Fanfic: Vida Bandida

Capítulo 22

Anahí parou para pensar nas palavras de Claúdia. Ela olhou para o chão.
Any: Vou pedir demissão... é o melhor que eu posso fazer.
Claúdia: Vc enlouqueceu Any? Esse sempre foi o seu sonho, trabalhar na promotoria. Além disso, se vc se demitir, toda a vergonha cairá sobre vc... e a culpa não foi sua...
Any: É o melhor. Como vc disse, a vergonha e a humilhação cairá apenas sobre mim. A promotoria não será afetada se eu sair. Se eu continuar, a promotoria perderá o crédito, terão problemas sempre que quiserem organizar a corte novamente. Eu amo demais esse trabalho, por isso prefiro renunciar e recomeçar do zero.
Claúdia: Será difícil recomeçar Any... vc sabe que isso irá te perseguir o resto da sua carreira.... seja trabalhando na defesa ou na acusação.
Any: Eu sei... (cansada) mas posso dar aulas, tirar o meu pós-graduação, mudar de área... não estou completamente morta profissionalmente...
Claúdia: Completamente vc nunca estará. Vc fez um nome invejável...
Any: Eu sei... (rindo) e depois, será como voltar aos tempos de faculdade, lutar para conseguir trabalho... vai ser legal. (tentando se animar)
Claúdia: Vai ser legal sim...
O silêncio pesou na sala. Claúdia olhou para Anahí mais uma vez.
Claúdia: É só isso que está te preocupando? Só o trabalho e o recomeço?

Any: Preciso de mais? (rindo)
Claúdia: Precisar não precisa, mas estou sentindo que tem mais coisa aí... vc está com um olhar estranho... se eu não te conhecesse bem, diria que está apaixonada...
Any: Eu me apaixonar é tão difícil assim? (rindo mais alto)
Claúdia: É sim... mas nada improvável.
Any: Digamos... que eu estou um pouco "distraída" por causa de um homem ultimamente.
Claúdia deu uma risada alta.
Claúdia: Quem foi o herói?
Any: Vc e o Peter andaram combinando é? (rindo) Na realidade Claúdia, não sei se devo te falar, me desculpe... (envergonhada)
Claúdia: (sem se afetar) Nem se preocupe Any... não somos das dez mais íntimas desde os tempos de faculdade... mas acho que vc deveria conversar com alguém sobre isso... sua prima seria uma boa idéia.

Anahí vacilou. Embora tivesse perdoado Maite, ainda não se sentia bem para voltar a contar tudo para a prima. Ela não confiava em Derrick e sabia que Maite poderia contar tudo para o namorado se ele insistisse. A verdade, é que Anahí sempre acreditou que uma vez traída, sempre traída.

Any: Não sei se posso contar isso para ela... desde que ela começou a namorar o estrupício, não tenho mais confiança o suficiente para compartilhar tudo com ela. Traição é traição... e ela, mesmo sem querer e querendo fazer o que achava certo, me traiu...
Claúdia: Aí complica Any... estar "distraída" por causa de um homem e guardar isso completamente para si é penoso... não tem mais nenhum amigo em que possa confiar?
Any: Eu teria o Christian... mas ele é irmão da Maite e sei lá, é homem... e teria vc... (como se cogitando o assunto) mas como vc disse, apesar de sermos boas amigas, nunca fomos íntimas...
Claúdia: Nunca é tarde para começar. (apoiando o queixo nas mãos) Mas se vc não quiser, sem rancores... (dando de ombros)
Any: Vc talvez entenda melhor a situação... e vc é a melhor pessoa para me aconselhar... e como vc disse, nunca é tarde para começar...
Claúdia: Any, se vc não quer me dizer, não me diga... eu não quero te obrigar a me contar nada...
Any: Agora eu já me decidi. E a culpa é sua, por isso não me culpe se ficar 10 horas sentada nesse banco.
Claúdia: Minha janta pode esperar. (depois de olhar para o relógio e constatar que eram 16:30) Pode me dizer, quem é que conseguiu te distrair?

