Fanfic: DDP -> DiFeReNtE dO pAdRãO!!! - 1°/2°/3°/4° Fase (TV ABREV - Novela 04) (FINALIZADA)

O boletim médico sobre o estado de saúde de Arlindo não alivia a família do homem, pois este ainda corre risco de vida.
Josenilda, mesmo com seu jeito palhaço de ser, não deixa de ir amparar a melhor amiga Ofrásia no momento em que esta mais necessita de consolo, ainda que as palavras da mãe de Cauê não sejam nada animadoras, ou melhor tentem animar Ofrásia de modo errado, pelo menos quando se diz respeito ao delicado momento:

Josenilda:- Os porcos chegaram à favela com todo arsenal do mundo, mas não puderam com a fúria do Ronei e sua tropa. Contei `cas` criança da janela e acho que vi uns 5 corpos de pms na rua, sem mentira. Papapapapa, parecia até filme de guerra... O Cauê correndo igual a um animal com aquelas canelas finas de sabiá, todo medroso...

Ofrásia:- Do que você tanto ri, Josenilda?Sabia que podia ter sido o Cauê um dos mortos, um dos baleados...

Josenilda:- Eu sei, mas foi engraçado o jeito dele correndo que nem um animal, se borrando todo de medo...

Vanessa:- Quem tinha que levar bala nas fuças é a lacraia pra parar de achar que é cantor...

Ofrásia:- Que horror, Vanessa!Isso é coisa de se falar?Deus que me livre e me guarde!Não queria que ninguém nesse mundo precisasse passar por isso na vida, aí vem você e tomada pela raiva, fala essa besteira, minha filha. Teu irmão pode não ser um rouxinol, mas faz muito bem em persistir no sonho dele...

Vanessa (debocha):- Sonho... Sonho... O único sonho que tenho é aquele que o Jacinto vende...

Ofrásia:- Se tivesse pelo menos um sonho nessa vida, com certeza não falaria tão mal assim do teu irmão que é sangue do teu sangue, Vanessa. Família é família e vem sempre em primeiro lugar, acima de tudo. Família que é família se apoia, se ama apesar das diferenças. Acha que seu pai ficaria feliz em saber que tem esse tipo de pensamento horrível pelo seu irmão?Acha?Acha mesmo?Não sou Deus, mas sei que não.

Josenilda vê um enfermeiro passando pelo corredor onde as personagens estão e para chamar atenção do homem, dá cotoveladas em Ofrásia:

Josenilda:- Olha só que filé, Ofrásia.

Ofrásia:- Para, Josenilda!

Vanessa:- Que ta esperando pra chegar nele, `mulé`?Vai lá...

Josenilda:- Um desses pra mim e eu não pedia mais nada a Deus.

Vanessa:- Divide o filé comigo?

Josenilda:- Sai pra lá, assombração. Eu vi o filé primeiro!

Ofrásia:- Vocês duas, hein?Que falta de respeito!O Arlindo entre a vida e a morte, precisando de oração e vocês aí com as xoxotas pegando fogo atrás de homem...

Josenilda:- Olhar não tira pedaço.

Vanessa:- Você disse isso do Bê e depois arrastou pedra, fez o que fez pra ficar com ele, ir lá pro mato morar com ele... Lembro bem disso, viu, dona Josenilda?Teu passado te condena...

Josenilda:- Credo!Deus que me livre... Aquilo lá era joão ninguém, mentiroso, mas dessa vez eu aprendi a lição...

A vida amorosa de Josenilda é repleta de micos e decepções. Josenilda costuma se apaixonar facilmente e sente-se atraída pelos chamados cafajestes, estes que a conseguem deixá-la numa situação pior do que a que costuma estar. Não é por falta de conselhos que Josenilda é feita de gato e sapato, pois Ofrásia é como a mãe da amiga.

******

Até Guilherme, que odeia Vanessa, sente-se triste por saber que Arlindo está hospitalizado e lhe vem a cabeça os aterrorizantes instantes de uma manhã que tão cedo não será esquecida por quem a viveu.
Gui novamente vê a arma que matou Pri mirada na cabeça de Tita e se recorda das lágrimas da garota caindo, a incerteza, o medo de perdê-la e então a cena da festa de Cris torna-se um flashback perfeito na escuridão da insone noite de domingo. Cada trejeito de Tita, cada palavra que fez dela a princesa de seus sonhos. A consciência de Gui passa a acusá-lo. Se será perdoado ou condenado, não faz ideia, mas é obrigado a confessar que cometeu um grave erro durante o feriado.

