Fanfic: Entre o Amor e o Poder....MyM...

Desculpem-me por não ter postado semana passada, e que foi o aniversário de 467 anos da minha cidade e teve festa aqui e eu fui com minha família.

K... Querida, eu parei pois era final do capitulo 21.

Capitulo dedicado a você, minha flor.

 Capítulo 22- Decisões

Fitei o teto pelos minutos que se seguiam com ela em meus braços. Cobri-a e acariciei a sua pele. Ela continuava entregue, sua pele ainda estremecia ao meu toque. Se ela soubesse o quanto queria satisfazê-la... Abracei-a forte a mim. Eu precisava tomar banho, mas deixá-la naquele momento não era a minha intenção. O meu conhecimento sobre uma mulher era muito pouco, mas a sua temperatura e os seus olhos revelavam que ela queria muito mais que aquilo... Beijei-a infinitamente no rosto, nos olhos e na testa. Tirei o cabelo emaranhado do seu rosto e observei a sua pele que ainda fervia. Mia não devia nos massacrar assim. Para a minha sorte, tenho como atenuar os sentidos, mas não conheço um modo de aliviar-lhe sem tocá-la intimamente. Então isso restringe o meu querer em suavizar o seu desejo, não me sinto autorizado a tocá-la assim. Embora os meus sonhos estejam lá. Ela devolveu o abraço, aparentemente se recuperando. A música alta estava perturbando a minha audição, não sei quantas dezenas de vezes o mesmo cd tocara durante aquelas longas horas aprazíveis que nos permitimos usufruir.

 “Mia, vou para o banho...” Murmurei em seus ouvidos.

 Eu queria permanecer ali, mas sentia-me incomodado pela situação. Um efeito que trás constrangimento, não gosto de permitir-me chegar a esse ponto. É violar os meus conceitos completamente. Mas ela não tem me dado a chance de me controlar, quando vejo por mim já perdi o domínio total do espaço e o instinto invade querendo saciar-me.

 “Você já tomou banho...” Sussurrou com rouquidão. Com certeza ela não percebeu. Sorri da sua inocência.

 “Mas você não disse à tarde que agora iam ser dez minutos de beijos e em seguida banho? Acho que estou com uns cinqüenta banhos acumulados!” Descontraí.

 “Vou com você...” Fui surpreendido mais uma vez pelo seu modo de proceder. Mas no momento a demonstração de intenção era tolerável. De roupas, é claro.

 “Então vamos.” Assenti e ela levantou-se vagarosamente, parecendo um pouco tonta.

 Abaixei o som e procurei uma rádio. À uma hora da manhã tocavam músicas românticas. Não acreditava que Mia quisesse ouvir músicas agitadas àquela hora. Entreguei-lhe sua toalha e ela enrolou-se. Direcionei-me ao banheiro, intencionado a adiantar-me, e em seguida ela entrou, desenrolando-se despreocupada e com os reflexos meio lentos. Não conheço uma mulher e não sei o que aquilo no quarto lhe proporcionara, mas adorei cada segundo. Ela estava calada e entrou no chuveiro sem se importar com a minha presença. Cada dia que passa me surpreendo mais com a demonstração de suas atitudes. Ali, eu me sentia com cinco anos de idade, onde você toma banho com seus irmãos e não se importa. Ela simplesmente me abraçou e deixamos a água cair sobre nós.