Maite e Derrick estavam na casa de Derrick. Ao assistir ao noticiário, o qual falava da péssima atuação da promotoria e de Anahí, Maite escondeu o rosto nas mãos e se pôs a chorar. Derrick, que estava ao seu lado, desligou a TV.
Derrick: Calma Maite... calma...
Maite: Calma como? A Any foi humilhada, pisoteada e ainda está sofrendo nas mãos da imprensa... vc não pode fazer nada? Não pode ajudá-la?
Derrick: Não. Eu sou repórter, o máximo que posso fazer é não inventar histórias como essa cambada aí, mas nada mais... a imprensa é cruel Maite, a Any sabe disso.
Maite: Ela sabe... por isso ficou no tribunal enquanto esperava a poeira baixar.
Derrick: Foi uma atitude sábia. (beijando Maite) Mas convenhamos, a sua prima também pediu por isso...
Maite: (se desvencilhando) O que vc quer dizer com isso?
Derrick: Que se a Any não fosse tão orgulhosa e tão cheia de si, eles não a humilhariam tanto. O fato é que a imprensa está perseguindo ela por ela acreditar que é a melhor.
Maite: (fria) Ela não precisa acreditar. Ela é a melhor.
Derrick: Tudo bem ela ser a melhor Maite... mas ela não precisa dizer isso claramente. A Any é convencida.
Maite: Ela não tem porquê ser modesta... (fria e seca) e eu preciso ir embora.
Derrick: Mas por quê? (surpreso)
Maite: Tenho que trabalhar amanhã Derrick... estou cansada.
Derrick: Maite... (olhar sarcástico) São 16:30 da tarde.
Maite: De qualquer maneira preciso ir... (ela se levanta)
Derrick: (a puxando e fazendo cair no sofá) Vc está assim por causa do que eu disse da Any não é?

Any:Claúdia, vc já saiu com um cliente?
Claúdia: Ihhh, milhares de vezes... isso é o bom de ser advogada, para arrumar sexo casual é só estalar os dedos. (estalando-os realmente) Já saí com alguns clientes, desde os tempos do estágio... não é anti-ético e geralmente depois que o caso termina, termina o romance.
Any: (rolando de rir) E eu que pensei que era safada... vc é dez vezes pior que eu...
Claúdia: Quando não se tem a sua beleza Anahí, se usa outros meios... (dando uma risada marota) mas nunca me envolvi com homens comprometidos, só saio com solteiros. Mas por que a pergunta? Vc é a promotora, só tem acusados, não clientes... quer dizer, não tem clientes desde os tempos de estágio, e embora vc não admita, eu sei que vc saiu com alguns deles...
Any: Vou me abster de responder esse comentário... (dando uma risada que significava que Claúdia tinha razão) Quanto à pergunta, digamos que é para vc se situar... e para te testar também. Agora que eu ouvi a sua resposta posso falar disso sem culpa.
Claúdia: (entendendo tudo) Nãooooo! Vc... vc gamou em um dos réus? Vc já mandou o cara para cadeia, vai mandar ou já foi absolvido?
Any: Falando assim Claúdia, a situação parece pior do que ela é...
Claúdia: Não era a minha intenção... (rindo) mas pensa, olha que situação... pelo menos não é a clássica do paciente se apaixonando pela médica...
Any: Preciso realmente dizer o nome?
Claúdia: Claro né? Como vc quer que eu te aconselhe sem saber quem é a vítima...
Any: Bom... ele é o (respirou fundo) Alfonso Herrera! (e olhou para Claúdia como se o mundo estivesse acabando)

 Maite encarou Derrick com frieza.
Maite: Que bom que percebeu. (tentando sair do sofá)
Derrick: Maite, não aja assim caramba... deixa de ser infantil.
Maite: Infantil? Vc está ofendendo uma das pessoas que eu mais gosto, a minha prima...
Derrick: Maite, isso não é ofender, é ter uma opinião. A Any sabe o que eu penso dela... (irritado)
Maite: Vc pensa isso dela? (mais irritada)
Derrick: Penso sim. (se levantando do sofá) E acho uma besteira sem tamanho brigarmos por causa da minha opinião sobre a Anahí...
Maite: Eu adoro a Any Derrick... acho horrível vc falar o que falou para mim sobre ela...
Derrick: Vc adora, mas ela pelo visto nem tanto né? Ela não se afastou um pouco de vc? Não parou de te contar as coisas? Não confia mais em vc? (gritando)
Maite ficou estática. Nunca vira Derrick daquele jeito. Ela o olhou ferozmente e esperou ele se acalmar.
Maite: Melhor? (seca)
Derrick: Maite, me desculpa, eu não queria...
Maite: Pelo contrário, vc queria sim. VC tem razão Derrick, a Any se afastou de mim. Mas foi porque eu comecei a andar com vc, depois de tudo o que aconteceu entre vcs. E apesar de desaprovar e te detestar, ela aceitou nós dois numa boa. Não posso culpá-la por não confiar em mim...
Derrick: Maite, eu...

Maite: Chega Derrick... se continuarmos, vamos falar coisas que não queremos. Eu vou embora. (ela se ergueu e dessa vez Derrick não tentou impedir) Se quiser que nossa relação dê certo, guarde as suas opiniões sobre a Any para vc. Eu apenas estranho... vc parecia estar torcendo por ela no tribunal.
Derrick: Eu gosto da Any Maite... mas isso não me impede de ver os defeitos dela... e a prepotência é um deles...

