Fanfic: Entre o Amor e o Poder....MyM...

 “Eu sei como lidar com o meu pai, com
Miguel é que às vezes eu tenho dúvidas.” Murmurei triste.

“Se você gosta do Miguel, tenha paciência com ele, eu sei que ele gosta de
você. Ele se prende assim por minha culpa, talvez eu não tenha mostrado um
retrato do amor e do relacionamento como uma coisa boa para ele.”

“Estou tentando ter... Estou lidando com uma pessoa não se permite se
entregar totalmente, e ele tem que aprender a confiar em mim.”

Esme não disse nada, saiu e eu deitei de novo, abraçando ao seu travesseiro.

Algum tempo depois ela apareceu na porta. “Seu pai já chegou, está lá
fora.”

Saí do quarto e meu pai estava na porta da sala. “Onde estava Mia?” Perguntou com o semblante desnecessariamente agitado.

“No quarto.” Não tinha a intenção de provocá-lo.

“Ele está aqui?” Estava com um estranho nervosismo.

“Não, pai!” Eu só estava deitada na cama dele.

“Estava curtindo a dor de cotovelo.” Santos disse despreocupado e continuou
jogando com Lupita.

Tinha que ser o Santos!

Olhei para ele com olhar fulminante.

“O quê que tem, Mia? Só por que estava dormindo abraçadinha com o
travesseiro do meu irmão.” Ele  gargalhou.

Santos é bocudo viu!

Meu pai me olhou alguns minutos e relaxou.

Talvez estivesse começando a ver que não pode fazer nada. Que mesmo Miguel
estando longe eu tenho uma ligação forte com ele.

“Franco, senta que eu estou fazendo um lanche.” Alma ofereceu e sentou sem
hesitar.

Franco ficou olhando para Santos por longos minutos e perguntou para Alma: “Como
está o tratamento?”

“Parece que está devagar. Os remédios não estavam ajudando e agora os
médicos estão testando outro. Mas não está fazendo muito efeito também.” Alma
respondeu e sentou-se ao meu lado.

“Ele ainda está se tratando em Guadalajara?”

“Não, ele está se tratando aqui em Monterrey mesmo.”

“Por quê? Todo mundo sabe que os tratamentos de Disse é de primeiro mundo.” Papai disse como óbvio. 

“Por que ficou muito difícil e caro levá-lo pra lá, então resolvi voltar o
tratamento pra Monterrey mesmo.”

“Difícil e caro?!” Ele mostrou indignação. “É saúde, Alma! Com saúde não tem
isso!” Ele estava chateado.

“Sim, mas eu não moro em Guadalajara e nem tenho como bancar o custo.” 

“E da outra vez você teve que se preocupar com isso?” Ele se levantou nervoso,
mas falando baixo. “Santos, se arruma que você vai pra minha casa.” Todos nós
assustamos com a sua reação. “Alma, eu pensei que nós fossemos amigos, isso que
você fez é até um pouco de falta de consideração. Eu não me prontifiquei em
tudo que fosse necessário? Custava você ligar? Até as meninas podiam vir buscar
ele aqui, se não tivesse ninguém para levar. Estou te desconhecendo!” Ele
estava indignado.

Alma estava pasma, mas o encarou com aparente sinal de stress nos olhos.

“Franco, não fala assim comigo porque aqui é minha casa, e Santos só vai
sair daqui por que ele está precisando. Você não pode mandar na gente aqui.” Disse calma, mas sem deixar de encará-lo.

Eles se olharam calados uns minutos.

“Desculpe, é que se fosse um filho meu eu estaria desesperado, então como se
trata de saúde...” Se justificou mais calmo.

Como a Alma conseguiu isso? Já era a segunda vez que eu a via falar com ele,
e ele ficar todo amuado. Que coisa!

Minutos se passaram e os ânimos se acalmaram.

“Como ele está na escola?” Meu pai perguntou quando estávamos saindo.

“Talvez ele perca o ano, está tendo muita falta por estar com dores.”

“Organize a documentação escolar dele para estudar em casa e ir a escola só
fazer provas. Quando uma criança está em tratamento existe um regime escolar
especial. Você já sabia disso né? Já devia estar fazendo.” Disse sério e calmo,
em sua voz havia preocupação.

