Fanfic: Estranho de Amar
Já faz uma semana que papai morreu.
Ele era evangélico, mas o padre da igreja local era um grande amigo seu, então insistiu em oferecer uma missa de 7 dias. Tio Pedro, que odiava uma discussão, concordou.
Não falo direito com Any há uma semana.
Por que?
Pelo simples fato de eu ter feito amor com ela na noite do velório de papai.
Ela é minha irmã de criação, eu sei, não tem sangue envolvido, mas...
Depois do que aconteceu na casinha da árvore –ela caiu, foi hilário – as coisas entre nós pioraram.
Poncho e Chris morrem de rir até hoje quando se fala sobre a queda da Any.
E, até hoje, ela fica super brava.
Eu e Any ainda não decidimos o que fazer em relação a clausula maluca do testamento: Nós dois? Juntos? Durante um ano? Na casa onde crescemos? Isso é coisa boa? Provavelmente não!
Pra completar, minha namorada Dul ainda não voltou pra Los Angeles.
Eu sinto que é muito difícil para Any, ficar no mesmo lugar que Dul.
Dul, dia desses, me perguntou se a Any não gostava dela.
Tive que dar uma desculpa qualquer, relacionando o gelo de Any com a morte de papai.
Fomos pra igreja.
A missa foi longa.
Foi a coisa mais longa da minha vida!
Sabe por quê?
Toda hora Dul, na intenção de me consolar pela morte de papai, me abraçava ou fazia um carinho. Eu tinha que ficar desviando.
Foi horrível!
Sentamos no meio da igreja.
Certa hora, olhei para o fundo da igreja, onde Any estava sentada, e percebi que ela estava rindo da situação em que eu estava: fugindo de Dul!
Finalmente aquela coisa chamada missa acabou!
Aleluia!
-vamos comer uma pizza? –Chris convidou.
Eu, Dul e Any em uma pizzaria? Não obrigado!
-não dá! Tenho que levar a Any no médico. –May o repreendeu.
Any ao médico?
O que ela tem?
Meu Deus!
Eu fui o culpado pela queda da casinha da árvore.
Será que a Any tinha se machucado mais do que tinha me contado?
-o que ela tem? –perguntei preocupado, Any me encarou.
-caiu de uma árvore. –May me lançou um olhar fulminante.
“Se olhar matasse...”
-na verdade, ela caiu de uma casinha da árvore. –Poncho corrigiu sua irmã, entre risos.
Ele, mais do que todos, se divertia muito com a situação de Any, aos 24 aninhos de idade, ter caído de uma casinha da árvore.
E era realmente hilário!
Mas será que ela tinha se machucado?
-você tá bem Any? –Dul perguntou preocupada.
Me senti culpado!
-tô sim Dul, obrigada. –Any respondeu me encarando.
Me senti mais culpado ainda!
-você bateu a cabeça, por acaso? –perguntei bravo.
Ela deveria ter me contado!
-é claro que bateu. E é claro que não te contaria. –May pareceu ler meus pensamentos.
Graças á Deus ela não podia ler meus pensamentos!!!
Mas ela tinha batido a cabeça.
A queda tinha sido mais séria do que parecia.
Eu era um monstro!
-ok. Vão pra pizzaria. Eu levo ela ao médico. –ordenei.
Oba! Isso era bom!
Eu ia escapar da pizzaria e ia ficar sozinho com a Any...
Isso era errado!
-não! –Any reclamou.
-deixa de ser criança! –briguei enquanto a colocava no banco de carona do meu carro novo.
É!
Comprei um carro!
Afinal, eu não podia ficar usando o do Poncho o tempo todo!
-Christopher! –ela reclamou que nem criança.
Todos riram, ela fez beicinho!
-te vejo depois, então. –Dul falou e me deu um selinho.
Eu gostava dela.
Mas eram outros lábios que eu queria tocando os meus.
Apesar disso ser tão errado!
-então tá. Eu deixo você levar ela ao médico. –May brincou.
May era uma ótima prima!
Super compreensiva.
Eu a adorava.
Tenho certeza de que se ela soubesse sobre o que eu e Any fizemos, não ficaria brava!
Pelo menos não com Any...
-então vamos! –Poncho praticamente ordenou ao grupo. –estou faminto. Quero pizza! –ele reclamou.
-melhor irmos mesmo. Não queiram ver o Poncho com fome! –Chris zoou.
