Fanfic: Estranho de Amar
Não! Não! Não!
Eu não poderia morar com Any por um ano.
Eu não conseguia nem me soltar de nosso abraço, imagina se morássemos juntos?
Não! Não! Não!
Por sorte, ela saiu do abraço.
Enquanto ela andava pela vazia e triste sala da nossa casa, fui fechar a porta.
Não queria que ela visse a confusão em meu rosto.
Any não queria morar comigo, era compreensível.
Mas eu ainda não tinha me perguntado se queria ou não morar com ela.
Acho que tinha medo da resposta.
Any não notou quando cheguei ao seu lado. Ela parecia estar perdida em lembranças.
-você não conseguiria morar aqui, né? –perguntei hesitante. Essa constatação me machucaria, pelos motivos errados.
-e você conseguiria? –ela rebateu, mais rápido do que eu esperava.
-eu –hesitei –realmente não sei. São tantas lembranças. –eu a encarei. Ela sabia ao que eu estava me referindo.
-eu sei. Eu sinto falta –ela hesitou, como se escolhesse se falava ou não. –sinto falta da mamãe. –ela concluiu.
-você soube? –perguntei em um sorriso, para tentar distraí-la de qualquer lembrança que provocasse dor. Enquanto me sentava no sofá da abandonada sala.
-soube o que? –ela perguntou, cautelosa, dando alguns passos em minha direção.
-de mais um dos caprichosos de nosso velho pai? –eu estava rindo, porque era algo realmente engraçado. Algo que só papai faria.
-qual dos caprichosos, dessa vez? –ela perguntou, sarcasticamente. Mas sua voz ainda escondia uma pontada de dor. Ela sentou-se ao meu lado.
-papai exigiu que a urna da mamãe fosse enterrada com ele. –fiz uma pequena pausa, enquanto colocava o braço ao redor do ombro dela. Não sabia porquê estava fazendo isso, mas era bom. –por isso o caixão era tão grande. –ri ao lembrar da dificuldade pra carregar o caixão.
Ele refletiu sobre a informação e depois riu.
Sua risada era a coisa mais linda que eu já havia escutado.
Era errado achar isso, mas eu achava.
Ri junto dela.
-só o papai mesmo. –ela disse, enquanto deitava sua cabeça em meu ombro.
Aquela posição estava confortável. Nós dois sentados no sofá da nossa casa, eu com o braço ao redor de seu ombro e ela com a cabeça deitada em meu ombro...
Suspiramos e ficamos calados por um tempo.
Novamente me perguntei se eu queria ou não morar com ela.
Uma parte de mim gritava: SIM!!!! Uhú!!!
Enquanto a outra dizia: Não! É imprudente.
A parte que dizia sim era mais convidativa...
-o que vamos fazer? –ela quebrou o silêncio.
-eu não sei. Podemos tentar alegar na justiça que papai perdeu o juízo –hesitei, meditando a idéia. –mas eu realmente não gosto disso. Prefiro até deixar as empresas pros sócios... –ela me interrompeu com uma cara de preocupação e raiva.
-jamais! Aqueles sócios estranhos não podem administrar as empresas que o nosso pai teve todo trabalho de erguer e administrar no longo dos anos. Seria injusto e muito, muito, muito errado!!! –ela começou a tagarelar. Tive que me segurar para não rir. Mas não consegui.
Coloquei o dedo sobre os seus lábios, para calá-la. Senti aqueles sentimentos estranhos e errados de novo.
-calma aê loira. Já entendi, essa idéia de deixar as empresas pros sócios não te agrada. –eu disse enquanto ria.
Ela analisou meu rosto. E depois seus pensamentos foram longe. Eu não consegui acompanhar suas expressões, para saber o que ela estava pensando.
Simplesmente torci para que ela não estivesse lembrando da noite em que abandonou Garden...por minha causa.
Sua expressão começou a mudar.
Ela não queria mesmo morar comigo. Eu podia perceber.
E era ótimo que ela não quisesse. Pois eu era uma péssima companhia.
Eu acho.
Eu tinha que reconfortá-la. Deixar bem claro que ninguém a obrigaria a minha presença. Nem nosso falecido pai.
-olha, eu vou fazer tudo que puder para que você não tenha que morar comigo. –eu prometo novamente.
Ela refletiu um pouco.
-eu sei Ucker. Eu confio em você. –ela afirmou.
Eu sorri ao ver que ela não parecia brava.
Parecia outra coisa, parecia que ela ainda não tinha acabado.
Ela deitou sua cabeça mais ainda em meu ombro, desviando seu olhar do meu. Me preocupei. Ela só fazia isso quando estava em um momento muito constrangedor...
Será que eu a estava constrangendo, de alguma forma?
Provavelmente sim! Eu sempre fazia tudo errado...
Ela cortou meus pensamentos.
-eu sei que você prefere morar com a Dul e –ela hesitou –eu entendo você. Quem merece uma irmã adotiva e chata? –ela fez beicinho.
Eu não podia acreditar no que estava ouvindo.
Ela realmente achava que eu não queria morar com ela por causa da Dul?
Ela era doida ou o que?
Levantei seu rosto, forçando-a a olhar em meus olhos.
-Any –hesitei. Eu não podia acreditar que ela achava mesmo isso. –não é por isso que eu não quero morar com você. A Dul não tem nada a ver com isso. –afirmei, ainda sem entender de onde ela tirou essa idéia absurda.
