Fanfic: ironias do amor aya finalizada

Não, era mais do que isso, era a maneira como ela agia. Direta, engraçada, discreta, com um raciocínio ágil, nunca visto por Alfonso antes.

— Ah, é? — Anahí riu. — Então você está pensando nas nossas vontades! Bem, talvez numa outra vez. Agora eu acho que você deveria se mexer. Não quero que você vá dormir muito tarde por minha causa. Os donos de impérios precisam de um sono tranqüilo.

Alfonso ligou o carro e deixou o estacionamento. Ele não se importaria em tirar um dia de folga, se a contrapartida fosse passar o tempo inteiro na cama com ela.

— Pro seu governo, eu só preciso de umas poucas horas de sono para funcionar bem. Eu geralmente durmo pouco. Você vai fazer alguma coisa amanhã?

— Amanhã? — Ela se virou para a paisagem na janela e franziu a testa. — Eu preciso comprar umas roupas decentes para trabalhar e devo tentar me encontrar com Rodrigo, para combinar quando ele vai voltar para debaixo do próprio teto. Eu não faço a menor idéia de onde ele esteja, mas aposto que dormindo no chão da casa de alguém. — A voz de Anahí suavizou-se. — Ele tem sido fantástico durante todo esse tempo de separação.

As mãos de Alfonso espremeram o volante.

— Que herói — murmurou ele sarcástico, e Anahí o olhou de cara feia.

Se Anahí não tivesse a cabeça bem no lugar, ela poderia até detectar uma ponta de ciúme no comentário quase inaudível.

A idéia de um Alfonso ciumento, porém, provocaria gargalhadas, principalmente se a razão para tal sentimento fosse ela, uma mulher com quem ele mantinha uma relação adulta, sem compromissos, se é que o que eles tinham poderia ser chamado de uma relação.

— Eu por acaso penso que é heróico, sim, me deixar morar na própria casa, quando a gente não está mais junto. Você teria feito o mesmo?

— Eu não lido com hipóteses.

— Ah, me parece que a sua imaginação deixou você na mão. — Apesar da ofensiva, Anahí não encontrava nela disposição para um confronto com Alfonso. Os olhos de ambos se cruzaram por um segundo, e a sintonia entre os dois provocou em Anahí um arrepio,que a amedrontou.

— Disso eu nunca fui acusado antes.

O tom de voz de Alfonso levou Anahí a suspeitar que ele se referia à imaginação dele na cama e ela não queria pensar nele entre lençóis com outra mulher.

— Bem, se você gasta as suas noites com bonequinhas de papel... Alfonso riu,

estendeu o braço e espalmou a mão sobre a coxa dela.Anahí se excitou.

— Dirigir com uma das mãos não é seguro — disse ela, um pouco ofegante.

— Que pena. — Ele tirou a mão, deixando a perna dela fria e carente. — Há sempre a possibilidade de remediarmos a situação quando chegarmos à sua casa...

Anahí dividia-se entre a tentação de se entregar mais uma vez a ele e a voz da

consciência que lhe dizia que não, que ela deveria se preservar, e isso significava traçar e explicitar os limites. Anahí balançou a cabeça negativamente e com firmeza para ele.

— Então quando vou vê-la de novo? — Alfonso estacionava em frente à porta da casa dela. — Se você está ocupada amanhã, então eu pego você na sexta-feira, às 19h30. A gente pode jantar em algum lugar.