Fanfic: DDP -> DiFeReNtE dO pAdRãO!!! - 1°/2°/3°/4° Fase (TV ABREV - Novela 04) (FINALIZADA)

Márcio estava atordoado quando sentou-se na cama.

Eny, assim como todas as mães, percebeu que o filho não chegou bem e resolveu averiguar o que houve:

Eny:- Filho amado. (senta-se ao lado de Márcio) O que houve, meu filho?

Márcio:- Nada não, mãe.

Eny:- Nada? Como assim `nada`?Você ta abatido, meu amor.

Márcio:- To bem... Juro!

Eny:- Tem certeza de que não quer conversar comigo?

Márcio:- Tenho.

Eny:- Tem alguma coisa que eu possa fazer pra te ajudar?

Márcio:- Me dá uns trocados pra ir jogar bilhar lá no bar do Jacinto...

Eny:- Já volto...vou ver se eu tenho algumas moedinhas... se não tiver, é porque seu pai deve ter usado pra ir trabalhar.

Darci e Eny são um casal cujo amor os reuniu ainda adolescentes. São pessoas simples, honestas e por não terem instrução o suficiente, depositam a fé de um futuro melhor incentivando Márcio, o caçula, a continuar na escola, embora saibam que Jaburu - famoso pseudônimo do rapaz na favela - sinta-se inferior aos colegas por não poder nem mesmo comprar o uniforme.

A casa em que residem é alugada e as condições são deploráveis. Goteiras em dias de chuva são comuns. Exposição ao odor desagradável do esgoto a céu aberto também é uma das milhares de queixas dos Silva.

Eny é diarista, enquanto Darci ganha a vida como pedreiro. A renda não consegue manter em dia todos os gastos, então não há nem moedas para Eny dar a Márcio.

Márcio:- Beleza, mãe.

Eny:- Sabe que seu pai e eu queríamos te dar tudo do bom e do melhor, mas infelizmente não podemos, então eu peço pra que estude, meu filho amado, estude. Pro pobre vencer na vida é só metendo a cara nos livros.

Márcio:- O Ronei não estudou, mãe. Ó a vida dele...

Eny detesta as companhias do filho, pois teme que os manos o conduzam a trilhar o caminho até o submundo das drogas e da criminalidade;

Eny:- Por favor, Márcio, não comece. Você sabe o que o pastor Wagner diz de quem acha bonito ser errado.

Márcio:- Mas eu to cansado de estudar, de ir pra escola. Eu quero ser rico.

Eny:- Dinheiro não é tudo na vida. Ajuda em muitas coisas, mas o mais importante é ter Jesus aqui (bate com a mão no peito), aqui no coração. Quem confia no Senhor tudo pode e nada teme. De que adianta ter carro do ano e fazer famílias sofrerem?Você acha que a mãe do Ronei gosta de ver o filho drogado, envolvido na criminalidade, pagando propina pra não ser preso e sei lá mais o que?Qualquer dia vai dar na TV que o Ronei foi pego pela PM ou foi encontrado morto numa vala qualquer. Isso não é o que chamo de vencer na vida.

Márcio saiu de casa e deixou Eny falando sozinha.

Jurema, como ninguém, também iludiu-se com o sonho de vida fácil e sofreu muito quando perdeu o marido Alcemilton. Irmã de Márcio, é quem aconselha Eny a continuar lutando para afastar Jaburu das más influências.

Jurema:- É bobagem, Eny...

Eny:- Não gosto do Jaburuzinho andando demais com esses caras. Eles estão metidos aonde não presta...

Jurema:- Eu avisei o Alce, mas ele nunca me ouviu.

Eny:- Tanto que ta morto agora, te deixou na mão com duas filhas pequenas pra criar. Depois dizem que o pastor exagera quando diz que droga é coisa do diabo...

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Renata estava assistindo as pegadinhas (seu programa preferido), quando ouviu o carro de Felix chegando. Helena, nada discreta, já berrava lá da sala:

Helena:- Ô Renata...teu pai chegou...

Renata:- Já voooooou.

O diálogo entre Tita e o pai foi o mais breve possível.

Ao contrário da tradição, não há cerimônias para fazer as refeições, então Renata preparou um macarrão instantâneo e se alimentou vendo televisão.

Detestava ver novela das oito, mas o desejo de telefonar para Meire a fazia ficar sentada no sofá, até que Felix percebeu a expressão facil da jovem e perguntou:

Felix:- Ta com saudade?Quer dar uma ligadinha pra Meire?

