Fanfic: Vida Bandida

restara nada.
Ela fechara os olhos e resolveu dormir um pouco. O sono lhe ajudaria a recuperar a confiança. Precisava mais do que nunca se fechar dentro de si mesma. Havia mostrado todo o seu interior para um homem, havia sido ela mesma, havia entregado o seu coração para ele. Ela jamais iria fazer aquilo de novo. Se antes já era considerada fria e irônica, agora o mundo iria conhecer o verdadeiro significado da palavra ironia. E do sarcasmo. Porque era assim que Anahí via a vida: uma piada de enorme mau gosto.

Poncho saiu da delegacia sem olhar para trás. Havia feito o que devia. Anahí nunca o perdoaria, não havia mais chances para ele. Aquilo era bom e era ruim ao mesmo tempo. Bom porque ela ficaria livre sem problemas, ruim porque a amava. Ele respirou o ar quente e infernal do verão e suspirou. Sua vida seria um tédio sem ela. Além do amor, Anahí era a única pessoa que havia dado graça a sua vida.
Ele retirou o anel que sempre carregava consigo. O anel que nunca poderia dar a ela. Fez menção de atirá-lo longe, mas um instinto, um intuito, algo dentro de si o impediu.

Parecia que ele iria precisar daquele anel, que teria a chance de usá-lo... era estranho demais. Como descendente dos ciganos, Poncho melhor do que ninguém sabia que não se deve desconsiderar avisos ou intuições. Ele guardou o anel no bolso e começou a caminhar. Estava solteiro agora, durante cinco dias antes de assumir seu relacionamento com Karla. Não sabia como ia aproveitar exceto... que queria ficar o mais longe possível de Karla Ferrara.

Já era noite quando Dulce e Christopher terminaram de arrumar as coisas. Ciganos gostavam de viajar a noite e naquela ocasião não seria diferente. Christopher já estava pronto enquanto Dulce ainda contemplava a mata onde estiveram durante aquele tempo.
Chris: Está pronta? A tribo está inquieta demais.
Dulce: Já estou sim. Apenas estava olhando um pouco para o nada... estava pensando no futuro...
Chris: E o que pensou?
Dulce: Que o presente é a melhor coisa da vida. Que o que vivenciamos é tão perfeito que ansiar pelo futuro é perda de tempo.
Chris: Isso não é bom... para uma cigana...
Dulce: Nós estudamos e esperamos o futuro... mas não quer dizer que não podemos aprender a dar valor para o presente.
Chris: Tem toda a razão. (acariciando a barriga dela) Vamos fazer um bom presente... para vivermos o hoje e não esperarmos pelo futuro.
Dulce: (se voltando para trás) É uma promessa.
Chris: É uma promessa. E... quanto ao passado...
Dulce: Apenas vamos guardar os bons momentos dele. Também é uma promessa.
Ela disse isso enquanto pegava uma pequena urna. Ao terminar de proferir as palavras, Dulce colocou as mãos de Christopher por cima das dela e juntos abriram a urna. O vento da noite soprou e as cinzas da filha deles voou pelos ares. Durante muito tempo Dulce se negara a fazer aquele ritual, dizendo que era contra as regras ciganas. Era desculpa claro. Agora, vendo as cinzas da filha voarem, Dulce sabia que nunca superaria. A filha sempre estaria com ela na memória. Mas aprenderia a conviver com aquilo.

Eles ficaram observando as cinzas durante uns minutos até elas sumirem na imensidão da noite.
Chris: Agora devemos ir.
Dulce: Sim. Temos que ir embora. Vou avisar o pessoal. Vem comigo?
Chris: Claro que sim.
Eles fizeram tudo o que tinham de fazer e partiram. No tempo em que se seguiria, Christopher e Dulce teriam outros desentedimentos, outras crises. Em alguns momentos, duvidariam do amor, de si mesmos, do futuro, do presente e até mesmo do passado. Mas no fim, o destino se encarregou deles. Aquilo que estava previsto pelas estrelas, quando um Christopher infeliz capotou graças a uma cigana distraída, se realizou: eles ficaram juntos e morreriam juntos.
Dulce voltaria a ver Alfonso, Christopher teria problemas legais com a sua antiga empresa. Mas a história deveria ser contada em outra ocasião. Muitos anos se