******

A Segunda-feira acena aos estudantes do C.E.P.E.M., já acostumados com a rotina do feriado estendido...

Vanessa não comparece à aula porque está fazendo vigília no hospital junto com Ofrásia. Márcio mata aula porque sua única razão para ir era Cris.
Guilherme, tomado pelo remorso, vê Tita entrando na sala e pensa em conversar com ela, mas não sente coragem para isso. Tita cumprimenta Cadu com um abraço e um beijo no rosto e eles encostam as carteiras para sentarem juntos.

Guilherme (pensa):- Se ele ta pensando que vai roubar a Tita de mim está é muito enganado...

Renata (para Cadu):- O festival ta quase aí... Já pensou em como a gente vai fazer pra conseguir os ingressos?

Cadu:- To vindo a pé pro colégio pra economizar passagem. Não é muito, mas já ajuda a inteirar.

Renata:- Acho que eu vou parar de comer chocolate. Gasto muito dinheiro pra sustentar esse vício. To comendo quase uma barra de chocolate todo dia... Se continuar assim não passo da porta daqui a uns dias.

Cadu:- Essa gordura aí só você vê.

Renata:- Ah Cadu, menos, né?Bem menos...

Cadu:- Não acredito que uma menina tão linda que nem você se ache tão feia. É inacreditável!Enquanto isso, meninas que não chegam aos seus pés fazem fama por aí...

Renata:- Se quarta-feira eu vier cheia de roxos pelo corpo, já sabe...

Cadu:- Ah Tita, fala sério.

Renata:- Ela já disse, Cadu e ela cumpre com todas as promessas que faz...

Cadu:- Bem que ela podia esquecer disso dessa vez...

Renata:- To tentando criar mecanismos de defesa pro meu corpo não sentir dor. Já me acostumei, Cadu...

******

Paty e Ricardo fazem um reencontro típico de final feliz cinematográfico e se beijam como se tivessem ficado separados por décadas:

Ricardo:- Ô meu amor!Pensei que ia morrer esses dias todos longe de você...

Patrícia:- Por você eu passo por cima de tudo e todos, meu amor. Eu te amo!

Ricardo:- Eu também te amo!

O jovem casal se abraça com força no pátio do colégio. Cris e Paloma, que estão conversando mais ultimamente, comentam:

Paloma:- É tão bom amar e ser correspondida.

Cristina:- Deve ser...

Paloma:- Experimentei esse gostinho por pouco tempo e sei que é bom...

Cristina:- Pelo menos você vai poder achar o que quiser, ao contrário de mim, que vou ter que conviver com a decepção pelo resto da vida.

Paloma:- Decepção é foda!

Cristina:- Ainda mais quando é ocasionada por alguém que você ama tanto...

Paloma:- Mas e aí?Você vai levar adiante essa gravidez?

Cristina:- Vou.

Paloma:- Não acha que é muito triste essa criança nascer sem pai?E quanto a você?Seus sonhos?

Cristina:- Não sei...

Paloma:- Não por nada, mas eu não acho que a gente, no alto dos nossos 15, 16 anos, temos maturidade pra sermos mães. Se eu fosse você, com a dinheirama que tem, tirava essa coisa aí e ia sair desfilando...

Cristina:- Pois eu acho que carreira de modelo tem prazo de validade e essa criança não poderia estar vindo em melhor hora que essa.

Paloma:- E seus pais?Acha mesmo que a sua mãe, com aquele jeito de metidona, vai aceitar essa conversinha aí?

Cristina:- Ou aceita isso ou me perde.

Cris não acredita que o filho que está esperando tenha culpa dos acontecimentos que estão se sucedendo, por isso nem cogita a ideia de abortar.

******

Enquanto isso, na sala de aula, Edu, desapontado, dá as parciais do primeiro bimestre ao segundo A:

Eduardo:- Inicio o segundo bimestre muito preocupado com essa turma. Preocupado mesmo, sem exageros!Vocês estão me decepcionando, segundo A. Que notas baixas são essas?

Guilherme:- Aê professor, romantismo é muito chato, cara.