Meu Deus, como eu amo essa mulher! Queria eternizar esse momento em minha mente, em que não éramos corpo, éramos almas. Não são necessárias palavras para mostrar o quanto creio efetivamente na existência de atração de vidas, na incrível dependência e no singular amor que atrai uma para a outra. A água caía sobre nós e o calor de seu seio encostado a mim ameaçava despertar-me novamente. Abracei-a forte e não permiti que o roçar do bico em minha pele fizesse minha boca desejá-lo novamente. Era muita tentação. Principalmente com ela usando o shortinho de renda branco molhado. Céus! Tinha que controlar meus pensamentos. Embora fossem pensamentos que só me trouxessem felicidade. Lembrei-me que antes de conhecê-la, naquela manhã ensolarada de seu aniversário, onde minha vida era vazia e sem importância. Tudo me dava tédio. A vontade de viver diariamente se dava pelo zelo de proteger minha família, cuidar e trazer-lhes um futuro melhor. Conhecer Mia foi como o raiar do sol em minha vida, seu sorriso cativante me encantou. Pena após conhecê-la, ter sido abatido pela realidade que nos afastava. Senti-me como uma criança que após ganhar algo de muito valor, ser lhe tomado novamente... Minha alma encolheu. Quando soube quem realmente ela era, senti-me preso às armadilhas do destino que a vida armou para minha família e, conseqüentemente, para mim. Vi a história da minha mãe se repetir na minha vida —um Arango apaixonado por um Colucci—, e tive grande medo... Logo, afastei-me pertinazmente da atração entre nossas vidas. A promessa de reencontrá-la em sua festa de quinze anos trouxe oscilações ao meu ser, eu queria vê-la, era atraído pelo desejo de encontrá-la, mas algo em mim lutava contra. Porém meus olhos precisavam do equilíbrio que sua presença sempre trás à minha vida. Da alegria que completa o meu ser...

  ...Foi quando fui compelido a ir. Vê-la naquele dia foi como abrilhantar uma noite cheia de trevas. Meu coração estava frio, sozinho, distante, encolhido... Quando a vi e fui tocado por ela, senti-me completo novamente, e, mais uma vez, o destino nos separou. Eu não sabia quantas vezes o destino iria nos separar e estava fraco em sofrer as dúvidas que me invadiam. Convenci-me que o melhor era manter distância total desse ser que me completava e me destruía. Mas éramos atraídos e afastados pelo destino, manipulados pela força da atração que só algo além do imaginário poderia explicar. A doença da pessoa em comum a nós nos aproximou novamente, e Mia, que é muito mais forte do que eu em nos unir, buscou incessantemente a nossa união. Hoje resolvi entregar-me, após lutar contra, embora tenha dúvidas de qual o tempo que realmente ficaremos juntos de verdade. Tenho certeza que encontramo-nos para viver um amor sem igual e sentirmo-nos, enfim, completos, expurgando de vez o vazio inexplicável de nossas vidas.

Abracei-a mais forte, seminua, sem palavras, apaixonado por cada cantinho seu, amando cada centímetro do seu corpo me aquecendo. Eu me apego a ela como à vida que hoje tem grande valor. Não vivo mais por viver, vivo diariamente almejando o dia que vou merecê-la e tê-la por toda a vida para mim. Desde que prendi meus olhos fixamente em nós dois, notei todo amor que tenho sentido por ela ao longo desses anos. Ela presenteou-me com sua amizade naquela manhã há quatro anos e essa se estende até hoje. Presenteou-me com os sorrisos a mim dados, com palavras de confiança e com a fé em mim depositada. O meu coração é invadido densamente em enxergar o tanto que sempre a amei e a amo. Não há explicação para isso, convenço-me que a amo desde sempre e para toda a eternidade. 

“No que pensa, Miguel?” Acariciou languidamente meu peito.

 “Mia, você acredita em ligações de almas?”

 “É só o que tenho acreditado ultimamente... Não vejo como explicar essa minha necessidade de você, essa minha obsessão pela sua presença.”

 Ela continuava abraçando-me, enquanto a hora estava incorrendo lentamente e a água caía sobre nós. Tenho uma especial felicidade por tê-la encontrado com o seu sentimento singular, sua energia única, vibrando sempre em minha vida.  Se ela pudesse conectar-se aos meus olhos intensamente, se convenceria de que continuarei a minha vida ainda mais radiante por tê-la alcançado para mim. Se ela acreditasse no que eu acredito, saberia que em um determinado momento da nossa vida a reencontrarei de forma definitiva, quando passaremos a viver juntos pelo tempo eterno, ligados pelo amor.

