Fanfic: Entre o Amor e o Poder....MyM...

 “Bom, as coisas agravaram no estado
do rapaz aqui. Eu havia dito que os remédios poderiam adiantar ou não. Nesse
caso, acelerou.” O médico falava enquanto prestávamos atenção. “Vou falar
na linguagem técnica, o que ele tem. Caso vocês não entendam me interrompam.” O
médico estava com o olhar bem sério agora. “Ele está com uma doença que é caracterizada
pela produção excessiva de células brancas anormais, que superpovoam a medula
óssea. A infiltração da medula óssea resulta na diminuição da produção e
funcionamento de células sanguíneas normais. Dependendo do tipo, a doença pode
se espalhar para o baço, fígado, sistema nervoso central e outros órgãos e
tecidos, causando inchaço na área afetada. Você esta sentindo dor de vez em
quando Santos?” Perguntou para Santos e ele assentiu. “Pois é, por esse motivo.
Os danos à medula óssea resultam na falta de plaquetas no sangue, as quais são
importantes para o processo de coagulação. Isso significa que pessoas com essa
doença podem sangrar excessivamente. As células brancas do sangue, que estão
envolvidas no combate a agentes patogênicos, podem ficar suprimidas ou sem
função, colocando o paciente sob risco de infecções. Por esse motivo todos os
cuidados devem ser dobrados.”

Alma estava sem sangue no rosto e eu estava pasma, boquiaberta.

“Mas há um tratamento?” Alma perguntou desesperançada.

“Há, é um tratamento caro, longo e dependemos muito das respostas do corpo
do paciente.” O médico respondeu cauteloso.

“Qual vai ser o tipo de tratamento?”

“Nós vamos começar com pílulas, elas vão dar enjôos matinais e os cabelos
dele podem começar a cair.”

“Mas é certeza que agora vai melhorar?”

“Todo tratamento depende do organismo do paciente.” Ele fitou-a com bastante
cuidado. “De qualquer maneira ele vai ficar aqui na casa do Franco, sim? Por
que ele pode precisar de atendimentos emergenciais.”

Alma começou a chorar, e Santos ficou sem ação.

“As coisas vão dar certo, Alma.” Abracei.

O médico explicou mais uns cuidados e procedimentos para então nos dispensar
da consulta.

“Desculpe, doutor, eu não esperava que fosse grave assim.” Ela se justificou
e nos despedimos para sair.

O caminho para minha casa foi tenso. Alma estava nervosa, mas Santos parecia
não ter entendido a gravidade da situação. Eu sabia o que o médico tinha
dito. Santos está com leucemia e os comprimidos são quimioterapia.

Alma não foi embora, ficou o restante da tarde com o filho deitado em seu
colo. Por horas ela suspirava e deixava uma lágrima cair. O clima
estava muito tenso.

“O que aconteceu, Mia?” Lupita me perguntou quando fui a cozinha.

“Ele está com uma doença grave.”

“Nossa! O meu pai podia chegar logo para conversar com ela, acho que ela
está sofrendo muito e conversar com a gente não vai adiantar.” A baixinha
estava preocupada.

“Já liguei para o meu pai, ele deve estar chegando.” Respondi e voltei com
um copo d’água para Alma.

Meu pai chegou, viu como ela estava e a chamou para conversar no
escritório. Passaram uma hora lá dentro, depois ela saiu um pouquinho
melhor.

“Santos, você vai ficar aqui mesmo até terminar o tratamento.” Ela informou.

“Tudo bem.” Para ele nada estava mal, ele não tinha se dado conta da
gravidade da situação ainda.

“E sua mãe vai vir ficar com você pelo menos uma vez por semana. Não é Alma?” Ele tocava em seu ombro como um bom amigo. Gostei de ver a cena.

Mais dias se passaram e Santos começou a ter enjôos matinais pelo efeito dos
remédios. Também emagreceu, mas o médico avisou que isso seria
previsto. Alguns dias ele ficou febril, trazendo muita preocupação para
nós e para Alma, que está vindo regularmente por conta do seu estado, mas Santos
não perde o bom humor. Pelo contrário, ele nos dá forças.

O médico vinha sempre que meu pai ligava, mas eu estava percebendo que
depois que ele encontrou Alma em uma quarta-feira, ele começou a vir exatamente
as quartas vê o menino. Penso que ele está tentando se encontrar com Alma.

Talvez fosse só impressão.

Estávamos conversando na sala eu e Alma, então resolvi verificar se a minha
suspeita era fundamentada.

“Alma, é impressão minha ou Dr. Martin está te...
Sei lá... De olho em você?” Ela sorriu com a minha pergunta.

“Ai,Mia, você é muito observadora, mas eu não
estou interessada por enquanto, estou com muita preocupação na vida.”

“Mas você respondeu ‘por enquanto’, sinal que você corresponde ao
interesse.”

“Talvez... Talvez eu deva tentar novamente. Estou cansada de ficar só.”

Curiosa, eu queria perguntar se ela ainda gosta do meu pai, se ela ainda
sente algo.

“Alma... Você sabia que eu passei um fim de semana com Miguel em Washington?” Ela disse que não e se ficou surpresa disfarçou. “Pois é, Miguel me explicou o
motivo de não gostar do meu pai...” Parei para observá-la.

Ela pareceu surpresa com o fato do Miguel ter me contado isso, observei em
sua expressão, seus olhos arregalaram-se.

Tentei falar calmamente. “Então... Eu queria saber se você não gosta
mais do meu pai, se você desistiu dele.” Disse preocupada em ter entregado Miguel
quando ele confiou em mim.

“Mia... Miguel contou tudo?”

“Sim. Que você saiu com meu pai algumas vezes, mesmo depois de terem suas
famílias.”

Ela me pareceu aliviada.

“Mia, eu acredito que eu continuei saindo com o seu pai, gostando dele todos
aqueles anos por me sentir culpada da nossa separação na adolescência e por ter
saído tão rápido com alguém e ter engravidado. Mas hoje eu sei que nunca íamos
ficar juntos, por isso me libertei desses sentimentos que classifico só como
culpa. Todo o amor de adolescente que eu tive por ele foi enterrado.”

Fiquei surpresa com a declaração e resolvi mudar de assunto.

“Alma, Miguel sabe da situação real do Santos?”

“Não exatamente, achei melhor não preocupá-lo.”

“Eu também acho melhor.” Concluí.

Por hoje é só...Boa leitura a todos!!! Besos..