Fanfic: DDP -> DiFeReNtE dO pAdRãO!!! - 1°/2°/3°/4° Fase (TV ABREV - Novela 04) (FINALIZADA)

Tita não parece apenas bancar a típica rebelde sem causa, mas interpreta-se que a garota esteja fugindo da realidade que enfrentou de forma submissa a vida toda. Estando com Vanessa, faz da suburbana sua referencia, esquecendo-se do fato de Van não ser um bom exemplo, ainda que haja fuga do modo moralista de analisar os fatos.

A relação com Meire está sofrendo uma protrusão jamais esperada pela mãe da menina. Ambas estão confusas e sem paciência para ouvir o outro lado da história, o que vem resultando em diversos embates.

A decisão de levar Renata ao psicólogo partiu de uma sugestão de Raimunda, muito preocupada com o péssimo comportamento da menina e pelos relatos desesperados de uma mãe chocada.

Renata está sentada na cama com Guilherme, pois antes de ir para a casa de Vanessa resolveu passar algum tempo a sós com o namorado.

Brincando com  um chocalho, Renata desabafa a mais nova e absurda idéia de Meire, ou melhor, dos ‘adultos’:

Renata:- Minha mãe pensa que eu ainda tenho cinco anos. Só pode.

Guilherme:- Psicólogo gosta de ver coisa onde não tem.

Renata:- Eu não sou louca pra ir ao psicólogo.

Guilherme:- Com louco não se conversa. Estamos conversando, certo?Então você não é louca, apesar de ser meio doidinha, ou melhor, dizendo, completamente sem noção, mas é assim que gosto de você.

Renata:- Conheço minha mãe: ela vai me mandar ir lá a força.

Guilherme:- Você pelo menos tem que ir uma vez só pra ver se gosta ou não. Se gostar, ótimo; se não gostar, tem todo direito de não ir nunca mais. Ela não pode simplesmente te obrigar a fazer algo que você não quer.

Renata:- O foda é agüentar aquele blábláblá todo. Irrita-me alguém tentar saber mais sobre eu mesma do que eu.

Guilherme:- Aposto como isso foi coisa da Raimunda.

Renata: - Por que ela não vai cuidar da vida dela?

Guilherme:- Porque ela adora se intrometer na vida alheia.

Márcio e Cristina estão mais apaixonados que nunca e agora tudo que o rapaz quer é manter-se longe do crime e das drogas, tanto que a noite foi ao culto de descarrego e libertação.

Cristina e a mãe mal se falam,  já o pai está passando mais tempo no quartel e em delegacias para investigar o caso Rebeca, tanto que parecem ter esquecido a tentativa de suicídio da filha, o que é deprimente.

Assim, é Márcio, que mesmo sem saber de nada, é o confidente da garota e quando estão juntos não sabem que são tão felizes a ponto de se desligarem por completo da injustiça e incompreensão que vivem, cada um em sua classe social.

Mesmo sendo proibido aos olhos dos pais, educadora e talvez até do Todo Poderoso, Márcio e Cris matam aula para poderem ficar juntos. Como a casa da garota é livre o dia todo, o casal vai pra lá, a fim de Cristina passar a ensinar o básico sobre informática ao namorado porque mesmo ele sendo extremamente pobre, enxerga o potencial ofuscado pelo sofrimento:

Cristina:- Você é muito inteligente, Jaburu. Falta de auto-estima é até bobagem  porque no seu caso você tem um potencial enorme pra fazer a diferença na vida e ser alguém.

Marcio:- São os seus olhos.

Cristina:- Se fosse pra dizer inverdades, preferia o silêncio.

Marcio:- Você fala bonito... Não sei se mereço você...

Cristina:- Se não merecesse meu amor, não estaria aqui em casa agora e se quiser ‘falar bonito’ vai ter que se esforçar um pouquinho, mas nada que seja um bicho de sete cabeças. Você, por acaso, lê quantos livros por ano?

Marcio:- Ta brincando?Não leio nenhum.

Cristina:- Nem gibi?

Marcio:- Nem gibi.

Cristina:- Alguma vez na vida, pelo menos, você leu?

Marcio:- Se li, não me lembro.

Cristina:- Você não lia, mas vai começar a ler direitinho a partir de hoje.

Márcio:- Você ta brincando?

Cristina:- Não to brincando. To falando mais sério impossível!Hoje mesmo você vai escolher qualquer livro da sua preferência e vai começar a ler.

Márcio:- Tudo isso que você ta me falando aí parece coisa de outro mundo.

Cristina:- Porque você não está acostumado a ler, mas essa falta de hábito caiu por terra hoje. Eu faço a questão de ser sua mentora intelectual e te ajudar a chegar lá em cima, porém o trabalho é longo e árduo, mas nada que seja impossível. Vou te ensinar a gostar de ler, a procurar as palavras e algumas noções de informática porque um futuro modelo não pode ser só um rostinho bonito e vazio. Você tem que ser diferente...