Helena, enciumada com a atenção voltada para Renata, faz sinal de negativo e fala baixinho com o marido para a enteada não perceber.

Renata:- Posso mesmo?

Helena dá um muxoxo enquanto Felix disca.

Meire, no hotel da empresa, acaba de sair da suíte onde tomava banho:

Meire:- Alô?

Renata, que acabou de apanhar o telefone, nada diz, pois os olhos estão cheios de lágrimas por tentar conter a angústia.

Meire:- Alô?

Renata:- Mãe... (desata a chorar):

Meire:- Ô minha filha... Não chora não...

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 Cristina está tentando disfarçar a tristeza enquanto janta com os pais. O silêncio durante a refeição é tremendo, até que Luciana resolve quebrar o gelo:

Luciana:- Estive entrando em contato com o Luigi Igy e ele disse que ta interessado em fotografar você, Cris.

Alfredo:- Parabéns, filha.

Cristina:- Ta falando sério, mãe?

Luciana:- Claro que não disse a ele que você ta gorda, senão aquela gauchinha de 13 pegava seu lugar.

Cristina:- Quando vou tirar as fotos?

Luciana:- Na quarta que vem. Acho que até lá dá pra perder um pesinho, né?

Alfredo:- A Cris é magra, Luciana, por favor. Esse mundo é muito cruel.

Luciana:- Se não a incentivasse a comer tanta porcaria, eu não precisaria estar me humilhando pra conseguir trabalho.

Carlota, a empregada dos Campos, entra na sala de jantar com o manjar branco - o restante da sobremesa do almoço - e assim que coloca a bandeja na mesa, retira-se.

Cristina ama manjar branco, em especial os feitos pela Carlota, mas assim que vai apanhar a tacinha, leva um tapa da mãe:

Luciana:- Não!Você não pode.

Alfredo:- Que loucura, Luciana. Deixe a Cris comer...

Luciana:- Cristina, diga a seu pai que você não está faminta. A fome é só um pensamento inútil, um vício; um vício como qualquer outro.

Alfredo:- Luciana, não seja cruel com a menina, poxa vida. É só uma sobremesa.

Luciana:- Sabe aonde essa porcaria vai parar?Não...não sabe porque pode engordar até o botão da farda explodir que não tem problema.

Alfredo:- Cristina, não ouça o que sua mãe diz. Sabe como ela exagera.

Cristina:- A mãe tem razão. Isso aí tem muitas calorias e nada de nutritivo. Logo vou dormir e a mãe tem toda razão: engordei muito de uns tempos pra cá e preciso mesmo de um regime. Com licença.

Cristina, educadamente, deixa a mesa e vai para o quarto.

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 Márcio, por venerar Ronei e invejar a vida do traficante, confia nele para pedir droga sem pagar, pois não conseguiu resistir a abstinência.

Ronei estava atendendo a um PM, que enfiando a mão no bolso, avisa:

PM:- Semana que vem to de volta.

Márcio entra na casa de Ronei. Os outros amigos em comum dos personagens espiam o policial descendo as escadas.

Márcio:- Me vende umas paradas aí?

Ronei:- Pensei que tivesse vindo pagar o que deve.

Márcio:- Eu vou pagar...

Ronei:- É bom mesmo que honre a palavra porque senão logo logo tem velório, hein?Adivinha quem é o finado?

Ronei circula ao redor de Márcio, que mesmo correndo perigo, se explica:

Márcio:- Olha, hoje eu to precisando muuuito, por favor. Eu juro por Deus que eu vou pagar cada centavinho que estou devendo, sangue bom. Por favor, só hoje.

Ronei:- Eu devia te receber com um 38 nas fuças, mas como `cê` é dos nossos, vou dar um prazo generoso, hein?Até o carnaval eu quero o dinheiro na minha mão. Acha que pode comprar e não pagar, é?Vai sonhando, vacilão.

Márcio sabe que não terá a quantia altíssima até os festejos de Carnaval porque não trabalha e também sabe que não pode contar nada aos pais, mas mesmo assim compra bastante droga.

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Assim que os pais vão se deitar, Cristina desce as escadas e vai até a cozinha. Desesperada, abre a geladeira e ingere um pedaço de manjar branco. Até aí, nada de excepcional.

Com a colher, Cris experimenta mais um pouquinho da sobremesa, até que perde o controle e devora o prato.

Alguns segundos depois vem o arrependimento, que leva Cristina ao choro.

Já em seu dormitório, a amada de Márcio entra no banheiro, abre o armário, apanha uma gilete e sentada ao lado da banheira, corta um pouco do pulso oposto.