Fanfic: Bebê à Vista Adaptada * AyA* (Terminada)

Era bom terem Benjamin, Cletus e Amélia, pensou Annie. Se ela e Poncho fossem deixados à própria sorte em relação ao casamento, não era preciso dizer o fiasco que teria sido.

Mas, com uma ajuda dos amigos, e dos parentes de Poncho, o casamento foi perfeito. Até uma aliança aparecera na hora "H".

Amélia pressionara uma aliança na mão de Annie pouco antes de o pastor olhar apreensivo para ela. Mais tarde, ficou sabendo que era a que Amélia dera ao pai de Poncho, quando se casaram.

-  Espero que não ache que eu esteja interferindo - comentou Amélia, durante a recepção.

Acabavam de saborear a refeição que o bufe preparara, frango Kiev tenro com aspargos e batatas assadas, e agora ouviam o brinde entusiasmado que o tio de Poncho estava fazendo.

-  Claro que não - afirmou Annie, sorrindo para a mulher que seria, pelo menos por algum tempo, sua sogra. Gostava muito de Amélia e desejava não perdê-la quando perdesse Poncho.

- Poncho teria providenciado as alianças, de qualquer forma - assegurou Amélia. - Mas foi emocionante a maneira como surgiram durante a cerimônia. A menos que você quei­ra dar uma especial para ele?

-  Na... não. - Annie balançou a cabeça. - Essa está ótima.

Seria uma coisa a menos para ele devolver quando a deixasse.

Ela mexeu no anel com diamante solitário. Teria que devolver o anel de Hattie também.

Sentiu um nó na garganta por já pensar no fim do ca­samento, quando tinham acabado de se casar. Piscou e des­viou o olhar de Amélia, precisando de algum tempo para recompor o sorriso que devia manter no rosto durante a recepção. Foi quando sentiu uma contração.

A pontada fez com que sorrisse menos.

Tivera poucas contrações desde a noite em que Poncho a levara ao hospital. Aquela dor provavelmente não era mais significativa do que as outras. Mesmo assim, pousou dis­cretamente a mão sobre o ventre.

- Você está bem? - A voz de Poncho veio por trás dela. Ela baixou a mão rápido e voltou-se para encará-lo com um sorriso brilhante.

- Estou.

Ele a encarou por algum tempo. Então, olhou para a barriga, onde o filho deles crescia.

- Você me diria, não é, se não estivesse se sentindo bem?

- Claro.

-  ...desejo a vocês muitos anos de casamento feliz - concluiu o tio de Poncho, erguendo a taça de champanhe.

Poncho, Amélia e os demais convidados saborearam a be­bida. Annie tomou seu suco de uva e desejou que os votos do tio de Poncho se concretizassem. Sentia-se como uma im­postora, enganando a todos.

-  Venham, queridos - anunciou Amélia. - Hora de cortar o bolo.

Annie sentiu outra contração enquanto estavam cortando o bolo. Achava que não estava chamando a atenção com aquele problema. Sorriu para o amigo de Cletus, Ambrose, que tirava fotos do evento, fazendo pose com um pratinho de bolo. Estremeceu ao sentir os lábios de Poncho em seus dedos. Sabia que ele não fizera de propósito. Era só que...

De novo. Dessa vez, a contração atingiu-lhe as costas, intensa. Prendeu a respiração e deixou cair a garfada de bolo que oferecia a Poncho.

- Vamos tentar mais uma vez - anunciou Ambrose, e acenou para que eles repetissem o gesto.

Poncho balançou a cabeça.

- Uma vez chega. - Pegou Annie pela mão. - Continuem com a festa - declarou aos convidados. - Vou levar noiva para a cama.

Annie ficou vermelha quando todos os convidados riram e fizeram brincadeiras.

- Não podemos sair agora - sussurrou, baixinho.

- É cama agora ou hospital mais tarde. - Ele a encarou - Faça a sua escolha.

Annie suspirou e tomou o rumo da biblioteca.

- Aí não.

Antes que Annie pudesse questionar, Poncho a tomou nos braços e, abrindo caminho entre os convidados, tomou a direção da escada.

- Aonde vamos? - questionou ela. - O que você está fazendo?

- Levando-a para a nossa lua-de-mel - informou Poncho.

- Lua-de-mel? - espantou-se ela.

- A suíte principal. - Sem esmorecer, ele subiu rapi­damente até o segundo andar do casarão e só então acres­centou: - Pareceu apropriado.

A suíte principal era onde eles haviam feito amor. Onde o filho deles fora concebido.

Era o lugar perfeito para passarem a noite de núpcias, se o casamento fosse por amor, se o casamento fosse verdadeiro!

Annie sentiu vontade de chorar. Uma vez diante da suíte, tentou se desvencilhar dele.

- Já chegamos. Pode me pôr no chão.

Ele hesitou e fitou-a detidamente.

Annie esperou que ele não lesse em seu rosto a dor que ela sentia no coração.

Tentou devolver o olhar dele, como se estivesse se sen­tindo calma e consciente da situação. Pareceu convencer, pois ele assentiu e colocou-a de pé.

Annie entrou na suíte com os olhos baixos, evitando olhar para a cama enorme. Sentou-se na cadeira de balanço.

- Obrigada. Estou bem agora. Pode voltar lá para baixo.

Poncho nem se mexeu.

-  De jeito nenhum. Vou ficar aqui. Eu estava falando sério.

Annie ergueu o olhar, engoliu em seco e arregalou os olhos.

-  Sobre o quê?

- Sobre levá-la para a cama.