Fanfic: ironias do amor aya finalizada

— Você vai me convidar para entrar, ou a gente precisa ficar se olhando aqui por mais alguns minutos? Aquela voz blasé e suave! A mesma que lhe invadia os sonhos todas as noites, a mesma com a qual conversava em seus pensamentos, contando tudo o que se passava na

vida dela.

— Perdão. — Anahí deu dois passos para trás. Em vez de seguir em direção à sala, Alfonso entrou e esperou que ela fechasse a porta.

— Você está... Diferente — murmurou ele examinando-a. Parecia que anos se

passaram desde a última vez que a vira. Alfonso havia se contido para não visitá-la antes.

Seja lá o que tivesse saído do acerto de contas entre Anahí e Rodrigo , o resultado ainda estaria muito recente para que ela tolerasse vê-lo.

Alfonso não se dispusera a correr o risco de afugentá-la. Não após se convencer de que a teria, não importa as circunstâncias ou conseqüências. E a teria de acordo com as regras dele, isto é, queria a livre concordância de Anahí , e não que a mulher se sujeitasse a ele pelo fato de o corpo dela, temporariamente, não obedecer à mente. Anahí tinha que se

entregar por inteiro, sem nenhum drama de consciência.

Para isso ele precisara esperar.

— Diferente? — Anahí sorriu, um pouco nervosa. — Eu aparei o meu cabelo. —

Você não gostou?, Quis perguntar. — Os cabelos longos estavam OK para a boate, mas...

Bem, na verdade, eu não trabalho mais lá... Minha última noite foi na semana passada. Alfonso olhou para baixo por uma fração de segundo, antes de abrir um sorriso para ela.

— Eu suponho que um monte de coisas aconteceu com você. Por que não jantamos juntos para você me contar tudo?

O convite despertou todas as velhas dúvidas em relação a ele, mas de imediato elas foram dando lugar a uma sensação que Anahí não experimentara ainda na presença de Alfonso, um sentimento de auto-estima.

— Claro. Por que não? — Ela reparou no que vestia e deu uma risada. — Fast-food em algum lugar, ou devo me vestir de forma mais apresentável?

— Fast-food?

— Sim, você sabe do que eu estou falando. Pedaços de frango empanados, batatas fritas meio moles, talheres de plástico, letreiros luminosos, fila no caixa... — Alfonso fez uma cara de tão chocado com a possibilidade que Anahí  se conteve para não gargalhar.

— Uma garrafa de Chablis, salmão, pommes frites...

— Em outras palavras, peixe com fritas.

— Mas com prato e talheres para gente grande. — Alfonso sorriu. — Conheço um lugar excelente para se comer frutos do mar. Você gosta de frutos do mar?

— Minha comida preferida. Eu vou mudar de roupa. Por que você não entra e me espera na sala? Rodrigo ...

Alfonso observou o lamento cruzar o rosto dela e ansiou, aflito, que longe dos olhos significasse neste caso longe também do coração.

— Rodrigo não vai irromper porta adentro...

Ela vestiu-se com rapidez e cuidado. Nada sexy, nada que lembrasse a garçonete que ela havia sido. Chique, a elegância que ela podia sustentar com o seu orçamento limitado.