Fanfic: Entre o Amor e o Poder....MyM...

Capítulo 18 - Você é minha vida

Mia POV

Ele me abraçava, e eu estava triste por saber que ele estava tão próximo a
mim e que estávamos tão longe ao mesmo tempo. Estava triste por saber que
queria tocá-lo, queria seu corpo junto a mim e queria ansiosamente cada beijo
que ele depositava no meu rosto, mesmo que não fosse correto. Estava triste por
me sentir feliz com cada minuto a mais que passávamos juntos naquela tarde,
ainda que isso massacrasse meu amor próprio.

Ter assistido a aquele filme abriu meus olhos mais uma vez para o quanto
perdemos tempo na vida. Eu queria que ele percebesse isso também. Mas pensando
bem o fato de ele estar comigo, insistindo em ficar perto de mim mesmo eu
estando insípida mostra que ele quer minha presença em sua vida. Isso é fato.

“Eu já tenho que ir.” Informei, o afastando um pouco, pois tinha que tocar
em uma festinha. Ele me abraçou forte, como se não fosse me deixar mover
dali. Eu deitei a cabeça em seu peito e senti alegria e prazer em estar
presa a ele.

“Antes sorria pra mim.” Ele levantou meu rosto para me olhar.

Eu sorri triste, mas eu não queria magoá-lo mais com a minha tristeza sem
fim. Ele me olhou por longos minutos enquanto segurava o meu queixo.

“Posso beijar você?” Perguntou cautelosamente. Eu fechei os olhos e
deixei que ele entendesse. Ele me beijou ternamente, um beijo sério,
tímido, de lábios, apreciando...

Meu coração sofrido respondeu e acelerou, movido pela saudade. Resolvi
desenvolver o beijo, meus lábios queriam mais. Enlacei minhas mãos em seu
pescoço, sugando seus lábios, porém mais cedo do que eu esperava, ele
retrocedeu, me beijou levemente e me abraçou.

“Posso ir com você à sua casa?” Acariciou minha nuca.

A sua pergunta me chocou, fiquei sem ação. “Pode... Mas... Meu pai vai
chegar e vai te vê, e... Diego deve estar lá.” Avisei sem certeza se queria que
ele fosse. Já não tenho tanta firmeza, não acho que vale mais a pena enfrentar
minha família.

“Eu não vou entrar.” Avisou e me afastou, olhando em meu rosto. “Não até que
eles me convidem.” Afirmou seguramente.

“A casa é minha também, eu te convido!” Eles não poderiam expulsar de lá um
convidado meu se eu levasse.

Por um minuto me permiti ficar alegre com o pensamento de tê-lo dentro da
minha casa pela primeira vez.

“Não, Mia, hoje não. Eu te deixo lá, fico um pouco e vou embora. Peça para Lupita
levar o seu carro e vem comigo.” Ele me pediu, enlaçou minha cintura e nos direcionamos
ao local onde Lupita estava.

“Hum... Melhoraram a cara!” Santos disse sorrindo, e nós sorrimos juntos.

Ouvi-lo dizer que ia à minha casa, não se preocupando com o fato do meu pai
chegar ou não, entrou em meu coração me dando um fio de esperança que eu não
esperava.

Ele estacionou o carro em frente, entrei em casa, peguei umas maçãs e voltei
para perto dele, encostando ao seu lado no carro.

Ele estava segurando um souvenir global em suas mãos, com uma miniatura da
Casa Branca dentro.

“O que é isso?” Apontei o dedo, curiosa.

Ele estava sem graça.

“É seu... eu trouxe de presente de aniversário.” Sorriu e me entregou. “Eu
queria ter dar algo que fizesse você lembrar-se de mim. Eu sei que é estranho,
mas você sabe qual é o meu sonho, e eu queria que você olhasse para ele todos
os dias, e... Pensasse em
mim.” Disse pausadamente.

“Não precisava, Miguel.” Fiquei admirando o globo. “Eu... Achei lindo!” Era
uma perfeição de miniatura.

“Tem outro... É o presente de Natal.” Guardou o que estava na minha mão no
banco e pegou outro, escondendo nas mãos em suas costas. “Eu não tive coragem
de mandar. Você ainda recebe? Eu também trouxe de Washington D.C. Acho que ele
vai significar muito mais para você.”

