Fanfic: Bebê à Vista Adaptada * AyA* (Terminada)

Annie não se lembrava de ter adormecido. Quando acor­dou, não estava em sua cama e levou algum tempo para reconhecer o ambiente e recordar por que estava ali.

Sentiu pânico ao ver que já era dia e que devia estar de pé, preparando o café. A esse pânico seguiu-se outro maior, ao lembrar-se de que deveria ficar deitada ou perderia o bebê.

Lembrava-se de ter relaxado no meio da cama de casal, abraçando um travesseiro. Era uma prática que desenvolvera para dar apoio à barriga. Pelo menos, assegurava-se, essa era a teoria.

Às vezes, sonhava que o travesseiro era Poncho.

Introduziu a mão entre o travesseiro e o abdome e começou a acariciar a barriga ampla. O bebê se mexeu ao contato, mas nenhum músculo se contraiu.

Acariciou mais um pouco e aguardou, respirando bem de leve. Um minuto. Dois. Adormecera contando números, lembrava-se disso agora. Ficara contando.

E segurando a mão de Poncho.

Após cinco minutos sem contrações, respirou mais fundo, sentiu a preocupação diminuir e ficou de lado. Avistou Poncho cochilando na cadeira de balanço.

Ele estava largado ali, a calça jeans amarrotada, a camisa por fora, a barba por fazer. Sobre a mesa próxima à cama havia uma bandeja com suco de laranja, panquecas, bacon e frutas.

-  Oh, Poncho.

Não achava que tinha falado tão alto, apenas balbuciado. Entretanto, Poncho despertou, piscou os olhos e focalizou-a. Aprumou-se rápido.

-  Como está se sentindo?

O tom preocupado e gentil deixou-a sem graça. Ela limpou a garganta, tentando parecer estar acordada e observando-o havia horas.

-  Estou ótima.

Ela recostou-se na cabeceira, puxando as cobertas. Pre­cisava sair da cama e ir ao banheiro, mas não enquanto ele estivesse ali. Ele já vira o bastante quando ela desfilara de camisola.

Poncho aproximou-se da cama apreensivo.

-  Não sentiu mais contrações?

Ela pressionou os lábios e balançou levemente a cabeça.

-  Não. - Esboçou um sorriso. - A crise passou. - Queria dizer que não precisava mais da ajuda dele e que ele poderia ir embora.

Ele não se intimidou.

- Trouxe seu café da manhã antes. Achei que já estaria acordada quando eu voltasse da preparação do desjejum do pessoal. Acho que você estava exausta.

- Acho que sim - admitiu Annie, baixinho. Estava tão surpresa quanto ele por ter dormido tanto. Passava das dez horas. Endireitou-se. - Quem está na recepção? Os hóspe­des vão começar a sair.

-  Benjamin está tomando conta. Ele chegou cedo e me ajudou com o café também. Cletus vai chegar em uma hora. Não se preocupe. Estamos tomando conta de tudo. Essas panquecas já esfriaram e o bacon já esteve melhor. Vou preparar outra bandeja.

Ela hesitou, pois não queria que ele a ajudasse mais.

- Posso me levantar agora - informou. - Se você sair - acrescentou, oportunamente.

-  Vou sair - declarou ele. - Mas volto logo.

-  Não precisa se apressar.

Ele não respondeu, apenas olhou para ela. Ela ergueu o queixo, tentando parecer auto-suficiente e poderosa. Mas era difícil, uma vez que estava de camisola, com os cabelos desgrenhados.

-  Volto em cinco minutos - avisou Poncho, e saiu. Annie foi ao banheiro, lavou o rosto, escovou os dentes e penteou os cabelos.