Fanfic: Estranho de Amar

-você realmente não acreditava naquilo, certo? –perguntei depois de certo tempo de silêncio. Realmente estava curioso. Apesar de acreditar que ela não acreditava naquilo.

-no que? –ela perguntou. Mas ela sabia do que eu estava falando. Senti que aí vinha bomba. Ela ia me forças a dizer.

-que estava –hesitei, esse era um assunto desconfortável –apaixonada por mim? –conclui olhando em seus olhos. Olhos que ficaram distantes. Cheios de lembranças. As lembranças também me invadiram.

O rosto dela gelou. Ela enrijeceu.

Eu não deveria ter perguntado isso.

Era tarde demais.

As lembranças e a culpa me invadiram.

Não sei ao certo quando tudo começou, mas sei quando tudo ficou claro.

Eu tinha 19 anos, ela 17. Era natal, primo Derrick tomou um porre e acabou com a árvore de natal. Eu e Any fomos comprar a nova árvore. Ela demorou séculos escolhendo a nova árvore. Quando ela estava me ajudando a colocar a nova árvore na picape foi que...aconteceu.Tudo aconteceu muito rápido. Quando percebi, meus lábios já estavam tocando os dela. Pelo mais curto dos segundos meus lábios sentiram os dela. Meu corpo reagiu de uma forma que eu não esperava. Eu tremi e a puxei pela cintura, a puxei pra mim. Ela deve ter pensado que a puxei pra não cair. Mas não –sou um monstro –a puxei para colar o corpo dela no meu, e sentir sua pele encostando na minha, enquanto eu queria era transformar aquele selinho num tremendo beijo, estilo Titanic. Mas a razão me chamou, vi o rosto de papai na minha mente, e ele não estava feliz por eu agarrar minha irmã de criação. Então me afastei de Any e fiz uma piadinha qualquer sobre o assunto. Ela pareceu levar tudo na boa, pois também fez uma piadinha. Mas o ano que se sucedeu, foi o mais difícil da minha vida. Comecei a brigar com ela por coisas estúpidas, só para mantê-la afastada. Pois cada vez que ela se aproximava de mim, meu corpo tremia e reagia de maneiras erradas. No outro natal...foi quando tudo explodiu.

Eu estava no meu quarto, de bobeira, quando Any foi falar comigo. Ela disse que sentia coisas por mim, coisas que não eram normais. –eu sabia exatamente o que era a sensação, pois também sentia –novamente a imagem de papai veio a minha consciência. Eu não poderia lhe fazer uma coisa dessas. Então, eu disse não a Any, enquanto meu corpo gritava “sim”. Ela alegou que não se importava com o que papai ia achar, que ele não precisava saber... Ela tentou me beijar, eu quase correspondi. Eu não podia acreditar que tinha feito aquilo com ela, eu a tinha seduzido. Era imperdoável! Eu lhe disse que éramos irmãos e que isso nunca ia mudar. Disse que ela estava ficando louca, que aquilo era só uma paixonite e que logo ia passar. Que um dia, como acabamos de fazer, íamos rir de tudo isso. Ela não aceitou ouvir não. Me disse coisas horríveis, mas eu merecia coisas muito piores. Eu era um monstro!

No dia seguinte ela já não morava mais em Garden. Tinha ido pra sabe Deus lá onde. Até hoje ninguém nunca me contou. No réveillon era eu que já havia me mudado. Fui pra New Jersey, passar uns tempos na casa de uns amigos...

Resumindo, nunca mais a vi, até hoje.

E, para minha surpresa, ainda sinto o mesmo desejo proibido por ela.

E não é tão difícil como pensei, admitir isso.

Ela ainda tinha me respondido, seu pensamento estava longe...

De repente, ela me encarou. Como se estivesse voltando a realidade, acordando de um sonho.

Eu ainda esperava e temia sua resposta.

-sim –ela fez uma pausa e respirou fundo –eu realmente acreditava nisso. –ela não ousou mencionar a palavra “paixão”.

Eu olhei para ela, estudei seu rosto.

Era um lindo rosto.

Mas estava confuso, esperando alguma atitude vinda de mim.

Mas todas aquelas lembranças caíram sobre meus ombros.

Era errado, totalmente errado, mas eu queria ela!

No passado, é claro.

-Any –hesitei, procurava as palavras certa –sobre isso –ela me interrompeu, percebendo o quão difícil era pra mim falar nisso.

Mas eu tinha começado o assunto, ia ter que encará-lo!

