Fanfic: Bebê à Vista Adaptada * AyA* (Terminada)

Annie preparava o café da manhã com atraso quando tropeçou em Humphrey Bogart e dei­xou cair as torradas no chão.

- Ah, não!

Era a gota d`água.

Passara quase a noite toda rolando e se revirando na cama. Estivera recordando, revivendo e ouvindo Poncho rolan­do e se mexendo na cama dele também, pois, além de a parede ser contígua, as camas ficavam próximas uma da outra. Ou talvez ela simplesmente estivesse muito sintoni­zada, a ponto de ouvir cada ruído.

Em que Poncho estaria pensando?

Nem queria saber. Já tinha problemas com seus próprios pensamentos. E o bebê parecia ter percebido sua perturba­ção, pois também ficara agitado. Tinha a impressão de que acabara de adormecer quando o despertador tocou, às seis e meia.

Levantou-se rápido e vestiu-se, tomando o cuidado de não se olhar no espelho enquanto penteava os cabelos e escovava os dentes. Desceu e começou a preparar o café de manhã.

Quatro hóspedes pretendiam passear de bicicleta pela trilha que ligava Dubuque a Dyersville e haviam pedido que o café fosse servido bem cedo, de modo que pudessem partir às oito horas.

Annie não costumava ter dificuldade em atender pedidos as­sim, mas, naquela manhã, não estava em sua melhor forma.

Logo de início, ferira o dedo polegar ao preparar o suco de frutas e precisou jogar fora as bananas com manchas de sangue. A seguir, deixou queimar a linguiça na frigideira. Se continuasse assim relapsa, Poncho acabaria demitindo-a, e ela teria que ir embora.

Dera comida errada a Errol Flynn por engano e só uma hora depois, ao ver o gato adoentado, percebeu o equívoco. Para completar, esquecera-se de que um dos hóspedes era vegetariano e teve que tirar o prato de linguiça da frente dele, desculpando-se, garantindo que raramente cometia en­ganos assim. Suas colisões tornavam-se cada vez mais fre­quentes, considerando o aumento diário no volume da bar­riga, e após cada uma o bebê protestava com chutes.

Mais cinco hóspedes apareceram para tomar café antes que ela estivesse preparada para servir. Mal os atendera, quatro hóspedes desceram pedindo para ser servidos logo.

Felizmente, os três hóspedes que faltavam se atrasaram e Annie até conseguiu preparar o desjejum deles a contento, até que Humphrey Bogart se pôs em seu caminho; tropeçando nele, ela caiu. Em desalento, permaneceu alguns segundos sentada no chão, em meio às torradas e linguiças esparramadas.

- Ai, que sujeira!

Antes que pudesse reagir, Annie foi erguida por braços fortes. Era Poncho. Ele não a liberou logo. Era a primeira vez que a tocava desde a noite em que haviam feito amor e, embora ela tentasse se convencer de que não o queria, um toque e uma noite mal dormida tinham sido suficientes para mandar sua determinação ralo abaixo.

- Você está bem? - indagou ele.

Trémula, devido à queda, mas também à proximidade de Poncho, Josie recuou um passo.

- Estou ótima! Só tropecei no cachorro. - Tentou se desvencilhar, mas ele a segurava firme.

- Tem certeza?

- Sim, claro...

Não fora bem um tombo, pois ela não caíra sobre a barriga. Colidira antes com o balcão, o que amortecera a queda, mas com certeza ganharia uma mancha roxa. De qualquer forma. sentia-se muito mais incomodada com a presença de Poncho.

-  Por favor, solte-me - pediu. - Tenho que servir o café. - Preciso sair de perto de você.

- Você precisa se sentar - aconselhou Poncho.

- Não, eu...

Mas Poncho já a conduzia pelos ombros, não para uma das cadeiras da cozinha, mas pela porta que levava à copa.

- Descanse um pouco - sugeriu, indicando a namoradeira.

- Não posso! - protestou Annie. - Tenho que...

- Você tem que fazer o que eu mando. Ela o olhou espantada.

- Por quê?

Poncho deu-lhe um sorriso traquinas.

- Porque senão eu vou demiti-la. Ela franziu o cenho.

- Você não se atreveria.

-  Quer apostar? - desafiou ele. - Se você se sente melhor relutando, por favor, vá em frente. - Insistiu, e ela se sentou na namoradeira. - Mas fique relutante sentada.

Ela ia reagir, mas as almofadas da namoradeira eram confortáveis e o peso do bebê mantinha-a no lugar

- Preciso servir o café da manhã aos hóspedes!

- Os hóspedes serão servidos, assim que eu tiver certeza de que você vai ficar aqui quieta.

Ele começou a bater um pé para mostrar-lhe o quanto estava impaciente para começar a servir. Sim, isso mesmo!

Annie estreitou o olhar e adotou a expressão mais repro­vadora possível. Poncho não se intimidou, apenas devolveu o olhar. Ela sentiu que ele ficaria ali o dia inteiro se ela continuasse discutindo.

- Alguém precisa fazer a limpeza - rebateu.

- Alguém, não você.

Ela abriu a boca para argumentar, mas desistiu ao vê-lo bravo.

- Basta, Annie. Desanimada, ela desistiu:

- Ótimo. Faça você então. Vá servir. Vá limpar. - Ela cruzou os braços. - Pode pôr a mão na massa e assobiar, pois não vou me importar.

Ele sorriu.

Sam Fletcher tinha um sorriso arrasador. Ela virou o rosto e pegou uma revista, demonstrando indiferença. Poncho assentiu, satisfeito.

- Assim é melhor.

Então, foi para a cozinha, assobiando.

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