Ele me entregou. Era um globinho com a miniatura do parque National
Mall, o que passamos umas horas antes de voltarmos para o hotel. Dentro
tinha umas fotos nossas boiando na água cheia de glitter, lindinhas. Três
pequenas fotos de nós dois sorrindo e beijando.

“Que lindo!!!” Empolguei e voei em seu pescoço para agradecer. Ele estava
muito desconcertado.

“Você gosta? Eu mandei fazer esse com as fotos que você mandou para mim. Eu
queria algo que significasse para nós, e, como nós dois gostamos de parques e
jardins, eu achei o ideal.” Ele explicou com satisfação na voz.

“Eu achei lindo! Muito significante. Eu adoro presentes assim, que você
tenha o cuidado de personalizar. Obrigada!” Fiquei admirando o globo,
analisando os detalhes, a perfeição. “Se você soubesse como eu adorei!” Parecia
uma criança abobalhada.

Ele sorriu relaxando. Talvez ele não tivesse o costume de presentear ou
tenha ficado preocupado se eu ia gostar ou não.

Bom, estávamos ali, e como ele ficou o ideal era arrumar um assunto.

“Você vai estagiar?” Perguntei sobre o fato dele passar uns dias no Senado.

“Não é estágio, é assistência. Em estágio você vai para aprender, em
assistência você é indicado quando é útil, ou seja, eles vão precisar de mim,
do meu desempenho.” Disse orgulhoso.

Era nítido que ele adorava falar sobre os seus planos, me agradava saber que
ele estava conseguindo.

“Em que você acha que vai ser útil?” Eu queria prolongar o assunto.

“Hum... Sei escrever discursos, sou tradutor de francês, espanhol, falo
fluentemente a língua italiana, sei muito de história e política. Se eu começar
agora, em pouco tempo serei um ótimo assessor. Mas não é suficiente para mim, é
só os primeiros passos.”

Ele tem tanta certeza do que quer quando se refere a Ciências Políticas-
Refleti.

“Mas o que você pretende fazer que eu nunca entendi? Você quer ser senador,
presidente, o quê?”

“Por enquanto nenhum dos dois. Para ser senador tem que ter no mínimo trinta
anos. Pretendo ser um secretário inicialmente, depois um representante
internacional ou embaixador. Pretendo viajar muito... Não sei ainda exatamente
o que vai ser do meu futuro. Só quero conquistar o meu espaço. Depois que você
começa tudo se desencadeia. Estou lendo o livro que você me deu, de Roosevelt,
ele fala algo sobre isso: Se você é bom no que faz, simplesmente você chega.”

“Então, você já está se infiltrando na nata do poder americano.” Falei para
descontrair. “Eu tenho certeza que você vai chegar lá.” Voltei a sorrir.

Não tinha como não ficar bem vendo o quanto esse sonho dele faz bem para
ele, vendo o quanto ele quer chegar lá.

Talvez eu o ame... Eu sei o quanto esse sonho dele o afasta de mim, mas eu
quero muito que ele alcance. Quando você abre mão do seu egoísmo para deixar o
outro feliz é por que você verdadeiramente o ama.

“Obrigado por acreditar em mim, Mia.” Ele me puxou e me abraçou com carinho.
“Você é a única e melhor amiga que eu tenho.” Me abraçou apertado.

Nesse momento percebi que temos boas relações de amizade, que não somos
envolvidos somente pela paixão que nos devasta, mas o nosso sentimento é
encoberto de cumplicidade e harmonia. Retraído como ele é, ele nunca
confiou em ninguém além de sua mãe, no entanto, ele tem depositado em mim a sua
fé.

Após uns minutos abraçados percebi o carro do meu pai chegando,
encostando-se á frente de casa e, rápido, afastei-me do Miguel. Porém era tarde
demais, ele já tinha nos visto. Meu pai nem chegou a estacionar na área interna
da propriedade, parou em frente ao portão, desceu do carro e caminhou
em nossa direção.

Lembrei das palavras que ele dissera na nossa última conversa, quando disse
que não aceitava e que não queria nos ver juntos. Estremeci em pensar vê-lo maltratar
Miguel novamente. Principalmente nesse momento que estávamos tão perto
novamente.

