Fanfic: Friends Or Lovers? (lesbian version)

Já era o grande dia para Nicole, que, vestida com o uniforme do time, foi buscar Jéssica em sua casa. Chegando lá, teve uma adorável surpresa ao encontrar Jéssica usando a camisa branca do Corinthians. Ficou ali parada, olhando de boca aberta para ela, sem conseguir formar uma palavra.

A imagem de Jéssica usando o uniforme do seu time do coração era simplesmente demais para ela. Era a coisa mais bonita que já tinha visto.

- É... – Jéssica começou a dizer, vendo que a amiga não falaria nada. – Não foi fácil encontrar uma camisa do Corinthians aqui no Centro, pode acreditar.

Nicole quis dizer alguma coisa, mas ainda estava se sentindo hipnotizada, então apenas foi acompanhada de Jéssica até seu carro.

- Eu nem ligo se perdermos. – Nicole finalmente conseguiu falar, dirigindo até o estádio. – Ver você com esse uniforme já valeu o meu dia.

Jéssica corou, imaginando o que ela quisera dizer com aquilo. Era só uma camisa, nunca entenderia sua importância. Mas era mais provável que Nicole não estivesse falando só da camisa.

Ao chegarem no estádio, viram que não estava muito lotado, e a maioria eram torcedores do São Paulo. Não era um grande jogo; as pessoas estavam mais interesadas no jogo que decidiria quem seria o grande campeão.

Acomodaram-se em suas cadeiras. Nicole tinha comprado ingressos para o setor mais tranqüilo, que já estava quase vazio, já pensando na comodidade de Jéssica. A vista para o campo era boa, e o coração de Nicole não agüentava mais esperar.

O apito inicial foi dado, e o jogo começava.

Jéssica tentanva acompanhar cada jogada, mas a verdade é que nem conseguia diferenciar ao certo quem era juiz, de que time os jogadores eram...

Por isso, quando um jogador vestido de branco fez um gol, ela voltou-se sorridente para Nicole, esperando encontrá-la pulando de alegria. Mas, ao ver que quase todo o estádio comemorava e Nicole olhava desolada para o campo, percebeu que algo estava errado.

- JESS! – gritou, irritada com o sorriso no rosto da amiga. – Você está aqui pra torcer a favor ou contra o Corinthians?!

- Desculpa, eu... – seu rosto foi ficando cada vez mais vermelho. – Nós estamos de branco, eu achei que era pra torcer pros de branco.

- Ah, esqueci... – Nicole passou a mão pelo rosto, acalmando-se. – O Corinthians está com o uniforme reserva, o roxo. Estamos jogando fora de casa.

- Hmm, tem isso, né? Mas por que você não veio com uma camisa roxa então, eu teria entendido.

- Ela dá azar. – Nicole falou, tomando um gole da lata de cerveja que tinha em mãos. 

- Você é muito supersticiosa. Até parece que uma camisa, ou minha companhia, vão interferir no jogo, que depende dos jogadores, nada mais. – Jéssica dizia, abrindo uma lata de refrigerante. Alguém precisava permanecer sóbriaali. – Talvez dependa também das alterações do clima, ou da motivação da torcida, mas... – sua voz sumiu em meio a gritaria ao seu redor, vinda dos poucos torcedores do Corinthians que estavam por ali.Sentiu uma mão puxá-la para um abraço forte, e mesmo sem ter visto o que tinha acontecido, sorriu e abraçou Nicole com força.

- Gol, certo? – perguntou, só para garantir, vendo a amiga gritar que sim, o maior sorriso do mundo em seu rosto. Pensou, então, que um pouco de superstição não fazia mal a ninguém. 

A partida seguia, e Nicole ia ficando cada vez mais nervosa. Jéssica já tinha desistido de tentar manter uma conversa, e resolvera se concentrar no jogo também. Queria muito essa vitória, pois sabia que era importante demais para sua amiga. E ela faria qualquer coisa para ver sempre um sorriso no rosto dela.

A única coisa que conseguia tirar a atenção de Nicole era olhar para Jéssica de vez em quando, com o canto dos olhos. Sentia uma animação crescente dentro de si, algo incontrolável. Não podia acreditar que estava novamente ao seu lado, dividindo momentos inesquecíveis como este. Faria tudo para manter esse laço entre elas intocável.

- Sabe, Jess. – Nicole falou, durante o intervalo. O jogo continuava empatado. – Mesmo se o Timão não ganhar, eu vou ficar feliz.

- Nós sabemos que não, Nicole. – Jéssica sorriu.

- É sério. Estar assim com você é uma das melhores coisas pra mim, eu juro. – Nicole olhava nos olhos de Jéssica, sem notar como os seus estavam carregados de sentimentos. A outra sorriu timidamente, encantada com aquilo.

- Pra mim também. – ambas ficaram sorrindo para a outra por um tempo, até o apito do juiz avisar que a bola já rolava no campo.A cada bola que passava perto do gol, Nicole apertava a mão de Jéssica, que nem sabia dizer quando é que tinham sido unidas. As duas torciam juntas, embora de maneiras e por motivos diferentes, até os últimos minutos do jogo.

Nicole já tinha perdido as esperanças. Jéssica estava certa: São Paulo era de fato melhor que o Corinthians, e um empate estava até de bom tamanho. Mas, infelizmente, o empate não impediria seu rebaixamento.

