto. Pra ela é um sonho ter uma família estável como a nossa. Ver a mãe morrer diante dos seus olhos é de deixar qualquer um louco...

Patrícia, apesar de lidar com macumba, duvidar da inabalável fé da avó, não deixa de ser uma garota romântica, tanto que antes de dormir ouve o famoso programa de amor da rádio Malacubaca (apresentado pelo Lindomar Castilho Pomposo) e não deixa de admitir que pensa em Ricardo ouvindo músicas melosas, extremamente sentimentais.

Patrícia (pensa):- Eu nunca pensei que iria gostar de alguém do jeito que gosto dele, mas gosto mesmo sabendo que estou indo contra às leis da natureza, do bom senso... O que posso fazer se é ele que mexe comigo e me faz sentir uma idiota, mas ao mesmo tempo plena e amada?