Fanfic: Entre o Amor e o Poder....MyM...

Capítulo 20 - Terapia-1

Miguel POV

Compramos um lanche e voltamos para o hospital. Santos já estava no quarto.
Ele estava com o estado fisiológico caracterizado pela insensibilidade dos
sentidos, fato esse, que algum remédio lhe proporcionara a fim de mantê-lo em
repouso.

Sua aparência era de que tinha enfraquecimento das faculdades intelectuais,
não completamente fora de si, mas com a mente vagando.

Observei-o por alguns instantes, enquanto Mia esticava o lençol que trouxe
na cama para visitas. A cama era uma espécie de sofá-cama, ficou em um tamanho
favorável, depois de armado. Com certeza teríamos uma noite confortável.

Ela me entregou a roupa que eu dormi na noite passada, escova de dente e
chinelos.

Vejo com admiração a sua cautela antecipada. É extraordinário o fato dela
sempre pensar em tudo.
Sempre precavida e completa. Cuidadosa e perfeita.

“Tome banho e se apronte que estou esperando.” Pediu e tirou a roupa
lentamente, a fim de vestir-se com o pijama que pusera sob a cama.

Fiquei parado, observando-a. É incrível como ela é livre de embaraços, não
tem receio e nem se retrai em tirar as peças em minha presença. Eu incorreria
em uma pena de castigo se não tivesse a possibilidade de apreciar o seu corpo
livre e desobstruído das peças de vestuário.

Suas atitudes enlevam os meus sentidos, me atrai, me cativa, me prende e me
desvia de toda outra qualquer influência. Mia tem uma força absoluta que atrai
meus olhos como magneto. Eu me senti perdido em suas formas. Perdi a faculdade
de me orientar.

“Miguel, vai ficar a noite toda aí?” Mia disse a centímetros do meu rosto.

Sua respiração bateu em meu rosto e meu corpo desestabilizou, motivado pelas
ondas de cobiça repentina que oscilavam os meus sentidos. Ela percebeu o
delírio dos meus olhos em seu corpo e beijou minha boca ardentemente,
encostando o seu corpo no meu.

Impedi minhas mãos de tocá-la, embora eu desejasse ansiosamente por isso. Os
seus atos impensados me surpreendem. Essa proximidade não era tolerável, era
martirizar os meus sentidos e arruinar o meu controle quando estou tentando
manter-me longe de cometer tolices. Lamento ser eu o indivíduo responsável
pelos seus atos.

Libertei-me de seus beijos ansiosos e a abracei, permitindo-me tocar suas
costas com as pontas dos meus dedos.

“Mia, por favor... Não faça isso de novo... Se você soubesse o quanto eu
estou vulnerável a você.” Supliquei e me soltei do abraço, dirigindo-me ao
banho.

Estava me sentindo com menos força do que a regular. Sentia um desejo
impetuoso, intenso, de modo que estava a beira de perder a sã consciência.

Necessitava atenuar essa ambição por ela, só assim não cometeria atos
impróprios que impugnem os limites impostos por ela.

Devia retrair-me para que os seus planos fossem seguidos, como prometi.

No banheiro, com a auto-satisfação, a gravidade da situação foi diminuída,
assim eu poderia voltar para o quarto.

Mia, já estava deitada na cama, sorrindo ao encontrar os meus olhos. Havia
contentamento em seu semblante. Era perfeito tê-la ali.

“Vem...” Abriu os braços e me chamou.

Senti-me com riquezas abundantes em ser chamado para os seus braços, em
tê-los estendidos em minha direção. Deitei-me em cima dela, segurando o meu
peso nos braços e na perna que separava as suas.

O seu corpo me aqueceu. Sua pele era quente, mesmo por dentro do pijama,
permanecendo confortável e aconchegante. Abracei-a e deitei a minha cabeça
levemente entre os seus seios enquanto ela acariciava os meus cabelos com os
dedos.

“Sabia que essa é a primeira noite que dormimos juntos, em que estamos
sóbrios e bem?” Mia disse pensativa.

“Como assim?”

“Na primeira noite na capital estávamos brigados, e na outra noite eu estava
bêbada.”