- É, Jess... – voltou-se para a amiga, que tinha os olhos grudados no campo. – Valeu a tentativa. Pelo menos foi divertido, né?

- Eu tô assistindo, Ni. – Jéssica falou, concentrada, sem olhar para a amiga. Nicole a achou mais adorável ainda. – Hey, olha, dá pra fazer um gol dali, não?

Nicole rapidamente voltou os olhos para o campo, notando que uma falta havia sido marcada a favor de seu time. Por pouco não tinha sido pênalti, mas mesmo assim foi o bastante para alimentar esperanças.

Apertando com força a mão de Jéssica, sentiu que os segundos demoravam pra passar. Só tinham mais cinco minutos de jogo, e esse lance poderia ser decisivo.

Os dois pares de olhos seguiam a bola até vê-la chocar-se contra a trave, fazendo o aperto de mão ficar mais forte ainda. Em segundos, a cabeça de um jogador do Corinthians foi de encontro à bola, fazendo-a passar sobre o goleiro caído no chão em direção ao gol.As duas se levantaram ao mesmo tempo, sem soltar as mãos, gritando com vontade. Nicole foi invadida por uma sensação de felicidade, que para ser plena só faltava uma coisa, e seu corpo sabia o que era. Portanto, não pôde controlar-se quando virou-se para Jéssica abraçá-la, mas foi surpreendida por um beijo caloroso.

Nicole foi tomada de surpresa, mas não reagiu; estava extasiada demais também para poder racionalizar, e entregou-se ao beijo. Não tinha sido em nada parecido com o selinho que dividiram no teatro. Era um beijo de verdade, cheio de emoções, que fez com que se esquecessem do jogo. Ambas tinham medo da reação da outra, mas não conseguiam pensar nisso, não conseguiam pensar em nada além de como era bom estar assim, e como queriam isso.

Separaram-se ao mesmo tempo, ofegantes e com os rostos avermelhados. Os corações ainda batiam forte, e demorariam para se normalizar.

- Jess... – Nicole foi a primeira a falar, mesmo que não soubesse o que dizer.

- Nicole. – a voz da outra saiu mais firme. – O jogo ainda não acabou.Apontou para o campo, onde os jogadores ainda lutavam para manter o resultado. Nicole pareceu acordar de um transe, tentando prestar atenção no jogo apenas. Não conseguia, mas podia fingir.

O apito final soou, aliviando muitos corações ali, menos dois, que continuavam batendo ansiosos e descontrolados. Nicole sorriu, dando-se conta do resultado.

- Ganhamos. – Jéssica disse, baixinho, quase não sendo ouvida.

- Obrigada. – a voz de Nicole estava repleta de sentimentos, e ela não conseguiu evitar um abraço, que foi correspondido.

Já estavam no carro voltando para casa, dessa vez com Jéssica no volante. Tinham ficado em silêncio até agora, com medo de falar qualquer coisa que pudesse ser errada. Só queriam ficar bem, e não tinham certeza se ficariam.

- Sobre o beijo... – foi Jéssica quem falou, querendo acabar com aquela aflição após aquele momento.

- Não precisa falar disso se não quiser. – Nicole sorriu amigavelmente, fingindo que podia suportar, mas não podia. Não queria pensar nisso, queria fingir que nada aconteceu, pois sabia que não aguentaria tudo de novo.

- Preciso. – Jéssica começou a falar, com os olhos fixos na rua. Estava morrendo de nervosismo por dentro, mas precisava esclarecer as coisas, sem mais mentiras. – Não é bem como você está pensando.

- Jess... – Nicole pediu, suplicante. – Não fale sobre isso, por favor. Não piore as coisas.

- Mas eu tenho que falar!

- Mas eu não quero ouvir! – Nicole gritou, perdendo o controle. – Eu falei pra você que queria distância porque não suportaria que você me beijasse de novo por uma maldita empolgação de momento! E estou tentando apagar isso da nossa memória pra salvar nossa amizade, mas se você continuar forçando, eu não vou poder fazer mais nada!Jéssica, mesmo assustada com a reação de Nicole, sorriu, para sua confusão.

- Eu falei que não era o que você estava pensando. – falou, recebendo um olhar confuso da outra. Sentiu suas mãos suarem, como sempre acontecia quando ficava nervosa. Pro seu bem e de Nicole, resolveu parar o carro.

- Por que parou? – Nicole perguntou, confusa e irritada.

- Não consigo dirigir enquanto penso em falar nisso. – Virou-se sobre o assento do carro para encarar a outra. – Você estava falando sério aquela vez na sua casa? Quando você disse que gostava de mim?

- Jéssica, que merda. – Nicole reclamou, envergonhada por ter que tocar no assunto. Por que Jéssica não fazia como ela e esquecia tudo?

- Me responde, por favor. – pediu, tentando soar carinhosa. Nicole bufou, revirando os olhos.

- Sim.

- E o que você diria se eu falasse que não te beijei agora só por empolgação? – Jéssica olhava fundo nos olhos de Nicole, que prestava atenção em cada palavra. – E que daquela vez também não foi só isso, e que eu descobri que gostava de você naquela noite?

- Você... – respirou fundo, tentando entender tudo. Não podia se confudir, não nessa hora. – Você está falando daquele seu jeito “hipoteticamente” ou o quê?

- Não, Nicole, estou falando o que aconteceu. Estou falando que também gosto de você.

Nicole abriu a porta do carro, saindo em seguida. Precisava urgentemente de ar.