Maite: De qualquer maneira, eu sou parente dela ok?
Derrick: O que eu estranho... (agora se sentando e a encarando) é que vc não me defende quando ela começa a e ofender...
Maite: Vc a traiu Derrick... ela tem todo o direito de não ser a mais simpática com vc...
Derrick: Mais uma vez vc está apenas vendo um lado da moeda Maite...
Maite: Derrick, chega! Amanhã conversamos, de cabeça fria tá? Eu cansei. Tchau. (e ela saiu sem se olhar para trás)
Derrick: (pensando) Perfeito... sempre Anahí Giovanna, sempre ela... essa mulher vai assombrar a minha vida eternamente... por que me envolvi com ela?

Capítulo 23

A cara que Claúdia fez Anahí rir na hora. A conversa seria mais amena e divertida do que penosa e triste. Anahí gostou disso e se parabenizou por ter contado para Claúdia.

Claúdia: (o rosto voltando ao normal) Bom, isso sem dúvida não foi surpreendente... o Alfonso Herrera? O homem que vc jurou mandar para a cadeia? E, tencionava cumprir esse juramento até o fim, pelo que eu vi na sua atuação...
Any: Vc sabe que eu preservo o trabalho mais que tudo Claúdia... mas não vou negar, esse homem me fascina... já tentei de tudo, e só consigo pensar nesse homem e no passado dele... e claro, o que exatamente ele quer comigo, porque todas as suas atitudes ao meu respeito são confusas...
Claúdia: Atitudes confusas? O que quer dizer com isso?
Any: Bom... rolou uns amassos meio forçados entre nós dois...
Claúdia: Que? Rolou beijo antes desse julgamento?
Any: Sim... e que beijos, eu deveria dizer...
Claúdia: Imagino, afinal ele é um gato.... mas Any, se vcs se beijaram, o clima é mais que evidente. Além de ele não tirar os olhos de vc um minuto durante o julgamento, ele sempre me perguntava ao seu respeito... como vc era nos tempos de faculdade, o que eu achava de vc... coisas assim.
Any: Bom... o problema não é só esse. Ele está envolvido com o Tony Dalton Claúdia... se lembra dele?

Claúdia se lembrava. Quando Anahí condenou Tony, ela estava conseguindo o seu primeiro caso na firma onde trabalhava. Conhecia muito bem a reputação de Tony e sabia os problemas que Anahí havia enfrentado para levar o julgamento até o fim.

Claúdia: Lembro sim... mas Any, mesmo que o Alfonso conheça o Tony, nada quer dizer que ele esteja envolvido nos negócios dele...
Any: A princípio, eu jurava que ele estava envolvido. O habeas corpus, a intimidade desses dois... mas o tempo foi passando e esse homem, Alfonso Herrera, parecia não ser um bandido como ele... primeiro achei que ele estava querendo me confundir, mas... agora com o aparecimento da Fuzz, eu fico me lembrando constantemente que ele insistia para mim abandonar o caso... e me lembro do Tony me dizendo que ia ver a minha destruição... e ele viu...
Claúdia: Mais um ponto a favor dele... se ele te pediu para sair, ele não queria te ver nessa situação, pelo contrário... se ele quisesse te ver destruída, ele simplesmente a provocaria, para ter certeza que permaneceria no caso até o final...
Any: Já pensei nisso, o que me esclareceu a visita de Tony... mas em relação a esse homem, estou confusa. Não sei o que pensar. Ele pode realmente estar querendo me ajudar ou pode estar me confundindo e fingindo, para ter certeza que eu cairia na armadilha do Tony... o que eu faço?
Claúdia: Só há uma coisa que vc pode fazer: falar com ele.
Any: (rindo) Pirou? Sequer consigo encará-lo.
Claúdia: Quem melhor do que ele para explicar essa situação?
Any: Ou confundí-la ainda mais?
Claúdia: Mesmo assim, vc deve falar com ele. Vai ser melhor do que ficar remoendo as suas dúvidas Any... vc sabe disso... e depois, quando nos distraímos desse jeito, tudo se torna confuso... até as coisas mais simples.
Anahí deu um sorriso breve. Claúdia e Dulce haviam falado coisas muito semelhantes.

Any: Melhor não... preciso de um banho e de uma cama, o dia de amanhã será complicado demais... preciso descansar.
Claúdia: Vc é quem sabe. Ainda digo que vc precisa falar com ele.
Any: Talvez eu nunca mais o veja, o que é o melhor que pode acontecer. E Claúdia... obrigada.
Claúdia: Imagina parceira... eu que agradeço a confiança. Vc vai ficar bem?
Any: Vou tentar. (as duas trocaram um abraço) Acho que os repórteres já foram embora. Vou embora também.