“Sim, mas eu estou sem tempo de resolver essas coisas.”

“Então tire folga. Com certeza tem algum dia na semana que é de menor
movimento, então tire. É seu filho.”

Estávamos cada uma de um lado de Santos, eufóricas por que ele ia para nossa
casa, então nos despedimos e saímos. Alma ficou com uma expressão
diferente, acho que ela estava admirando a reação dele.

Eu também o admirei.

Na segunda seguinte meu pai pediu que o motorista levasse Santos ao hospital
com um pedido de exame em mãos que ele conseguira no domingo mesmo com seu
amigo médico.

Eu precisava avisar para Miguel que estava tudo bem com Santos.

“Oi.” Ele atendeu sussurrado após o quarto toque.

“Oi, Miguel.”

“Fala rápido, Mia, por que eu estou em aula e saí da sala para te
atender.” 

“Ah, tá. Meu pai trouxe o Santos pra minha casa. Ele pediu sua mãe para
trazê-lo naquele dia que eu fui à sua casa.” Disse eufórica, eu queria dar mais
um pouco de esperança para ele.

Ele ficou calado.

“Está aí, Miguel?”

“Sim, Mia.” Assentiu com uma voz sem emoção.

“Hoje ele foi fazer os exames, e ele vai começar outro tratamento aqui com o
amigo do meu pai. Você está mais feliz?” 

“Sim... E surpreso. Pensei que o seu pai estava com problemas com a minha
mãe e não faria isso nunca.”

“Eu estou feliz, as coisas estão dando certo, eu não disse que ia dar?” Eu
era só felicidade.

“Sim, você disse.” A voz dele estava mais leve.

“Vou deixar você voltar para sala. Se você quiser conversar com o Santos
liga no telefone residencial, eu vou te mandar o número por mensagem. Ah, se
você não quiser ligar em um horário em que meu pai esteja em casa, é só ligar
antes das oito, tá!?”

“Tudo bem.”

Fiquei chateada com o monólogo. “Poxa, eu pensei que você ia ficar mais
feliz, mas você está tão monossílabo.” Era triste ele não gostar muito de
conversar no telefone.

“Mia, eu estou fora de sala, no corredor.” Disse sussurrado. Ele é
muito estranho, nossa, como é possível!?

“Tudo bem, você não vai tirar o meu bom humor. De qualquer maneira eu estou
contando as horas pra te ver. Vou te dar muitos, milhares de beijos.” Disse
sorrindo e ele sorriu.

“Eu também.” Ele estava sem jeito.

“Eu também o que? Está contando as horas ou vai me encher de beijos.” Fiquei
feliz de novo.

“Os dois.” Estou vendo que não vou arrancar nada mais que meia dúzia de
palavras.

“Então beijos e tchau.”

Nos dias que se seguiram a agitação voltou a minha casa. Não como antes, da
primeira vez que Santos veio, mesmo assim, tinha movimento de novo. O garoto
tinha que estudar sozinho, então eu e Lupita, quando chegávamos da escola,
ensinávamos algumas coisas que ele não sabia. Também passávamos muito
tempo jogando com ele. E assim a semana se passava.

A minha música ganhou em 3º lugar no festival de música da cidade, na
categoria romântica. Fiquei feliz. Mas o meu maior objetivo já tinha
sido alcançado, que foi mostrá-la ao Miguel.

Com duas semanas que o garoto estava em minha casa, fui ao hospital com Alma
pegar os resultados dos exames e levá-lo para consultar. Após pegar os resultados
no laboratório nos dirigimos ao consultório do hematologista.

“Bom dia, você sumiu hein, rapaz!” O médico cumprimentou Santos com um
tapinha nas costas. “Ficou de vir de dois em dois meses e não veio.”

“Pois é, ficou um pouco difícil para mim.” Santos respondeu se sentando.

“As senhoritas são as irmãs?” Referiu-se a mim e Alma. Lógico que foi uma
cantada.

“Não! Eu sou a mãe.”  Alma respondeu toda sem graça.

“Eu sou Martin, eu quem acompanhei seu filho no inverno passado.”

Se cumprimentaram e eu observei que o médico era muito charmoso e estava
olhando para Alma de uma maneira diferente.

Ela parecia estar sem graça enquanto conversavam sobre o tratamento do Santos.