Fanfic: surpresa do destino vondy terminada

-Consegui o emprego!-Entrando tão apressada na pequena livraria que mal conseguia respirar,Dulce Maria caminhou  diretamente até a proprietaria,uma mulher de cabelos grisalhos que ajeitava nas estantes alguns livros em couro que haviam acabado de chegar do encadernador.-Consegui o emprego,eu consegui...Consegui.

A chegada  exuberante de Dulce foi complementada com uma espécie de dança,do tipo que as chefes de torcida fazem quando o seu time está ganhando.

-Claro que conseguiu.-Gracie riu,ajeitando com a mão o penteado impecável.-Nunca tive dúvida de que isso aconteceria.

-Bem,não posso dizer que não tive dúvidas.Se não fosse por você eu ainda estaria pensando em como pagar o aluguel no mês que vem.-Sem esconder o alívio,Dulce encontou-se no balcão e respirou fundo para conter as lágrimas.Passara muito tempo desempregada ,e suas economias estavam chegando ao fim.-Não sei como vc conseguiu esse milagre,mais sempre vou lhe dever esse favor.Muito obrigada... Mesmo.

Gracie segurou-a pela mão.

-Tolice menina.É a Uckermann Arquitetura que deve me agradecer por ter lhes mandado a melhor contadora que já conheci.Tenho certeza de que Martha, minha amiga do departamento pessoal,vai concordar com isso.

-Existe alguém em Los Angeles que vc não conheça pessoalmente?

-Oh, isso é um exagero...Mas tenho que admitir que ser a proprietária da melhor liraria da cidade me permite conhecer pessoas muito interessantes e inteligentes.Por falar nisso...- A mulher mais velha continuava arrumando os livros e seu tom de voz era casual.-Já teve a oportunidade de conhecer seu chefe pessoalmente?

-O Sr. Uckermann?-Dulce meneou a cabeça,intimamente nervosa diante da perspectiva de encontrar alguém que fora tão elogiado pelos próprios funcionários. - Aparentemente um grupo de gerentes negociou  um contrato bastante lucrativo,por isso ele resolveu levar toda a equipe para almoçarcomo recompensa...

- Quanta gentileza.Mais pq seus olhos estão tão arregalados,querida?

- Ele os levou para almoçar em São Francisco,Gracie! Simplesmente alugou um avião e voou com os empregados até lá - Dulce encolheu os ombros. - Pessoas ricas me deixam nervosa.Minha irmã Laura cometeu o erro de se casar com um homem rico.Ele quase a destruiu.

Ela deixou de mencionar que logo depois outro homem rico,aparecera na vida de Laura, como o cavaleiro de armadura prateada das lendas, e a salvara de uma vida de sofrimento.Mas Dulce considerava aquilo apenas uma questão de sorte,claro.

De qualquer forma Gracie parecia desaprová-la com um ar de sensura no olhar.

-Ora,ora,querida,não pode julgar toda uma classe de pessoas baseando-se em um caso isolado.Além disso,se Christopher Uckermann fosse tão rico como dizem não teria que alugar um avião,concorda?

Dulce não pôde conter um sorriso.

-Não,acho que não.

Os lábios da outra mulher também se curvaram em um sorriso amplo.Gracie era, para Dulce, uma mistura em partes iguais de avó simpática e amiga.Dulce a adorava.

Assim como Sophia.

Um ruido vindo do escritório chamou sua atenção, e ela caminhou até lá rapidamente,retirando a criança do berço com carrinho.

-Olá amor,Dormiu bem?

Os cabelos da menina estavam revoltos e embaraçados.Seu rosto infantil era rosado,de um aspecto bem saudável.Depois de bocejar,ela estendo o braço para tocar o rosto da mãe.

-Vovó Gracie me deu maçã.

-É mesmo? - Dulce estreitou os olhos,fingindo um interesse exagerado diante da informação prosaica. - Foi muita gentileza da parte dela, não foi?

Quando Sophia fez um gesto de assentimento com a cabeça,Dulce olhou,para a velha senhora que se aproximara da porta.