 “Mia, esses dias eu li um livro, FEITOS UM PARA O OUTRO, do Thomas Ulrich, eu li por um acaso, estava estudando em uma biblioteca de um templo ecumênico e a capa do livro chamou minha atenção. Comecei a folheá-lo e vi o quanto às idéias se encaixavam a nós. Sabe o que eu percebi no livro? Que as pessoas que se atraem como nós, um dia ficam juntas definitivamente, mas há o tempo certo para que isso aconteça...” Refleti e ela afastou-me para medir minhas palavras.

 “O que quer dizer?” Aparentou uma tensão desnecessária.

 “Não sei se você vai entender... Só que eu penso que hoje tudo é muito difícil para nós.” Lembrei-me por um segundo das palavras de seu pai na lanchonete. “Embora eu queira muito você... Eu não me sinto capaz de te ter hoje... Talvez exista um tempo determinado para que fiquemos juntos... Tipo assim, fomos feitos um para o outro, mas temos que esperar o tempo certo pra que nossas vidas se juntem.”

 Ela olhou-me longos minutos, analisando-me, depois me soltou do abraço, pegou a toalha, enxugou-se e saiu do banheiro rapidamente. Provavelmente eu tivesse estragado o clima e a noite sem intencionar. Terminei o meu banho, arrumei-me e direcionei ao quarto em que ela estava a fim chamá-la para dormir no meu quarto. Minha vida era muito vazia sem ela. Entrei no quarto da Alma e ela estava chorando, deitada de lado e coberta. Senti vontade de esmurrar-me por ter falado algo que a magoou. Devia ter medido minhas palavras. Não devo mais falar no nosso afastamento, quando eu mesmo não quero acreditar na nossa distância.

 “Mia, conversa comigo... Por que chora?”

 “Por saber que preciso de você e você sempre está me dizendo adeus...” Lamuriou, e meu peito doeu.

 “Mas eu não disse e nem estou te dizendo adeus.”Murmurei, tirando o cabelo do seu rosto molhado.

“Lógico que está!” Ela me encarou “Eu decifro tudo que você diz. Quando você disse que não se sente capaz de me ter hoje, eu sei do que você quis falar... Sabe, Miguel, eu queria que você se visse como eu te vejo... Fomos feitos um para o outro, necessitamos um do outro, e você não precisa ser alguém, ser rico, para me merecer, isso é complexo de inferioridade! Pessimismo! Você para mim, é simplesmente minha outra parte, uma parte igual a mim. Eu sei que quando você fala que vai me merecer, está se referindo a status e a dinheiro. Isso não é importante para mim... E isso me magoa, porque eu queria que você simplesmente me enxergasse como pessoa e não colocasse quem eu sou entre nós.” Suspirou frustrada. “Mas eu estou cansada de conversar sobre isso, me desgasta e você não muda. Estou me sentindo vencida, não estou conseguindo alcançar você... Passamos o dia juntos hoje, e eu estava crente que você estava acessível a mim, no entanto, agora você vem e fala isso! Você só é difícil para mim... Eu passei o dia pensando em como te dar aqueles presentes, fiquei calculando a todo o tempo a hora que seria oportuna, até que eu descubro que de uma pessoa ‘qualquer’, que você diz não ter nada, você aceita ganhar presentes, mas de mim, que você diz que quer, e que faço tudo por você, não aceita. Eu tenho que me desdobrar para você aceitar. Você sempre está sendo injusto comigo e ainda vem com essa de que um dia vai me merecer! Qual é? Tudo bem que um dia você vai alcançar tudo que sonha, mas e o tempo perdido que vai ficar para trás?! Já pensou em quando chegar na influência? Já pensou a longa caminhada que vai percorrer até chegar lá? O Poder é tão mais importante assim pra você que você vai deixar o Amor pelo caminho? Por que eu pareço não ter importância para você.” Parou e sentou, respirando ofegante. “Eu não quero que deixe de sonhar, eu só queria que você me colocasse no seu presente, nos seus sonhos... Assim como o os seus planos estão.”

