Fanfic: Entre o Amor e o Poder....MyM...

Miguel POV

Após almoçarmos, percebi que se passaram mais de uma hora e Mia não ligou. A
insegurança me invadiu no momento em que pensei que ela poderia não vir. Assim,
ao entramos na sorveteria, persisti em pedir a sua presença.

“Mia, você está demorando... Você ainda vem?” Debrucei ansioso sobre os
braços na mesa, temendo a sua resposta.

“Miguel, ainda estou pensando...” Não tinha convicção na resposta.

Meu desejo era implorar-lhe, ajoelhar-me diante dela, pedir que não me
deixasse assim. Dizer que eu queria sentir minha Mia ali novamente, pois aquela
estava tão distante... Fria.

“Eu preciso de você... Por favor, vem...” Eu implorei, com receio de sua
rejeição. O que eu faria se ela dissesse não? O que seria de mim?

“E por que não me procurou antes...” Murmurou baixinho.

Eu senti a dor na sua voz que pairou sobre mim como uma lâmina cortante
dando golpes. Eu não tive palavras. Meu desejo era revelar-lhe o quão
fraco sou. Que tomo decisões egoístas procedendo com demasiada precipitação,
quando não tenho forças suficientes para levá-las adiante.

“Você só percebe que precisa de mim quando faltam poucos dias para ir
embora?” Ela acusou e suas palavras doíam.

Angustiado, eu queria me abrir, dizer-lhe que me lancei em precipício ao
tentar me afastar dela... E agora me sentia caindo em uma cavidade sem fim,
onde só seus olhos poderiam salvar-me da angústia que me atormenta. Dizer que
sofro, dia após dia esperando que ela ainda me salve, que ainda acredite em nós
quando eu mesmo não tenho forças para afirmar.

“Por favor, Mia... Não sei mais como te pedir... Por mim, venha.” Supliquei
mais uma vez.

Introvertido, sabia que tinha tantas coisas que eu poderia falar, como por
exemplo: que eu preciso de sua força, de sua vida e de sua alegria como de
sangue em minhas veias. Sem ela o meu mundo se torna vazio, sem um fim. Todos
os meus objetivos caem por terra, quando estamos distantes, pois hoje ela é o
motivo principal do meu ponto de mira.

“Tudo bem... Onde vocês estão?” Aceitou enfim, com tristeza na voz.

Meia hora depois elas chegaram e eu me levantei para recebê-las. Mia com
toda a beleza que me encanta mantinha um brilho triste no olhar. O seu
sofrimento caía em mim como um golpe. Não desejava vê-la assim, era suficiente
que só eu sentisse essa aflição. Doía vê-la no estado em que se encontrava, meu
coração era comprimido e invadido pela minha melancolia.

Ela sentou-se ao meu lado, mas somente seu corpo estava presente ali.
Beijei-a várias vezes na testa, passei os braços em seus ombros, mas ela estava
apática. Um corpo sem vida.

“Mia, o que quer?” Tentei dissipar o clima tenso.

Ela parecia não estar interessada em nada no cardápio, parecia não olhar
para o cardápio. Lembrei que da última vez ela tomou milk shake, então pedi um
para ela.

Abracei-a, trazendo-a para mais próximo de mim.

Levantei o seu rosto para fitá-la.

“Fica comigo... Volta a ser você... Estou sentindo a sua falta.” Pedi com
carinho.

Estava me matando aos poucos vê-la assim. Eu queria pedir seu perdão
por tanta coisa, principalmente por isso... Por ser negligente com o nosso
amor...  Ou mesmo por não ser suficientemente forte para deixá-la seguir
em frente e ser feliz, além de tudo, queria pedir perdão por ter descoberto
agora que a amava e que era um sentimento tão grande que era maior do que
deveria ser, levando-me a ter atos egoístas, inclusive o de obrigá-la a ficar
perto de mim sem que ela estivesse bem.

“Eu estou aqui, Miguel. Era isso que você queria, não?” Me olhou com olhar
distante.

Cada palavra sua me cortava em pedacinhos. Eu sabia não ter sido uma boa idéia
prolongar o sofrimento, ainda assim esperava que ela me perdoasse por não ter
condições necessárias de manter-me longe, por não ter vigor, por estar
debilitado com essa sensibilidade a ela.

Faço esforços para que essa dor ocupe menos espaço em mim, mas só com a sua
presença e serenidade meu coração manifesta contentamento e júbilo,
enfraquecendo a minha dor como alívio. Por isso lhe implorei que viesse. Mas
não é razoável mantê-la aqui, é puro egoísmo meu.

Passamos a maioria do tempo, calados, mas eu estava feliz de estar com
ela, de tê-la no meu braço. A dor diminui quando ela se encontra
comigo.