-não tem? –ela perguntou incrédula. Como se eu estivesse falando uma mentira.
-não. Só que –hesitei de novo, falar ou não falar? Falei! –eu achei que você não queria morar comigo. Digo –hesitei mais uma vez, procurando a coragem. –da última vez que nos vimos, você deixou bem claro que não apreciava mais a minha companhia. –eu estava sendo sincero.
Era difícil lembrar daquela noite.
Eu tinha sido um péssimo irmão.
Não por causa da noite, mas por causa dos acontecimentos que levaram a noite.
-mas faz tanto tempo... –ela hesitou.
-quer dizer que eu não sou mais um “estúpido que não sabe o que faz e o que diz, um hipócrita que nem um assassino nazista merece como irmão.”? -logo que falei me arrependi de deixar claro que eu lembrava daquela noite.
A expressão dela mudou.
Era preferível que eu continuasse mentindo. Fingindo que tinha esquecido.
-não! Eu é que sempre fui uma patricinha mimada que não sabe ouvir não! –ela afirmou. E parecia acreditar nisso.
Nessa idéia absurda!
Eu já ia falar, mas ela me interrompeu.
-você nunca foi um mau irmão. E eu nunca fui uma boa irmã. O que eu fiz da última vez que nos vimos foi imperdoável. Eu não tinha o direito de envolver você em meus devaneios adolescentes. Tenho certeza que você não teria me envolvido, se fosse o caso. E sou eu quem não merece ter um irmão tão bom quanto você! Eu merecia um irmão assassino nazista!!! –ela falou tudo de uma vez, quase me perdi.
Mas de onde ela tinha tirado essa idéia?
Eu era o péssimo irmão.
Eu é que não merecia ter uma irmã tão boa quanto ela.
Any só poderia estar enlouquecendo, se ela realmente achava isso.
Tive que rir com a idéia de ela se achar uma péssima irmã.
E sim!!! Eu a envolvi em meus devaneios adolescentes.
Afinal, tudo aconteceu por minha culpa.
Ri mais ainda!
-que foi? –ela perguntou, irritada pelas minhas risadas.
-desculpa Any –hesitei –é que você –fiz uma pausa pra rir e verificar que o rosto dela estava surpreso. Eu não podia perder a oportunidade de uma piadinha. –você preferiria que eu fosse um assassino nazista? –conclui em um tom de deboche, que a irritou no bom sentido.
-Christopher! –ela exclamou, dizendo meu nome, coisa que eu amava, enquanto dava um tapa em meu ombro.
Isso me lembrou os tempos em que éramos crianças. Eu a provocava, ela me batia e me chama de Christopher. Senti saudades.
Foi hilário. Continuei rindo. Ela acabou se juntando a mim.
Estávamos rindo da nossa enorme briga há 6 anos atrás, ou era impressão minha?
Eu sempre soube que o lance do “irmão assassino nazista” ia virar piada familiar.
-eu sabia que um dia isso ia virar piada familiar. –admiti, entre risos.
-é. EU virei piada familiar. –ela disse, em um falso tom de ofensa.
-Any –ajeitei uma mecha de seu lindo cabelo, que estava fora do lugar. –você nunca vai ser uma piada. –concluí seriamente.
-então do que estamos rindo? –ela me desafiou.
-de uma situação engraçada. –rebati rápido demais.
-da qual eu sou o pivô! –ela afirmou, ainda bravinha.
Tive que rir.
Eu adorava irritar a Anahí!
Haha!
Eu amava tirá-la do sério.
Isso era errado...mas eu amava do mesmo jeito.
Não fazia isso há 6 anos. Era bom matar a saudade.
Eu amava nossos momentos juntos...
-Anahí, Anahí –hesitei. De novo: falava ou não falava? Falei! –eu te amo! –eu disse e beijei sua cabeça.
-eu também! –ela respondeu em uma voz de bebê. Me forçando a rir novamente.
Finalmente tudo fez sentido!
Any não acreditava que realmente sentia...aquilo que ela disse que senti, por mim na época em que abandonou Garden.
Era só uma confusão.
Causada por mim, é claro!
-você realmente não acreditava naquilo, certo? –perguntei depois de certo tempo de silêncio. Realmente estava curioso. Apesar de acreditar que ela não acreditava naquilo.
-no que? –ela perguntou. Mas ela sabia do que eu estava falando. Senti que aí vinha bomba. Ela ia me forças a dizer.
-que estava –hesitei, esse era um assunto desconfortável –apaixonada por mim? –conclui olhando em seus olhos. Olhos que ficaram distantes. Cheios de lembranças. As lembranças também me invadiram.
CONTINUA...
Autor(a): gabybrody
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-você realmente não acreditava naquilo, certo? –perguntei depois de certo tempo de silêncio. Realmente estava curioso. Apesar de acreditar que ela não acreditava naquilo. -no que? –ela perguntou. Mas ela sabia do que eu estava falando. Senti que aí vinha bomba. Ela ia me forças a dizer. -que estava –hesitei, esse er ...
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mariahsouza Postado em 11/01/2009 - 21:00:20
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mariahsouza Postado em 11/01/2009 - 20:58:59
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mariahsouza Postado em 11/01/2009 - 20:57:14
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rafinhacomplicated Postado em 05/01/2009 - 01:12:16
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mariahsouza Postado em 04/01/2009 - 20:12:08
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mariahsouza Postado em 04/01/2009 - 20:11:51
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mariahsouza Postado em 04/01/2009 - 20:11:31
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