Fanfic: Bebê à Vista Adaptada * AyA* (Terminada)
Não era fácil ignorar Poncho. Ajudaria se ele permanecesse no quarto, mas ele não fazia isso.
Aparecia na cozinha, fazia perguntas, rabiscava anotações, pedia-lhe que o lembrasse de reuniões com empresários tailandeses e relojoeiros alemães, ou que ligasse para Elinor e pedisse que ela cuidasse de um carregamento de guarda-chuvas japoneses.
Guarda-chuvas, ora!
Annie queria mandá-lo pular no lago, mas não dava mostras de estar irritada.
Ajudaria também se ele desistisse do papel de gerente. Duas vezes, hóspedes haviam tocado a campainha e, quando ela fora atender, já encontrara Poncho fazendo as honras da pousada, mostrando o estabelecimento com uma simpatia que com certeza estava relacionada a seu sucesso nos negócios.
Annie convenceu-se de que ele tinha esse direito. Era o patrão. Apenas gostaria que ele se apresentasse como tal, a ela como gerente. Mas ele só dizia: "Esta é Annie".
Notando o olhar possessivo dele e a barriga dela, as mulheres logo deduziam o óbvio e perguntavam para quando seria o bebê, comentando como era bom ter o marido por perto todo o tempo.
Annie queria estrangulá-lo. Queria usar uma camiseta com os dizeres: "Ele não é meu marido!" Mas não ousava.
Não somos casados!, queria gritar para todos. Mas não fazia isso, pois gerentes de pousadas não gritavam com os hospedes.
Poderia, entretanto, gritar com o patrão assim que tivesse uma oportunidade. Na maioria das vezes, sorria educada retirava-se assim que podia. Se ele queria recepcionar os hóspedes, estava ótimo para ela, pensou, ranzinza. Poupava-lhe ter que sorrir todo o tempo.
- Parece que ela andou chupando limão, não parece, Ben?
Annie parou de confeccionar a grinalda e viu Cletus e Benjamim entrando pela porta dos fundos. Conseguiu esboçar um sorriso para os dois velhinhos e passou a mão pelo cabelo.
O clima esquentara e, desde que ficara grávida, sentia mais calor do que o normal, o que a deixava aborrecida. Era bom mesmo que Alfonso se ocupasse dos hóspedes. Mostrava-se muito mais simpático do que ela naquele momento.
Paciente, ouviu os comentários de Cletus e Benjamim. Sabia o quanto eles se preocupavam com ela desde a morte de Hattie e deviam ter transmitido suas preocupações a Poncho.
Talvez, se tentasse, conseguisse que eles tranquilizassem Poncho.
Juntou vários galhos de eucalipto e amarrou-os com arame. Olhou de novo para os velhinhos e esforçou-se para alargar o sorriso.
- Não chupei limão, não - declarou. - Só está quente aqui.
- Quer que ligue o ar-condicionado? - ofereceu-se Cletus.
- Não, eu estou bem.
- Estou contente em saber - disse Benjamim. - Você não parece cem por cento.
Annie encolheu os ombros.
- Estou me sentindo um pouco... desocupada. Só isso.
- Poncho não está cuidando do casamento?
Annie ergueu a cabeça.
- Que casamento?
- O seu.
- Não vai haver casamento nenhum - afirmou Annie.
- O que quer dizer com "não vai haver casamento"? - Benjamim cerrou as sobrancelhas brancas. - Claro que vai. Foi por isso que ele voltou.
- Pode ser o motivo da vinda dele, mas isso não significa que eu vá me casar com ele.
Cletus parecia revoltado.
- Por que não?
- Porque eu não quero - afirmou Annie.
- Por que não? - exigiu Benjamim.
Annie suspirou. Onde, imaginou, estava escrito que tinha de explicar cada decisão sua a dois velhinhos abelhudos?
- As pessoas não se casam só porque vão ter um filho.
- Parece um bom motivo para mim - disparou Cletus.
- Excelente motivo - reforçou Benjamin.
Annie balançou a cabeça.
- Não na minha opinião.
- Tem um motivo melhor?
- Por amor.
- Você o ama. - Ambos olharam para ela, desafiando-a a negar.
Annie desviou o olhar. Mordeu o lábio e pegou mais galhos de eucalipto, amarrando-os também.
- Não ama? - insistiu Benjamim.
