Fanfic: Bebê à Vista Adaptada * AyA* (Terminada)

Ela estava tentando se livrar dele.

Não era preciso ser génio para perceber isso. Até um homem conseguia chegar àquela conclusão.

Mas Poncho mantinha-se calmo.

Até ver Annie empoleirada no alto de uma escada, na manhã seguinte.

- O que pensa que está fazendo? - ralhou, quase amas­sando a comprida mensagem de fax referente a um carre­gamento de jade extraviado.

- Trocando o papel de parede, ora.

Poncho esforçou-se para não explodir.

- Na minha opinião, está tentando se matar. Desça.

Annie continuava arrancando o papel da parede.

- Não.

Não?

Poncho sentiu-se sufocado pela gravata. Ao tentar afrouxá-la, percebeu que estava de camiseta. Largou o fax no chão, esticou-se e agarrou Annie pelos quadris, tirando-a da escada.

-  Como se atreve?! - protestou ela. Uma vez com os pés no chão, encarou-o cuspindo fogo.

- Como posso não me atrever quando você resolve fazer algo tão estúpido?

-  Esse é o meu trabalho. "Ao gerente cabe zelar pela habitabilidade do local." Leia a descrição do meu cargo.

- Farei mais que isso. Vou mudar a maldita descrição do seu cargo. Agora, fique longe da escada!

-  Mas preciso continuar com a tarefa. Está na minha lista. Hattie e eu preparamos a lista no inverno: onde de­veríamos trocar o papel de parede e onde deveríamos pintar. Os solventes das tintas não fazem bem ao bebê, mas papel de parede não tem problema. Já troquei papéis antes. Quem você acha que colou o papel que está aí?

Ela tentava se desvencilhar enquanto tagarelava. Mas Poncho não a soltava. Apenas transferiu as mãos dos quadris dela, pois o contato não lhe permitia raciocinar bem, para os punhos, menos tentadores.

- Trocou, mas não estava grávida na ocasião, estava?

Finalmente, Annie conseguiu se libertar.                            I

- Você sabe muito bem que nãó!

-  Bem, agora está. De um filho meu. Então você bem que podia ficar longe dessa escada!

Ela desviou o olhar. Impasse.

- O papel de parede precisa ser trocado - insistiu Annie.

-  Então vamos contratar alguém que faça.

- O dinheiro resolve tudo? E assim, Poncho?

Ele remexeu o maxilar. Sabia que ela estava tentando irritá-lo. Ela sabia muito bem que ele não se importava com dinheiro, mas queria provocá-lo.

A gravidez sempre vinha acompanhada por teimosia ir­racional? Achava que não era prudente perguntar.

-  Dinheiro vai resolver esse problema - concluiu, da forma mais calma possível. - Contrate um homem para fazer o serviço.

- Por que um homem? - observou Annie, desdenhosa. - Por que essa atitude machista?

Poncho cerrou os dentes.

- Está bem. Contrate uma moça. Contrate trigêmeos, idênticos ou não! Eu não me importo! Apenas fique longe da escada!

Annie encarou-o. Ele devolveu o olhar.

O telefone começou a tocar. Ele cerrou os dentes, mas não foi atender de imediato.

- Vou atender esse telefonema na biblioteca - avisou, e ergueu a mão para impedi-la de protestar. - Não quero saber se foi reservada. Os hóspedes podem ficar noutro quar­to ou ir para outro lugar. Tenho trabalho a fazer e farei. E você não vai me impedir. Mas vai parar de subir em escadas!

O telefone continuava tocando.

- Alguém pode atender o telefone? - berrou Cletus. Poncho apertou o botão do aparelho e berrou:

-  Fletcher falando! Um momento. - Ele pressionou o botão de espera e encarou Annie novamente. - Entendeu?

Por bons trinta segundos, ninguém se manifestou. Então, Annie cedeu:

- Vou chamar alguém que precise do trabalho.

Ergueu o queixo, passou por ele e desceu para a sala de estar.

Vista de trás, não havia indício de gravidez. Ela parecia exatamente como sempre, uma mulher sensual com as per­nas mais longas e bonitas que ele já vira. Somente os mo­vimentos ligeiramente cuidadosos denunciavam seu estado. Mas ela ainda tinha o rebolado mais sedutor que já vira.

Grunhiu.