-não precisa dizer nada. Eu agi com uma idiota. Já disse e repito, não tinha o direito de envolver você em meus devaneios adolescentes. –ela afirmou, convicta de que aquilo era certo.

-deixa eu acabar. –fiz uma careta. A culpa era minha, inteiramente minha! –por favor? –conclui.

-ok. Conclua! –ela bufou. Sempre odiou que discordassem dela.

-dizer não pra você –estudei seu rosto. E novamente me perguntei se falava ou esquecia. Mas eu não queria ficar mais seis anos longe dela, então falei. –foi a coisa mais difícil que eu já fiz. –admiti, sendo o mais sincero que pude.

Senti certo alivio em admitir.

A expressão dela era de confusão.

-o que? –ela perguntou, boquiaberta.

Eu sabia que teria que falar a verdade.

Teria que confessar meu totalmente errado desejo por ela, na época, é claro!

-dizer não pra você naquela noite, enquanto meu corpo dizia sim –hesitei ao lembrar –foi muito, muito, mas realmente, muito difícil. –foi realmente a coisa mais difícil que eu já fiz na minha vida!

-heim? –ela estava ainda mais confusa.

-por que acha que fui embora de Garden? –perguntei. Bem, fui embora de Garden antes de agarrar minha irmã de criação. Mas eu não podia dizer isso a ela. Ou podia?

-eu que sei? Eu fui embora por raiva e vergonha. –ela admitiu. Não gostei do que ela disse. Ela não tinha motivos pra ter vergonha. Já eu...

-pois eu fui embora por vergonha e raiva... –comecei, mas ela me interrompeu, como sempre.

-de mim, é claro! –ela disse, realmente acreditando no que estava falando.

Mas que besteira!

Eu jamais seria capaz de sentir raiva dela!

-é claro –eu a encarei –que não! Eu estava com raiva e vergonha de mim. Por sentir –desviei meu olhar do seu, não poderia confessar isso olhando em seus olhos.–por sentir aquelas coisas por você. Eu te seduzi Any! –eu admiti!

Finalmente eu disse em voz alta!

Tirei um peso dos meus ombros!

Mas coloquei outro peso...na minha consciência.

Ela riu.

Não entendi!

Tava do rindo do que? Da minha cara? Da minha confissão? De mim????

Anahí!

-que foi? –indaguei, já que não via motivo de risos.

-você me seduziu? –ela fez uma pausa para rir de novo. –ah tá. Eu tentei seduzir você, é diferente! –concluiu dona Anahí.

Totalmente errada, é claro!

Eu a seduzi sim!!!

Eu, um monstro de irmão de criação, a seduzi!

-Any você não está entendendo... –ela me interrompeu de novo, já estava ficando com raiva!

-eu estava apaixonada por você desde o verão passado. –ela corou ao admitir isso.

Mas...

Desde o verão passado?

Mas eu também me apaixonei por ela no verão passado!!!

Naquela época, é claro!

-Any! Eu dei um selinho em você. –a lembrei desse pequeno grande fato.

Não deveria ter feito isso, mas já era tarde demais.

-foi um acidente. –ela retrucou, com toda a naturalidade do mundo.

-eu segurei você pela cintura –um calafrio passou pelo meu corpo ao lembrar -no selinho! –conclui.

-você não queria que eu caísse. –ela falou, como se fosse óbvio.

-é claro que não! Eu queria sim que você caísse. –eu disse, minha voz falhou.

E eu queria que ela caísse! Caísse em mim!!!!!

-heim? –ela perguntou confusa.

-queria que você caísse em cima de mim! Nos meus braços! –admiti.

Era tão bom falar abertamente sobre isso.

Mas tão errado...

-mas no ano seguinte, fui eu quem tentou seduzir você! –ela estava mesmo a fim  de se culpar, mas a culpa era minha!

-só porque eu te dei um selinho no natal passado. –era óbvio!

-fui um acidente!!! –ela rebateu.

-não, não foi! Eu queria mais era te beijar de verdade, mas controlei os hormônios e só deixei aquele selinho escapar! –admiti quase gritando. Os hormônios do meu corpo já estavam enlouquecendo com as lembranças...

-é. Mas no ano seguinte você não queria mais me beijar. –ela me lembrou, mas eu senti que ela estava estranha com minhas confissões.

-você não entende! –eu já estava ficando irritado. –eu queria muito mais do que te beijar naquela noite. Queria passar a noite com você. Queria passar todas as noites com você. –parei pra respirar, meu corpo tremeu. Aqueles sentimentos errados estavam loucos pra sair e agarrar a Any... –fui por isso que eu fugi de Garden. Eu fugi do meu amor por você! –eu conclui e senti meu corpo estremecer. Assim como o dela!