Eduardo:- Sei que pra alguns a disciplina de língua portuguesa não é uma das mais atrativas, no entanto é uma das que mais reprova candidatos no vestibular, em concursos públicos. Quem não sabe interpretar um texto, escrever uma redação pode até não acreditar que isso é um problema, mas é e é uma das maiores deficiências de aprendizado do brasileiro. Por que estou dando esse sermão?Não, não é porque eu sou um professor chato e careta e sim porque eu sei que o mercado de trabalho está ficando mais rigoroso, exigente, não quer profissionais meia-boca e vocês, no ano que vem, creio eu, estarão a mil por hora pensando no vestibular, então é bom que corram atrás do prejuízo agora a ter de perder mais um ano no cursinho...

Patrícia:- E quem não pensa em fazer vestibular?

Guilherme:- Eu não acho que seja bem por aí, professor. A gente nem vem pra aula porque quer.

Andréa se decepciona com o comentário de Guilherme. Renata se mantem impassível às palavras do (ex) namorado.

Cristina:- Mas daí porque um aluno não gosta de estudar, não significa necessariamente que todos pensam igual. Cada um, cada um, né?

Eduardo:- Se as notas baixas decorressem apenas na disciplina de língua portuguesa, juro que modificaria meu método de ensino, mas vocês estão com rendimento ruim em TODAS as disciplinas. Isso pode não importar agora, mas deixa chegar o terceiro bimestre... Sabiam que eu me sinto um verme aqui na frente?Me sinto sim e podem rir o quanto quiser!Se eu fosse um mestre mondorrento, grosseiro, indiferente a vocês, até entendia a razão de tanto descaso...Já que vocês não me ouvem, talvez a Raimunda saiba conduzir melhor a situação...

Raimunda foi chamada para continuar a conversa e chega a sala de aula soltando fogo pelas ventas:

Raimunda:- Nota-se a falta de educação dessa turma a distância... Não vão saudar a diretora?

Os alunos, com má vontade, levantam-se de suas carteiras para saudar Raimunda:

Alunos:- Bom dia, diretora.

Raimunda:- Da próxima vez espero não precisar pedir.

Eduardo:- Raimunda, a chamei aqui porque não estou conseguindo conduzir a conversa.

Raimunda:- Deixe que eu me entendo com eles...

Leitão (para Gui):- Vai começar a sessão bizarrice...

Raimunda observa a turma e percebe que os estudantes não estão nem um pouco interessados em ouvir o que ela tem a dizer, mas resolve dar seu sermão mesmo assim:

Raimunda (aos alunos):- Educação?Nota zero!Empenho?Nota zero!Falta de respeito?Nota dez!Preguiça?Nota mil! (berros estridentes) Estão pensando que estamos todos de brincadeira por aqui?Que nessa escola podem fazer o que bem quiser?Estão muito enganados, se querem saber!

Cadu, rindo, cutuca Tita que sente vontade de rir, mas teme ser vista pela diretora.

Raimunda:- Deveriam parar de rir e ter vergonha dessas notas medíocres. Se vocês trabalhassem, tivessem outras responsabilidades que justificassem isso, mas não tem. Ficam vadiando o dia todo em frente a tv, ao videogame e depois reclamam que a culpa é da diretora, dos professores...

Cadu amassa uma folha de caderno com as mãos e Tita, sussurrando, pergunta:

Renata:- Vai ter coragem?

Cadu:- Eu fazia isso em Pindamonhangaba...

Renata (rindo):- Você é doido...

Raimunda apanha um giz, escreve a palavra respeito no quadro negro e a grifa com força:

Raimunda:- Sabem o que significa essa palavra?

Guilherme (para Leitão):- Toda vida o mesmo sermão...

Raimunda:- Sabem o que significa essa palavra?

Alunos:- Sim...

Raimunda:- Só pelo entusiasmo dessa resposta, posso apostar que NÃO. (surta) EU EXIJO RESPEITO!EU NÃO ESTOU AQUI DE BRINCADEIRA E NÃO SOU PIADA DE ESTUDANTE!EU TENHO MAIS DE 30 ANOS DE EXPERIÊNCIA COM ESCOLAS E NÃO VOU TOLERAR QUE UM BANDO DE JOVENS BADERNEIROS ME FAÇAM PERDER A COMPOSTURA...

Edu, concordando com a cabeça para acalmar Raimunda, está parado em frente a porta da sala de português, pois no C.E.P.E.M. são os alunos quem vão até o professor.

Raimunda:- ESTÃO ME OUVINDO?ESTÃO ME OUVINDO?

