Fanfic: ironias do amor aya finalizada

— Não sei por que você fica perdendo o seu tempo nessa porcaria.

Anahí olhou para Rodrigo. Ele estava do outro lado do quarto, jogado na poltrona,

em frente à TV, com os pés largados sobre a mesinha de centro arrastada até ali. Ele a encarava de um modo que ela conhecia bem.

Exatamente por isso, Anahí o ignorou e voltou a atenção para os livros.

— Já disse, amor. Você não tem inteligência para fazer nada nessas empresas que têm por aí. Você abandonou a escola aos 16. Já se esqueceu?

Ele estava tomando cerveja. Melhor assim. Se fosse uísque os comentários seriam muito mais venenosos. Daqui a pouco ele sairia, pois afinal era sábado. Homens como ele não ficavam em casa num sábado à noite, quando todos os seus amigos estariam no bar da esquina assistindo ao futebol no telão.

— Isso não significa que eu não possa estudar — afirmou Anahí sem levantar a voz,

mesmo consciente de que não havia sentido discutir o assunto mais uma vez.

— Claro que significa. Os todo-poderosos dessas companhias por aí não estão

procurando uma garota como você, Anahí. Você pode ser bonita, mas não tem currículo. —

Ele soltou uma risadinha cruel, e os dedos de Anahí apertaram a caneta. — Deixa pra lá, a

que horas você vai trabalhar hoje?

— Por que o interesse? Você não estará aqui quando eu sair.

— É verdade. Por que você não vai pegar uma cervejinha pra gente?

— Você já vai beber o suficiente no bar, Rodrigo.

— Ah, não. Não me venha com mais um dos seus sermões. Você se tornou a senhora

supercertinha desde que meteu na cabeça essa idéia de estudar marketing. Você deveria

era ter se contentado com o empreguinho de secretária.

Frankie atingira o limite dela. Anahí fechou com raiva o livro que lia.

— Mas eu não podia, não é mesmo, Rodrigo? E nós dois sabemos porquê!

Ele levantou-se, ajeitou os cabelos com os dedos e seguiu para a cozinha com cara de

bravo. Desta vez, porém, ela não o deixaria sem resposta.

Três noites atrás, Anahí sentiu imenso prazer em gritar com alguém, e ela

preparava-se para repetir a dose. Agora com a pessoa certa, e não com um estranho que

atravessara o seu caminho. Um perfeito estranho que obviamente não voltou a dar as caras