Era amor....

Naquela época, é claro!

Mas eu nunca tinha admitido.

Principalmente em voz alta.

Principalmente na frente da Any...

Minha Any...

A expressão dela mudou. Ela se perdeu em lembranças de novo.

Uma onde de culpa caiu sobre mim.

Eu não deveria ter falado nisso.

Eu não deveria ter lembrado desse assunto.

Eu deveria ter continuado fingindo que nada tinha acontecido.

Eu jamais deveria ter admitido meu amor.

De repente, ela estava chorando!

Ótimo!

Fiz ela chorar!

Parabéns Christopher!

-você tá chorando? –perguntei só pra confirmar.

Ela pareceu não notar que estava chorando. Mas as lágrimas dela estavam escorrendo pelo rosto dela e caindo no meu peito, já que a cabeça dela ainda estava em meu ombro e meu braço em volta do ombro dela.

-desculpa Any. Eu não queria dizer isso. Eu nunca deveria ter dito isso. –eu estava nervoso de culpa!

-cala a boca e para de colocar a culpa de tudo em você. Você não percebe? É tudo culpa minha. Nós abandonamos mamãe e papai por culpa minha. –ela refletiu –na verdade, eu os abandonei. Me perdoa, Ucker? –ela praticamente implorou. O que era totalmente errado, já que a culpa era só minha!!!

-perdoar o que? –eu estava confuso.

-por ter feito você abandonar Garden. –ela explicou.

Totalmente errada de novo.

Eu é que fiz ela abandonar Garden.

-eu não abandonei Garden por sua causa. Abandonei por causa do que eu sentia por você. Eu estava enlouquecendo! –admiti.

E foi bom admitir.

Falar a verdade, ser totalmente sincero sobre aquele assunto.

Eu e Any nos encaramos por alguns segundos.

A ficha caiu!

Eu tinha confessado que a amava, no passado, e ela tinha confessado que também me amava, no passado, é claro!

-aí meu Deus! Preciso de alguma coisa alcoólica! –ela disse, após alguns instantes, levantando.

Eu não queria que ela levantasse. Não queria que ela ficasse longe de mim.

Os sentimentos errados estavam me dominando.

Em um impulso a puxei pelo braço, ela caiu no meu colo. Ficamos a centímetros, como naquela noite do selinho...

Senti seu corpo estremecer, senti sua respiração, seu cheiro.

O monstro me dominou!

-o que eu queria ter feito naquela noite –olhei em seus olhos, pra ter certeza de que ela não iria se importar. –era isso! –ela estava tão confusa quanto eu!

Delicadamente, segurei seu rosto entre minhas mãos e meus lábios tocaram os seus, pela segunda vez na vida.

Eu não deveria ter ficado surpreso quando ela correspondeu com intensidade. Mas fiquei!

Beijá-la “ao vivo” era muito, muito, muito, muito, realmente muito melhor do que eu jamais havia imaginado.

Era fantástico.

Fantástico e totalmente errado...

O monstro assumiu meu corpo de novo, mais necessariamente minha língua, que foi parar no céu da boca de Any.

Que, novamente para minha surpresa, enroscou seus braços ao redor do meu pescoço.

O que estava acontecendo? Por que estava acontecendo? Por que era tão bom?

Novamente o monstro mandou eu pensar menos e fazer mais. Obedeci prontamente!

Pressionando Any a mim.

Foi uma loucura.

Eu já não conseguia mais respirar quando acabou.

Depois de muito tempo, que passou rápido demais, finalizei nosso 1º beijo com um selinho.

Mas continuamos sentados, ela no meu colo, nos encarando.

-era isso! –exclamei pra quebrar o silêncio, enquanto recuperava o fôlego.

-entendo. –ela hesitou, também tentando recuperar o fôlego. Confesso que gostei de tirar o fôlego dela. O monstro também adorou!!! –pena que você não fez isso àquela noite. –ela suspirou.

Também me arrependi de não ter feito isso naquela noite.

Estava começando a gostar do monstro na minha cabeça.

Isso era totalmente errado.

Mas eu não poderia permitir que ela sumisse por mais 6 anos.

Não podia!

-sempre há tempo. –eu a encarei, estudando sua expressão. –ainda quer aquela bebida alcoólica? –conclui. Ela, para alivio meu, sorriu!

O monstro chegou ao êxtase!

CONTINUA...