Guilherme (para Leitão):- Só se eu quisesse...

Raimunda:- Amanhã eu pretendo fazer uma reunião extraordinária com os pais de todos vocês e não pensem que eu serei benevolente, não. Se tiver de fazer seus pais cortarem as regalias de vocês, assim será. Talvez assim vocês percebam que não estou aqui de brincadeira.

Cadu escreve um bilhete pros amigos metaleiros e Leitão lê:

Leitão (para Gui):- Teu primo ta querendo tomar teu lugar.

Guilherme:- Quero ver se ele tem coragem...

Renata (para Cadu):- Eles estão pagando pra ver, é?

Renata amassa uma folha de fichário e atira na direção de Raimunda, mas acerta Andréa, que por sorte não vê que foi Tita quem a acertou:

Andréa:- Ô diretora...

Como Raimunda está escrevendo várias vezes a palavra respeito no quadro negro, não reconhece a voz de Andréa:

Raimunda:- QuEEEEE?

Andréa:- Fui acertada por uma bolinha de papel.

Raimunda (furiosa):- Viu só, Edu?Nós aqui falando sério e algum fanfarrão tirando sarro de nós, mas de mim ninguém caçoa. Se precisar perder o intervalo todo aqui moralizando vocês, assim será, ouviram beeeeem?

Ricardo:- Intervalo não, diretora, por favor.

Paloma:- Por causa de um idiota a gente tem que passar o intervalo todo aqui?Ah galera, convenhamos, né?

Raimunda:- Na minha época de estudante isso não acontecia porque existia RESPEITO pelos mais velhos, pelos colegas, pela família, coisa que hoje em dia parece ser pedir demais...

Cadu:- Você já ta enchendo o saco...

Raimunda se vira de costas para terminar de escrever `respeito` no quadro negro quando é acertada por Cadu e pior: ela havia se virado de frente para a turma quando a bolinha de papel a atingiu em cheio o cabelo.

Raimunda:- BASTAAAAAAAAAA!JÁ PRA DIREÇÃO, MOCINHO DELINQUENTE...

A turma, em vez de recriminar Cadu, cai no riso e isso deixa Raimunda possessa:

Raimunda:- Não pensem que as coisas ficarão assim, segundo A. Amanhã a vingança virá.

Cadu levou uma ocorrência por ter faltado com o respeito com Raimunda, ouviu o tradicional bordão:

Raimunda:- Isso é vandalismo e você vai ter que pagaaaar...

E a história ficou por isso mesmo...
O restante da turma foi liberado para o intervalo, mas Andréa não quer sair do lugar, por mais que a amiga insista:

Ana Carolina:- Ah miga, vamos comprar lanche!To morrendo de fome...

Andréa:- Não posso sair daqui.

Ana Carolina:- Mas a outra turma vai entrar daqui a pouco...

Andréa:- Aconteceu...

Ana Carolina:- Fez cocô nas calças?

Andréa:- Aquilo...

Ana Carolina:- Ah miga... Justo hoje eu não trouxe pra te emprestar, mas vai lá na enfermaria que a Telma deve ter um.

A `enfermeira` Telma na verdade trabalhava na secretaria do colégio e não tem o mínimo tato para conversar com os alunos. Fumante, corpulenta, flatulenta, mal humorada e menos instruída para desempenhar a função a qual está encarregada, deixa os jovens carentes de primeiros socorros:

Telma (grosseira):- Devia ter trazido de casa pra não ficar se sujando na escola...

Sem outra saída, Andréa resolve ir até o gabinete de Raimunda para pedir pra ir embora e sente-se bastante encabulada ao ter de contar o motivo pelo qual precisa ir pra casa:

Raimunda:- Acontece com todas nós um dia, querida. É a primeira vez?

Andréa:- É...

Raimunda:- Vamos lá na sala dos professores. Talvez lá alguém possa nos ajudar...

Raimunda, abraçada em Andréa, já que tem um carinho especial pela menina, abre a porta da sala dos professores:

Raimunda:- Alguém tem um absorvente pra emprestar pra Andréa?(para Andréa) Entre, meu anjo!Não se sinta acanhada!

Quando Andréa entra na sala, Raimunda diz:

Raimunda:- Senta aí no sofá que nós já vamos resolver isso...

Andréa caminha até o sofá, mas nele encontra Edu e Paula se beijando:

Andréa:- Pai?