- Desculpe pelas manias de uma velha- Gracie murmurou,parecendo inexplicavelmente embaraçada. - Mas já que meu filho parece determinado a se tornar um solteirão incorrigivel, essa é a única forma de ouvir uma criança me chamar de "vovó".Espero que não se importe.

- Claro que não me importo.Toda criança merece ter uma avó,mesmo que seja postiça.Como sabe,minha mãe morreu a muitos anos, e os avós paternos de Sophia vivem a mais de 5 mil km de distância.

- Sim,isso é mau.

- Neste caso, tenho de discodar.Eles são boas pessoas,eu acho,mas nunca foram loucos por crianças.Tenho a impressão de que os dois sentem-se aliviados por ter conseguido criar um filho e não têm a menor intenção de repetir a experiência. - Dulce ajeitou a filha no colo,sentindo o aroma doce que exalava dos cabelos da menina. - Além disso, dado o resultado patético de seus esforços paternais,creio que não posso culpa-los.

Gracie sorriu,embora seu olhar parecesse triste.

- O rapaz devia ter alguma boa qualidade, ou uma mulher inteligente como vc não teria se casado com ele...

Um arrepio gelado percorreu a espinha de Dulce.O dicórcio havia sido confuso,amargo,e intimamente ela ainda sentira que falhara de alguma maneira.

- Dan sempre foi um homem teimoso e infeliz.Achei que podia mudar isso ,mais não consegui.

Fechando os olhos, ela apertou Sophia contra o peito com força.Sentia-se insegura, pois sabia que suas ecolhas influenciariam o futuro da filha com toda certeza.

Dulce tinha crescido sem um pai. Ele abandonara a familía quando ela era apenas uma criança.De certa fora,a perda fora irrecuperável.Agora o mesmo destino aguardava sua filha adorada, já que Dan nem se quer se preocupara em requerer ao juiz permissão para ver Sophia.Ele nunca desejara realmente uma criaça.A dura realidade era que ele tampouco havia desejado uma esposa.Na verddade, o que Dan queria era uma empregada capaz de realizar todas as tarefas domésticas, inclusive servi-lo na cama...

Os passsos suaves de Gracie encaminhando-se para seu lado fizeram-na voltar a realidade.

- Às vezes temos de passar por experiências  ruins para que saibamos valorizar tudo de bom que o destino nos reserva.

Dulce soluçou, usando a mão livre para enxugar uma lagrima que não conseguira conter.

- Eu sei. Mais quando penso em minha filha crescendo sem pai,sabendo que ele não se importa com ela,fico com o caração partido.

Gracie abriu a boca,fechou-a, e depois ficou em silêncio um momento para escolher melhor as palavras.Quando finalmente falou sua voz revelava o conhecido tom de calma e bom senso.

- Talvez demore um pouco para que certos homens compreendam o que realmente é importante na vida...Vc vai encontrar a pessoa certa um dia.Basta ter paciência querida.

- Eu não quero um homem.Todos eles apenas causam sofrimento e frustração, e cedo ou tarde acabam indo embora.Qual o sentido de se realacionar com seres tão despreziveis?

- Ora, querida, relacionamo-nos com eles por causa do amor...

- O amor é um mito.

A mulher mais velha riu,apesar de manter séria a expressão.

- É jovem demais para estar tão desencantada.

- Não acredito em contos de fadas,se é que me entende.

-Claro que não. - Os olhos profundamente castanhod de Dulce estreitaram-se. - É por isso que passou tardes inteiras em minha loja relendo as maiores histórias de amor da literatura...

Sentindo-se acuada,Dulce abaixou-se para pegar no chão a bolsa com os brinquedos da menina.

-Muito obrigada por cuidar de Sophia.Obrigado por tudo.Sua amizade significa muito pra mim.

Gracie limitou-se a responder com um sorriso e, em seguida, tocou levemente no ombro da amiga com carinho. Mas quando viu Dulce sair pela porta uma voz interior lhe disse nitidamente:

Você não pode contar com ninguém, Dulce, querida. Se fizer isso, certamente será muito magoada por esse mundo cruel.

- Creio que você está certa, querida - a velha senhora murmurou em voz baixa. - Absolutamente certa