 “Mas você está nos meus sonhos e nos meus planos...”

 “Estou, para um dia... Isso é que dói, eu não sou prioridade em sua vida. Eu sei que você não vai entender... Mas eu não quero que você pare de estudar, que pare de se dedicar, eu só queria saber que sou tão importante quanto os seus planos. Eu tenho inveja dos seus planos! Eu queria ser o seu plano! Eu queria que você falasse em nós com tanta fé e alegria que fala dos seus planos de futuro.” Respirou fundo, olhando fixamente para as mãos enquanto chorava. “Você me mandou um e-mail falando que comigo sente vontade de casar, ter filhos e ser feliz para sempre, mas que seus planos não poderiam deixar de ser seguidos... Era isso que eu queria...” Ela soluçou, com a voz embargada, de um modo que me machucava “...Eu queria que você escolhesse a mim... Assim, eu não teria essa grande frustração em ser o décimo plano.”

 “O que você está dizendo? Eu não estou conseguindo entender. Mia, você é mais importante do que qualquer coisa nesse mundo.”

“Não sou! Se eu realmente fosse, estaria em primeiro lugar na sua vida!”

“O que eu preciso fazer para mostrar que é o primeiro lugar em minha vida? Largar o curso? Ficar aqui? Ser sustentado pelos seus presentes comprados com o dinheiro que você ganha de mesada do seu pai? Esperar que você se canse de mim?” Joguei as mãos no ar, exasperado, enquanto andava de um lado ao outro.

 Ela olhou-me duramente nos olhos, com frustração e fúria no olhar.

 “VOCÊ NÃO ENTENDEU NADA!!” Ela alterou o tom.

 “Então explica! Eu não estou conseguindo entender...” Eu passava as mãos nervosamente em meus cabelos.

 Como chegamos nesse assunto? É por isso que ela estava evitando conversar sobre nós... Não conseguimos nos entender.

 “Vou dar exemplos de que sou o milésimo plano... Primeiro: você não veio me ver assim que chegou... Outro exemplo: ficou quase três semanas sem me procurar e veio me ver faltando pouquíssimos dias para ir embora, milésimo plano... Quer mais exemplos? Você aceitou sem problemas presente de sua amiga e os meus só depois de muita insistência, então milésimo plano. Quer mais exemplos? Não me convidou para o seu aniversário, mas quis meus beijos quando viu que eu estava disponível e vulnerável lá na praia, um décimo plano. Quer mais exemplos?” Seu tom estava carregado de sarcasmo e amargura. “Mas quer saber? Eu já tinha até esquecido... Se não fosse pelo seu comentário no banheiro de que não é capaz de me ter hoje... Você é muito mais preconceituoso do que qualquer pessoa que eu já conheci! Quando eu penso que você evoluiu, você desanda!”

 Estávamos sofrendo demasiadamente com essa conversa, depois de uma noite de imensas alegrias, uma tempestade rodeava a nós dois.

 “Mia, eu não faço coisas boas por você não? Por que pelo jeito só ficam em suas memórias coisas ruins que eu tenha feito... E nada é como você está dizendo. Pra tudo tem uma explicação, eu posso te explicar?”

 “Não. Sinceramente não... Eu cansei de ouvir o que pensa de nós. Você acha que eu só quero ficar com você momentaneamente, você acha que eu só quero aproveitar, você acha que eu sou uma menina birrenta que cismou com você, você não acredita em mim, você pensa que só vai ser compatível a mim quando tiver dinheiro! O que mais você precisa falar para magoar os meus sentimentos?”

 Suas palavras faziam-me retroceder e fechar-me em meus pensamentos. Todo o desejo que tinha de externar o que sentia, caía , e eu me via preso, encadeado pela insegurança. Passavam-se das três da manhã e novamente estávamos nos desentendendo.

 “Mia, boa noite.” Deixei-a no quarto da Alma e voltei para o meu quarto.