Fanfic: Bebê à Vista Adaptada * AyA* (Terminada)

Annie não sabia o que ele lhe contara. Não a verdade, com certeza.

Se Poncho houvesse contado a verdade, com certeza ela não chegaria com aquele sorriso largo e não teria sido tão ca­lorosa na apresentação. Annie tentou retribuir, mas sentia-se enorme, desajeitada e, o que era pior, falsa. A mãe de Poncho devia estar sendo apresentada a uma mulher que amava seu filho. Não a alguém a quem Poncho acabara ligado por acaso e por falta de sorte.

- Esta é Annie - anunciou Poncho, e sorriu-lhe encorajador. - Esta é minha mãe, Amélia.

Annie nunca tivera problemas em conhecer novas pessoas. Era um de seus dons: fazer as pessoas se sentirem em casa. Mas, naquele momento, sentia-se sem palavras e inepta.

-  Estou contente em conhecer você, Annie - declarou Amélia, beijando-a no rosto. Então, ainda segurando a mão da futura nora, voltou-se para Poncho e sorriu. - Agora eu sei o que é uma Anahí Nolan e entendo por que Hattie a deixou para você.

-  Minha mãe soube do testamento antes de mim - explicou Poncho. - E ficou curiosa.

"Aposto que sim", pensou Annie, querendo cada vez maiis desaparecer sob o assoalho. Pelo menos, ao dizer aquilo, Amélia manteve o olhar fixo no rosto dela, sem desviá-lo para a barriga. Poncho comentara que a mãe era muito sutil. Annie acreditava nele.

- Vá ligar para a sua secretária ou aborrecer o funcio­nário da alfândega - disparou Amélia. - Deixe-nos a sós para nos conhecermos melhor. - Ao vê-lo hesitante, agitou a mão de maneira característica. - Vá, vá. Eu não vou mordê-la. Prometo.

Annie esboçou seu sorriso mais confiante.

- Nós ficaremos bem - assegurou-lhe, e rezou para que fosse verdade.

A verdade era que Amélia movia-se pelo mesmo dínamo que Poncho. Ela parecia entender que Annie não possuía for­mação para conversarem no mesmo nível, mas não parecia se sentir desconfortável com isso.

Reparou nas melhorias que Annie fizera na pousada, elo­giando sua competência. Ao vê-la mais relaxada, abordou o tema dos preparativos do casamento.

Uma vez que contratara todos os serviços pessoalmente, Annie pôde descrever exatamente o que seria servido, como seria a decoração, que peças musicais seriam executadas e como seria o bolo. Achou que se saíra muito bem.

Foi quando Amélia indagou:

- Posso ver o vestido?

- Ves... vestido? - gaguejou Annie, muito pálida.

Amélia pareceu ficar tão desolada quanto Annie por um segundo. Mas logo sorriu, animada.

- Oh, você se esqueceu do vestido... - Como se aquilo fosse a coisa mais natural do mundo!

O quanto aquilo tudo era freudiano?, indagou Annie a si mesma.

Onde, na Terra, encontraria um vestido de noiva do ta­manho de um elefante? A resposta era: não encontraria. Subconscientemente, devia ter já chegado a essa conclusão, por isso nem sequer pensara no assunto.

-  Não preciso de nada especial - apressou-se em ex­plicar. - Nada está entrando em mim. Não sou uma noiva típica. - Baixou o olhar para a barriga e sorriu triste para a mãe de Poncho.

- Todas as noivas são especiais - sentenciou Amélia. - E todas merecem um vestido para essa ocasião.