Márcio:- E como a gente vai fazer pra se ver?

Cristina:- Depois da aula você vem pra cá.

Julia e Andréa continuam no mais profundo luto.   Edu tenta pelo menos cumprir as tarefas mais básicas para a sobrevivência, embora esteja desesperado com as perspectivas dos próximos dias.

Paula, preocupada com a ausência das meninas no colégio, aproveita o intervalo das aulas para telefonar:

Eduardo:- Alo?

Paula:- Oi...

Eduardo:- Paula...

Paula:- Você não está pensando em desistir de lecionar, está?Seria uma grande perda para o C.E.P.E.M. não ter mais o professor Edu ministrando as aulas de português.

Eduardo:- Outro professor pode desempenhar a mesma função.

Paula:- Não mesmo.

Eduardo:- Não sou insubstituível.

Paula:- Até podem colocar outro professor em seu lugar, mas você, pra todos os seus alunos, é insubstituível. Sou nova na escola, mas já percebo o quanto você é amado pelos estudantes.

Eduardo:- Não sei se eu vou conseguir voltar, se serei o mesmo Edu de antes. Não sei nem mesmo se vou dar a volta por cima.

Paula:- Não vai, é?Vai sim... Eu sei que agora a dor é grande demais pra caber no coração e você vai dizer que eu não sei como você se sente e tem razão, talvez eu não saiba, mas espero que meus votos de melhora não fiquem empoeirados em algum canto do seu coração porque ele tem garra o bastante pra te levantar do chão, acredite. Suas filhas precisam muito de você agora e se cair, quem irá te levantar?Eu bem que gostaria de ir aí, mas estou telefonando pra você saber que tem alguém que se preocupa.

Eduardo:- Você me saiu uma ótima poetisa.

Paula:- Minha aptidão é pros números mesmo. Deixo os versos nas mãos de quem sabe melhor o que fazer com eles. Mande lembranças às meninas.

Renata chega até o escritório do psicólogo com um casaco enorme de Guilherme e está usando um monte de trancinhas no cabelo, está mascando chiclete e escutando walkman no fone de ouvido.

Quando vai se sentar, Tita coloca os pés na mesa de centro e é repreendida pela mãe com uma palmadinha na perna:

Meire:- Olha os modos.

Renata:- Deixa-me em paz...

Meire:- Olha o modo como você está vestida, criatura. É bom mesmo que o doutor te veja usando isso pra te mandar logo pro hospício de uma vez por todas. Eu queria saber onde foi que eu errei meu Deus...

O psicólogo que vai atender Renata chama Meire por primeiro e após alguns minutos de conversa chama Tita para falar em particular.

Psicólogo:- Queira sentir-se a vontade aqui, Renata Muriel.

Renata se senta numa cadeira e analisa a sala pequena com os olhos:

Psicólogo:- 15 anos de idade.

Renata:- Mas não vejo a hora de fazer 18.

Psicólogo:- E por que voce quer fazer 18 anos?

Renata:- Pra fazer o que eu quiser da minha vida sem adulto chato ficar enchendo meu saco.

Psicólogo:- Sua mãe me passou que você mudou de colégio e desde então tem mudado o comportamento...

Renata:- Minha mãe exagera um pouco. Eu mudei de colégio e agora to namorando com o Gui que é o roqueiro mais lindo do mundo inteiro, a gente se conheceu na festa da Cris. Sou melhor amiga da Vanessa, uma menina muito popular e descolada e minha mãe fica implicando com eles porque se depender dela eu teria cinco anos de idade pro resto da vida, ela não entende que eu to crescendo...

Psicólogo:- Fale-me sobre a viagem ao litoral.

Renata:- Mas minha mãe não perde tempo, né?Bom, eu fiz umas falcatruas aí pra poder curtir o feriado no litoral e o que eu aprendi nessa viagem não tem preço.

Psicólogo:- E o que você aprendeu nessa viagem?

Renata:- Olha o piercing...

Tita mostra o piercing no umbigo ao psicólogo e em seguida a conversa é com mãe e filha juntas, o que causa um mal estar em ambas:

Meire:- Ela ta achando que já é adulta pra falar comigo como bem quer.

Renata:- E ela acha que eu ainda sou uma fedelha.

Meire:- Você ainda é menor de idade, vive sob minha tutela e tem SIM de me dar satisfações de tudo que faz.

Renata:- Não é bem assim...

Renata é diagnosticada como hiperativa e rebelde e deverá fazer terapia uma vez por semana, mas não demonstra a mínima vontade de freqüentar a sala claustrofóbica do doutor.