Novamente a lembrança daquela primeira noite... Eu preferia que ela nunca
tivesse existido.

“Espero que ainda existam muitas outras noites em que estejamos bem e
sóbrios para dormirmos abraçadinhos.” Respondi imediatamente e a abracei mais.

Estar ali era como estar em um paraíso distante e sonhado. Algo que eu vou
almejar incessantemente quando estiver longe e não tiver mais os seus braços.
Sinto-me revigorado, vivo intensamente.

“Senti tanto a sua falta, Miguel... Queria tanto ter ficado bem desde o dia
em que você chegou.” Mia disse distante.

Eu me senti cortado, mas ela não pareceu ter falado para me ofender. Queria
ter o poder de voltar no tempo e resgatar todo o nosso tempo perdido. Talvez
ela ainda me perdoasse se eu fundamentasse o real motivo da distância inicial.
Mas até o momento ela não tinha me dado abertura para dialogarmos sobre o assunto.

Talvez esse tema trouxesse feridas, e ela ainda não estivesse preparada para
conversar. Trás dor a lembrança de ter ficado longe dela, senti-me em um estado
perdido, com uma tristeza profunda e duradoura. A sensação de perdê-la para
sempre me transformou em um decadente a beira da ruína.

“Sonhei muito com esse dia... Estar bem com você... Passar uma noite todinha
abraçada a você.” Disse carinhosamente e continuou a passar os dedos
insistentemente em meus cabelos, com um afeto reconfortante.

Saber que faço parte dos seus sonhos trás alegria infinita ao meu coração.
Ela não sabe que em seus braços é o lugar que eu queria estar sempre, é o lugar
que me trás abrigo e bem estar. Eu queria ter facilidade em falar tudo que
penso e sinto por ela, mas não tenho forças, nem coragem. Não encontro palavras
para dizer o que sinto, só sei que é inexplicável a grandeza do sentimento que
me rodeia e que comporto em mim.

Não devia, mas ainda me sinto tímido perto dela. Ela é perfeita e resolvida,
sensitiva e perspicaz. Ainda me sinto pequeno diante da sua grandeza de pessoa,
isso me retrai.

Mas eu a amo, e tudo o que quero é ficar perto dela.

Deitei do seu lado e fui ao encontro do seu rosto, beijando cada cantinho
seu, queixo, pescoço, pálpebras, testa. Beijei cada pedaço que eu amo como se
fosse a própria vida.

Ela me abraçou fortemente, colocando a perna entre as minhas, acomodando o
seu corpo em mim. Agora,
com o desejo acalmado, tudo que eu ansiava eram sua presença, seu abraço e sua
ternura.

“Pára gente!!! Eu vou traumatizar... Respeitem o moribundo!!” Uma voz
sonolenta e baixa.

Era Santos que lutava contra a falta de solidez para iniciar a conversação.

Mia levantou-se da cama em um pulo ao ouvir sua voz e se posicionou próximo
a cama que ele estava deitado, abraçando-o carinhosamente. “Oi irmãozinho!!
Você está bem?” Disse mimando-o, afagando o seu rosto.

“Ai, Mia... Assim o maníaco descobre tudo sobre nós... Você tem que
disfarçar...” A voz de Santos era arrastada.

Sorrimos com seus gracejos.

“Você me deu um baita susto, seu garoto inquieto! Tem uma formiguinha te
incomodando é? Por que tu foi descer as escadas pelo corrimão?!” Mia divertia a
todos nós.

Não sei quem era a pessoa mais criança dos dois, acredito que a proximidade
tem os contagiado, ou, talvez a semelhança de personalidade seja sucessão
lógica. A conformidade dos pensamentos deles chama a minha atenção, será que a
aliança que os mantêm é aquela que vai além da amizade?

Talvez...

Da minha casa ele é o que tem a individualidade consciente mais diversa.

Aproximei-me da cama e o observei de perto. Sua cor e pele voltavam ao
normal gradativamente. Designei-me analisar o corte que ele sofrera. Um corte
pequeno... Não entendi o motivo da hemorragia. Se a sua falta de saúde era
motivada somente por anemia, por que uma incisão minúscula causou derrama
excessiva de sangue?