Ele se aproximou.

“Oi, Miguel.” O cumprimentou sério e eu lhe lancei um olhar de súplica. Que
ele não fizesse isso que eu estava pensando, que ele não maltratasse alguém tão
importante para mim.

“Oi, Sr. Colucci.” Miguel o cumprimentou sério, em resposta.

“Mia, não quero vocês conversando no meio da rua, está anoitecendo e não é
bom para você.” Foi menos mal do que eu pensei, ele estava se preocupando com
as aparências e com minha segurança.

“Já estou indo embora, Sr. Colucci.” Miguel avisou.

Meu pai me olhou e viu que mudei o semblante ao ouvi-lo dizer que ia embora.

“Entre, Miguel, ou estacione o carro lá dentro, só não quero que fiquem aqui
fora.” Eu o olhei assustada.  Depois trocamos olhares, eu e Miguel, ele
ficou sem palavras diante de tal ação.

“Tudo bem, Sr. Colucci, vou estacionar o carro lá dentro.” Olhei mais
assustada ainda para Miguel.

O que ele estava fazendo? Em um dia só, ele estava me surpreendendo tanto
assim!

Miguel estacionou na lateral da minha casa e nós encostamos novamente no
carro.

“Por que você fez isso?” Perguntei ainda admirada com tal ação.

“Por que ele me convidou.” Respondeu sem pensar. “E por que eu ainda quero
ficar perto de você.” Disse as últimas palavras como se estivesse me explicando
o óbvio.

“Só que nós estamos com um problema.” Torci os lábios em uma careta. “Eu
tenho que sair para tocar hoje.” Falei me chateando.

Ah, já que ele estava aqui eu queria ficar. Se eu ficasse a noite toda
com ele, conversando pelo menos, eu ficaria feliz.

“Onde vocês vão tocar?”

“É uma festa na casa de um amigo do Diego.”

“Mas hoje é segunda!!”

“Sim, mas é férias e aqui não tem isso, as pessoas fazem festa qualquer dia
da semana.” Pensei um pouco. “É aniversário, você quer ir?” Eu já sabia a
resposta. Além dele não conhecer ninguém, era uma festa de ‘riquinho’. Ele não
iria nunca.

“Eu tenho que ir para casa, Santos passou o dia fora.” Argumentou, mas não
parecia ter certeza se era isso que ele queria.

“Essa sua desculpa está furada, Miguel. Aqui também é a casa dele. Está
cheio de objetos dele aqui.” Sorri descontraindo, mas eu não queria forçá-lo a
nada que ele não quisesse.

“Não sei...” Ele pareceu meio instável, o que me deu segurança em insistir.

“Vamos?”

“Mas eu não me arrumei, não tomei banho...” Bom, ele não tinha dito que não.

“Lá é coisa simples, você está bem.” Me aproximei dele e falei baixo em seu
pescoço. “De lá podemos fugir...”

Ele sorriu malicioso.

“Está de volta! Libertaram a minha Mia.” Me puxou e abraçou. “Tudo bem, eu
vou.”

O abracei em resposta e sorri.

Meu coração estava melhor, já não sentia mais a dor me assolar. Permitir-me
ficar feliz estava me devolvendo a manifestação do contentamento.

“Tenho que ir me arrumar, você quer entrar?”

“Hoje não, me dá mais um tempinho... Eu prefiro ficar aqui ouvindo música,
tudo bem?” Ele parecia estar pedindo a minha permissão.

Era melhor não pressioná-lo, ele não tinha motivos para entrar em minha
casa.

“Tudo bem, em meia hora eu volto.” Soltei do seu abraço, atravessei o jardim
e entrei em casa.

Meu pai estava sentado no sofá. Eu passei por ele e lancei um sorriso
enorme em agradecimento. Em resposta, ele me fitou sério, analisando-me,
depois balançou a cabeça em
negativa. Mesmo assim subi as escadas correndo e satisfeita
para o meu quarto.

Eu não me importo, eu estou feliz. Se é só um dia, é melhor ficar
feliz. ‘Melhor um dia feliz do que vários dias tristes’.

E ele está aqui, ele também quer ficar esse dia comigo. Ele está
fazendo alguma coisa por mim. Amanhã... A gente resolve depois.