Fanfic: Bebê à Vista Adaptada * AyA* (Terminada)

Sentada na namoradeira, Annie ouvia Poncho conversar com os hóspedes, mas não conseguia distinguir as palavras. Quis se levantar para ir até a porta e ouvir melhor, mas sentiu as pernas bambas. Teria a queda sido mais grave do que imaginara? O bebê se mexeu em sua barriga, espreguiçou-se e então começou a chutar.

-Você está bem, não está? - perguntou Annie, preocupada.

Imóvel, analisou todas as sensações, tentando detectar alguma ligada a contrações, que só conhecia por descrição.

Ultimamente, vinha sentindo uma dor diferente, uma es­pécie de cólica intestinal. Na última consulta, comentara a respeito com o obstetra.

- São contrações - explicara ele. - Umas poucas con­trações, irregulares, não significam nada. Não espere contrações fortes. Não ainda. É muito cedo para isso.

-  Ainda é muito cedo - sussurrou Annie ao filho na barriga. - Ainda é cedo demais.

Faltavam dois meses. Annie mantinha a mão sobre a bar­riga, como se assim pudesse amenizar a inquietação. Sentiu o bebê se mexer novamente e, então, ele se aquietou. Res­pirou fundo, aliviada.

Alguém colocou pratos na pia. Annie ouviu as peças de prata serem dispostas em seguida. O café da manhã estava encerrado. A porta da cozinha foi aberta. O gato rosnou e soltou um miado indignado. Poncho praguejou.

A porta da copa se abriu. Poncho entrou trazendo Errol Flynn, colocando-o nos braços de Annie.

-  Fique com ele. Vou voltar com os outros dois. E o cachorro. Não sei como não acabou se matando lá dentro. Esses animais ficam no pé da gente o tempo todo.

Annie abraçou Errol Flynn, ainda irritado, de forma protetora.

- Estou acostumada com eles.

- Bem, eu, não. - Poncho já voltava para a cozinha, mas se deteve. - Como está se sentindo?

A gentileza repentina na voz dele deixou-a emocionada. Ela tentou disfarçar.

- Otima. Como lhe disse.

- Vou lhe trazer uma xícara de chá.

- Não precisa...

Aparentemente, Poncho não se importava com a sua von­tade. Foi para a cozinha e voltou pouco depois, com Wallace Beery, Clarke Gable e Humphrey Bogart.

- Eles não vão ficar aqui - avisou Annie.

- Vão, sim.

Ponchoi saiu e voltou com uma comidinha para o cachorro e um pires de leite para os gatos.

- Eles não devem tomar leite - protestou Annie.

- Eles não podem é ficar no pé das pessoas tampouco. Annie franziu o cenho. Os gatos pareciam satisfeitos. Errol ficou irrequieto em seus braços até que ela o liberou para juntar-se a Wallace e Clark em torno do pires. Todos ron­ronavam. Humphrey olhou para Poncho e agitou a cauda, ob­viamente querendo mais biscoito. Poncho atendeu-o.

- Isso é suborno - denunciou Annie.

Poncho lhe lançou aquele sorriso devastador novamente.

- Às vezes, é preciso.

Então, deu uma piscadela, que ela fingiu não notar, fe­chou a porta e deixou-a sozinha com a bicharada.

- Às vezes, é preciso - imitou ela, irônica.

A porta se abriu novamente. Ele estava de volta.

- Com leite e sem açúcar. Certo?

Annie confirmou com um movimento de cabeça e Poncho desapareceu mais uma vez.