Isso era tão Poncho!
Dei uma risadinha, entrei no carro, lancei um olhar a Any, coloquei o sinto e fomos.
Any não falou nada durante a viagem até o hospital.
Eu também não fiz questão de puxar assunto.
O que eu diria?
“Legal aquilo que fizemos no velório do papai. Né?!”
Claro que não!
Então me calei.
Chegamos ao hospital e ela fez um monte de exames.
Me preocupei.
Odiaria ver Any doente!
Estávamos, eu e Any, no quarto, esperando Dr. Einstein com os exames.
Ela sentada com aquelas camisolinhas brancas de hospital. Estava linda e emburrada!
Eu, em pé, ao lado da cama onde eu estava sentada.
Ela parecia tão ingênua, tão indefesa, tão...
Eu era um péssimo irmão!
Eu realmente estava arrependido.
Eu queria ser um irmão melhor.
E eu faria tudo possível para isso.
Comecei a fazer carinho nas costas de Any.
Pela primeira vez, sem segundas intenções.
Bem, não totalmente, mas...
Esquece!
Ela me olhou.
-desculpa. –praticamente implorei.
-tá perdoado. –ela foi sincera.
Eu sorri, ela retribuiu o sorriso.
Seu sorriso era lindo!
-foi errado e irresponsável deixar você cair da casinha. –e foi mesmo. –mas o que eu disse era verdade. Não me peça pra esquecer a nossa noite. Mas também não me peça para repeti-la. –admiti.
Eu não podia esquecer!
Não tinha o direito de fazer isso comigo mesmo.
E eu também não conseguiria esquecer.
Mas eu também não podia repetir.
Eu devia isso a papai.
-ok. Darei o máximo de mim. –ela prometeu, e parecia sincera.
O Dr. Einstein chegou.
Dr. Einstein era o único médico de Garden.
E era mais lerdo que uma tartaruga com QI de ameba em coma!
-e aí? –perguntei preocupado.
Me pareceu que Any se espantou com minha preocupação.
-o que aconteceu mesmo? –o doutor perguntou. Mas ele não sabia? Que ineficaz!
-ela caiu –tive que me segurar pra não rir. –da casa da árvore. –era hilário! Any fez uma careta.
-isso é grave. No estado dela –que estado velho doutor? Estado de apaixonada pelo irmão de criação? Era errado amar o fato de saber que ela estava apaixonada por mim? É claro que era! –mas não precisa se preocupar. Seu sobrinho está bem. –sobrinho de quem?
Eu e Any nos encaramos.
O velho doutor endoidou de vez?
-como? –indaguei.
Estava nervoso, sem saber o porquê.
-o bebê, está tudo bem. A gravidez ainda está nas primeiras semanas, a queda foi muito perigosa, mas está tudo bem. –ele se explicou.
Eu e Any nos encaramos de novo.
“Gravidez”?
Gravidez de quem?
Lembrei que não tinha usado camisinha em minha noite de amor com minha irmã de criação.
Eu não tinha nenhuma camisinha no momento. E nunca me ocorreu que fosse precisar de uma. E eu e Any já tínhamos esperado tempo demais pra sermos impedidos pela falta de uma camisinha.
Me dei conta de quanto eu tinha sido irresponsável.
Mas ele também poderia ter trocado a ficha?
Afinal era um médico tão velho...
Peguei a ficha da mão dele e conferi.
Era mesmo a ficha de Any.
Ela estava grávida!!!
-você tá grávida? –perguntei só pra conferir. Já que a resposta dessa pergunta já me torturava.
-não! –ela foi sincera.
-oh, você não sabia? –perguntou aquela coisa lesada que se dizia médico.
-olha minha cara de quem sabia! –Any estava irritada.
E com uma cara perplexa.
Aquela coisa lesada encarou a cara dela.
Eu já estava quase tendo um enfarto.
Graças à Deus estávamos em um hospital!
-então, bem, você está grávida. –ele afirmou sorrindo.
Any fez uma careta de desgosto.
Eu ainda não podia acreditar.
Mas...será que era meu?
Eu jamais duvidaria da índole de Any, mas éramos irmãos de criação...não poderíamos ter um filho juntos. Ou poderíamos?
-desde quando? –perguntei esperançoso.