- No passado, tive um fraco por ele - concedeu Annie, bastante irritada. - Há muito tempo.
Ambos ergueram as sobrancelhas. Annie supunha que devia ficar agradecida por eles não observarem que ela não dormira com Poncho naquela época.
- Já acabou - insistiu ela.
Cletus inclinou a cabeça.
- Você não tem mais aquele sentimento?
- Não, não tenho mais aquele sentimento. - Era verdade. Superara aquele "sentimento" havia muito, tanto que agora concluía que fora uma "doença". Olhou-os severa. - Poderiam ficar fora disso?
- A gente só queria ajudar - justificou Cletus.
Annie reuniu mais paciência.
- Eu sei. Mas não estão ajudando. Estão tornando tudo mais difícil.
- Eu me caso com você - ofereceu-se Benjamim.
Cletus e ela olharam para o outro velhinho, boquiabertos.
- Isso mesmo - repetiu Benjamim, ruborizado até a raiz dos cabelos. - Se está procurando alguém que a ame...
Annie sentiu o coração derreter. Largou os galhos de eucalipto e foi abraçar Benjamim. Foi um abraço desajeitado, principalmente por causa da barriga, mas nem por isso menos emotivo.
- Oh, Ben... - Annie beijou a face enrugada avermelhada. - Você é tão bom para mim.
- Estou falando sério - declarou ele, passando o peso de uma perna para outra. - Eu me caso.
- Aprecio a oferta. Sabe que aprecio. E eu o amo também. Aos dois. - O sorriso dela incluía Cletus. - Mas não do jeito que, imagino, será com o meu marido. E não do jeito que gostaria de me sentir comigo mesma.
- Você não acha que Poncho sente o mesmo?- perguntou Cletus, após um segundo.
Annie balançou a cabeça.
- Não. Foi um... equívoco. Nós cometemos um erro. Casar-me com ele seria cometer outro. - Ela olhou para os amigos e buscou a aceitação deles.
Os velhinhos se entreolharam e assentiram.
Ela não sabia o que queria. Que um deles a convencesse do contrário, talvez? Que um deles dissesse que a noite de amor não tinha sido um engano? Que dissessem que Poncho a amava tanto quanto ela o amava?
Mesmo que eles fizessem isso, não adiantaria nada. Ela teria que ouvir de Poncho para acreditar.
E Poncho nunca diria as palavras que ela queria ouvir. Ele só agia por dever e responsabilidade.
Annie não queria ser mais uma responsabilidade na vida de Poncho.
Queria que ele fosse embora.
E, se ele não fosse por vontade própria... bem, ela teria que convencê-lo!
Autor(a): Bela
Este autor(a) escreve mais 37 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?
+ Fanfics do autor(a)Prévia do próximo capítulo
Não deveria ser tão difícil. Poncho estava acostumado a negociar por telefone, fax e computador. Se o empresário tailandês relutava em ir a Dubuque, paciência. Continuaria sem ele. Mas nada estava indo bem. Nada mesmo. Mensagens eletrônicas perdiam-se ou extraviavam-se. Alguém limpava a escrivaninha e esvaziava ...
Capítulo Anterior | Próximo Capítulo
Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 93
Para comentar, você deve estar logado no site.
-
unposed Postado em 13/02/2011 - 20:53:29
Adorei a web todinha..obrigada por posta-la.
-
myrninaa Postado em 12/02/2011 - 17:39:39
Amei a wn do inicio ao fim *-*. Parabens ^^
-
feio Postado em 11/02/2011 - 16:01:50
muito legal
bj -
juhlisboa Postado em 11/02/2011 - 14:11:10
OHHH QUE FOFOS!
-
thataty Postado em 11/02/2011 - 13:46:26
Adoreii parabens.
Quero um Poncho pra mim -
thataty Postado em 11/02/2011 - 12:42:35
Que lindoos...
Posta++++++++++++++++++++++++++++++++++ -
thataty Postado em 11/02/2011 - 12:42:35
Que lindoos...
Posta++++++++++++++++++++++++++++++++++ -
juhlisboa Postado em 11/02/2011 - 12:20:23
aaaaa, posta mais!
-
juhlisboa Postado em 10/02/2011 - 19:53:50
Vai atrás dela Poncho!
-
feio Postado em 10/02/2011 - 19:44:41
ultimo capitulo?
ha
mas ja
bj