Fanfic: Bebê à Vista Adaptada * AyA* (Terminada)
Ela se agarrara a essa idéia e, em setembro, fizera novas reservas.
Talvez devesse ter deixado a iniciativa para Kurt. Assim, talvez ele houvesse se lembrado...
Na noite anterior, quando ele passara na pousada para jantar e pegar os trabalhos datilografados, ela lembrara:
- Não se esqueça do jantar amanhã. Às seis e meia.
- Claro - repetira Kurt, distraído, e a beijara na testa. Ela o observou descer a rua, a cabeça baixa, já revisando o trabalho acadêmico.
- O que você vai preparar para ele amanhã?
Annie levara um susto ao ouvir a voz de Poncho às costas. Acreditara já ter-se habituado à presença dele na pousada, naquelas duas semanas que ele passara lá, calado e amuado, atirando-se ao trabalho ao menor pedido da tia.
Até esperara que ele desabafasse, mas ele só pensava em serrar, martelar e parafusar.
A explicação viera de Hattie:
- Ele desmanchou o noivado.
Annie tentara ignorar a onda de alegria que assolou seu coração. Na verdade, tentara desesperadamente ignorar Poncho. Não queria mais amá-lo, considerando que ele nem notava sua existência. Além disso, tinha Kurt.
- Ele vai me levar para jantar fora - esclarecera, em resposta à pergunta de Poncho.
- E ele sabe disso? Você escolheu o restaurante e fez as reservas.
- Porque eu quero ir lá - justificara Annie, cerrando os dentes. Eu fiz as reservas porque Kurt é muito ocupado.
- Ocupado com todo mundo, menos com você.
- Ele tem tempo para mim - teimara ela. - Ele vai me dar toda a atenção amanhã à noite.
Poncho desdenhou.
- Se ele se lembrar...
Annie sabia que Poncho testemunhara a distração de Kurt mais de uma vez naquelas duas semanas, chegando a comentar a respeito.
Annie sabia que o noivo não era perfeito, mas Poncho não escolhera bem seu par, tampouco. Isobel Rule o dispensara.
- Não se preocupe comigo - finalizara Annie, chateada.
- Não vou me preocupar.
"Kurt não vai se esquecer", acreditara ela. Claro que não. Ele sabia o quanto aquela comemoração significava para ela.
Na noite do aniversário, Annie preparara o jantar para Hattie e Poncho, mas não fizera a refeição, evidentemente. Em vez disso, subiu para se aprontar. Depois, sentou-se na recepção e aguardou, sorrindo contente enquanto conversava com os hóspedes. Deu seis e meia. Sete horas. Inquieta, ela deixou de prestar atenção aos comentários dos hóspedes.
Poncho aparecera vindo da adega com uma garrafa de uísque, brindando a sua presença ainda na pousada. Ela desviara o olhar.
Às sete e quarenta e cinco, ela pediu licença e foi até a varanda, ainda sorrindo, mas um pouco preocupada. O carro de Kurt não era dos mais novos e não estava em boas condições. Teria apresentado problemas?
Ela olhou para o fim da rua. Foi até a encosta e estreitou o olhar para tentar localizar o carro. Ficou esperando do lado de fora até as oito e meia. Sozinha.
Finalmente, às nove, desistiu. Foi para a recepção, de cabeça baixa, grata por Poncho não estar ali para tripudiar.
Hattie estava descascando maçãs. Ao vê-la, franziu o cenho.
- Já de volta?
Annie esboçou um sorriso.
- Nem saí. Kurt deve ter tido alguma emergência. - Desejou que a voz não houvesse saído trêmula.
- Nesse caso, teria telefonado - observou Hattie.
- Talvez não tenha encontrado um telefone. - Annie pegou a faca de legumes da mão de Hattie. - Pode deixar que eu faço isso...
Precisava se ocupar. Precisava não pensar em nada. Precisava não se magoar.
Após cumprir aquela tarefa, começou a arrumar a cozinha. Dobrou os guardanapos em forma de cisne, desdobrou-os e dobrou-os novamente em forma de gaivota. Poliu a cafeteira, a chaleira, a bandeja, o porta-creme e o açucareiro. Durante todo o tempo, manteve-se atenta ao som de passos e reprimiu a vontade de verter lágrimas.
Venha, Kurt, desejou, silenciosamente. Por favor, venha.
Ele não veio.
Convenceu-se de que ele tivera um bom motivo. Estava sendo tola em dar tanta importância ao fato. Era ridículo ficar tão magoada.
Mas estava. A dor residia ali dentro, real. Reais também eram as lágrimas, que deixou extravasar, sozinha no quarto, depois das onze horas.
Annie não chorava à toa. Era um moça do tipo durona, que nunca se deixava abater.
Mas naquela noite ela chorou.
Despiu o vestido rosado de organdi que comprara especialmente para aquela ocasião. Passou a língua pelos lábios enquanto guardava a peça no guarda-roupa. Foi ao banheiro, lavou o rosto e escovou os dentes. Desfez o coque elaborado que fizera no cabelo à tarde. Durante todo o tempo, soluçou, piscando forte, tentando controlar as lágrimas.
Autor(a): Bela
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 93
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unposed Postado em 13/02/2011 - 20:53:29
Adorei a web todinha..obrigada por posta-la.
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myrninaa Postado em 12/02/2011 - 17:39:39
Amei a wn do inicio ao fim *-*. Parabens ^^
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feio Postado em 11/02/2011 - 16:01:50
muito legal
bj -
juhlisboa Postado em 11/02/2011 - 14:11:10
OHHH QUE FOFOS!
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thataty Postado em 11/02/2011 - 13:46:26
Adoreii parabens.
Quero um Poncho pra mim -
thataty Postado em 11/02/2011 - 12:42:35
Que lindoos...
Posta++++++++++++++++++++++++++++++++++ -
thataty Postado em 11/02/2011 - 12:42:35
Que lindoos...
Posta++++++++++++++++++++++++++++++++++ -
juhlisboa Postado em 11/02/2011 - 12:20:23
aaaaa, posta mais!
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juhlisboa Postado em 10/02/2011 - 19:53:50
Vai atrás dela Poncho!
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feio Postado em 10/02/2011 - 19:44:41
ultimo capitulo?
ha
mas ja
bj