Fanfic: ironias do amor aya finalizada

Alfonso  fechou a geladeira sem alarde, escorou-se nela e encarou Anahí  com um olhar de censura.

— Isso diz tudo sobre este lugar, não é mesmo? O seu senhorio tem de ser

denunciado. Por falar nisso, eu acho...

— Tudo bem! Eu volto para o apartamento. Tenho certeza de que Liz não se

importará...

— Você vai comigo agora, e amanhã vamos às compras. Comprar as alianças. Depois, vamos cuidar da papelada. Você vai ligar para os seus pais, e eu vou ligar para os meus.

— Eu nem ainda contei para Rodrigo — sussurrou ela.

Anahí neste instante se sentiu muito frágil. Acomodou a cabeça entre os braços, sobre a mesa.

Desligou-se inclusive da presença de Alfonso, até ele tocá-la na cabeça. O gesto proporcionou a ela uma sensação de alívio. Ouviu-o então arrastar a outra cadeira e sentar se ao seu lado.

— Que confusão — definiu Anahí, virando-se para olhá-lo, mas sem tirar a cabeça da mesa.

— Por que você está tão chateada por não ter contado o Rodrigo?

— Mantenha a tranqüilidade, Alfonso  ordenou-se, nada de ameaças. A simples menção do nome daquele fracassado era o suficiente para acender a raiva dentro dele. Num momento como este, a última pessoa em quem ela deveria pensar era no ex-namorado.

— Nem havia pensado antes em contar para ele — admitiu Anahí. Alfonso ficou tentado a abrir um sorriso. Controlou-se e continuou a acariciar os cabelos dela.

— E por que deveria? Sua mente deve estar um pouco fora do lugar. Estou surpreso que você consiga pensar de forma coerente.

— É, acho que sim. — Anahí levantou a cabeça. Os olhos grandes e verdes dela brilhavam ainda mais devido às lágrimas.

Um pensamento perturbador golpeou Alfonso com força. E se agora que ela podia estabelecer uma comparação, Anahí deduzia que o que sentia por Rodrigo  era mesmo amor? O amor genuíno, aquele amor que ela não sentia por ele, Alfonso? Ele tinha consciência de que poderia ser arrogante e, na verdade, egoísta. E se Anahí decidira que era preferível a atitude não-estou-nem-aí-com-a-vida do ex-namorado ao monstro que não titubeou em manipular a vida dela para conseguir o que queria? Não era assim que ela o via?

Alfonso trincou os dentes de dor e incerteza. Adicionou as duas sensações à já longa lista de sentimentos que transgrediam o autocontrole de ferro, a capacidade de concentração e o domínio completo sobre a própria vida, traços que ele considerava características da sua personalidade.

— Bem — Alfonso  levantou-se, impaciente consigo mesmo. — Não faz sentido ficar perdendo tempo aqui. Vamos.

— Está bem. Eu vou com você, Alfonso , mas nada de alianças e nada de papelada.

— Vamos ver.

Anahí não embarcou em mais um bate-boca infrutífero com ele. Por agora, ela iria para o apartamento dele e se asseguraria que dormiria no quarto de hóspedes. Amanhã, lhe diria o que tinha para dizer, imporia os seus limites, afirmaria as suas vontades, caso contrário,