Saímos da sorveteria e paramos perto do carro delas. Eu não estava
pronto para deixá-la ainda. Eu a queria mais.

Coloquei a minha mão em sua nuca e levantei o seu rosto para
apreciá-la. Torturou-me a sua imagem. Tudo estava fazendo mais mal do
que eu queria que fizesse.

“Desculpe-me. Eu não queria fazer isso com você.” Eu tinha milhares de
coisas para me desculpar, mas o maior motivo eu não me via com firmeza de ânimo
de prosseguir... É tão difícil revelar-lhe o grau de intensidade do meu
sentimento. E esse é o maior motivo de merecer o seu perdão, amar a ela
demais. A timidez que em mim se instala, toma posse me retraindo, encadeando e
obstruindo a faculdade de falar a totalidade de consciência íntima no espaço em
mim.

“Desculpar pelo quê? Você não tem culpa de existir.” Sussurrou, tocando o
meu rosto.

Os seus dedos deixaram um rastro que me queimavam e como raio atingiam o meu
peito. A sensação de ter sua pele encostada em mim trazia júbilo a cada célula
do meu corpo. Abracei-a ao meu corpo fortemente, como se me apegasse à vida nos
meus últimos minutos de respiração. “Mas eu pensei que você quisesse esquecer
tudo por uma tarde.” Murmurou baixinho. “Pensei que era para fingir que está
tudo bem.” Completou.

“Não tem como ficar tudo bem com você assim, você não é a minha Mia.” Abracei-a novamente.

“Eu vou tentar.” Ela sorriu sem humor.

Eu queria prolongar os minutos que passava com ela. Persistia em prolongar a
sua presença como gotas de remédio que acalentam uma dor.

“Eu sei que não devo te pedir isso, mas eu sinto saudade da minha Mia ousada
e cheia de iniciativa.” Disse olhando em seus olhos.

“Eu não vou mais forçar uma situação com você. Vou agir como você agia
comigo. Se você quiser me beijar, me beije.” Sua voz foi um sussurro rouco,
enquanto ela me encarava.

Fiquei chocado com suas palavras. Minha vontade era retroceder, deixá-la
ir. Mas a amo demais e temo não conseguir soltá-la, nem agora nem nunca.
Meu maior receio é deixar-me irresistivelmente dominar por essa paixão que
sinto, por esse afeto veemente onde ambos sofremos danos e
prejuízos. Todavia me privar desse amor é errar o caminho.

Tomei forças, olhei seus lábios, que é tão convidativo e que me atraem com
um sentimento agradável de deleite, e os toquei com os dedos. Raios
de dor e prazer se misturavam, me fazendo fechar os olhos para sentir a carícia
em sua boca macia.

Eu queria beijá-la novamente, logo, decidido, encostei meus lábios nos
seus. Dei uns selinhos, então preguiçosamente passeei minha língua em seu
lábio inferior, desejando aprofundar o beijo, porém,  infelizmente a
postura indiferente de Mia me impediu de prosseguir. Retraído, abracei-a forte
e suspirei.

Resolvemos ir ao cinema, estava em cartaz o filme Antes que o dia
termine.

Ao fim do romance assistido, percebi que Mia deixou que lágrimas caíssem
novamente. Não me era suficiente a dor habitual da distância... Gradativamente
eu sentia partir-me em estilhaços em cada minuto que se seguia. A sua dor
atirava-se a mim, fundindo com a minha, me matando aos poucos. Não sabia
quanto tempo mais poderia suportar.

“Não foi uma boa idéia esse filme.” Sussurrei em seu ouvido, ao ver suas
lágrimas.

“Não, eu gostei, achei lindo.” Ela sorriu triste, tentando me convencer. “A
história foi linda.”

“Mas ele morre, então o fim não é tão lindo assim.” Tentei argumentar. Senti
que ela poderia mudar o humor.

“Você não percebeu a mensagem? Ele tinha um dia para ser feliz com a pessoa
que ele amava.” Falou pensativa. “Um dia para ser feliz. O hoje.” Refletiu
enquanto caminhávamos para fora.

Abracei-a em frente ao cinema.

“Eu já tenho que ir embora.” Ela avisou e estava se despedindo, tentando se
afastar de mim.

Percebi alí que a minha série ininterrupta e eterna de instantes
dissipava-se, chegando ao fim.

E eu não estava preparado para dizer adeus, então devia suplicar-lhe que ela
não me deixasse, que me aceitasse...

...Impróprio, desprezível e não merecedor...

...E que me salve com o seu amor.

Por hoje é só....Capitulo postado por Livy..besitos...hehe, faltam 1566 paginas do werd pra termonar essa web...