-mais ou menos uma semana. Como disse, a gravidez está em um estado inicial. É um milagre que tenha resistido a queda. Mas resistiu. Vamos monitorar essa gravidez, mas acho que está tudo bem com o feto. Parabéns, mamãe! –ele deu um tapinha no joelho de Any e foi entregar a ficha pra enfermeira.
Eu e Any ficamos sozinhos e boquiabertos.
Eu parei na frente dela e apoiei minhas mãos em seus joelhos, enquanto colocava a cabeça pra frente e pra trás.
E pensava nisso:
Any estava grávida de um filho meu!
Eu não estava conseguindo respirar direito.
-você sabia disso? –consegui falar depois de muito tempo confuso.
-é claro que não. Estou tão surpresa quanto você. –ela rebateu rapidamente.
-é meu? –eu sabia que era, mas precisava ouvir da boca dela.
-de quem mais seria? É óbvio que é seu! –ela pareceu brava, e com razão!
-desculpa perguntar. Mas eu precisava. –me expliquei. –o que faremos... –ela me interrompeu.
-eu não vou fazer nada demais ao meu bebê Ucker! –ela rosnou.
Mas é claro que não!
Eu jamais pensaria nisso!
Mas eu entendia, ela estava tão confusa quanto eu.
-é claro que não. Ninguém vai machucar o nosso bebê. –prometi.
Estremeci ao usar a palavra “nosso”.
Eu e Any íamos ter um filho!
Any, de repente, começou a chorar.
Eu me inclinei mais pra perto e a beijei.
Era tudo que eu podia fazer.
Era tudo que eu queria fazer.
Era tudo...
Eu a beijei delicadamente.
Eu precisava daquele beijo tanto quanto ela.
Nos amávamos, não havia como negar.
Era errado, não havia como negar.
Eu esquecia do mundo quando a beijava, não havia como negar.
Finalizei o beijo com um selinho.
Alisei seu lindo rosto, agora mais conformado, e a segurei pelos ombros.
-eu estou aqui. –prometi.
Era tudo que eu podia fazer.
Eu estava dando o máximo de mim.
Jamais deixaria Any sozinha em uma situação dessas.
-eu sei. –ela sussurrou, enquanto as lágrimas caiam pelo seu rosto.
Doía vê-la triste e chorando.
Doía ver a mãe do meu...filho assim.
Eu ia ter um filho!
Ela se inclinou em minha direção e colocou seu rosto em meu peito.
-parece que vamos ficar em Garden. –falei sorrindo, na esperança de confortá-la.
Odiava vê-la assim.
Principalmente por minha causa.
-oba. –ela disse desanimada.
Eu a abracei o mais forte que pude.
Me senti bem, apesar de todos os problemas que sabia que estavam por vir.
Nenhum de nós dois estava preparado para o futuro.
Nós temíamos o futuro.
Semana passada éramos dois irmãos que não se viam há 6 anos.
Agora éramos um homem e uma mulher, que não sabiam ao certo qual era o grau de seu relacionamento, esperando um filho.
Mas, pelo menos, resolvemos um dilema.
Papai venceu!
Ficaríamos em Garden.
Por um ano!
Morando juntos!
Com o nosso bebê.
Any estremeceu, parecia também estar se dando conta de todas as coisas que estavam por vir.
Eu apertei mais ainda o abraço.
Eu precisava dela e ela precisava de mim.
Nosso bebê precisava de nós.
Eu estava lá, isso era tudo.
Isso era tudo de mim.
Eu realmente estava lá!
Enquanto ela precisasse, eu estaria lá!
CONTINUA...
Autor(a): gabybrody
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Olá! Sou a escritora dessa web. Primeiramente gostaria de agradecer por lerem-na. Espero que tenham gostado dos capítulos narrados por Ucker. Agora sabemos que pra ele tudo é tão, ou mais, difícil quanto pra Any. E que existe a eterna luta entre a “consciência” e o “monstro”. A partir daqui Any volta a ser ...
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mariahsouza Postado em 11/01/2009 - 21:00:20
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mariahsouza Postado em 11/01/2009 - 20:58:59
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mariahsouza Postado em 11/01/2009 - 20:57:14
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rafinhacomplicated Postado em 05/01/2009 - 01:12:16
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mariahsouza Postado em 04/01/2009 - 20:12:08
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mariahsouza Postado em 04/01/2009 - 20:11:51
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mariahsouza Postado em 04/01/2009 - 20:11:31
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